Anjo dissimulado

Um anjo caiu na Terra depois de tropeçar

E disse que bem tinha sido avisado para parar

De pular de nuvem em nuvem como criança humana,

Ou acabaria como elas, com um pé enfaixado, de cama.

Cuidei de sua asa ferida como se fosse minha,

E ele me perguntou o que me faltava, dizendo que mo daria.

“Não tenho desejos”, disse sincero,

Mas o anjo não acreditou: “Pense um pouco! Eu espero!”.

Eu ri pensando que ele não sabia do que falava,

E só então conclui que já há algum tempo me observava.

Pedi então que me desse uma dica,

“O que posso pedir, por favor me diga...”

“Peça um amor, sua besta!

E não demore, que eu tenho um pouco de pressa!”.

Olhei assustado e ele parecia zangado,

Mas deu um sorriso que me deixou aliviado.

Perguntei por curiosidade

“Você é um anjo de verdade?”.

“Oras, não me vejas tão patético!

Achas que essas asas são um acidente genético?!”.

Pensei melhor na sugestão que me deu,

Mas não conseguia achar utilidade, pra um desejo tão plebeu.

Por falta de opção foi que decidi:

“O seu conselho irei seguir!”.

Ele me estendeu a mão e eu peguei

Uma flecha e um arco que logo verguei.

Perguntei o que faria com uma arma daquelas,

E ele foi quase grosso “Não me pergunte uma coisa dessas...”

Me desculpei e descuidei,

Sem intenção, a corda soltei.

Me surpreendi com o resultado:

Em três ricochetes, percebi que fui flechado.

“Homenzinho burro!” - o anjo exclamou -

“O próprio umbigo essa anta acertou!”.

Não sei porque se zangou,

Mas tão logo disse isso, se curou.

Acho que estava me enganando,

Anjo safado!

O pior é que saiu deixando,

Um homem burro e apaixonado.

Jônathas Oliveira Ayres – 01/07/2008

-------------------------------------------------------

Como já esperava, essa "história" está tendo muitas reviews... Estou gostando muito de todas as críticas! Vou tentar melhorar com o tempo, mas, como eu já disse, a princípio, eu só vou postar as poesias escritas antes de iniciar essas publicações!

Ósculos, Amplexos e Reverências!