Wanted Dead Or Alive escrita por ALima


Capítulo 9
Capítulo 8 - Razão x Amor


Notas iniciais do capítulo

Boom dia. O presentinho de terça feira já está desponível..
Aproveitem.



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Uma fraca luz dava vida à escuridão estremecedora. Várias pessoas estavam na sala, mas uma se destoava. Sua respiração era descompassada, suas mãos tremiam violentamente, e seu rosto estava suado. Enquanto o ritual era preparado, os homens de preto não se falavam. O silêncio não era um silêncio comum, era um silêncio de tensão. Os homens organizavam as coisas sem ao menos pestanejar. De repente, parecia perigoso demais. De repente, parecia errado demais! Completa e estupidamente errado fazer tudo isso. Mas era tarde, tarde demais pra qualquer desistência.
Foi forçado a sair de seus devaneios quando chamaram seu nome e apresentaram-lhe a imagem de Santa Cecília de Sena. O mestre virou-se pra ele e disse com sua voz grave:

- Esta Casa" tem como função proteger o fraco do abuso do poderoso.

Depois, pegou uma agulha esterilizada com álcool e furou-lhe o polegar. A gotícula vermelha e quente foi pingada na imagem. Depois, outro, provavelmente o braço direito do mestre, pegou uma garrafa com gasolina e despejou na imagem. Acendeu um fósforo, deixando o pobre rapaz assustado com a súbita claridade em frente aos seus olhos. Sem pestanejar, o mestre tomou o fósforo e jogou na santa, que pegou fogo instantaneamente.
A santa foi entregue ao rapaz, que a passava de uma mão para a outra, jurando fidelidade.

- Eu juro que serei fiel aos princípios da Cosa Nostra... –ele dizia abafadamente, mas em alto e bom tom.

Sua garganta estava seca, ansiando por algumas gotas de água enquanto ele suportava a terrível dor que o fogo lhe causava.
Os homens o olhavam sem parar, fixamente. Sua nuca começou a suar muito, assim como todo seu rosto e ele conseguia sentir as gotas de suor molhar sua camisa.
Enfim, a imagem foi totalmente consumida pelo fogo e as luzes se acenderam, revelando um cara completamente assustado e três senhores vestidos em trajes super formais, com cara de paisagem.
Don Daniel Belucci estendeu a mão para Stefano e tentou dar-lhe um sorriso amigável.

- Bem vindo a Cosa Nostra, Franco.

E ele apertou a mão. E de repente, se sentiu um pouquinho melhor por sua escolha.

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Alicia estava exausta. Ela passara a noite passada inteira acordada, confabulando os detalhes para a fuga. Ela tinha cinco dias para montar todo seu esquema, o que era pouco tempo pra ela. Mas ela não se deixou abalar e começou isso na noite passada. Todos os detalhes foram programados.
De uma coisa Alicia podia se orgulhar: ela mesma sabia fabricar documentos falsos. Há alguns anos, enquanto ela passava mais um dia na casa do conselheiro Cunha, um dos filhos dele, Paulo, na época com uns vinte cinco anos, ensinou Alicia a fabricar documentos falsos. Ele tinha um carinho especial pela garota, e via nela um grande potencial no futuro. Resolveu ensiná-la para que ela pudesse “se virar” na vida sem depender de ninguém. Ele sabia que quando ela finalmente entrasse pra Máfia, ela não sobreviveria naquele ninho de cobras. Por fim, depois de tantas aulas, Alicia tornara-se mestra em falsificar documentos. Ela testou-os em vários lugares, e sempre deu certo.
Então, Alicia, naquela monótona manhã de domingo, criava os primeiros passos de sua nova identidade. Por volta das onze da manhã, Paolo ligou, dizendo que teriam uma reunião naquela noite. Agora que ela sabia que todos queriam sua cabeça, sentiu-se quase enojada só de pensar em ter que enfrentar todos aqueles caras outra vez. Mas ela iria. Não deixaria que pensassem que ela já sabia de tudo e melassem com seu plano.
Mesmo morrendo de sono, ela não se deixou dormir, e à base de muita cafeína e alguns cigarros, ela pode continuar seu trabalho.

