Eu nem acredita no que estava vendo. Como pude ser tão descuidada!

– Como? – perguntei.

– Simples. – respondeu Tiffany. – Quando o John fez aquilo, eu fiquei com uma interrogação na minha cabeça. Então a Secret Girl pode ser loira, ou não, e pode ter olhos azuis, ou não. Liguei os pontos. Uma garota que gosta do John, a mesma me odeia e a mesma ajudou a Jennifer, o Harry... Então pensei em você e na Lisa. – ela deu uma breve pausa e continuou. – Então decidi lhe seguir.

Flashback on – No mesmo dia em que fui me encontrar com o John:

Sai de casa pelas portas dos fundos vestida com as roupas que a Lisa me deu e a peruca loira. Enquanto eu me apressava no andar, Tiffany estava no carro ali perto com uma de suas amiguinhas mais velhas, que tem idade suficiente para dirigir.

– Siga ela. – mandou Tiffany, achando estranho minhas roupas e o meu jeito de culpada.

Quando cheguei à escola e fui me encontrar com John, Tiffany descobriu que eu era a Secret Girl, mas ela precisava de provas. Quando acabei de conversar com John, dei a volta pela escola e fui para um banheiro para trocar de roupa. Rapidamente Tiffany pegou seu celular e tirou fotos de mim entrando e saindo do banheiro já com minhas roupas normais.

Flashback off

– E foi assim que descobri. – terminou Tiffany. – Fácil não? Você não é tão boa assim em esconder segredos.

Definitivamente eu não era! Primeiro o Harry, depois a Tiffany? Deve ser por isso que Lisa não me conta seus segredos.

É eu estava na mão da Tiffany e mal tinha saído da mão do Paul.

– Pode começar agora a trabalhar pra mim ou eu vou mandar as fotos para o jornal da escola e todos saberão quem você é. – disse Tiffany. E agora?

– O que quer que eu faça? – perguntei e ela deu um sorriso vitorioso.

– Arrume o meu quarto. – respondeu Tiffany e depois saiu.

Não era tão difícil assim, já ajudei minha mãe a arrumar o quarto de Mark e não existe quarto mais fedorento e desorganizado, uma vez juro que vi alguma coisa se mexendo lá dentro.

Em uma hora eu arrumei o quarto de Tiffany e desci as escadas até a sala, onde ela estava sentada na poltrona folheando uma revista.

– Acabei. – ela se espantou com minha rapidez, mas se enrijeceu logo.

– Agora faça minhas unhas. – Um dia você vai me pagar Tiffany, ah se vai!

– Que cor? – perguntei de mal agrado, ela apontou para o rosa claro e eu comecei a pintar suas unhas.

– Pinte direito para o meu namorado gostar. – disse Tiffany. Essa era nova! Quem iria namorar aquela criatura das trevas? De cara feia terminei suas unhas, fiz bem feita para ela não me provocar.

– Agora posso ir? – perguntei irritada, mas tentando não demonstrar.

Ela olhou o relógio, já estava ficando tarde, então ela me mandou ir embora.

– Amanhã às duas horas aqui em casa. – disse Tiffany antes de fechar a porta com força.

Fui para casa toda dolorida e me larguei na cama. Droga! Tenho que estudar para a prova, é depois de amanhã. Peguei os livros e comecei a estudar, não estudei muito porque logo peguei no sono e acordei com uma baita dor de pescoço.

– Mãe, posso ficar em casa hoje? – perguntei apontando para o meu pescoço.

– Pode. – respondeu mamãe aparentemente de bom humor. – Vá deitar pra descansar o pescoço. – E foi isso que fiz.

Depois de tomar café da manhã na cama fui estudar mais e quando deu à hora do almoço a campanhia tocou. Fui atender já mais disposta.

– Oi. – disse Harry com um sorriso torto.

– E ai? – falei. – Entra.

Ele entrou e só então notei que segurava alguns cadernos.

– Trouxe para você copiar o que perdeu hoje. – explicou Harry.

– Muito obrigada. – disse pegando os cadernos e os deixando na mesa. – Quer ficar e comer alguma coisa?

– Não quero incomodar. – falou Harry.

– Imagina! – disse e o puxei para a cozinha, onde o apresentei aos meus pais e o meu irmão, que ele conhecia de vista.

– A comida estava excelente! – disse Harry depois de comer.

– Que horas são? – perguntei.

– Uma e meia. – respondeu Mark.

– Ai não! – gritei subindo as escadas apressada.

Troquei de roupa, ajeitei o cabelo e desci as escadas novamente apressada.

– Harry, eu não quero ser mal educada, mas tenho um compromisso e você precisa ir embora agora. – falei.

– Tudo bem. – disse Harry se levantando da mesa. – Mas que compro... – o empurrei para fora de casa enquanto saia e fechava a porta. – misso? – terminou.

