Rose, depois de chorar um pouco, adormeceu sobre o peito de Albus, que acariciava seus vívidos cabelos vermelhos enquanto esperava alguma menina aparecer no Salão Comunal, já que não poderia entrar no dormitório feminino sem a permissão de uma, e não queria acordar Rose, que parecia bem relaxada dormindo, para pedir isso.

Ele estava preocupado, só havia visto a prima chorar quando pequena, quando ela se machucou tentando voar em uma vassoura e o fato da prima ter chorado tão de repente, pois ele tinha conversado com ela pouco antes, no almoço, e ela estava bem alegre.

Albus suspirou, se perguntando sobre quem havia feito a ruiva chorar e o que fizera para isso. Rose era uma menina doce, carinhosa, amiga, conselheira... Sempre que alguém precisava desabafar, a ruiva estava para ajudar e aconselhar. Porém, quando o assunto era sobre seus problemas, ela simplesmente se fechava, achava que era muito egoísta incomodar os outros com seus impasses. Talvez fora isso que Albus estranhou mais, já que a menina veio abraça-lo tão espontaneamente e havia chorado em sua frente.

Rose se mexeu inquieta em seu colo, Albus achou que ela havia acordado, mas então a ruiva se ajeitou novamente e, de olhos fechados, murmurou inquieta:

– Não Roxanne, por favor.

Então, Albus entendeu tudo, ou quase isso. Conhecia a prima Sonserina e sabia de seus meios de se divertir, chantageando a todos quando descobria algo sobre eles, o que era bem comum visto que a garota era considerada a fofoqueira de Hogwarts. Era obvio, que dessa fez quem fora o alvo foi Rose, e seja lá o que a prima houvesse descoberto, abalou completamente a ruiva.

No entanto, antes que pudesse pensar mais sobre o assunto, o garoto fora interrompido por sua irmã e sua prima Dominique, que adentraram o Salão conversando animadamente.

– Sev? – Lilian o olhou confusa, desfazendo o sorriso assim que viu a prima se remexendo no colo do irmão – O que aconteceu?

- Não sei – ele disse frustrado – Mas estava esperando uma de vocês, para coloca-la no quarto.

- Pode subir – Dominique permitiu, sorrindo compreensivamente e o garoto assentiu, pegando a prima no colo e subindo as escadas o mais suavemente possível, com medo de acorda-la.

Parando no corredor com varias portas, lembrou que as primas conseguiram o ultimo quarto da torre, que sempre fora desocupado, para elas, já que insistiam em dormir juntas.

Coloquei-a na cama perto da porta, onde havia dois livros, deduzindo que essa seria a dela.

– Ela estava chorando? – a voz de Lilian chegou até os ouvidos do garoto, que apenas assentiu, triste.

– Apenas... Deixe-a descansar, tudo bem? – ele murmurou, ganhando um sorriso da irmã, como se concordasse.

Passou pela ruiva bagunçando seus cabelos e Lilian bufou, revirando os olhos.

Voltou ao Salão Comunal, se sentando na mesma poltrona que estava antes, fechando os olhos. Logo, o crepitar do fogo se tornou o único barulho presente e Albus adormeceu na macia e confortável poltrona.

O Salão Comunal da Grifinória estava silencioso, mesmo que quase toda família Weasley estivesse reunida no lugar. O barulho do relógio e de suas respirações eram os únicos barulhos por um longo tempo.

- Alguém poderia dizer o que estávamos fazendo aqui? – Louis cortou o silêncio. O loiro tentava inutilmente vencer Hugo em uma partida de xadrez-bruxo.

- Só temos que esperar o Sev – Lilian respondeu, trançando os cabelos de Dominique.

Como se estivesse escutado a irmã, Albus adentrou o Salão Comunal.

– Pronto, Lils – Thiago exclamou impaciente, já que logo teria um encontro com uma Corvinal – Ele já chegou, agora fale.

- Certo – ela disse, olhando para o irmão do meio, que se acomodava ao lado de Fred II – É que eu fiquei preocupada com a Rose ontem...

- O que aconteceu com a minha irmã? – Hugo perguntou, se esquecendo da partida de xadrez e a escutando atentamente.

- Era o que eu queria saber – a ruiva murmurou, olhando para Albus – Ela parecia ter chorado ontem, e estava dormindo em seu colo, não sabe o motivo?

Albus olhou para o chão, tentando não parecer muito nervoso. Sempre fora considerado o mais racional dos primos e, por mais que tivesse quase certeza de que Roxanne estava envolvida, não possuía nada além de suposições.

– Eu não sei – murmurou por fim – Ela não quis me contar.

- Onde ela está agora? – Fred II perguntou, sempre teve certo carinho pela prima, bem mais do que sentia pela irmã, e o angustiava que ela estivesse sofrendo. Quem ele iria irritar se Rose estava mal?

