O Aprendiz de Mago escrita por TaediBear


Capítulo 3
No qual Noir é apresentado


Notas iniciais do capítulo

Yo!
Mais um capítulo de O Aprendiz de Mago.
Intonce, esse é o penúltimo capítulo :/
Espero que gostem, boa leitura!



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O outro lado da Floresta das Lágrimas ficava realmente a uma grande distância de onde os garotos estavam. Porém Leo já havia aprendido um feitiço de deslocamento, talvez o mais importante na vida dos aprendizes já que eles tinham que atravessar a enorme floresta várias vezes a pedido de seus mestres, em busca de ingredientes para poções.

Então, rapidamente e com ajuda de algumas palavras, Matteo e Leo conseguiram chegar ao Castelo dos Espinhos. As enormes torres quase tocavam o céu aos olhos dos garotos. Ele recebia esse nome pelo fato de cada uma de suas torres ser circundada por plantas trepadeiras repletas de espinhos finos e afiados. Matteo engoliu em seco ao vê-las.

Leo logo desviou seu olhar daquela prisão. Observou os dois lados, a parte de trás, a frente, mas não viu nada que se parecesse com um castelo. Absolutamente nada, somente as Árvores Sussurrantes, a grama e algumas flores. Virou-se para Matteo.

— Onde ele mora? – indagou.

O garoto assustou-se com a pergunta repentina – ainda estava distraído com o castelo. Seus olhos fizeram o mesmo caminho que os de Leo e igualmente não encontraram nada. Levantou uma de suas sobrancelhas. Então lembrou-se do que a senhora lhe havia dito no mercado: jogou-lhe um feitiço de defesa, fazendo-o ficar invisível.

— Não podemos vê-lo, afinal é o Castelo Invisível – disse para Leo. — Mas temos que encontrá-lo de alguma forma.

— É um feitiço? – Leo pôs a mão sob o queixo. — Se for, posso pesquisar no livro de encantamentos como quebrá-lo.

Os olhos de Matteo brilharam. Magia era realmente algo que ele precisava aprender. Poderia resolver muitos problemas daquela forma, além de ser um assunto extremamente interessante.

Leo sentou-se no chão e puxou de seu bolso um minúsculo livro, tão pequeno que poderia ser de uma fada. Matteo levantou uma de suas sobrancelhas, indagando-se como o garoto conseguiria ler aquelas letras miúdas. No entanto, não foi preciso muito esforço para que Leo lançasse um feitiço sobre o livro, fazendo-o aumentar de tamanho rapidamente.

Magia ainda surpreendia Matteo bastante.

O aprendiz passava os dedos ágeis pelas folhas repletas de letras e figuras do livro que tinha em mãos. Na capa, como Matteo lera, estava escrito: “1001 feitiços e poções convenientes”. Realmente, muito conveniente.

— Encontrei! – Leo gritou, pondo seu dedo sobre uma das linhas. — Feitiço para tornar o invisível visível. Eu nunca tinha usado esse feitiço antes, mas não deve ser difícil.

Leo ajoelhou-se sobre a grama pôs as duas mãos para frente. De seus lábios, algumas palavras que Matteo desconhecia fluíam livremente, como se não houvesse jeito de pará-las. Eram rápidas, ágeis e percorriam o caminho até os ouvidos de Matteo de tal forma que até seu pensamento era mais devagar. Aquela era a língua da magia. Simplesmente mágica.

Matteo fechou seus olhos e tentou imaginar o que as palavras diziam. Ele não entendia boa parte, pois só vira, naquele pouco tempo, três ou quatro feitiços. Ele imaginou fantasmas tornando-se massas brancas e sem formas, imaginou que conseguia encontrar portas secretas sem dificuldades, imaginou como a vida seria se tudo fosse extremamente visível. Então, abriu os olhos.

Leo havia parado de pronunciar palavras estranhas, olhava assustado para uma das árvores. Matteo levantou uma sobrancelha e levou seus olhos até onde o aprendiz observava. As folhas estavam se mexendo.

— Você entende a língua sussurrada das árvores? – Matteo perguntou.

— A árvore não está sussurrando – Leo falou de forma lenta e baixa.

