Sobre Metal e Sangue escrita por JojoKaestle, LudMagroski


Capítulo 6
Descubro a utilidade de rádios




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Edda me acordou sem cerimônias. Cantarolava enquanto suas mãos ágeis afastavam todos os cobertores de mim e riu baixinho quando me enrolei como um gato em resposta. Depois se afastou e segundos depois roupas razoavelmente limpas foram jogadas em minha direção.

– Você dorme demais. – disse, virando-se para o lado oposto enquanto me vestia com pouco entusiasmo- E suas roupas estão fedendo. – acrescentou.

– Eu sei, eu sei. – puxei a camiseta surrada sobre minha cabeça e estiquei os braços em direção calça. – Talvez se pudéssemos usar água...

– Minha tia nos mataria. E todo o restante do acampamento e depois Zahra dançaria sobre os nossos corpos. – parou por um momento e seus olhos castanhos se perderam como se imaginasse a cena - não, não é uma boa idéia.

O racionamento de água durava agora mais de três semanas e era exatamente este o tempo em que minha lembrança de um banho com algo mais molhado que um pano úmido residia. Se antes utilizávamos água para lavar roupas apenas quando o cheiro começava a incomodar, agora nos tornávamos quase imunes ao cheiro de suor e poeira. Edda me arrastava pelo acampamento enquanto tudo ainda estava silencioso, não era admirável a minha falta de entusiasmo: os primeiros raios de sol ainda surgiam sobre as tendas e refletiam fracamente no transportador do outro lado do acampamento.

– Vamos buscar água nessa –hesitei tentando encontrar uma palavra mais apropriada- missão, não vamos?
Edda riu, passando as mãos pelos cabelos curtos até alcançar a nuca e se espreguiçou, fechou os olhos e tive que desviar quando seus braços se esticaram para os lados, como se tentasse abraçar o ar. Seu sorriso se alargou quando sentiu o calor dos pequenos raios em seu rosto.

– Não precisa falar desse jeito, Deidre. – disse finalmente – Parece até minha tia quando tenta ser pomposa como seu amigo robô enquanto discutem sobre o futuro. Chamamos de PAPI – Passeio com Alguma Periculosidade Inata. É meio bobo, não é? Foi Danton quem inventou. – acrescentou quando viu minha careta.

O acampamento sem o barulho das pessoas gritando enquanto se apressavam em seus afazeres e o barulho das oficinas mecânicas se mostrava muito estranho, aqui e ali alguém colocava a cabeça para fora de sua tenda e olhava para o deserto pedregoso que nos cercava, com os olhos piscando sonolentos e um bocejo reprimido. Naquele momento a realidade da me atingiu em cheio pela primeira vez e de repente tive um mau pressentimento sobre nossa missão, ou nosso passeio com alguma periculosidade inata. Não podia deixar de pensar que me sentiria totalmente em segurança se Rhes viesse conosco e ainda tentava afastar este pensamento quando ouvi o primeiro barulho de metal se chocando. Uma onda de medo percorreu minha espinha e Edda a sentiu, porque pousou a mão sobre meu ombro com leveza e indicou um espaço atrás das tendas que serviam como estoque.

– Nem todo metal é danoso, veja, aposto que nunca os viu treinando. Ah, mas isso vai ser divertido. – seus olhos brilhavam de excitação.

