Aurora Boreal escrita por AnebellaCullen


Capítulo 11
The Rain


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!!!
Gente, desculpem pela demora, mas estou incrivelmente ocupada esses dias e quase não tenho tempo pra escrever...
Enfim, dificuldades a parte, voltamos hoje com mais um capitulo de Aurora Boreal... Quem aí esta curioso pra saber o que vai acontecer com Kyle e Sunny???
;)



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-E então?

Olhei de um lado a outro da caverna escura e tentei imaginar como exatamente caberíamos Kyle e eu nesse cubículo – Quer dizer, não que eu precisasse de um lugar maior, mas sabia muito bem pelas memorias de Jodi e também por experiencia própria que meu companheiro de quarto sim requeria um bocado de espaço. Kyle parecia saber exatamente o que eu estava pensando, pois emendou rapidamente enquanto se movia inquieto pelo pequeno quarto:

-É claro que ainda vou trabalhar nele... Vai ficar bem maior e mais confortável. O que você acha?

O que eu achava?

Era perfeito! De que me importava o lugar, se eu teria Kyle comigo? É obvio que eu gostei!

-Adorei. Vai ficar ótimo! Quando vamos começar a trabalhar nele?- Disse sorrindo, entusiasmada com a nova vida que parecia se desenrolar a minha frente. Kyle franziu.

-Eu vou começar a trabalhar aqui hoje mesmo, você vai ficar no hospital com Doc e Peg.

Minha boca abriu com a surpresa e eu tenho certeza de que minha expressão mostrou o desanimo que eu senti. Kyle me queria longe?

-O quê? Por quê? - Consegui sussurrar.

-Você não acha mesmo que eu vou deixar você fazer esse trabalho pesado, não é? - Ele perguntou incrédulo, como se esperasse que eu estivesse apenas brincando com ele.

-Sim! Eu consigo! Kyle, por favor!

A expressão dele passou a ser de ironia.

-Sim, claro. Percebi como você consegue lidar bem com esse tipo de trabalho. Você quer desmaiar de novo, Sunny?

Não, eu não queria. Mas tampouco podia ficar de braços cruzados naquele hospital enquanto Kyle precisa de ajuda aqui e... Bem, na verdade, eu não queria sair de perto dele, ele era como o meu sol, que iluminava tudo ao meu redor. Sem Kyle, tudo perdia o brilho.

Eu precisava insistir.

-Por favor... Deixe-me ajudá-lo aqui Kyle?

Não sei o que ele viu em meus olhos, mas seja lá o que for, fez a posição rígida dele balançar por um momento, mas ele cruzou os braços, recuperando o controle.

-Não. Nem pense nisso, Sunny. Você vai pro hospital e ficar lá com Peg.

Um gemido exasperado saiu da minha garganta. Por que eu tinha que ser tão pequena e frágil? Só de pensar em ter que passar todo o dia longe dele...

-Sunny, você está chorando? - Kyle perguntou alarmado.

Só então pus a ponta do meu dedo no rosto e senti a única lágrima traiçoeira que escorria de meu olho sem a minha permissão. Às vezes eu não entendia o que se passava com esses corpos humanos e suas emoções sem sentido...Era ainda mais exasperante.

-Você está com dor? Vamos, eu vou te levar ao hospital e Doc verá o que esta acontecendo. - Kyle falou enquanto pegava minha mão e quase começava a me puxar pelo corredor escuro.

-Mas... Eu... Eu não... - Comecei, fazendo-o parar para me ouvir.

-O quê? - Ele perguntou, ainda preocupado.

-Eu não quero... Eu não consigo...

As sobrancelhas dele se uniram.

-Não consegue o quê, Sunny?

-Eu não quero ficar longe de você... Eu não sei o que acontece, mas dói só de pensar. É tão estranho! - Expliquei, sem conseguir nomear esse sentimento.

Olhei pra cima e me deparei com os olhos azuis profundos de Kyle me fitando de um jeito... Eu sei que é completamente impossível, mas ele me fitava de um jeito que parecia ver mais do que apenas esse corpo, me fitava de um modo que parecia enxergar a mim, a alma. Era bom.

-Certo. - Ele murmurou sério.

-Uh? - Perguntei sem entender.

-Certo, você pode ficar.

