Hell escrita por N_blackie


Capítulo 3
Capítulo 3




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Banda

Fiquei com a história de Remus na cabeça, claro, e sonhei umas duas noites seguidas com James e como poderia ser uma possível reconciliação sem que ferisse meu orgulho. Não que eu tenha cedido assim. Ele foi um canalha, mas ao mesmo tempo em que um lado meu dizia que ele nunca iria mudar, outro queria realmente considerar aceitá-lo de volta e apostar nesse amadurecimento dele.

No dia em que deveríamos escolher a banda, desci decidida até o Salão, e vi que além da "comissão unida" alguém (vocês sabem quem, óbvio) tinha chamado Sirius, cujo conhecimento de bandas e música era largamente conhecido. De certa forma aceitei a presença dele ali por isso, mas também por causa da história de Rem.

- Hoje decidiremos sobre a banda. Potter, já conseguiu fazer a decoração memorável e completamente original? – me virei delicadamente na direção dele, que ergueu o polegar tão confiante que fiquei tentada a exclamar um "Sério?". Ficamos nos olhando por um momento, o suficiente para ele sorrir de leve. Não aquele Sorriso Idiota do feriado, um sorriso sutil, sério, de quem realmente fez o que se comprometeu a fazer e está ansioso para ver o resultado. De alguma forma isso mexeu comigo. Limpei a garganta e comecei a distribuir tarefas, cabendo a mim, Sirius, Potter e mais uns dois carinhas para resolver quem iríamos chamar.

- Eu recomendo uma banda muito legal chamada Dancin' Poltergeists. – Sirius sorriu convencido, e bati a pena no pergaminho enquanto anotava o nome.

- Podíamos chamar a Celestina Warbeck! – uma das garotas sorriu entusiasmada, e anotei o nome da cantora no pergaminho, tomando o cuidado de adicionar um negativo ao lado. Quero dizer, já escutei as músicas, e devo dizer que podiam tocar num funeral, não no baile de formatura. Escutei uma risada baixa, e percebi que Potter estava espiando enquanto eu escrevia. Puxei o pergaminho mais para o meu peito e olhei indignada para ele.

- Tem a banda oficial dos Bats. – ele deu de ombros e sugeriu, provavelmente para dissimular o fato de que estava me espionando. – O nome de Barty Berty Bats. São legais, tocam alaúde de vez em quando.

Anotei a ideia, e olhei em volta como se esperasse mais alguém me dar uma ideia. Tentei me lembrar de todas as bandas bruxas que eu já tinha ouvido, e um nome me veio na cabeça, um nome que Marlene comentara tanto que não tinha como não lembrar.

- Eu conheço poucas, mas já ouvi os Doxy Taverns.

- Eu gosto deles! – o último carinha sorriu e bateu palmas, como se a minha ideia tivesse sido boa. Sorri mais confiante.

- Bom, precisamos de uma amostra de música. Lembrem-se de que precisam ser boas letras, não queremos chocar ninguém.

- Celestina é lindo. – a garota limpou a garganta e começou a cantar (como eu mesma não tenho uma voz boa, não vou comentar) – ah, vem mexer meu caldeirão, e se mexer como deve ser...

Tentei não rir, juro que sim. Mas Sirius, que estava se balançando nos pés traseiros da cadeira, caiu para trás de susto, e James olhou desesperado para mim. Mexi nos papéis audivelmente e ela parou no meio de "faço procê um amor quente e forte" para sorrir. Sorri falsamente e risquei Celestina da lista.

- Mais alguém?

- Dance, dance, dance, like a bat you dance, dance, dance. Kick and shout in the air, the bats are here! – James sorriu e balançou o corpo de um lado para o outro. Sorri involuntariamente, mas depois voltei os olhos para o pergaminho.

- É boa. Sirius?

- If you wanna roll like a fuckin' Wolf, then dooooooo…

- Não. – risquei o nome da banda subitamente, e Sirius parou de cantar para me olhar com indignação.

- Por quê?

- Sirius, ''fuckin"?

- Qual o problema?

- Estamos nos formando!

- Então, todos são adultos!

- Eu disse, sem palavrão.

- Ah, fala sério! Quem não fala?

- Os pais não vão gostar. – argumentei, e Sirius revirou os olhos. Só tem um problema com ele: Sirius não aceita um não assim, tão rápido. Talvez eu devesse ter sido mais sutil, mas pensei que ele já fosse maduro o suficiente para aceitar que nem sempre tem a melhor ideia. Claro que me enganei, e enquanto tentava recitar (em hipótese alguma cantar) uma música dos Doxys ele não parava de me interromper com algum comentário inútil, até que perdi a minha paciência.

- Dá pra ficar quieto? Eu mal me lembro da letra, com você falando não consigo.

- Ah, desculpa. Eu acho inapropriado.

- Acha por quê?

- É ruim.

- Foi a sua namorada quem sugeriu. – dei de ombros como se isso decidisse a questão, mas eu acidentalmente havia despertado o lado mais indigesto de Sirius, e agora teria de encarar as consequências.

- Claro, porque você mesma não conhece nenhuma banda decente, é?

- Não. Desculpe, não cresci ouvindo a RRB. – comecei a me sentir inútil, e Sirius tinha o dom de perfurar as pessoas com aquele olhar mortífero dele. Claro que a soma desses fatores não colaborava em nada com o meu humor e estado de espírito. Sirius soltou um muxoxo de desdém, e James limpou a garganta, provavelmente tentando dissipar a atmosfera tensa que estava se formando sobre as nossas cabeças.

- Isso não vem ao caso, Padfoot. Lily sugeriu a banda e todos nós vamos ouvir, ok?

- Você me chamou para dar minha opinião, e eu estou dando. Acho um lixo. Dancin' Poltergeists soa melhor.

- Eles falam palavrão nas músicas, Sirius. – tentei justificar, indefesa.

- Ah, sim. Desculpa, santinha Evans. Pobre dela, nunca ouviu uma merda de palavrão na vida, agora vem pra cima de mim com lição de moral.

- Não tive essa intenção, embora você ande precisando. – rebati com irritação, e Sirius se ergueu, subitamente nervoso. Me encolhi no lugar, assustada. James se levantou também.

- A decisão agora é minha.

E tirou o pergaminho da minha frente (não que eu tivesse oferecido com muita resistência, já estava jogado em cima da mesa) e olhou com severidade para Sirius, que sentou.

- Doxy's é muito cheia de frescuras, Celestina Warbeck é tão ruim que não desejaria uma música dela nem para o meu pior inimigo, e Dancin' Poltergeists iria assustar os convidados. Berty Barty Bats é o escolhido, e eles vão tocar a valsa com alaúde. Ponto final, adeus, todo mundo sai da minha frente!

Disse tudo isso numa fração de, sei lá, segundos. Fiquei estática na cadeira, vendo os carinhas que estavam conosco saírem de perto e Sirius revirar os olhos e sair dali como se tivesse sido atingida por um feitiço de petrificação. James ajeitou os pergaminhos no tampo da mesa e então se virou para mim, revirando os olhos.

- Me desculpe por Sirius, ele às vezes consegue ser meio chato.

- Tudo bem, não fui muito sutil em negar a banda mesmo. – dei de ombros e levantei.

- Toma aqui. Ah, e eu estava falando sério. A decoração está mesmo boa. – James piscou enquanto me entregava as listas de volta. Sorri timidamente. "Eu sei."


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