Aproximei-me devagar como se esperasse ser atingida por um trem desgovernado a qualquer momento enquanto tudo se aquietava novamente, reconheci Erwan segurando o que parecia um longo bastão de metal a alguns metros de distância. Ele não percebeu nossa aproximação e parecia completamente tenso, como se esperasse ser atingido por um trem desgovernado a qualquer momento. Então um borrão de cabelos escuros e longos passou por mim e avançou sobre ele, um bastão semelhante se ergueu no ar e segundos depois o barulho metálico encheu nossos ouvidos pela segunda vez. Posso dizer que antes daquela experiência tinha certo receio de Zahra, mas depois de vê-la investindo contra Erwan naquela manhã este receio se tornou algo muito próximo de pânico quando me olhava com os olhos escuros fortemente decididos e fechava as suas mãos sobre aquele bastão. Seus movimentos eram enérgicos e incansáveis e Erwan era forçado a dar passos para trás enquanto bloqueava cada golpe, o suor brotava na testa dos dois e tão repentinamente como tinha começado, terminou. Erwan simplesmente deixou de bloquear um avanço de Zahra e ela parou o bastão quando ele baixou o seu, pude jurar que um raro sorriso varreu seu rosto enquanto o fazia. Edda saltitou ao encontro deles e estendeu a mão aberta para Erwan, que depois de uma pequena hesitação entregou seu bastão para ela. Com rapidez ela tentou acertar o bastão de Zahra, que apenas pareceu apertar algo e com um estalo seu longo bastão se encurtou dos dois lados até ter pouco mais de trinta centímetros. Edda bufou.

– Vocês disseram que poderia treinar com vocês qualquer dia desses.

– Exato. Qualquer dia desses. – falou Zahra.

– O que Zahra quer dizer é que nós receamos que sua... Alta atividade se mostre mais danosa que proveitosa Edda, espere só mais um pouco. – Erwan guardava o seu bastão no bolso de trás de suas calças.

– Como funcionam essas coisas? – perguntei indicando o objeto com o dedo – Parecem com os sabres que Rhes usa.

– Os robôs têm diferentes armas embutidas e podemos usar algumas também. Os mais velhos não nos deixam usar as mais perigosas, mas aposto que podemos causar algum estrago nas latarias daquelas coisas com estas. – Erwan me observou durante algum tempo, esperando que saísse em defesa dos robôs, mas há muito havia desistido de fazê-lo enxergar Rhes como alguém e não como algo destrutivo. Tinha esperanças que acabaria descobrindo por si mesmo mais cedo ou mais tarde.

– Ultimamente a única coisa que vocês estragam são suas caras, meus amigos. – observou Edda como se fizesse pouco caso.

Era verdade. Agora que estavam parados Erwan e Zahra pareciam dignos de pena. O primeiro tinha um corte na bochecha e sua calça estava rasgada na altura do joelho esquerdo,um pouco de sangue se mostrava sobre a pele machucada através do furo. Já Zahra estava mancando de leve, ambos tinham pequenos hematomas roxos e outros mais antigos amarelo-esverdeados cobrindo os braços e estavam com os cabelos empapados de suor, mesmo com a temperatura ainda amena. Os dois ignoraram a observação e enquanto Zahra saia na frente, esforçando-se para andar sem arrastar a perna e tendo Edda tagarelando atrás, Erwan me puxou de lado.

– Vamos sair ao meio-dia, Danton está terminando os últimos preparativos do transporte e vou com Edda falar com Berthe sobre os detalhes da missão.

– Está tudo bem, você pode chamar de PAPI. – intervim séria.

– Você tem a manhã livre, então tente não incomodar ninguém. – disse e começou a andar em direção aos outros, sua mão escondendo um rápido sorriso enquanto se afastava.

Os observei até suas silhuetas desaparecerem atrás das tendas e percebi como queria que tudo aquilo desse certo. Longe dos olhos dos adultos estaríamos por nós mesmos durante muito tempo e mesmo não sendo um passeio ideal para se divertir, ainda esperava que nos aproximássemos. Ansiava pela amizade de todos de uma forma que uma parte de mim se sentia culpada por não considerar Rhes o bastante. Eles eram as primeiras pessoas a me fazerem sentir à vontade em muito tempo, um conforto que se mostrava a cada riso compartilhado enquanto com Rhes me sentia totalmente segura, como se construísse um muro ao meu redor para que nada me afetasse. Essa segurança seria quebrada em poucas horas e a muralha iria desaparecer, para o bem e para o mal. A ansiedade envolveu minha barriga em um abraço frio e decidi que ficaria o mais longe possível de Rhes naquela manhã, só para garantir que não lesse em meu rosto o que planejava fazer. Olhei para o céu, imaginando como passaria as horas que me restavam antes de partir.