Para minha defesa, foi totalmente impossível impedir o gritinho de alegria que escapou de minha boca – E ainda mais impossível impedir meu corpo, que parecia ter criado vida própria, de passar meus braços ao redor da cintura de Kyle, que pareceu totalmente desconcertado com minha reação.

-Sunny... - Ele começou, incerto.

As mãos dele estavam em meus ombros, como se fossem me afastar, mas ele não o fez, apenas as deixou lá enquanto nos abraçávamos no quartinho mal iluminado. Eu estranhamente sentia algo como um buraco no meu estomago, ou como se um bando de borboletas estivessem batendo as asas em minha barriga e era tão, tão bom!...

O suspiro pesado de Kyle me trouxe de volta a realidade enquanto ele sutilmente me empurrou pra longe dele com uma cara séria.

-Bom, se vamos fazer isso, você vai ter que obedecer algumas regras: Nada de tentar se esforçar mais do que pode, nada de pegar em coisas pesadas e nada de me esconder quando estiver cansada. Entendidos? - Ele perguntou, me oferecendo solenemente um aperto de mão, que eu não me demorei a corresponder.

-Entendidos.

Passamos muito tempo trabalhando, quer dizer, Kyle trabalhava enquanto eu apenas o observava. Era ridículo, mas também acalentador saber que ele se preocupava tanto comigo – Certo, com o que ele se preocupava realmente era com o corpo de Jodi, mas eu gostava de me iludir achando que sua preocupação se estendia a mim.

Somente algumas horas depois, quando a luz do sol se foi e a luz opaca da lua aparecia pelas frestas da nossa caverna, recebemos visitantes.

-Hey Kyle! Trabalhando duro, uh? Soube que Sunny foi obrigada a te aguentar todo o dia... Coitada dela, deve estar quase implorando pra ter uma folga de você.

Ian - que rebocava uma tímida, porem sorridente Peg- saudou, parecendo mais calmo e alegre do que nunca desde que o conheci.

-Olha só quem fala! O cara mais chato da face da terra, contando com os Aliens!

Kyle revidou, se aproximando de Ian e lhe puxando para que pudesse esfregar o punho na cabeça do irmão mais novo, que girou pra fora do caminho acertando um aparentemente fraco soco no estômago de Kyle, tomando sempre o cuidado de verificar que Peg estivesse fora do alcance da pequena luta.

Estremeci, tanto com a cena violenta a minha frente quanto com o jeito de Kyle a tratar da minha especie. Alien nunca me pareceu uma palavra tão ruim.

-Tudo bem, eles só estão brincando. É uma violência saudável, coisas de humanos. - Peg explicou, percebendo a angustia em meu rosto. Assenti pra ela, esboçando um sorriso tímido, não demonstrando que havia mais motivos pra minha súbita ansiedade.

Apesar de querer muito, ainda não havia tido tempo para realmente conversar com Peg - Ian não saiu um minuto do lado dela e ficar sozinha com os dois me fazia sentir invasiva.

Ian agora tentava acertar um soco no rosto de Kyle enquanto o mesmo se esquivava habilmente. Mordi meu lábio para me impedir de pedir que parassem. Eu não gostava dessa brincadeira. E se acidentalmente Ian acertasse o irmão com força demais?

Ao contrário de mim, Peg sorria ternamente os observando, o que me fez pensar em se com o tempo eu conseguiria me acostumar com isso como ela fez. Espero que sim, pois não acho que meus nervos possam aguentar isso toda a minha vida... Se é que eu vou poder ficar por aqui por todo esse tempo.

Depois da “brincadeira” dos irmãos acabar, fomos todos juntos até o lugar onde jantávamos. De vez em quando alguém falava com Peg, dando a ela as boas-vindas, apesar de já se fazerem alguns dias desde a volta dela.

Sentamos nós quatro ao redor da pedra irregular que servia de mesa e somente uns momentos depois, Melanie, Jared e Jamie se juntaram a nós e começaram todos a conversar animadamente.

-Então, já esta se acostumando com seu novo corpo, Peg? - Mel perguntou preocupada e Peg deu um suspiro.

-É estranho e às vezes frustrante não poder mais fazer as coisas que eu fazia antes... Eu me sinto tão imprestável todo o tempo... - Ela respondeu, fazendo um biquinho. Eu sabia bem como era isso...

-Não pense assim, querida. Você já fez demais por todos nós, não precisa se sentir assim. - Ian a tranquilizou, a olhando de um modo intenso que me fez sentir novamente invasiva e Peg corou e logo baixou o olhar, timidamente.

