Prólogo

Oxford, Inglaterra - 2006

Era uma tarde fria, o céu estava encoberto por nuvens fofas e cinzentas. Não havia sol, não havia cantar de pássaros e os tons frios da paleta de cores da natureza só aumentavam a tristeza daquele dia. As árvores farfalhavam com o vento frio, a grama estava úmida por conta da garoa fina.

Um padre estava embaixo de uma grande tenda, em suas mãos havia uma bíblia e ele lia cada palavra com total zelo e atenção. Era um enterro. O caixão estava sendo colocado a sete palmos e as famílias despediam-se do ente querido, todos choravam com a partida. Perto daquele local, uma família ainda observava o outro túmulo sendo fechado.

- Ela se foi. – A mulher disse, colocando os óculos escuros. Não havia quaisquer indícios de sol, mesmo assim ela ainda os colocava. – Isso é sua culpa. Sua, somente sua. Por sua causa, ela se foi.

A menina de cabelos castanhos soltou mais lágrimas, porém, em silêncio. Ela era jovem, tinha seus quinze anos de idade; e estava sendo culpada por algo que não havia feito. Só ela sabia o que tinha acontecido, na verdade, só ela entendia e compreendia o que havia acontecido, pois seus pais, cegos pela tristeza, eram incapazes de entender qualquer coisa.

- Volte para aquele advogado de araque. – Seu pai, Charlie Swan, um gerente de vendas, disse a ela. – Eu devia processá-lo por isso.

- Você nunca mais se dirija a mim como mãe. Minha filha morreu, minha única filha morreu. – Renée Swan, funcionária de um banco, disse a garota.

Assim, eles deram as costas à menina. A pequena garota chamava-se Isabella Swan; agora ela estava sozinha, observando fecharem o túmulo de Emma Swan, sua irmã mais velha. E ela continuou ali até que o túmulo fosse fechado por completo, quando terminaram, ela andou pela estreita calçada até o carro de seus pais. Sua mãe jogou uma mochila na calçada, aos seus pés e depois fechou a porta.

Ela estava sozinha. Havia perdido a única pessoa que a entendia.

Mais a frente, Isabella viu outra família deixar o local e ir em direção ao carro. Uma pessoa, um garoto, mais velho que ela, ficou observando fecharem o túmulo. Ela foi ao lado dele e observou a inscrição recente na lápide:

“Josh Cullen

28/02/1983 – 19/06/2006

Amado filho e irmão.”

- Era meu irmão. – Disse o garoto, olhando de relance para ela. – Quem foi que...

- Minha irmã. – Ela disse entre lágrimas, ao perceber que outra pessoa importante para ela, havia falecido.

O garoto deu as costas para Isabella, que ficou observando aquele túmulo e soltando mais lágrimas. Ela ficou lá por um bom tempo, sentada em uma árvore próxima ao túmulo do Cullen que havia morrido e observando o túmulo de sua irmã. Nele, havia a inscrição:

“Emma Swan

20/05/1988 – 18/06/2006

Amada filha.”

Ela sentiria falta de sua irmã, que mesmo doente, ainda havia sido companheira e amiga. Mesmo em seus últimos momentos de vida, Emma conseguia ser radiante como o sol de cada manhã.

Bella ficou sentada próxima aos túmulos até que a chuva parasse. Deviam ser mais de meio dia quando os primeiros raios de sol surgiram no céu; ela levantou-se e seguiu em direção à saída do cemitério. Mas parou ao ver que havia uma igrejinha ali naquele lugar. Ela entrou e ficou por lá.

- Espero que o Senhor possa me perdoar, Deus. Eu só fiz o que ela queria e o que ela precisava para ser feliz. Me perdoa. – Ela pediu aos céus, de olhos fechados, esperando que uma luz surgisse em seu caminho. Mas cansada do jeito que estava, e com frio também, ela não quis sair dali. Aquela igrejinha era aconchegante. Pensando nisso, ela aconchegou-se em um dos bancos e adormeceu.