– Tiffany. – fiz uma careta e ele fez o mesmo. – Preciso ir. Beijos, me liga! Tchau! – peguei a bicicleta e pedalei como nunca na minha vida.

Tiffany abriu a porta e falou o óbvio: eu estava atrasada, inventei uma desculpa enquanto entrava. Eu tinha corrido muito para chegar ali, eu só queria deitar naquele sofá branco confortável e dormi, mas sabia que as coisas não seriam assim.

– Como é a primeira vez, vou deixar passar, mas na próxima vez que você atrasar eu irei lhe castigar. – disse Tiffany autoritária. Então tenta pra tu vê!

– Ok. – falei. - O que quer que eu faça?

– Senhorita. – completou Tiffany.

– Senhorita. – disse como se eu estivesse tomando limão azedo.

– Bem melhor. – falou Tiffany ajeitando sua roupa. – Quero que lave a roupa suja que está lá na lavanderia. Pode começar. – ela saiu do hall e foi para o quarto enquanto eu fui procurar a tal lavanderia, que ficava do lado da cozinha.

Lavar roupa? Ela estava passando dos limites! Ou já passou há muito tempo, mas eu tenho muita paciência sabe... Enfim, enfiei tudo na máquina de lavar e botei sabão em pó, como eu não sei a quantidade resolvi botar a caixa toda e apertei o botão de iniciar.

Como deveria demorar muito aquilo, fui até a cozinha beber um copo d’água e quando voltei à lavanderia estava com espuma por todo lado.

– Droga! – gritei correndo. Apertei todos os botões tentando desligar, mas a máquina não correspondeu. Comecei a chutá-la de raiva gritando:

– Desliga droga! – Então do nada apareceu um garoto de olhos verdes, com cabelos loiros, nesse momento eu já deveria estar me afogando na espuma, ele desceu e me levantou. Depois o garoto correu até a máquina mergulhando, segundos depois a máquina parou porque a tomada havia sido puxada.

Sentei-me no chão, afastando as espumas e o garoto fez o mesmo, estava aliviada porque a máquina havia se desligado. Nem sei como não pensei na tomada.

– Quem é você? – perguntei para o garoto.

– Eu que lhe pergunto. – disse ele. – Essa casa é minha.

– O quê? – perguntei.

– Sou o Nathan. – respondeu o garoto.

– Irmão da Tiffany? – perguntei e ele assentiu.

– E você? Inimiga dela? – perguntou Nathan. Pergunta estranha de se fazer.

– Sou. – respondi me levantando. – Ai!

– O que foi? – perguntou Nathan se levantando.

– Entrou espuma no meu olho. – falei.

Nathan pegou uma toalha e enxugou os meus olhos. Depois da confusão pude perceber o quanto ele era bonito.

– Melhor? – perguntou Nathan.

– Bem melhor. – respondi sorrindo, ele retribuiu e saímos da lavanderia todo encharcados.

– Posso saber o que está acontecendo aqui? – perguntou Tiffany na cozinha com as mãos nos quadris, irritada.

– Bem... Não lhe devo explicações então... – disse Nathan indo embora e enquanto passava empurrou a Tiffany. É, eles definitivamente não se davam bem. Mais um ponto para o garoto que acabou de me salvar. Ela se virou para mim com cara de autoritária esperando a minha resposta.

– Problemas técnicos com a máquina, acho que você deveria pedi seu dinheiro de volta. – falei.

– Vá embora. – disse Tiffany tentando se controlar para não explodir e foi exatamente o que eu fiz, fui embora de bom agrado.

Cheguei em casa, tomei um banho e fui estudar mais para a prova que seria amanhã.

Meu celular vibrou anunciando uma nova mensagem:

“Prova amanhã, tá estudando? – Lisa.”

Mandei uma mensagem de volta:

“Estou, infelizmente.”

O meu celular vibrou de novo:

“Como está indo com a Tiffany? – Lisa.”

Mandei a resposta:

“Nada bem, L.”

Meu celular vibrou, mas fiquei surpresa porque não era a Lisa que havia me mandado:

“Amanhã boliche? – Harry.”

Digitei de volta:

“Se a Tiffany sair do meu pé, sim.”

“Beleza! Às três.”

Fiquei até tarde estudando, pois é nada é fácil nessa vida. Só Deus sabe como eu sei isso.

No próximo capítulo:

– Putz, preciso dessa nota! – gritei revoltada.

– Eu tenho uma ideia.

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– Não deveria ter se jogado. – falou Lisa.

– E o que eu ia fazer? Ficar olhando tudo acontecer sem fazer nada?

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– Boliche é geometria, geometria é matemática, simples. – disse Harry.

– Você diz isso porque é o CDF da sala. – brinquei.

Não perca o próximo capítulo de...

Secret Girl