– Não acredito que me obrigou a fazer isso. – disse para Lisa no sábado de manhã.

Estávamos em uma loja de vestidos para festas e Lisa estava no provador trocando de roupa. Ela saiu de lá logo depois usando um vestido laranja com detalhes de flores na parte de baixo do vestido.

– O que achou? – perguntou Lisa animada. Eu murmurei um “legal”. – Assim não dá amiga! Eu te pedi pra vim para você me ajudar e até agora você só fez isso. – ela me imitou dando de ombros, ri e depois ela voltou ao provador.

Lisa saiu do provador, deixou os vestidos com a vendedora e saímos da loja. Botei meus óculos por causa da claridade do sol, eu estava cansada de ir a loja a loja, mas apesar da Lisa dizer que eu sou a persistente, ela também era muito persistente e teimosa.

– Que tal um sorvete? – perguntou Lisa. – Vai ser bom pra você acordar um pouco e eu pago! – assenti e fomos para uma sorveteria próxima dali.

Lisa pediu duas bolas de sorvete, uma de morango e outra de creme, enquanto eu pedi uma de chocolate e outra de pistache. Nós sentamos em uma das mesinhas e ela começou a falar sem parar.

– Tem ainda o lance da máscara para comprar! – falou Lisa enquanto tomava o seu sorvete. – E ainda tem o sapato! – ela fez uma pausa saboreando o sorvete enquanto pensava. – Não, acho que minha mãe vai me emprestar o sapato dela... Não sei, mas ainda temos muito trabalho amiga.

– Lisa. – chamei e ela parou de tagarelar. – O baile é no próximo sábado. Relaxa! Tem muito tempo.

– Não, não tenho! Você me meteu nessa coisa de decoração. – disse Lisa. – Quantas lojas de máscaras tem na cidade? Bem, não importa porque vamos naquela lá no centro. É gigante! Temos que achar alguma coisa não é? – concordei tomando o meu sorvete quieta. – Queria que você fosse ao baile. Ia ser bem mais divertido com você.

– O Paul vai com você, nem vai sentir a minha falta. – falei.

– Não é verdade! – disse Lisa indignada. – Seria bom pra você, também seria bom pra o Mark... Na verdade eu acho que...

– Espera! O que você falou? – a interrompi.

– Que seria bom pra você. – repetiu Lisa.

– Depois disso.

– Que também seria bom pra o Mark?

– Exato! – gritei me levantando. – Temos que convencê-lo a ir. Só assim ele se distrairá e esquecerá dá Tiffany! – tomei o resto do meu sorvete. – Lisa, você é brilhante!

– Obrigada. – disse Lisa. – Eu sempre soube, é claro...

– Temos que ir! – falei, Lisa se levantou e fomos embora.

Fomos para aquela loja no centro, a de máscaras. Lá não tinha só isso, era uma loja de fantasias. Lisa foi até a balconista e eu a segui, ela nós mostrou algumas máscaras.

– Espera... – disse Lisa pensativa. – Muita gente da escola comprou aqui e se eu for com uma máscara igual das outras pessoas?

– Bobagem! – falei, ela me olhou séria. – Tem outra opção? – Lisa agradeceu a lojista e fomos embora da loja sem comprar nada. - Onde vamos agora? – perguntei com os pés doendo já de cansaço.

– Bem, você vai pra casa e eu vou visitar o meu namorado. – disse Lisa.

Fiquei aliviada por já termos acabado. Infelizmente Lisa não havia achado o que procurava o que significava que depois teria que ajudá-la ainda. Mas pelo menos havia acabado por hoje.

Cheguei à minha casa bem na hora do almoço e almocei com os meus pais.

– Onde está o Mark? – perguntei vendo a cadeira vazia.

– Ele quis almoçar no quarto. – respondeu papai. – Você sabe o que aconteceu?

– Deve ser estresse. – falei.

Depois de almoçar, subi as escadas e invés de ir para o meu quarto, bati na porta de Mark.

– Entra! – mandou Mark.

Entrei no quarto muito bagunçado por sinal. Olhei para Mark que estava na cama deitado e me sentei ao seu lado.

– Mana, eu não to querendo conversar agora. – confessou Mark.

– Eu sei, mas... É importante. – falei. – O baile está se aproximando e... Eu estava pensando... Por que você não vai?

– Acho que a resposta é óbvia. – respondeu Mark.