– Biblioteca – todos responderam, como se ensaiado.

- Perceberam que desde ontem, ela passou o dia todo na biblioteca? – Dominique perguntou – Só acho estranho, já que hoje os professores quase não passaram muita coisa...

Todos concordaram silenciosamente, mas não comentaram nada. Depois de mais algumas palavras e suposições, os Weasley’s se dispersaram. Thiago e Hugo saíram em direção ao Salão Comunal da Corvinal, onde Thiago pegou um loira do sexto ano e Hugo entrou, revirando os olhos.

Terça-feira amanheceu preguiçosamente, aos poucos o Salão Principal se enchia. Todos os Weasley’s, com exceção de Roxanne, tomavam café na mesa da Grifinória. Hugo trocara a mesa de sua casa para poder ficar mais perto da irmã que não falara nada ainda.

A garota não havia dormido quase nada na noite anterior, tentando conciliar seus deveres com os de Roxanne. Todos haviam notado, já que as olheiras em baixo de seus olhos a denunciavam, mas não comentaram nada.

O clima estava pesado, Fred II e Thiago tentavam inutilmente ameniza-lo, mas tiverem todas as suas tentativas frustradas e, irritados, continuaram o café silenciosamente.

Então, para piorar ainda mais o ambiente, Roxanne deixou a mesa Sonserina, caminhando até os primos e se sentando ao lado de seu irmão e Molly II, consequentemente, em frente a Rose.

- Olá! – ela exclamou, sorrindo falsamente.

Alguns resmungaram cumprimentos e outros apenas acenavam com a cabeça, concentrados em sua comida.

– Como vai meu dever de Poções? – a Sonserina se debruçou na mesa, sussurrando perto de Rose.

- Chega, está bem? – Rose devolveu irritada – Eu não vou fazer mais seus deveres, se eu faço os seus eu não consigo terminar os meus, eu nem dormi ontem!

- Isso não é um problema meu – Roxanne disse debochada – Pelo que eu me lembre, nós temos um trato...

- Trato? – Rose riu sarcasticamente – Eu sempre achei mais parecido com uma chantagem.

- Chame como quiser, desde faça os deveres – Roxanne respondeu.

- Eu me recuso a continuar com isso – Rose murmurou, os olhos ardendo de raiva – Faça você mesma seus trabalhos.

- Você não sabe com quem está brincando – a Sonserina ameaçou – Não quero ser forçada a fazer isso, Rose.

- Você não ousaria – rebateu a outra, a fuzilando com os olhos.

- Está duvidando? – ela perguntou, sorrindo maliciosamente e se virando para os primos – Hey!

Todos se viraram para a garota, que sorriu vitoriosamente.

- Vocês já sabem da última? – ela perguntou inocente e Rose fechou os punhos, desacreditada.

- Não, conte Rox! – Molly pediu curiosa, enquanto a ruiva alargava o sorriso, olhando para Rose, que a fitava em choque.

Não havia mais escapatória, se se levantasse e avançasse na prima, todos desconfiaram e a pressionariam até descobrir o que ela escondia. Ela deixou cair os ombros, fixando o olhar em seu prato, derrotada.

- Sabiam que nossa querida prima está namorando e nem ao menos contou para a gente? – ela se fingiu indignada e todas as meninas olharam para Rose esperançosamente.

- Por que não nos contou Rose? – Lily perguntou, um pouco triste com a prima.

- Como assim está namorando? – Fred II perguntou, olhando ameaçadoramente para prima.

- Calma, isso não é tudo! – Roxanne se aproximou e logo todos os olhares se voltaram para ela novamente – Vocês não tem ideia de com quem é... – ela gargalhou e Rose se encolheu ainda mais – Rose está namorando com Scorpius Malfoy.

 O sorriso das garotas logo foram substituídos por caras assustadas, dividindo seus olhares de Rose para Scorpius, na mesa da Sonserina.

Thiago, Fred II, Albus, Hugo e Louis se levantaram da mesa ao mesmo tempo, sob os olhares espantados de toda Hogwarts, que havia ouvido a última frase de Roxanne e observavam a cena estupefatos.

Scorpius encarava a colega de casa paralisado, não acreditava que a garota havia feito isso com a própria prima, como poderia ser tão baixa?

Rose se levantou abruptamente do banco e saiu do Salão Principal correndo, sem conseguir evitar as lágrimas que banhavam sua face.

Esbarrou sem querer em um primeiranista que saia pelo quadro da Mulher Gorda e, sem pedir desculpas, correu até seu quarto, trancando e fechando as janelas, o deixando no mais absoluto breu. Deitou-se em sua cama, abraçando um de seus travesseiros e permitindo que as lágrimas escorressem sem pudor.