Mal acordei naquela manhã horrível de frio e já queria não tê-lo feito. Me levantei da cama e olhei pra Lizz, que ainda dormia. Não pensei em acordá-la já, ainda tínhamos tempo, eu que havia acordado cedo demais. Fui direto para o banheiro e após a água ir descendo pelos meus cabelos, eu fui me sentindo mais leve. Por algum motivo estranho, a água tira um pouco da dor que não vou mentir, era muita. Eu nem sei como explicar o quanto doía. Não só a traição, mas como eu fui burra o suficiente pra acreditar em Draco. Ah, mas eu nem vou perder meu tempo com esse garoto. Eu tenho uma dívida pendente com Pansy. Ela é meu alvo principal. Se eu for tratar algo com Draco, será depois. Minha prioridade é ela.

Sai do banho e enrolada na toalha, peguei meu uniforme, me vestindo rápido. Penteei o cabelo e me fiz ir até a cama de Lizz.

- Ei. - eu a cutuquei e ela nem fez manha, logo mais acordou.

- Oi. - ela virou na cama, coçando os olhos. - Como você tá?

- Viva. - respondi. - Agora levanta e vai se arrumar.

Ela pegou as roupas e foi pro banheiro. Eu ainda penteava o cabelo, esperando que ele não ficasse ruim hoje. Fiz maquiagem. Passei bastante corretivo, para ninguém perceber que não dormi direito. Rímel, lápis... Não queria que percebessem muita maquiagem, então fiz o básico do básico. Lizz voltou, já também penteando o cabelo e se maquiando.

- Dormiu bem? - perguntou, passando rímel nos olhos. Ela tentava parecer natural, mas estava preocupada comigo.

- Ah, não muito, mas o suficiente pra aguentar a aula de Poções de hoje. - eu disse e ela virou para mim, fazendo uma careta, como se estivesse com nojo. Ri.

- É o que importa, sua educação. - ela disse, ainda se olhando no espelho.

- Falou a namorada do Weasley. - disse, cruzando os braços. Ela me mandou língua e descemos, encontrando o bendito cujo no caminho, junto com seu irmão gêmeo.

- Bom dia minhas mulheres preferidas. - ele deu um beijo na testa de cada uma. - Dormiram bem?

- Olá, gatinhas. - George nos abraçou, e ficou abraçado comigo.

- Dormimos. - respondeu Lizz, e eu acho que ela evitava olhar para ele.

- Podem se pegar, eu não vou cair em prantos por isso. - eu disse, revirando os olhos. George riu.

- Pffft. Não tem nada a ver. - ele disse.

- Aham, sei.

- É sério, olha. - ele botou o braço em volta dos ombros de Lizz e ainda andando, a beijou. Revirei os olhos de novo.

E eles até estavam certos, por que eu evitei olhar. É ridículo, eu sei, mas me agoniava. Sim, me lembrava de quando eu fazia isso com Draco, e foram poucas vezes. Eu nem devia estar com raiva, estávamos só ficando. Mas eu gostei muito dele. Eu comecei a criar um carinho enorme por Draco. Isso me machuca. Por algum milagre uma pessoa decente - sim, eu sou decente - começa a gostar de um canalha como ele e ele me agradece desse jeito. Tenho dor de cabeça só de pensar nisso. Grrr.

Enfim, chegamos ao Salão Principal. Sentamos na mesa da Grifinória. Vi Hermione, que se levantou e foi me abraçar. E que abraço. Como se ela quisesse que eu transferisse toda a minha dor para ela. E nem se eu pudesse, eu não faria isso.

- Como você tá? - perguntou, e colocou uma mecha de meu cabelo para trás de minha orelha.

- Estou bem, Mione, juro.

- Aquele garoto. Aquele loiro estúpido. Harry queria bater nele, e Ron queria ajudar, mas eu não deixei. Não vale a pena.

- Mas ele merece. - Harry colocou o braço em volta de minha cintura, e me beijou na bochecha.

- Não, por favor, não faz isso. - pedi para ele, juntando as mãos, suplicando.