Então, algo caiu da árvore. Um vulto. Um homem. Matteo olhou para aquela pessoa, surpreso. Era um homem alto, que vestia uma manta negra sobre o corpo, impossibilitando o jovem de visualizar seu corpo ou suas outras roupas. Os cabelos eram longos, claríssimos, tão prateados quantos os fios do jovem Príncipe de Prata, filho do Rei de Bronze e sua esposa, a Rainha Esmeralda, e os olhos possuíam íris azuis, como se ele houvesse roubado o azul do céu, misturado ao azul das águas do lago e pintado uma safira com esse tom novo de azul. Eram belos, incrivelmente claros e como ditos, de um azul diferente, único. A pele também era clara, então podia-se dizer que aquele homem era claro.

Os dois garotos pareciam hipnotizados, perdidos naquele homem, em suas feições, sua face, suas vestes. Ele não pareceu se incomodar, caminhando lentamente em direção aos jovens.

— O que vocês dois estão tentando fazer? – a sua voz era sedutora, grave, um tanto rouca.

Nenhum dos garotos respondeu, assustados, surpresos e hipnotizados. Afinal o que se passava com eles?

Após alguns minutos de total silêncio, o homem perguntou novamente, com mais impaciência dessa vez:

— Eu perguntei o que vocês estão tentando fazer.

Leo foi mais rápido dessa vez. Seu cérebro havia voltado ao estado normal, pois rapidamente ele respondeu:

— Estava praticando um feitiço novo, eu sou um aprendiz de mago. Mas e o senhor? O que estava fazendo sobre aquela árvore?

O homem pôs as mãos na cintura e sorriu. Aquele era um sorriso divertido e indignado, Matteo não entendia por quê.

— Não adianta tentar disfarçar, garoto. Você estava jogando nesse lugar o feitiço Invisível Visível, não era? Pois pode dizer para seu mestre que eu não vou fazer nenhuma parceria nem trabalhar para aquela família real. Aquele príncipe herdeiro me dá arrepios – o homem disse, fechando os olhos em seguida. Ao imaginar o Príncipe de Prata, ele sentiu realmente arrepios.

Leo não entendeu o porquê de o homem a sua frente ter falado aquilo, levantou uma de sobrancelhas, deixando clara sua dúvida. Matteo, por sua vez, admirava-o, pois já desconfiava de sua identidade, os olhos brilhando. Não disseram nada.

— O que estão esperando, garotos? – disse o homem, dirigindo um olhar raivoso aos meninos. — Vão para casa!

Ninguém se moveu.

Era muito repentino, talvez Leo estivesse de volta ao estado de choque em que estava antes de o homem descer da árvore. Porém Matteo levantou-se num salto sob o olhar do homem e encarou-o de volta. Um sorriso bobo estampou-se em sua face.

— Então, o senhor é o mago que mora aqui? – indagou o garoto.

O homem pôs as mãos na cintura.

— Não sabia disso? – perguntou, levantando uma de suas sobrancelhas.

Os garotos balançaram as cabeças.

O homem olhou atônito para eles enquanto dizia mentalmente o quanto era estúpido. Havia acabado de entregar sua identidade àqueles dois aprendizes de mago e, então, teria de lidar com as conseqüências de tal fato. Os pedidos para formar aliança com seus mestres, para trabalhar para a família real, para revelar o local de seu castelo. Fechou os olhos.

— Esqueçam o que eu disse – houve uma pausa.

Ele passou os dedos longos pelo queixo, depois pelos cabelos prateados e, logo, estalou-os. Uma idéia. Seus lábios finos abriram-se e palavras ágeis como as que Leo falara havia pouco tempo deixaram sua boca. Como se o som não acompanhasse o movimento de seus lábios, a língua estranha dos magos fluiu.

Matteo ficou hipnotizado por cada uma das palavras, por cada letra. Ficou observando a boca de aquele homem mexer-se tão rápida. Como ele queria aprender aquilo! Porém Leo sabia o que ele estava fazendo. Ágil, lançou um simples feitiço de surdez momentânea sobre ele e Matteo e sorriu para o mago a sua frente. O homem lançou-lhe um olhar hostil.

