Os dias que se seguiram passaram cheios de altos e baixos, havia dias, em especial as quintas-feiras, em que eu passava todo o dia irritada, e outros, como no dia do meu aniversário, em que eu mal podia me conter de tanta felicidade, tanto que eu mal os vi passar. Quando me dei conta, o dia da nossa pequena viagem já havia chegado e Megh e eu nos preparávamos para sair.

- Você pegou tudo que precisa Megh? – Ela assentiu e pegou a minha mão. – ótimo, então vamos comer.

Então, logo após o café da manha adiantado, descemos os três juntos a pé até Hogsmeade, a caminho da casa dos Cullens, onde Carlisle e Esme nos esperavam na porta. Nos cumprimentamos e entramos na casa, na sala, Alice esperava com um grande recipiente transparente cheio de pó de flu.

- Vamos passear! – Cantarolou ela.

- Eu detesto pó de flu. – Resmungou Megh ao meu lado e eu lhe dei um olhar de simpatia, eu sabia como se pode ficar enjoada com uma viagem pela lareira.

- Você também vai Alice? – Perguntei a baixinha, desviando a atenção de Megh.

- Vamos todos a Hogsmeade! Eu tenho que aproveitar a oportunidade! – Os olhos dela brilharam perigosamente, meio nervosa, ri um pouco e me voltei para Carlisle. – Iremos ao ministério primeiro, para discutirmos a guarda de Megh e depois nos separaremos em Hogsmeade, certo?

- Isso, você e Edward irão a Gringotes e nos encontraremos no caldeirão furado ao meio dia, certo? – Carlisle, perguntou e todos nós concordamos. – Pois bem, façam fila. Emmett, Rosalie, Jasper, se apressem! Edward, pode ir primeiro.

- Estarei te esperando do outro lado. – Disse a mim, dando-me um beijo e, pegando um punhado de pó, entrou na lareira. – Ministério de Londres!

O pó prateado explodiu na lareira e quando as chamas verdes abaixaram, Edward já não estava lá. Megh foi logo atrás, fazendo o mesmo que o meu namorado, quando ela sumiu foi a minha vez de pegar a minha porção de pozinho prateado e entrar na lareira.

- Estarei logo atrás de você. – Garantiu Carlisle.

- Até já então. Ministério de Londres!

Agüentei aquela sensação única de viajar com o pó de flu por um momento e logo estava tropeçando para fora de uma das dezenas de lareiras da entrada do Ministério da magia de Londres. Edward me amparou imediatamente e depois me puxou para o lado para dar espaço para Carlisle sair, juntos, nós quatro nos direcionamos a recepção.

Eu já havia passado por essa situação antes, mas parecia que era a primeira vez, já não tinha tanta coisa para pensar e me preocupar e assim foi mais fácil responder as milhares de perguntas constrangedoras e assinar todas as centenas de papeis que me passaram. Carlisle não pareceu se importar nem um pouco, mas Megh ficou nervosa por ele, gaguejava sem parar e tudo que eu pude fazer foi segurar sua mão em um gesto de simpatia. Por fim saímos de lá quase duas horas depois mentalmente esgotados, com exceção de Carlisle e Edward, é claro, mas Megh parecia que ia chorar ao pegar mais pó de flu na saída.

- Eu realmente odeio essas viagens, você sabe. – Murmurou ela, enjoada, quando saiu de dentro da lareira em Gringotes.

- Assim que terminarmos aqui eu te levo para comprar algo bem legal naquela loja que você adora, irmãzinha. – Sorri para ela, aproveitando o novo significado do termo.

- Obrigada, você é a melhor irmã do mundo.

Infelizmente, o animo de Megh durou pouco, quando adentramos no saguão principal do prédio, todos os duendes presentes levantaram os olhos do seu trabalho para nos olhar por um momento, a pobre menina parecia que queria encolher até sumir do meu lado.

- Quer ir para casa pequena? Carlisle pode te levar. – Seu alivio foi tão obvio que eu tive que me segurar para não ir.

- Tudo bem mesmo? Eu bem, eu só acho que duendes são um pouquinho bravos. – Tentou esclarecer, mas estava claro que ela estava louca para sair dali.

- Claro que está tudo bem querida, não se preocupe, logo nos encontraremos de novo, você nem vai precisar de uma lareira, já estamos no beco diagonal. – Sorri para ela.