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Felippe sentia-se orgulhoso de seus progressos. Sentia-se extremamente poderoso, e invencível. Talvez, porque em poucos dias, a vadia que ele tanto odiava estaria morta, e em pouco tempo, a Cosa Nostra estaria destruída, além do mais, ele assumiria a matéria de Stefano e ganharia fama mundial. A única coisa que faltava era Diana.
Mas nela, ele daria um jeitinho. Fez questão de chamá-la para um almoço naquele domingo, fazendo seu melhor papel de chefe preocupado.
Enquanto esperava a jovem chegar ao restaurante, ensaiava suas falas, que deveriam sair com naturalidade quando pronunciadas. Estava impaciente. Odiava atrasos, e Diana estava quase meia hora atrasada. Nem mesmo a bela vista do mar e a paisagem inebriante da Sicília conseguia distraí-lo.
Finalmente, Diana chegou. Felippe ficou boquiaberto ao vê-la, pois a jovem estava realmente linda.
Seus cabelos curtos estavam presos em um rabo de cavalo desalinhado, e ela usava uma bata florida, shorts jeans e suas habituais botas. A maquiagem era suave, tão suave que mal podia ser notada, mas deixando-a com um ar quase angelical. Felippe não sabia como Stefano podia ser tão burro a ponto de deixá-la escapar. “Melhor assim – pensou – eu posso tê-la sem muitos esforços.”

Ela sentou-se e desculpou-se pelo atraso.

- Não se incomode querida. Eu entendo perfeitamente. – ele disse.

Um garçom logo veio atendê-los, e eles fizeram seus pedidos. Assim que ele se virou, Diana começou a falar.

- Então, qual é a razão do nosso almoço?
- Diana, eu andei observando-a esses dias, e não pude deixar de notar a tristeza que você carrega. Estou ficando preocupado, me desculpe se é muita intromissão da minha parte. Você não é mais aquela garota alegre dos corredores, que brinca com todo mundo, tira fotos e as edita com extrema habilidade, e nem encontro mais seus desenhos. O que está havendo? Pergunto como seu amigo, não como seu chefe.

Logo podia notar-se que os olhos de Diana aqueceram-se. Felippe percebeu que ela ficou tocada com aquele gesto. Ela era extremamente carente. “Posso curar essa carência, meu bem”, ele pensou.
A garota suspirou longamente, e fechou os olhos por alguns instantes, sentindo a brisa do mar afagar seus cabelos.

- Fico feliz por ser tão bom amigo, Sr. Felippe.
- Só Felippe, por favor.
- Ok. Então, Felippe. Você tem se mostrado tão bom comigo ultimamente. Tenho passado por tantos problemas, que mal tenho razões pra sorrir. Mas nossos encontros são sempre agradáveis.
- É sobre o Stefano, né? –ele perguntou.
- Não dá mesmo pra esconder mais. – ela suspirou novamente.
- Eu dei aquele trabalho pra ele porque pelo pouco tempo que estou na revista, ele me pareceu o jornalista mais competente no ramo investigativo. Não sabia que ele era tão... Tão intenso, que ficaria preso nisso, obcecado. Ele é sempre assim?
- No geral ele é bem intenso mesmo. Mas ele nunca teve um trabalho tão importante assim. Sabe, ele é praticamente recém-formado. Está na revista há 3 anos, e era freelance.
- Eu soube. Mesmo assim... Ele está cavando um buraco pra ele mesmo. Perdendo os amigos, a vida. Só não podemos negar que ele é muito bom.
- É verdade. – ela falava com admiração, e ele notou. – Ele nunca foi de muitos amigos. Até onde eu sei, eu era sua única amiga, tipo amiga mesmo. Eu fico muito ressentida com tudo isso que está acontecendo.
- Fico feliz por estar se abrindo comigo. É bom ter alguém pra conversar.
- Eu é que fico feliz por contar com você.

Num ato minimamente pensado, Felippe abriu seu sorriso mais caloroso e segurou-lhe a mão. Ela sorriu sinceramente também. Naquele momento, enquanto se perdiam em sorrisos, a garçonete chegou com o almoço.
Eles almoçaram e entre uma taça de vinho e outra, foram conversando mais. Diana nem via mais o que falava. Estava começando a ficar embriagada.

- Nossa! São quatro horas da tarde. Acho que devemos ir. –ela disse.
- Claro. Não acho que estamos em condições de dirigir... Vou pedir um taxi.
- Ok.

Enquanto voltavam no taxi, Diana admirava a paisagem da bela cidade de Palermo.

- Há quanto tempo não venho à praia. Vamos descer? –ela pediu pra Felippe.
- Claro. Hey, taxista, pode parar ali no calçadão.
- Sim senhor.

Desceram. Diana sentou-se numa mesa de um quiosque e arrancou as botas e as meias, ansiando por pisar na areia. Felippe seguiu o exemplo e tirou seus mocassins. Ele trajava roupas bem casuais. Apenas uma camiseta polo e calças jeans, a qual subiu até os joelhos.
Diana saiu correndo, batendo os pés na areia, sentindo a brisa litorânea bagunçar seus cabelos loiros. O chefe também foi caminhando mais lentamente atrás.