- Tá, não vou fazer. - ele riu e me beijou na bochecha.

- Eu não prometo nada viu. - disse Ron, e depois que eu lhe lancei um olhar de repreensão, ele levantou as mãos em sinal de rendimento e rimos.

- Obrigada por quererem me ajudar, mas essa batalha é minha. Só não digam eu avisei. - disse, quando Ron abriu a boca para falar.

Nos sentamos e comemos o nosso delicioso café, e Draco não apareceu. Pansy até foi, passou perto de mim, rindo, provavelmente pensando em como burra eu fui. Mas Draco não. O que me fez pensar que ele poderia estar com dor de cotovelo e isso fez minha deusa interior gargalhar de felicidade. Mas também podia ter feito uma festa por ter concluído seu objetivo e dormiu demais, o que fez minha deusa interior murchar de novo. Mas não pensei muito nisso, já que Fred e George faziam o possível para eu me animar. Anjos, isso é o que os dois são.

Logo a felicidade acabou. Fomos para as masmorras - eu, Lizz, Harry, Ron e Hermione - ter aula de poções. Ah, não mereço. O dia já não estava ruim o suficiente?

E a aula de Poções se arrastou, conforme meus olhos iam fechando e eu me obrigava a deixa-los abertos. Snape até brigara comigo uma hora, e me deu uma bofetada na cabeça. Ah, professor chato! Quem sabe se ele conhecesse a palavra shampoo, ele fosse mais feliz.

Mas, como Deus é pai e não padrasto, me vi saindo daquela sala logo então. Claro que tinham mais aulas, como uma aula de Adivinhação com os Sonserinos. Embora eu devesse estar mais relaxada, meu estômago revirou. E quando ele eu o avistei, eu fiquei ainda mais enjoada. Ele me olhou. É, olhou e virou o rosto. Ah, e abaixou a cabeça, pra deixar um ar mais dramático.

- Bom dia, Underwood. - Pansy passou por mim. Eu juro que quis socá-la naquele momento. Apertei o punho e Lizz segurou minha mão. Eu nem havia me preparado ainda, mas ela me conhecia.

- Bom dia, Parkinson. Lindo dia, não? - perguntei.

- Melhor, impossível. - riu. - E vem cá, como estão os gatinhos? - ela gargalhou, perversamente, enquanto apoiava os cotovelos na minha carteira.

- Ah, Pansy. Quando você vai aprender? Quem brinca com fogo, acaba se queimando. E acredite: estou preparando um incêndio. - sorri e ela se afastou, indo embora até Draco.

- Wowww! - disse Lizz, batendo palminhas.

- Meus pelos do braço estão arrepiados. - brincou Harry, batendo palminhas que nem Lizz.

- Colem na minha gata que é só sucesso! - Ron me abraçou por trás e me deu um beijo na bochecha.

E apesar dos apesares, me sinto amada.

Escondida em livros, procurando feitiços diversos. Fred e George me ajudavam. Eu vou me vingar da Pansy, ah, vou. Mas... não vou dizer o que achei. E não satisfeita, pedi muito mais ajuda para os gêmeos, como certos "docinhos". Eu disse que ia me vingar, disse que ela vai se arrepender de ter se metido comigo, e não sou do tipo que não cumpre o que diz.

O plano já estava formado. Por mais que todos estivessem ao meu lado, eu só contei a Fred e George. Eles se divertem com essas coisas. Lizz ia me impedir de fazer, ou algo do tipo. Até mesmo Hermione. Ou qualquer um. Só os gêmeos sabiam.

A hora chegou. Vimos Pansy dizer que iria para o dormitório antes de ir para o Salão Principal, e graças a Deus, tem um corredor no caminho do dormitório da Sonserina, que sempre fica cheio de alunos. Fiquei escondida lá, esperando Fred e George entrarem em ação.

E lá vinha ela. Com Manuella. Nossa, não sabiam que eram amigas. Enfim, não é importante. Ela vinha toda pomposa, falando de Draco para Manuella, jogando os cabelos como em um comercial de shampoo. Ela tinha um cabelo muito bonito de fato, devo ressaltar. Ah, ali vem Fred e George.