Carlisle já estava no nosso lado, pronto para levar Megh, nos despedimos e assim apenas Edward e eu fomos atendidos por um duende baixinho e muito enrugado, até mesmo para um duende, e eu fiquei feliz por Megh ir embora. A pobre menina não é medrosa, apenas um pouco sensível, e se ela tivesse que ficar qualquer período de tempo perto do Sr. Lokewood, com suas unhas imensas e voz de grave e tremula, ela certamente iria desmaiar. Edward deve ter pensado a mesma coisa pois me deu um olharzinho cúmplice enquanto eu entregava a carta enviada pelo banco para que o duende examinasse.

- A senhorita poderia me apresentar a sua varinha e a chave do seu cofre, por favor. - Pediu depois de ler o papel rapidamente. Eu entregue o que foi pedido, ele olhou e novamente me entregou. - Pois bem...

Sr. Lokewood abriu uma gaveta da escrivaninha em que estava sentado e, ajeitando os óculos que pendiam perigosamente na ponta do seu nariz curvo, foi colocando a mão dentro até que todo o seu braço havia sumido de vista, um minuto se passou até que ele achasse o que queria, uma pasta de arquivo comum. Ele a abriu e examinou por mais um tempo e eu suspirei, como eu odiava burocracia.

- Vejo, vejo... Consta aqui que o imóvel em Kensington, na rua Campdem Hill, não necessita de verificação por a proprietária já realizou o exame ao utilizar o imóvel, assim como o cofre, correto?

- Certo. - Confirmei, ele esperou mais alguns momentos antes de falar novamente.

- Você precisará então apenas fazer uma visita ao imóvel número 189456151, verificar se todos os bens se encontram conservados, assinar o comprovante, enviá-lo ao banco e tudo estará pronto.

- Graças a Merlin. - Resmunguei baixinho. - E quando poderei fazer essa visita?

- Agora mesmo se desejar. As chaves já lhes foi entregue, correto?

- Sim.

- Perfeito, estaremos esperando o seu retorno senhorita. - Agradeci ao duende e sai da sala com Edward.

- Vamos a loja agora? - Perguntou ele, pegando minha mão.

- Quanto mais cedo melhor.

Deixei que Edward me conduzisse para fora do prédio e por entre as ruas apinhadas de gente, ele já deveria saber o endereço de qualquer forma, então me concentrei apenas em admirar as lojas cheias de produtos mágicos e coisas interessantes, fiquei tão concentrada que trombei com Edward quando ele parou de repente.

- O que foi Edward? - Ele sorriu para mim.

- Claro, espere só um minuto. - No segundo seguinte ele já não estava mais ali.

Sorrindo, eu comecei a contar mentalmente os segundos, sabendo que ele estava falando sério sobre esperar apenas um minuto. Quando eu cheguei ao 58 ele já estava de volta, segurando uma enorme casquinha de biju com duas bolas grandes de sorvete, uma cor de rosa chiclete com lasquinhas verde e outra amarela, com pequenas bolinhas crocantes de um roxo berrante.

- Sorvete mágico do Magic Ice. - Disse ele, apontando. - Ouvi Carlisle pensando em trazer Megh aqui e achei uma boa idéia comprar um para você.

- Mas, é um sorvete mágico só de nome, não é mesmo? - Seu sorriso ficou um pouco malicioso. - Vamos Edward, eu não vou tomar se você não me contar.

- Vamos Bella, só experimente, por favor...

Não pude resistir a um pedido assim, então dei uma bocada cautelosa no doce e o gosto explodiu na minha boca, uma mistura de varias frutas vermelhas, só que separadas, podia sentiu um gosto de cada vez, um após o outro. Sorrindo, experimentei também o amarelo, igualmente doce, mas com gostos diferentes, doce de leite, leite condensado...

- É muito bom Edward!

- Eu sabia que ia gostar, é um jeito muito interessante de se encantar comida. Sabe, eu aprendi a fazê-lo a algum tempo, você tem que...

Edward foi falando sobre a mágica do sorvete enquanto andávamos, ao mesmo tempo em que eu comia e não demorou muito eu já havia acabado o doce. Quando eu estava limpando o melado dos dedos com meu lenço Edward parou novamente e sorrindo eu não levantei os olhos, fingindo me concentrar em me limpar.

- Mas uma surpresa Edward?

- Sim, mas eu acho que essa é sua.

