Aline POV:

“Vamos, pensa rápido!” reclamava mentalmente ao ver minha beyblade sendo encurralada. A Princess Marmeid estava perdendo o giro, sem falar que a Ariel do rei era bruta o suficiente para provocar enormes estragos no anel de defesa da minha bey.

–Muito bem, garota, estou ficando sem paciência – reclamou a Rainha antes de lançar um olhar misterioso ao parceiro.

Fiquei assustada ao vê-los sorrir, cúmplices, com alguma cartada na manga que me colocaria em cheque. E para piorar eu não tinha pensado em nada, a Princess Marmeid estava com grandes problemas, rodopiando meio instável perto da borda da cuia.

Gabriel estabilizou minha Princess, impedindo-a de fugir, enquanto Ariel desferia golpes bruscos contra minha defesa. Com lágrima em meus olhos, vi a fera bit do Rei arrancar uma pequena lasca da minha beyblade, seria questão de tempo até as peças começarem a fragmentar.

Levei as mãos ao rosto, não queria ver. Estava para me jogar de joelhos no chão quando sinto alguém envolver minha cintura, dando-me o apoio de que precisava.

–Ataque Fuerza Valiente – ordenou um sorridente Raul ao meu lado.

Sorri para ele em agradecimento por alguns segundos antes de voltar a atenção para a luta acirrada na cuia. O Pégasus Tocha chegou arremessando Ariel para o outro lado da arena e depois rodopiou de volta para o lado da Princess Marmeid em um gesto de perfeito cavalheirismo, espantando Gabriel.

Rei e Rainha se assustaram desagradavelmente, fazendo uma cara de quem chupou limão. Suas beyblades recuaram, apreensivas com o novo oponente.

Livre dos dois inimigos, minha fera bit parecia animada com recente parceria, então lancei um olhar para Raul e disse:

–Vamos lá, Princess Marmeid! Ataca com tudo! Canto da Sereia!!

Raul deu um pequeno sorriso, me soltando um pouco para comandar sua fera.

–Ataque também Pégasus Tocha! Fuerza Valiente!

Nossas beyblades avançaram juntas, com uma sincronia de dar inveja aos adversários. Pareciam até estar dançando ao redor de Gabriel e Ariel, os quais estavam encurralados.

Ouvi a risada barulhenta do Rei.

–Isso não vai deter a minha Ariel! Vamos lá, ao ataque! – disse com certo divertimento, indicando Raul como seu oponente.

Ariel voltou a focar no ataque, rodopiando ao redor de Gabriel, sem medo algum de se chocar com o poderoso Pégasus Tocha de Raul.

–Princess Marmeid, ataque canto da sereia! – direcionei minha fera bit para Ariel, tentando abrir espaço para que Raul pudesse acertar Gabriel.

Estranhei a tranquilidade da Rainha, pois sua Gabriel continuava imóvel ao centro da cuia, sobre a proteção feroz de Ariel.

–Escuta Aline – Raul sussurrou, me chamando a atenção – Eu vou tentar abrir espaço para que você ataque Gabriel, pode deixar Ariel comigo, mas seja rápida e avance quando eu der a deixa, ok?

–Entendi.

O Rei, vendo que cochichávamos, não perdeu tempo e atacou. Raul mandou sua fera bit competir forças com Ariel, o que resultou em duas beyblades em confronto direto. Era ataque contra ataque e a bey com melhor defesa sairia inteira.

Um pouco assustada, tentei abstrair daquilo e focar em Gabriel. Eu não podia decepcionar o Raul! Quando tomei fôlego para lhe dar ordens, Gabriel investiu com tudo.

–HAHAHA – a Rainha estava com um tom sarcástico – Fim de jogo para vocês! Vai Gabriel!

–Aguenta firme Princess Marmeid! Canto da Sereia!

Senti Gabriel falhar um pouco, mas não o suficiente para evitar o impacto contra minha bey. As duas agora também disputavam forças.

–Droga! – resmungou meu parceiro – Isso vai custar caro! Pégasus Tocha, ataque!

–Não, Raul! – gritei em desespero ao ver que Pégasus empurrou Ariel o suficiente para correr até minha Princess e segurar o ataque da Rainha. Ariel veio logo atrás, imprensando o pobre Pégasus.

–Vai Aline acabe com eles! – apertou minha cintura, encarando-me determinado. Sua beyblade estava sendo trucidada para salvar a minha.

–Certo! Ataque com tudo, Canto da Sereia!

E a minha bey veio com tudo. O sacrifício de Raul deu forças para minha fera bit sacudir com as estruturas de Gabriel e Ariel juntas. Infelizmente, Pégasus estava entre eles e também foi atingido. No fim, os três peões pararam de girar.

Rei e Rainha fugiram praguejando, enquanto Raul recolhia sua beyblade toda destroçada. Ele ficou um tempo encarando os estragos. O silêncio pairava no local e eu tentava criar coragem para quebrar aquele gelo.

Quando conseguir achar as melhores palavras e estava pronta para dizê-las, ouvi as risadas de Raul.

–O que foi?

–É, pelo visto hoje eu fui um bom cavaleiro e cavalheiro.

–Não estou entendendo – ri.

–Porque não foi só um ato gentileza...

–Então o que foi?

–Diga-me você...

Em movimentos rápidos, Raul segurou meu rosto e me beijou. Correspondi de imediato, dando permissão para o beijo se aprofundar. Meu cavalheiro agora me puxava mais para perto, envolvendo-me em um caloroso abraço.

Aos poucos os lábios foram se separando e pudemos recuperar o fôlego. Ele abaixou o rosto, tocando sua testa na minha e sorriu.

–É, hoje eu sou o heroi do dia...

Sorri encabulada, dando-lhe um soco no braço de brincadeira. Raul afagou meus cabelos e assim ficamos por uns minutos.

Voltamos para casa conversando tranquilamente, as mãos dadas. Começava a anoitecer, então aproveitávamos para olhar as estrelas que começavam a surgir.