Cinco minutos depois estava entrando em uma das menores tendas do acampamento. Situava-se um tanto afastada das outras e se sobressaía pela quantidade de artefatos como antenas e tantos outros objetos que nunca havia visto antes posicionados na terra pedregosa ao seu redor, enquanto passava por elas imaginava para quê servia cada uma e me esforçava para não esbarrar em nada. Por dentro a tenda era igualmente interessante. Toda a mobília era composta por uma mesa, uma velha cadeira de metal e algumas caixas no chão que soltavam zumbidos alternados e irritantes. Sobre a mesa ligeiramente torta estavam três telas semelhantes às da cabine de comando do transportador, a do meio e a maior delas ostentava uma pequena rachadura e a imagem que exibia tremia a cada momento, o restante também não parecia funcionar em seu perfeito estado.

– São lindas, não são?- uma voz empolgada me saudou e um homem magrelo e baixo puxou o tecido de lado para entrar na tenda, suas roupas estavam cobertas de areia como se tivesse enfrentado uma tempestade logo depois de acordar. Usou um fiapo da camisa para limpar seus óculos e estendeu a mão para mim.

– Meu nome é Anselme. – anunciou alegremente – E você deve ser a garotinha que acompanha o robô, a pequena Deidre não é?

– Sou sim. Desculpe por entrar aqui sem ser convidada. – respondi com pressa. Anselme não pareceu se abalar, no lugar disso puxou a cadeira e a indicou para mim sorrindo.

– Ah, mas eu não me importo, eu não me importo. Você sabe, saio todas as manhãs para ver se as antenas e os comunicadores continuam posicionados nos lugares corretos, é necessário espalhá-los por uma distância relevante você sabe, para que funcionem direito.

– Então as coisas espelhadas pelas fronteiras do acampamento são suas e todas elas mandam informações para cá? – observei enquanto ele se aproximava das caixas no chão e com cuidado limpava a poeira de cima delas.

– Sim, sim. – respondeu ainda agachado - Estes aqui são rádios, você sabia? Ah, provavelmente não. São muito antigos e vocês crianças não devem saber para que servem. Mas vou dizer pra você mesmo assim. Eles, junto com as antenas e os comunicadores espalhados pelo acampamento e estes computadores aqui nos ajudam a rastrear grandes movimentações num raio considerável de distância.
Tentei imaginar como aqueles zumbidos poderiam significar qualquer coisa além de que aquelas caixas estavam quebradas, mas guardei o pensamento.

– Então foi você que nos rastreou naquele dia? No dia em que fomos atacados e vocês nos ajudaram?

– Ah, se foi. – estava grato pela atenção que recebia e se voltou para as telas, tomando o cuidado de não se apoiar na mesa torta – Berthe não leva meus esforços muito a sério, veja, ela acha que meus aparelhos não funcionam adequadamente. Se isso fosse verdade vocês estariam perdidos naquele dia e o acampamento teria que viver nervoso com medo de ser descoberto, mas eles não percebem. Seu amigo robô,ele não é como os outros, as pessoas não entendem. Ele até me trouxe esta belezoca aqui – apontou para a tela com a rachadura, com orgulho – do último modelo e funciona muito bem!
Não pude deixar de sorrir ao reconhecer um dos computadores do transportador destruído, mas de uma forma ou outra devíamos as nossas vidas àquele homem franzino e elétrico.

– Acho que preciso agradecer. Sem a sua ajuda e a das pessoas do acampamento teríamos sido derrotados.