– Faria bom pra você. Você se distrairia. – disse.

– Sei o que está tentando fazer, mas entenda que eu não estou com vontade de fazer algo ou ir para nenhum lugar. – falou Mark se virando na cama para o outro lado da parede.

– Bem, eu só estou tentando te ajudar. – disse me levantando e indo até a porta. – Eu sinto muito. – e sai.

Eu já tinha visto Mark desse jeito uma vez e não queria ver de novo. Mas eu não ia desistir assim tão fácil. Se significava que eu teria que ir ao baile então eu iria.

Fui para o meu quarto e me deitei enquanto pegava meu celular no criado mudo. Fui digitando uma mensagem para Harry.

“Nós vamos ao baile Harry.”

Dois minutos depois, recebi uma mensagem dele perguntando o que havia acontecido e eu digitei:

“Eu mudei de ideia”

Mandei a mensagem e fiquei esperando Harry dizer alguma coisa quando o celular começou a tocar, era Lisa.

– Oi Lisa. – falei atendendo.

– Oi amiga. – disse Lisa. – Ele vai?

– Não, não quer ir. – respondi. – Mas eu não vou desistir assim tão fácil.

– Não se preocupe. – falou Lisa. – Eu tenho um plano, já estou indo! – antes que eu dissesse algo ela desligou.

Acho que se passaram duas horas quando Lisa me ligou e disse para eu ir até a janela. Vi ela e alguns amigos de Mark na frente de casa. Ela acenou com o celular no ouvido, ela continuou dizendo:

– Escute com muita atenção. – Lisa contou o seu plano que eu achei meio louco, mas concordei em fazer.

Levei Mark até a frente de casa dizendo que tinha uma visita. Quando chegamos lá não havia ninguém. Quando de repente os amigos de Mark apareceram e amarraram-no na árvore que tem de frente a nossa casa.

– O quê? – falou Mark depois que estava amarrado na árvore. – O que está acontecendo aqui?

– Não fique nervoso. – disse Lisa com um alto-falante na boca. De onde ela tirou aquilo? – Vamos desamarrá-lo assim que concordar em ir ao baile.

– Como é que é? – perguntou Mark achando todos nós loucos. – Eu nem se quer tenho um par.

– Eu também não cara, não é todo mundo que tem um e nem por isso vou deixar de ir. Quem sabe depois da meia-noite eu não consiga um e você também? – falou um dos amigos de Mark, um alto e moreno, da sala dele.

– Não vou mudar a minha resposta. – disse Mark.

– Tudo bem então. – falou Lisa indo em direção a minha casa, os amigos de Mark foram embora e eu segui Lisa para dentro.

– Não sei se acho uma boa ideia Lisa. Meus pais depois vão voltar das compras com a Alicia. – disse. – E ele vai ficar com fome...

– Exatamente! Quando ele ficar com muita fome vai implorar para soltarmos ele. – falou Lisa indo olhar na janela. – Mas o que é isso que ele está segurando? – Fui ver o que era também e me aproximei da janela.

– Que ótimo! Ele guarda biscoitos no bolso! – disse.

– O quê? Que tipo de ser humano faz isso? – perguntou Lisa chocada. – Mas não se preocupe. Se precisarmos ele passa o dia amarrado.

– Isso não parece uma boa ideia... – comentei. Lisa pediu para eu fazer silêncio e esperar.

Passaram-se duas horas quando começou a chover, olhei para a janela para ver Mark ficando todo ensopado.

– Lisa... – a chamei.

– Sim? – perguntou ela assistindo a televisão.

– Está chovendo, ele vai ficar resfriado. – disse.

– E daí? – perguntou Lisa, lancei um olhar mortal a ela. – Ok, eu vou desamarrá-lo.

Fomos até lá fora com um guarda-chuva e fizemos uma última tentativa para ver se Mark iria para o baile. Mas ele não mudou de opinião e por contas das circunstâncias, nós o soltamos. Ele correu para dentro de casa todo ensopado.

Quando chegamos lá dentro, Mark estava se enxugando com sua toalha, mas não parecia bravo.

– Olha, eu sei que estão tentando me ajudar, mas... – ele fez uma pausa. - Parem de fazer isso. Ou eu vou acabar ficando doente. – Mark subiu as escadas em direção ao seu quarto e eu me joguei no sofá derrotada, ao mesmo tempo, triste.

