Perfection escrita por Misu Inuki


Capítulo 2
O dia mais tedioso da minha vida.... ou não?




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O sol escaldante brilhava, no céu azul límpido.
Refletindo, na água cristalina da praia de Ipanema.
A praia estava lotada, mas todos os olhos se voltavam para um trio de meninas.

Seus biquínis mal ocultavam os corpos esculturais, e bronzeados pelo calor intenso do Rio.
Elas pulavam na água, riam juntas, completamente felizes.
Ao fundo uma música animada tocava, deixando aquela cena de felicidade carioca ainda mais agradável: ”O Rio de Janeiro continua lindo...”

-Fala sério! Não aguento mais!-rolei os olhos desligando a Tv

A última coisa que me faltava é ficar vendo reprise de novela no Rio. Mostrando uma cidade perfeita, com pessoas perfeitas...
Simplesmente estar presa em casa, derretendo num calor de quarenta graus, sem NADA pra fazer, já que a porcaria da internet resolveu dar ataque de pelanca.

Tudo bem que eu não sou nenhuma Gisele Bündchen, até porque ela é gaúcha, mas estou longe de ser uma garota feia... Posso ser considerada até bonitinha.
Ok, admito, não sou nada bonita, e nem atraente.

Mas a questão é: Sou Carioca. Isso prova que nenhum filme, novela, artigo, ou seja lá o que, sobre as mulheres cariocas estão corretos.
Nem todas somos perfeitas e ponto.

E isso me irritava muito.
Aumentei o ventilador, e me joguei no sofá. Estava suando em bicas.
Quando eu esperava ali, definhar de absoluto tédio, o telefone toca.

-Alô...

-VAQUINHAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!-afastei o telefone do ouvido

-Oi Ana.

-Ih, o que houve garota? Esqueceu de colocar açúcar na limonada de novo?

Eu ri, imaginado a cara dela do outro lado da linha.
Ana era minha amiga a pouco mais de um ano, mas parecia que nos conhecíamos a décadas.
Ela era a mais menininha do grupo, Gostava de pôneis, cor de rosa, e algodão doce.
Mas era longe de ser um anjo de candura. Como eu disse antes, as aparências enganam e muito.
Era esperta, pervertida.... e amava gritar no telefone e em lugares públicos.
Um amor de pessoa.

-Não. -respondi- Apenas estou sentindo meus órgãos cozinharem com esse calor infernal.

-Somos duas. O que eu não daria para estar em um lugar cheio de neve...

-Com certeza seriam férias bem interessantes...

-Mas nós ainda temos chance de mudar isso....

Rolei os olhos.

-Você acha mesmo, que com tanta gente no planeta, nós seriamos escolhidas?

-Claro! Nosso email foi p-e-r-f-e-i-t-o! Fora vídeo que enviamos em anexo.

-Mas...

-Mas nada. Pensamento positivo garota!

-É que...

-Agora tenho que ir... -ela me cortou- Vai começar o filme.

-Você foi mesmo assistir “Enrolados” de novo?

-Claro! –ela falou como se fosse super natural assistir o mesmo filme 3 vezes- Não sei porque você preferiu ficar em casa.

-Digamos que filmes infantis não estão na minha agenda de fim de semana perfeito-com exceção de uma exibição em 3D de “a pequena sereia” , mas eu não ia admitir isso a ela nem sob tortura.

-Vou fingir que acredito. Depois a gente se fala. Beijos.

-Beijos e Borboletas azuis!- desliguei o telefone

Suspirei e olhei em volta, começando a me arrepender de não ter ido com meus pais e com meu irmão para o zoológico. A Quinta da Boa Vista, podia até ser divertida, mas o que realmente me desanimou foi ter que andar por horas sob um sol escaldante desses.

Levantei do sofá e fui para meu quarto, pedindo em vários idiomas diferentes para que minha internet funcionasse. Liguei o computador e esperei que conectasse.

Uma das vantagens de estar sozinha em casa, era poder ouvir minhas músicas em paz e no volume que eu bem entendesse.
Então abri o player e apertei play na primeira música da lista.

Logo, todo o ambiente estava preenchido por uma batida empolgante.
Todo meu mal humor se dissipou, e eu comecei a dançar desastradamente parte da coreografia. Sempre evitava ouvir “Bonamana” em público, pois era inevitável tentar imitar os passos.
 
Depois que a música acabou, e começou uma mais lenta, me joguei na cadeira.
A internet não havia conectado.

-Será que é o modem?- peguei a caixinha e comei a olha de vários ângulos.

Parecia que estava tudo certo.

Suspirei mais uma vez, desanimando.
Precisava postar novos capítulos das minhas fanfics ainda naquele dia, senão era bem provável que fosse assassinada da forma mais cruel possível pelas minhas leitoras.

Escrever para mim, era uma forma de colocar meus sonhos aonde eles deveriam estar, ou seja, longe da minha cabeça.
Detestava ser romântica, daquelas que espera o príncipe encantado estacionar na garagem de casa em cima de um enorme cavalo branco.
Mas ultimamente isso não estava adiantando muito.

Hesitei antes de desistir de clicar em pular a música.
Tão logo a voz dele começou os primeiros versos, não consegui parar mais de ouvir.
Sim, eu, a garota mais racional de toda a escola, e talvez todo o Rio de Janeiro, suspirava como uma adolescente idiota toda vez que “7 years of love” tocava. Ou em certas partes de “Perfection” ou qualquer outra de Super Junior.

Super Junior era minha banda favorita. Alias, minha, da Jack e da Ana.
Mas, não era só pelo talento enorme dos meninos, que eu todos os dias entrava em diversos sites de celebridades internacionais.
Desde a primeira vez que eu vi, um dos seus clipes, me apaixonei perdidamente por Kyuhyun.