- Docinho de Amor! Docinho de Amor! Encomende um Docinho de Amor para a sua amada! - gritavam juntos.

- Ahhh, Pansy Parkinson, né? - perguntou Fred para ela.

- Sim? - ela disse com um certo nojo deles. Ah, menina asquerosa.

- Aqui, encomendaram um doce pra você. - George entregou para elas dois docinhos.

- Sério? Quem? De quê? - ela perguntou, olhando para eles como se fossem ouro.

Eu ria por que alguns alunos estavam interessados nos tais doces. Mal sabiam que era tudo parte de um plano maligno... hehe, bem, meu.

- De morango e chocolate. Encomendado por... - Fred fingiu ler em um papel. - Draco Malfoy.

- Sério? Ah, vamos provar. Obrigada. Toma aqui uma gorjeta. - ela entregou e sorriu como se estivessem ajudando um mendigo.

- Pansy, eu não sei se você devia... - começou Manuella.

- Ah, não tem problema. É do Draco. E deve estar delicioso. - ela riu e mordeu. ISSO. PRESA NA ISCA.

Começou a mastiga-lo e fez uma cara de que estava muito bom, e então várias pintinhas começaram a nascer em seu rosto, e no local pinicava.

- Pansy...

- Oi? O quê? - disse, coçando o rosto. - Meu rosto tá ardendo.

- Não coça! - ela disse e fez uma cara de nojo, pondo a mão na boca.

- Por quê? Ai, meu Deus! - pegou um espelho e começou a olhar seu rosto. Várias espinhas estavam nascendo em seu rosto, bolhas enormes, algumas até espocavam, fazendo uma gosma e um pus sair delas.

E então, de onde eu estava escondida, murmurei um feitiço, bem baixinho, com minha varinha.

- Ai, que horror, meu Deus... - chorava. - Nossa, me esconde.

- Pansy... - Manuella olhava para ela assustada, com os olhos arregalados.

- Me aju... Nossa, que frio está aqui. - ela disse e quando foi passar as mãos nos braços para se aquecer, não sentiu seu uniforme. Olhou para si mesma. Estava apenas de calcinha e sutiã. - AI MEU DEUS!

Todos que passavam riam. Manuella tirou seu casaco e tentou colocar em Pansy, mas a garota começou a correr pelo corredor, tentando esconder as roupas de baixo com as mãos, quando eu lancei meu último feitiço, e seu lindo cabelo... ficou muito, muito pior que o de Hermione. Ela chorou ainda mais e a multidão não se controlava de tanto rir.

Esperei Manuella sair de lá, para poder sair de meu esconderijo. Fred e George voltaram.

- Bela atuação, meninos! Merecem um prêmio. - sorri e os abracei.

- Epa, perai, eu tenho namorada! - disse George, se afastando.

- É, Emma, você é gatinha, com todo o respeito, mas minha namorada é uma de suas melhores amigas etc... - ele disse e eu ri.

- Não! Idiotas. Tomem. - entreguei a eles um pouco de dinheiro que eu tinha.

- Pra quê isso? - perguntou Fred.

- Emma, não podemos aceitar. - disse George.

- Podem e vão. Para vocês gastarem com logros e outras coisas. Talvez pra levar as namoradas de vocês para um jantar, não sei. Afinal, eu fiz vocês trabalharem, eu quero recompensá-los. Aceitem ou eu nunca mais vou falar com vocês.

- Você não tem coragem. - Fred fez um drama.

Rimos e fomos para o Salão Principal. Mas, e então, Pansy? Acha que pode me derrotar assim tão fácil? Que eu sou fácil de cair? Não. Você não é melhor do que ninguém. Você não é melhor do que eu. Pode me derrubar, eu sempre vou levantar mais alto que antes. Você ainda acha que sabe o que está fazendo? Então, me mostre o quão melhor que eu você é. Mas não acho que você fará isso, agora você aprendeu que com certas pessoas, simplesmente não se mexe.