- Vem Felippe, vamos à beira do mar. - ela chamou, acenando com o dedo. Ele foi, abrindo um sorriso branco, correu atrás da bela loira, até que estava sentindo a água gelada tocar os pés. Diana sentou-se e ficou olhando para o horizonte. Felippe sentou-se ao seu lado, já se sentindo vitorioso. Tinha certeza que ela se renderia a qualquer momento.

- Faz tempo que eu não me sentia tão feliz. –ela comentou. – Obrigada, obrigada mesmo, Felippe. Não fosse esse convite, eu estaria em casa, curtindo minha fossa sozinha de novo.

Agora, esse era o momento...

- Que isso, Diana. Era o mínimo que eu podia fazer pela mulher que eu gosto.
- O que você disse? –ela perguntou assustada. O coração acelerou de repente.
- Nada. Só que era o que eu podia fazer, como seu amigo.
- Não foi isso.
- Ah, deixa pra lá, estamos meio embriagados. Não medi minhas palavras e...
- Você gosta de mim, Felippe? É isso? –ela perguntou sorrindo.
- Eu... Ah, droga, deixa pra lá, Diana, não tem a mínima importância. E também eu sou seu chefe e... –ele começou fingindo vergonha e atrapalhamento.

Ela surpreendeu-o beijando-lhe os lábios. Ele correspondeu prontamente.

Ele sabia que havia cumprido a última fase de seu plano. Diana, a mulher que ele gostava, era sua.
Ela, que por impulso, iludida, havia beijado seu chefe, pensava em casa sobre tudo o que acontecera. Por que não dar uma chance pra alguém que realmente gostava dela? Além do mais, talvez Stefano percebesse alguma coisa e saísse de seu torpor. Por que não...

---------x---------

Uma confiante Alicia entrava naquela noite no subterrâneo do Café Palermo. Estava mais radiante do que nunca, vestida em seu melhor estilo de sempre: saia vermelha dois palmos acima do joelho, um top preto de couro e um salto também preta. Seu cabelo estava solto, as ondas laranja caindo em cascatas em seus ombros. Um sorriso estava plantado em seus lábios vermelhos. Ela não podia dar a perceber que sabia de alguma coisa, e nisso, ela era expert.

- Buona sera, Signori. Faz uma linda noite lá fora, não é mesmo? –disse ela assim que avistou seus companheiros. Todos sorriram para ela, que parecia cada vez mais bela a cada reunião. Paolo estava sentado num canto fazendo alguma coisa no celular. Ela se dirigiu a ele.

- Boa noite pra você também, Paolo. É uma pena que não foi me buscar esta noite. Tinha coisas interessantes para mostrar-lhe. Disse ela, com uma piscadela. Pegou uma dose de uísque e sentou-se A e na mesa, com todos os outros homens.

- Vai chover canivetes hoje! Tem alguém de bom humor. – disse um dos capos irritantes que Alicia odiava. Hoje principalmente porque ela sabia que por trás daquela máscara de falsidade, ele queria que ela morresse.

- Tomara que o canivete pegue bem na sua jugular, querido. –ela disse sorrindo sarcasticamente. Todos na sala lutaram contra um sorriso. Se tinha algo que Alicia sabia fazer bem além de matar, era ser sarcástica.

- Ordem aqui, senhores. Alicia, você não esteve na última reunião, que foi cancelada porque temos um novo membro na nossa Irmandade. – começou Don Daniel. Na verdade, a reunião não fora cancelada por isso, e Alicia sabia, mas deixou quieto. Não era possível que até seu tio conspirava contra ela.

- Tomara que não seja igual ao Giovanni. Senão não vou ter paciência pra ensinar! – brincou Alicia.

- Poderiam falar mal de minha pessoa quando eu não me encontrar no recinto? – Giovanni perguntou, fingindo estar sério.

- Ok, sem mais brincadeiras. Temos pretensão de colocá-lo como capo por enquanto, não se preocupe com isso, Alicia. Primeiro, gostaria que o conhecesse. Don Daniel digitou uma senha no telefone do recinto, e disse em alta voz.

- Entre, por favor.

Então um jovem moreno de pele clara adentrou na sala. Tinha um cabelo preto, usava óculos e barba feita. Usava trajes sociais. Tinha uma grande beleza. O rosto era simétrico e os olhos azuis, tão azuis quanto o mar. Chegavam a ser hipnóticos. Aqueles olhos... Alicia sabia que os conhecia de algum lugar.

- Conheçam, senhores, Franco Lizzeti.

Franco Lizzeti. Esse era o nome do sujeitinho, então. Depois das apresentações, todos se sentaram e Alicia apresentou as provas e as novidades que arrancara de Francesco. Mas não deixava de olhar pra Franco de vez em quando. Sabia que não dormiria aquela noite até descobrir de onde conhecia aquele belo par de olhos azuis.


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Notas finais do capítulo

Deixem os comentários para esse ser que vos fala. Beijos