Yeah, eu sabia bem o que os olhos azuis de um O'Shea podiam fazer...

Mel olhou pra cena com um sorrisinho sábio e se inclinou para sussurrar algo no ouvido de Jared que o fez rir baixinho. Até Jamie e Kyle tinha um olhar malicioso no rosto.

-Eu acho a nova estatura da Peg muito legal! Agora vocês vão perceber que eu não sou mais uma criança, levando em conta que eu sou maior que Peg e também que Sunny. - Jamie se gabou.

-Isso não quer dizer nada, Jamie. Nao importa o quanto você cresça, você sempre será meu bebê. - Melanie disse, alcançando a vasta cabeleira de Jamie e a desarrumando. O menino se contorceu pra fora do alcance da irmã, fazendo com que todos nós começássemos a rir.

Depois de alimentados, Kyle e eu fomos rapidamente tomar um merecido banho, já que havíamos passado todo o dia em meio a poeira da reforma. Ao chegarmos ao corredor que dava acessoa a sala de banhos, Kyle me esperou enquanto eu rapidamente me lavei e depois eu fiquei escorada em uma pedra irregular, esperando enquanto ele se lavava.

As pessoas começaram a chegar todas de uma vez e a fazer uma fila enquanto esperavam que a sala de banhos se desocupasse. Eu não me incomodei com a presença delas: A maioria parecia me aceitar muito bem e algumas, como Lilly e Paige, até falaram comigo antes de passarem por mim. Eu estava bem, até que percebi dois olhos escuros um pouco distantes, mas ainda assim a minha frente, me analisando com indisfarçada contrariedade, para dizer o minimo. A garota que me olhava era baixa, quase tão baixa quanto eu, cabelos curtos e pretos combinados com sua pele olivácea – Ela era, em muitos aspectos, parecida com Jodi, exceto que, nem mesmo quando estava aqui, Jodi conseguia parecer tão má.

Levei apenas um minuto a olhando para logo desviar o olhar para Kyle, que caminhava na minha direção com seu habitual jeito casual. Sorri pra ele enquanto ele pegava minha mão e começava a me conduzir para fora dali, não antes de que eu pudesse olhar novamente para a garota, que agora fitava a Kyle do jeito que eu só poderia lembrar de um caçador observando sua caça. Estremeci.

Quando chegamos a sala de jogos, onde todos dormiríamos por causa das chuvas, Kyle carregava nossos dois colchões com o braço esquerdo enquanto sua mão direita estava ocupada envolvendo a minha. Eu mal podia acreditar quando ele não me deixou carregar meu próprio colchão, mas ao me ver tentar e falhar, ele conseguiu provar seu ponto: O colchão era muito pesado.

Ele parou em um canto e ajeitou os colchões juntos, me olhando de vez em quando, como se estivesse esperando que eu me opusesse ao seu arranjo. Eu, claro, não me opus e logo estávamos deitados comportadamente, cada um do seu lado do colchão.

Uma corrente elétrica passou por mim quando a mão dele tocou minha pele, procurando por minha mão e, quando a encontrou, enlaçou nosso dedos, fazendo meu coração bater tão forte quanto um tambor. Como se não pudesse me impedir, me arrastei para mais perto dele e me enrolei em seu enorme peito, automaticamente me sentindo protegida.

Kyle soltou um suspiro ao mesmo tempo que seu braço me envolvia e ele beijou minha testa.

-Boa noite.

-Boa noite, Kyle.

Consegui sussurrar em meio a minha emoção e fiquei alegremente sentindo o peito de Kyle se mover cada vez mais relaxado sob mim enquanto ele caia na inconsciência até que, com apenas uma palavra, minha alegria se despedaçou.

-Jodi... - Kyle disse inconscientemente, em meio ao sono, mal sabendo que estava destroçando meu coração.

Lágrimas banharam meu rosto muito tempo até que eu conseguisse dormir, o barulho da chuva impedindo que alguém ouvisse meu choro silencioso.


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Notas finais do capítulo

#Dó da Sunny aqui, fato.
O que acharam?
Ah, e não esquecendo de deixar um muuuuuuuuuuuuuuuuito obrigada a todos os meus leitores lindos!
Obrigada por acompanharem a fic e pelos seus reviews que tanto me animam, pessoal!!!



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