Cansei!
Eu só quero alguém que seja tudo que eu sonhei...(Amar em vão, Pitty)

—É o Michel. —Minha mãe disse com o telefone na mão dois dias depois. Eu fiz um gesto negativo com a cabeça.

—Então Michel eu me enganei a Iza acabou de sair. —Minha mãe disse desligando o telefone logo em seguida. —Até quanto você vai ficar fugindo dele. Já é a quinta vez que eu minto pra ele, sem contar as duas que ele veio aqui.

—Eu não estou fugindo dele. —Eu me joguei na cama e fitei o teto. —Eu só não quero falar com ele.

—Nossa que diferença. —Será que ela estava tentando ser irônica. —Bom eu estou indo para lanchonete, mais depois a gente vai conversar.

Isso me dava medo.

Eu sabia que não podia fugir de falar com Michel por muito tempo. Meu único medo é dele contar uma mentira qualquer e eu bancar a idiota e acreditar. Porque eu tinha quase certeza que era isso que ia acontecer.

Meu celular tocou, olhei no visor era uma mensagem do Michel. “Vem até a janela do seu quarto.” Tudo bem podem me chamar de retarda que eu mereço. Como eu mereço. Porque eu fiz o que mesmo? Sai correndo e pendurei na janela do meu quarto.

Lá estava o Michel encostado de frente para o seu carro, meu celular tocou novamente. “Eu não vou sair daqui até você me dizer o que esta acontecendo.

Eu bufei irritada comigo mesmo. Bem feito pra mim. Bom era hora de acabar com a palhaçada. Eu descia as escadas e abria a porta da minha casa, e esperei alguns segundo até que o Michel apareceu. Ele parou na minha frente e nos encaramos por alguns segundos em silencio. O meu dedo apertava o trinco da porta com força. Eu estava me controlando para na acabar com ele.

—O que esta acontecendo? —ele parecia confuso. —Você sumiu do clube aquele dia, a partir dai como se eu não existisse. — Ele disse acusadoramente.

—Quem sabe eu descobri que você andou visitando a Thifany ultimamente. —Eu disse ironicamente.

Seu rosto assustado confirmou o que eu não queria acreditar: Thifany estivera dizendo a verdade.

Ficamos em silêncio, eu esperando inutilmente uma negação dele, e ele esperando minhas acusações.

—Então é verdade né?—Eu disse por fim.

—Eu estive lá mesmo. —Ele confirmou sem olhar para mim.

Eu levei um enorme choque por ele concorda assim. Fácil, como se fosse normal.

Meu príncipe encantado na verdade era o Shrek... Isso era tenso, muito tenso.

—O que você estava fazendo lá. —Agora eu precisava saber. Mesmo que doesse.

Mas ao invés de responder ele respirou fundo.

—Eu já entendi. —Eu disse quando não ouvi sua resposta. Eu tentei fechar a porta.

Michel forçou sua entrada de forma impaciente e fechou a porta atrás de si.

— É diferente.

—Diferente?Como?—Eu disse incrédula. Eu sacudi a maçaneta e segurei a porta totalmente aberta.

Michel forçou a minha mão a se soltar e fechou a porta com seu pé..

—Eu não sei. —Essas palavras pesaram demais no meu coração. Ele fechou uma mão em sua nuca, parecendo como se soubesse muito bem que tinha que escolher suas palavras cuidadosamente antes de responder—Eu não devia ter ido...

—Mas você foi né. —Eu gritei tentando evitar a merda das minhas lagrimas. 

—E o que aconteceu? —eu falei sem pensar. —Vocês transaram não foi, era isso que importava para você o tempo todo né! —Meu rosto estava vermelho de raiva enquanto minhas mãos tremiam. —Eu espero que tenha sido muito bom, e eu espero que você tenha aproveitado aquela vaca... —eu gritei esperando que isso fosse o suficiente para acabar com minha raiva. —Vamos me diga o quanto foi bom. O quanto você aproveitou...

Michel olhou ao redor, como se perguntando se eu estava falando com outra.

—Ta pra se acalmar Ana Luiza. —ele disse com a voz dura. —Se for para você ficar histérica, eu vou embora.

—Porque será que eu estaria histérica? — Eu perguntei debochadamente, minha voz elevada acima do normal. —Porque meu namorado costuma ir na casa da ex-dele.

Michel jogou suas mãos para cima. Aqui vamos nós de novo, o gesto dizia.

—Você nunca deixou de gostar dela não foi? É isso. Esse tempo todo era nela que você pensava. —De repente eu percebi que isso era bem provável, deste que o conheci ele nunca tinha mentindo que gostava dela, era bem capaz que aquele amor não tivesse acabado.

—Para com isso. — Ele sacudiu sua cabeça em descrença

—Você sempre me viu como a segunda opção. É isso que eu sempre fui para você. Uma segunda opção.

—Uma segunda opção? Você está escutando a si mesma?— Ele inclinou sua cabeça para trás contra a parede. Ele me deu uma olhadela de lado furioso. —Você já acabou com as acusações?

—O duro que não é só uma acusação. — eu disse, atingida por uma onda nova de raiva.

—Você só enxerga o quê quer Ana Luiza. — Antes que eu pudesse dizer mais, ele se virou em direção à porta. —Me ligue quando você estiver mais calma.

—O que isso quer dizer?

—Quer dizer que nada que eu diga agora vai fazer diferença. Você está impossível.

Ele inclinou meu queixo para cima e plantou um beijo rápido e bruto na minha boca. —E eu devo estar louco por agüentar isso.

—Eu quero terminar. — eu disse sem me controlar.

Michel me encarou como se não pudesse dizer se eu estava falando sério. —É isso? Você quer terminar? —Sua expressão parecia muito mais furiosa agora.

—Eu não quero ter que dividir meu namorado com ninguém.

—É diferente será que você não entende. —Eu vi os lábios tremerem. —É de você que eu gosto, é com você que eu estou.

—Mas você não consegue deixar ela.

Eu me virei para ver Michel arrastar suas mãos pelo seu rosto. Ele deu uma risada curta e sem humor.

—É apenas desejo, sexo... Aconteceu num impulso. —Ele disse baixinho.

—Vai. —eu gritei, as lágrimas deixando a minha voz áspera, eu nem queria, nem podia entender.

Michel recuou. —É isso que você realmente quer?

—Eu tenho nojo de você.

Assim que disse isso, eu me arrependi.

Isso não era verdade. Eu vi ele se endurecer. Nós ficamos parados cara-a-cara, ambos respirando de forma alta.

Então ele marchou para fora, puxando a porta para fechar com tudo atrás dele.

Assim que a porta se fechara, eu desmoronei contra ela. Lágrimas queimaram no fundo dos meus olhos, mas nenhuma gota caiu. Eu tinha frustração e raiva demais se batendo dentro de mim para sentir qualquer outra coisa.