E isso me irritava profundamente.
Não era o tipo de menina que se apaixona pelo primeiro cantor bonito que aparece.
Muito pelo contrário, sempre achei isso um clichê patético e sem sentido.

Mas, como tenho certeza que a Lei de Murph tem um caso de amor intenso com a minha pessoa, esse tipo de coisa era de se esperar.
É lógico, que guardo isso as sete chaves, e nem mesmo minhas melhores amigas sabem disso.
Seria motivo de piada até minha décima quinta geração.

Há algumas semanas atrás, descobrimos, que haveria uma segunda temporada de Full House.
Uma série aonde fãs seriam escolhidas para morar durante um tempo com os membros do grupo.
A inscrição estava aberta para fãs de todo o mundo, e nós decidimos participar.
Jack e Ana estavam bastante otimistas, mas, para sermos chamadas, além de ter que ter acertados dos as perguntas de um quis sobre a banda, precisávamos enviar um email com um vídeo falando de nós mesmas e do porque de queremos ir para lá.

Foi um vídeo bem divertido, mas eu sabia que não seria o suficiente para sermos selecionadas.
E parecia que apenas eu via isso.

Desliguei o computador depois da quarta tentativa em finalizar o capítulo da minha fic.
Me joguei na cama, e fiz o que toda nerd sedentária como eu, faria em um momento de tédio: Dormi.

De repente, eu me vi num um quarto vazio.
Estava muito escuro,  e eu não conseguia ver nem mesmo aonde eu estava sentada.
O pavor começou a me dominar. Nunca tive medo de escuro, ou de lugares fechados, mas alguma coisa me deixara muito assustada. O ar estava ficando cada vez mais gelado, e mesmo estando de casaco e calça compridos, eu comecei a tremer violentamente.
Queria gritar com toda minha força, mas minha voz tinha desparecido com o medo.

“ Será que eu morri?”-pensei desesperada.

A morte não deveria ser tão desconfortável assim. Sabia que estava longe de ser a melhor pessoa do mundo, mas meus pecados não eram tão grandes ao ponto de ter sido mandada para o castigo eterno.

“ E o inferno, é quente, não é?”-me consolei inutilmente

Me encolhi, abraçando minhas pernas. Não tinha certeza de quanto tempo conseguiria manter o calor do meu corpo. Só rogava com todas as minhas forças, para que esse pesadelo tivesse um fim.

Pulei da cama, acordando com o barulho do telefone.
A janela aberta mostrava que já era noite, e que havia dormido demais

“Foi só um sonho, Agatha”- disse para mim mesma.

Passei a mão no rosto, para me despertar de uma vez, e para minha surpresa, minhas mãos estava extremamente geladas.
Esfreguei uma na outra, e sai da cama. Ignorando a estranha coincidência.

Minha mãe estava na sala, segurando o telefone.
Seus cabelos tingidos de loiro, na altura das costas ainda estavam arrumados do mesmo jeito de quando ela saiu.

-É para você.

Atendi, pensando em quem me ligaria aquela hora da noite.

-Alô...

-Amiga, você viu seu email hoje?-a ruiva me atropelou

-Não Jack, porque?- perguntei sem entender.

-Liguei o computador nesse instante.- a voz dela parecia contida, como se me escondesse alguma coisa.

-Tudo bem.

Entre no msn e ligue a webcam. -ela desligou o telefone me deixando ainda mais perdida

Jack era super anima, e nunca havia a ouvido tão... tensa.

Corri para o meu quarto, e liguei o computador novamente.
A internet pareceu demorar séculos para conectar, mas ela finalmente funcional.
Rapidamente abri a página do meu email. Bem acima de algumas mensagens de propaganda, estava com o assunto “Congratulations!”. Meu coração estava disparado, e quando eu vi o remetente, ele quase parou.

Tremendo, cliquei para ler o conteúdo.
E bem grande, escrito na cor azul safira perolado estava: “Você foi escolhida”.
O resto da mensagem explicava os detalhes da série, e eu mal consegui ler.
Era um misto de alegria e surpresa.

Abri o msn, e digitei pra Jack.

-Você também recebeu?

-Sim. Trote?-o rosto da garota estava mais tenso que o meu.

-Tem o logo da Sm Entreteriment, está com o mesmo remetente, e um monte de coisa que prova que é original-digitei rapidamente.

-Então é serio mesmo????- A ruiva abriu um sorriso

-Sim.- Mal digitei isso, e uma outra janela abriu, dizendo que Ana estava online.

Chamei ela para a conversa, e imediatamente ela começou a digitar um monte de coisa embolado do tipo: ”ai, meu santo Deus do céu divino eu vou pra Coreia senhor não acredito que isso está acontecendo eu sabia que ia ser chamada....”
Deixei as duas conversando, e disse que ia beber água.
Na verdade, desliguei a Cam, e fiquei parada, olhando para tela, sem ver nada.
Pensava em várias coisas ao mesmo tempo.

Primeiro: Nós éramos as meninas mais sortudas do planeta.
Segundo: Teria que falar para os meus país que daria um pulinho na Coréia pelos próximos três meses, e jurar que ia arrumar minha cama, não brigar com minhas amiguinhas de quarto, e que não iria comer carne de cachorro por engano.
Terceiro: Também teria que mudar meu conceito sobre conto de fadas...

Talvez eles realmente existam, mas não do jeito que todo mundo conhece.
Não haverá cavalos, sapatinhos de cristal, ou maçãs envenenadas.
Apenas essa gata borralheira, ou melhor, brasileira, atrás de seu final feliz com o príncipe encantado.
Um príncipe alto, de olhos puxados, cabelos lisos e perfeitos, dono de uma voz maravilhosa e um grande astro do K-pop.





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