Meus dedos corriam pelo teclado, atropelando uns aos outros com a pressa de registrar meus pensamentos.

Parei um pouco, tomando consciência de que meu melhor amigo era esse laptop que eu herdara de Colie, minha madrasta.

Mas então ri de mim mesma por ser tão dramática. Quer dizer, talvez eu não fosse a miss popularidade, mas quem ligava? Tinha três grandes amigas (Jenny, Anne e Laura), e o meu melhor amigo, Jonathan, ou Jonny. Mas Jonny parara de andar conosco recentemente, por motivos que ele preferia esconder.

Olhei para meu quarto, no sótão da casa que dividia com minhas irmãs postiças e Colie, uma loira falsificada, em plenos 40 anos de idade, se achando a rainha da beleza (ou seja, minha vida não era lá essa maravilha no quesito família). Enfim, minhas paredes estavam cheias de posters de filmes e shows e fotos de amigos e família. A que eu mais gostava estava ao lado da minha cama: uma foto de quatro garotas sorrindo de modo divertido. Outra que eu gostava era uma em que eu estava sorrindo ao lado de Jonny, antes de sua... mudança.

Olhei para o relógio, me livrando de pensamentos tristes e sombrios. Xinguei baixinho corri para o banheiro, me preparando para dormir.

Olhei-me no espelho do menor banheiro da casa, mas pelo menos era só meu. Era uma garota pálida e magra, relativamente alta para minha idade (17 anos). Meus cabelos eram ruivos, e os olhos incrivelmente cinzentos.

Fui deitar, mas praticamente não dormi. Os pesadelos seguiram meu sono.

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- Liiiiiiiiiiiiiiiiiiiiizie! – foi assim que acordei. Com os gritos de Colie, minha querida madrasta. Meu pai tinha morrido quando eu tinha 11 anos, me deixando com ela.

 - Já vou! – gritei de volta, levantando rapidamente. Troquei-me, colocando o uniforme da escola em que Colie me matriculara, o mesmo da “dupla terrível”, apelido fofinho para minhas irmãs.

E Colie sempre fazia questão de falar que pagava minha escola.

Saí do quarto e passei no banheiro, aplicando uma camada de gloss. Desci as escadas e encontrei Colie.

-O que é?

-Nada, Lizie. Você vem tomar café?

-Não! Vou comprar um café no caminho! A Jenny está me esperando!- eu disse, colocando a mochila sobre os ombros e saindo pela porta da frente.

Jenny, de fato, me esperava na porta de casa, com seus cabelos castanhos presos num rabo de cavalo.

-Oi!! Como foi com a Colie?- perguntou, com seu constante sorriso estampado no rosto. Por isso eu gostava dela. Estava sempre sorrindo e contando piadas, tentando melhorar o humor de todos.

-Na mesma! Ah, ela vai viajar por três dias, para visitar a tia dela, na cidade vizinha...- respondi, me lembrando do que Colie tinha me contado no dia anterior.

-Ah, legal!!! Posso ligar para Laura e Anne? Ou melhor... passar torpedo...?- perguntou, já pegando o celular, animada.

- Claro! Awn, o que iremos fazer? Ah, não que eu me importe...

- Hum, o de sempre! Festa do pijama!- Jenny riu.

Meu celular, de repente, tocou.

-Ah... Jenny, mudança de planos: Clara acabou de me passar um torpedo falando que vai fazer uma festa... e que eu nem devo pensar em aparecer no dia...- disse, ao olhar o torpedo da minha estúpida irmã.

Seguimos para a escola, somente parando para comprar um café e uma rosquinha de canela para mim.

Jenny e eu encontramos Laura no estacionamento da escola, com os cabelos loiros balançando em uma trança longa nas costas, correndo em nossa direção com um cartaz na mão.

 Tinha os olhos castanhos brilhando, e eu e Jenny nos entreolhamos. Sabias que aí vinha problema....

E, ao ver o que continha o cartaz, aí sim percebemos que não tinhamos nos enganado.