Intrigada eu olhei para cima, Edward estava parado ao lado de uma loja rústica e adorável, apesar da aparência abandonada, era toda trabalhada em madeira escura entalhada, pintura cor de creme e vidro colorido e acima da porta havia um letreiro em formato de livro dizendo " Between Spells & Potions". Eu arfei com a visão.

- Bella? - Edward me chamou, me sacudindo levemente, e eu sai do transe em que eu estava, mesmo sem saber.

- Desculpe Edward, eu estou bem. É só que esse lugar me trás muitas lembranças.

- Você nunca me falou sobre essa loja antes.- Não era uma acusação, ele apenas comentou.

- Eu não pensava nela a muito tempo. Venha, vamos entrar.

Tirando um aro de chaves de dentro da bolsa que trazia comigo, escolhi uma chave no chute, tentando adivinhar qual era a mais familiar á minha memória e tentei colocar no buraco da fechadura. Para minha surpresa, e talvez a de Edward, a porta destravou com um clique um pouco rígido. Um pouco insegura, coloquei a mão na maçaneta adornada e puxei para baixo, abrindo a porta e, após um segundo, entrando por ela.

Tudo estava coberto de pó, uma camada realmente grossa de pó acumulado ao decorrer de sete anos, mesmo assim, percebi, ao perambular na sala em silencio, que ainda era possível ver a mercadoria exposta por entre o vidro no balcão onde papai costumava atender os clientes. Os livros continuavam nas estantes como se ainda fossem os lançamentos do ano, os pequenos enfeites estavam espalhados aqui e ali já não se mexiam mais, emocionada, peguei uma miniatura de caldeirão que costumava soltar fumaça e mexer a colher de madeira de um lado para o outro.

- Bella...

Edward me abraçou por trás, me aninhando carinhosamente em seus braços frios e foi só nesse momento que eu percebi que eu estava chorando e, sem poder me controlar, fiquei ali, soluçando um pouco as vezes, até me acalmar totalmente. Depois que enxuguei minhas lagrimas com um lenço que Edward me ofereceu ele me virou de frente para ele, erguendo meu queixo com a ponta dos dedos, olhou fundo nos meus olhos.

- Dói muito para você voltar aqui Bella?

- Dói. - Admiti, com os olhos já ardendo novamente, mas engoli o choro e continuei, tirando força dos olhos de Edward. - Isso aqui costumava ser minha vida Edward, posso lembrar de cada dia que vivi aqui vendo meu pai trabalhar enquanto minha mãe estava no ministério como auror. Mas agora está como ficou desde a guerra: morto e frio. Só de olhar para isso eu sinto que aqueles dias nunca mais vão voltar Edward, que eu nunca mais vou ser feliz daquele jeito.

- Você pode querida. - Me abraçando de novo quando o choro ameaçou escapar de novo. - Eu vou estar com você, assim como Megh e todos os outros.Se você quiser pode até reabrir a loja depois de se formar, começar tudo do zero.

A idéia me atingiu com a intensidade de uma bomba, isso nunca nem ao menos me passara pela cabeça, a loja sempre fora dos meus pais, onde os meus pais trabalhavam e cuidavam de mim. Agora eu tinha de quem cuidar, a oportunidade de procurar minha própria felicidade, de seguir em frente e o melhor de tudo: junto com Edward.

- Você me ajudaria? E-eu nem seu por onde começar! - Perguntei, ainda hesitando, mesmo com a esperança borbulhando dentro de mim.

- Claro que sim, vamos ficar juntos Bella, eu já te disse isso antes. - Ele tocou meu colar com o brasão dos Cullens, que eu nunca tirava, por um segundo e depois olhou nos meus olhos. - Para sempre.

O futura nunca me pareceu tão brilhante quanto naquele momento, toda a sensação de mal estar que vinha me seguindo desde o inicio das aulas ficou em segundo plano, ainda presente, mas totalmente abafada pela alegria. Com o coração a mil, envolvi os braços em torno dos ombros de Edward e o beijei, sem saber outra forma de dizer a ele o quanto o amava, já que palavras não eram suficientes. Quando nos separamos, Edward sorriu para mim como apenas ele pode fazer.

- Vamos para casa.

E eu fui, pois agora eu realmente tinha uma.

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!!ATENÇÃO!!

Gente, a fanfic está sendo publicada em um blog muito bom, que eu adorei, então, dêem uma passadinha lá para conferir, com certeza vão achar mais um monte de fanfics ótimas!

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