– Eu estraguei a vida do meu irmão! – falei enfiando meu rosto no travesseiro do sofá.

– Nada vê, pra começar foi ele que começou a namorar a Tiffany sem você saber. Se ele tivesse dito no começo, antes de se envolver, nada disso estaria acontecendo. – explicou Lisa. – Além do mais deve haver outro jeito.

– Não há! – gritei chateada.

– Não há ninguém que possa convencê-lo? – perguntou Lisa.

– Não h... – antes de terminar, parei para pensar e me lembrei de uma lembrança um pouco distante:

Flashback on – Natal do ano passado:

– Abre Mark, abre! – pediu Érica sorrindo.

Estávamos na casa de Érica celebrando o natal junto da nossa família e da dela além dos amigos que ali haviam.

Mark abriu o presente bem empacotado com um papel vermelho e um laço branco com dourado em cima. Ele ao perceber o que era abraçou sua namorada agradecendo.

– Eu estava querendo isso a um tempão. – disse Mark pegando no CD da sua banda favorita de rock. – Obrigada amor. – ele beijou Érica.

– Abre o meu presente agora Érica. – pedi do lado dos pombinhos.

Ela pegou o meu presente que era o de enfeite azul e abriu sorrindo ao percebe que era uma blusa.

– Obrigada. – disse ela me abraçando. – Por isso você me perguntou qual a minha loja preferida não é? – assenti. – Eu adorei!

Ficamos ali abrindo os presentes um dos outros e depois fomos nós sentar com as nossas famílias. Sentei-me ao lado de Lisa e do outro lado estava Érica, e do lado dela, Mark.

Foi um natal mágico, o que eu jurei nunca esquecer.

Flashback off

– Terra chamando ******! – repetia Lisa.

– Oi?

– O que aconteceu? – perguntou Lisa confusa.

– Me lembrei de uma coisa. – respondi. – Você se lembra do natal do ano passado?

– Claro, foi muito legal! A gente foi na casa da Érica e conhecemos o tio dela que é super engraçado! Ri muito naquela noite. – disse Lisa relembrando.

– Pois é. – falei. – Eu estava pensando se a Érica conseguiria convencê-lo...

– Você acha mesmo? – perguntou Lisa. – Não quero ser estraga prazeres, mas o Mark não fala mais com ela desde que ela começou a namorar o Jason.

– Eu sei. – concordei. – Mas temos que correr o risco além do mais já faz um tempo e o Mark já esqueceu ela. – Lisa me olhou por alguns segundos até concordar.

– Amanhã podemos ir até a casa da Érica, que tal? – perguntou Lisa, assenti. – Agora eu preciso ir embora que já está escurecendo. – Lisa me abraçou e foi embora.

Meus pais voltaram das compras com Alicia. Depois de mamãe alimentar ela e botá-la para dormi, fomos jantar.

– Querida eu tenho uma surpresa pra você e o seu irmão. – disse papai. Logo vi que não era coisa boa, mesmo papai sorrindo, eu não tive uma boa impressão já que a última surpresa viera como um meteoro em cima de mim.

– Vou chamar o Mark. – falei me levantando.

Fui até o seu quarto que estava com a luz apagada e ele estava na cama deitado. Não dava para saber se ele estava dormindo ou não, mas preferi não incomodá-lo.

Desci e falei aos meus pais que Mark já estava dormindo.

– Bem... Vou contar mesmo assim. – disse papai e eu fiquei cada vez mais curiosa. – Eu fui promovido! – Ah não! De novo não! – Eu falei com o meu chefe e ele me conseguiu que eu fosse promovido aqui mesmo, ou seja, não vamos precisar nós mudar! Não é ótimo filha? – Dei um enorme sorriso e fui abraçá-lo.

– Parabéns pai! – falei. – Estou muito feliz por você.

– Foi por isso que hoje saímos para fazer algumas compras. – explicou mamãe. – Comprei um vestido lindo para você e uma jaqueta para o Mark. Tive que comprar mais coisas para Alicia, já que preciso arrumar o quarto dela. – Mamãe mostrou depois do jantar o que havia comprado para Alicia, uma coisa mais fofa que a outra. Ela me deu uma sacola que tinha o meu vestido, eu preferi não abrir agora e deixei no criado mudo do meu quarto.

Depois fui dormir decidida que no outro dia iria até a casa de Érica pedir sua ajuda.

"É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder. Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver" - Martin Luther King