Logo quando havia se lembrado de que poderia usar um feitiço de esquecimento sobre os dois, aquele aprendiz pensara mais rápido.

Matteo assustou-se com o fato de não poder escutar nada repentinamente. Ele pôs as mãos sobre os ouvidos, dando leves tapas para tentar voltar a ouvir. Seus olhos correram até Leo, pedindo por ajuda. O aprendiz apenas sorriu e uma voz dentro da cabeça de Matteo disse:

— Não se preocupe. Eu lancei um feitiço sobre nós para nos proteger do feitiço dele.

O olhar de Leo, então, voltou-se para o homem. E a voz recomeçou a falar, mas, dessa vez, dentro da cabeça do estranho.

— Olhe, eu sou um aprendiz de mago. Mas esse garoto não é. Ele estava procurando o senhor, disse que queria tornar-se seu aprendiz, porque não teve chance com nenhum Mago Real. Ele não gosta daqueles homens, assim como o senhor. E, se o senhor aceitá-lo como aprendiz, juro que não conto a meu mestre sobre a localização desse castelo.

O homem bufou. Uma voz grossa ecoou na cabeça de Leo.

— Certo. Esse é o acordo?

— Sim.

— Perfeito. Agora, tire esse feitiço idiota, sua voz estridente na minha mente está me dando dor de cabeça.

Leo estalou os dedos e os dois garotos voltaram a escutar.

Matteo ficou a olhar esperançoso para o mago a sua frente. Rapidamente, abriu sua boca a fim de explicar toda a história, mas o homem pôs um dedo em frente ao seu rosto, pedindo para que não falasse. Ele sorriu.

— Meu nome é Noir, sou o mago negro que mora próximo ao Castelo dos Espinhos. Você sabe o que quer dizer um mago negro, não sabe, garoto?

— Claro que sei! – Matteo exclamou. — São aqueles que não trabalham diretamente para o rei.

— E, mesmo assim, você ainda quer ser meu aprendiz? – o mago indagou.

Matteo balançou a cabeça positivamente, enquanto um enorme sorriso tomava conta de seus lábios. Noir cruzou os braços e levantou uma de sobrancelhas. De fato aquele garoto parecia ser corajoso.

— Ótimo! Então que tal conhecer o castelo? – perguntou enquanto estendia seu braço direito para o lado, fazendo uma porta provavelmente presa ao nada abrir-se revelando escadas de madeira.

Leo e Matteo correram em direção às escadas, vendo que elas levavam a uma sala de estar repleta de estantes, armários, livros e papéis. Além de tudo, havia uma mesa e uma lareira com um fraco fogo laranja.

— Isso está uma bagunça – reclamou Leo.

— Eu não perco meu tempo arrumando minhas coisas, fedelho. Estou ocupado demais para tais bobagens – Noir disse enquanto adentrava o cômodo. — Se não gosta, saia daqui. Não é você que vai morar aqui. O outro fedelho será meu aprendiz. Espero que não seja tão irritante quanto você.

Os olhos de Matteo, por sua vez, brilhavam diante daquele lugar. Finalmente ele se tornaria um aprendiz de mago! Finalmente seu sonho se realizaria! Ele poderia praticar magia e, quando fosse melhor, mostrar àqueles Magos Reais idiotas o quanto ele era bom.

Noir atravessou a sala e pegou três pães e uma cesta com ovos e bacon, postando-se em frente à lareira. Colocou um pouco de lenha no fogo, pegou uma frigideira e a pôs em cima da chama, jogando, logo em seguida, os ingredientes dentro dela.

— Vocês devem estar com fome pelo horário, não estão?

Leo correu pela casa, jogando-se em uma das cadeiras em volta da mesa. Matteo balançou a cabeça timidamente enquanto sentava-se ao lado do amigo, observando com o coração aos pulos sua nova casa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Leo é fofo, não é? Zooin :3
Então, como eu já disse, o passado do Matteo termina no próximo capítulo. Mas depois dele ainda tem o passado de um garoto chamado Nain :3
Até a próxima!
Takoyaki ~ Bolinho de Polvo!



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