Aurora Boreal escrita por AnebellaCullen


Capítulo 13
Aculturados


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!!!!!
Enfim aparecendo pra deixar o capitulo!
espero q gostem! ;D



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O grupo se despedia dos demais rebeldes, as mochilas em seus ombros carregavam armas para se defenderem do inimigo e seus rostos estavam cuidadosamente sérios e focados, os fazendo parecer realmente perigosos. A animação da pequena garota loira que saltitava agarrada na mão do humano de olhos azuis destoava drasticamente dos humanos considerados selvagens pela civilização das almas.

Eu mal podia acreditar que estava mesmo presenciando os tão temidos humanos se aprontando para uma aventura no mundo das almas, e o mais estranho: Eu estava temendo pelos humanos, ao invés de pela minha própria espécie.

-Hmpf. Eu não acredito que eu não estou indo com eles. – Kyle bufou ao meu lado, seus braços cruzados combinando com sua carranca.

Desde o dia em que começaram a planejar essa incursão, Kyle não deixou de demonstrar o quanto ele queria ir junto, porém as minhas reações a esse assunto meio que o impediram de concretizar seus planos, o que não queria dizer que estava tudo bem: Ele parecia cada vez mais zangado com isso e eu não podia deixar de me sentir mal.

-Sinto muito. – Sussurrei, tocando levemente o braço dele e estremecendo quando o senti se afastar.

O grupo que iria para a incursão partia, enquanto todos ainda gritavam desejos de boa sorte e, ao meu lado, senti Kyle enrijecer.

-Kyle? – Chamei hesitante quando ele começou a sair.

-Vou começar meu trabalho. – Ele resmungou e saiu do grande salão que os humanos usavam para se reunir.

O que foi que eu fiz?

Eu estraguei tudo. Kyle está bravo comigo.

Eu não deveria estar tão surpresa com isso, afinal eu praticamente obriguei Kyle a ficar e eu sabia muito bem pelas memórias de Jodi que ele odiava ser controlado. Mas o que supostamente eu deveria ter feito? Deixar Kyle se arriscar?

Jodi saberia o que fazer, eu aposto.

 Na lógica dos humanos era normal que eles assumissem algum risco de vez em quanto, era até... Como Kyle disse? Emocionante?

Bem, para mim isso não fazia o menor sentido. As únicas emoções que eu sentiria se Kyle estivessem em perigo seria medo, desespero, angústia, tristeza... Se isso era emocionante para os humanos, bem, então emocionante era ruim.

Um toque desconhecido nas minhas costas me fez virar, aspirando com o susto.

-Calma Sunny. Sou só eu. – Doc disse, suas sobrancelhas juntas como se ele estivesse concentrado em algo. -Vejo que você ainda não está bem.

Respirei fundo e dei de ombros.

Desde o dia que Kyle disse que pretendia ir à incursão e esse corpo cheio de emoções traiçoeiras tomou controle, Doc veio conversando comigo. Segundo ele eu estava desgastada emocionalmente. Aparentemente, lidar com essa nova realidade de viver com os humanos que fui ensinada a temer e que às vezes me assustavam estava sendo um pouco demais pra lidar.

Eu não gostei de saber disso, já que isso me fazia sentir fraca. Peg no começo viveu aqui em condições muito mais hostis e conseguiu lidar com isso, apesar de ela ter me dito que só conseguiu fazer isso porque tinha Melanie. Isso quase me fazia desejar ter Jodi para me ajudar - mas de novo, se ela estivesse aqui, eu não estaria.

-O que o Kyle tem? –Doc perguntou suavemente. Deixei um suspiro trêmulo escapar.

-Ele está zangado comigo. Eu não deveria tê-lo impedido de fazer o que queria.  -Minha voz deve ter entregado o quão mal me sentia, pois Doc afagou meu ombro.

-Está tudo bem, Sunny. Você precisa de um tempo para se acostumar com sua nova condição e Kyle tem que entender que você precisa de estabilidade e tranqüilidade. – Ele disse. Olhei pra Doc com uma expressão confusa.

-Isso quer dizer que ele tem que fazer isso só pra que eu fique bem? Sair do seu caminho para me deixar confortável? Doc, isso não faz de mim egoísta? – Perguntei.

O sorriso pacífico de Doc quebrou um pouco do gelo que havia se instalado em minha barriga.

-Minha pobre garota... Vocês almas se preocupam demais. Venha, sua tarefa de hoje vai ser ajudar no hospital. Precisamos fazer um levantamento dos medicamentos que ainda restam. Vai ficar tudo bem, você vai ver.

Doc me arrastou para o hospital e me passou a prancheta onde estavam escritos os nomes de alguns medicamentos das almas, me pedindo para verificar o quanto ainda restava de cada um e foi isso que eu fiz, pelo menos pelos próximos cinco minutos.

-Doc! Doc! Doc, você tem que ver isso!

Os gritos ecoaram pelos corredores cavernosos antes que um Jamie muito animado aparecesse.

-Ah, Sunny! Você está aqui! A Lilly foi te chamar, pensávamos que estava com o Kyle... Ah, você vai adorar isso! Vamos!

Olhei de Jamie para Doc, incerta.

-O que esta acontecendo, Jamie? – Doc perguntou desconfiado.

-Ah, vocês vão ter que ver pra crer! Vamos, estamos perdendo tempo!

E dizendo isso, Jamie veio até nós e, segurando nossas mãos, começou a nos guiar pelo caminho.

-Ah, isso é tão legal! Temos que chegar logo! Tem alguém querendo te conhecer Sunny!

Jamie continuava a murmurar coisas sem nexo, se negando a dar segundas explicações dizendo que seria uma surpresa, e bem, a animação inocente no rosto dele era tão adorável que eu não tinha vontade de discutir com ele.

Chegamos novamente ao grande salão onde todos estavam – TODOS mesmo. O grupo que havia partido para a incursão estava de volta e, o mais espetacular: Junto de pessoas que eu nunca havia visto, que agora estavam sendo recebidos pelos humanos. Que eram esses?

-Sunny, venha aqui! – Peg acenou de longe pra mim.

Olhei de um lado a outro, observando o homem alto e ruivo a seu lado e caminhei hesitante até ela. Quando parei ao seu lado, ela sorrio ainda mais e começou a enfim explicar.

-Sunny, quando estávamos saindo para a incursão, fomos parados por outro grupo: Outro grupo de humanos. – Ela parou para apontar para as tais pessoas desconhecidas. Arregalei os olhos e ela continuou. – E essa não é a parte mais incrível: Sunny, eu te apresento Cal, ou flores vivas calcinadas. Ele é uma alma que está do lado dos humanos, ele é como nós!

Não era possível!

O ruivo se aproximou e me estendeu a mão, um sorriso pacífico e animado brincando em seus lábios.

-Eu prefiro o termo alma aculturada. É um verdadeiro prazer conhecê-la, Sunny. Estou muito feliz em conhecer almas como eu.

Peguei a grande mão calejada dele, ainda em estado de torpor. Outra alma que vivia no mundo dos humanos! Inacreditável.

-É incrível. Pensei que Peg e eu fossemos as únicas! – Murmurei encantada. O sorriso de Cal aumentou.

-Parece que não somos tão raros assim, hm? Talvez os humanos ainda tenham alguma chance. – Ele disse e sorriu, recebendo um sorriso meu em resposta.


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Notas finais do capítulo

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