– Não precisa, não precisa. – respondeu com um gesto com a mão de que não fora nada. – Se quiser você pode passar aqui mais vezes, posso te explicar como um ocultador funciona ou a distância exata em centímetros que deve existir entre um comunicador e um receptor de informações, você sabe, as pessoas se confundem muito nessas coisas.

– Aposto que sim – respondi, forçando um sorriso e levantando – foi um prazer conhecer você, Anselme, e obrigada pelo bom trabalho.

– Ah, o prazer é todo meu, Deidre – ele se adiantou e segurou o tecido para que passasse – E venha me visitar algumas vezes, é estranho, mas às vezes é um pouco solitário no meio de todos esses zumbidos.

Acenei e abaixei a cabeça para atravessar os panos, um segundo depois esbarrei em cheio em um vulto branco do lado de fora. Dois braços me seguraram pelos ombros para que não caísse e quando meus olhos focalizaram na figura a minha frente desejei que um buraco se abrisse aos meus pés.

– Deidre, preste mais atenção. – cumprimentou Rhes.

– O-o-oi Rhes! – me empertiguei e cruzei os braços nas minhas costas – O que faz por aqui?
Ele me fitou por alguns momentos até ficar satisfeito ao não ver nenhum ferimento aparente. Depois espalmou seu uniforme branco para afastar a poeira das minhas roupas, sem muito efeito.

– Você sabe, isso não é muito educado.

– Não apresentar seu uniforme de forma impecável? Imagino que não. – respondeu confuso, passando as mãos numa tentativa de alisar o tecido. Balancei a cabeça e num impulso o abracei, afundando o rosto sujo em sua roupa e de repente foi difícil segurar as lágrimas.

– Sinto sua falta. – murmurei contra o tecido. Rhes ficou imóvel por um momento e então seus braços me envolveram.

– O que houve com você? Sinto muito por não poder estar por perto, as coisas não estão indo muito bem com os líderes do acampamento. Você está com problemas para se enturmar com as outras crianças, é isso?
Balancei a cabeça negativamente me afastando e usei a costa da mão para limpar as lágrimas. Sorri, ainda com a vista embaçada.

– Seu uniforme está todo estragado. – observei fungando – Desculpe.
Mas Rhes não estava sorrindo. Sua expressão era de uma preocupação dolorosa e por um momento achei que pudesse deixar tudo de lado até se certificar que estava tudo bem comigo.

– Está tudo bem Rhes. Deve ser coisa de garota. - tentei soar convincente no único argumento que sabia que ele não podia rebater ou questionar.

– Certo. – disse hesitante – Apenas se cuide, prometo que em breve tudo ficará mais fácil.

– Boa sorte com o zumbido. – sussurrei indicando a tenda de Anselme e o robô sorriu de leve.

– É você, Rhes? – surgiu a voz abafada do homem de dentro da tenda – Entre, entre. Tenho novidades muito interessantes para te contar.
Congelamos. Rhes assentiu apressadamente e desapareceu dentro da tenda, enquanto eu fazia o caminho de volta ao acampamento com as bochechas queimando.

Passei pela tenda principal, onde as pessoas se reuniam para discutir sobre o trabalho a ser feito e sobre o futuro, mas também para simplesmente estar junto e jogar um pouco de conversa fora no pouco tempo vago que tínhamos. Pouca comida era distribuída naquelas semanas e ainda assim não se ouvia reclamação, as pessoas pegavam o que lhes era oferecido e voltavam para seus lugares e compartilhavam primeiro com as crianças, depois com os mais velhos. Agradeci quando recebi a minha parte: enlatado de sopa de feijão. Não gostava de sopa, nem de feijão. Assim que sentei no chão da tenda para comer, Edda surgiu ao meu lado e bateu sua lata de feijão na minha, fazendo alguns grãos caírem em sua calça.

– Bom apetite. - e fez uma careta de desgosto.

– Podemos caçar cookies. – sugeri depois de fazer esforço para engolir a primeira colherada.

– Boa idéia. Esse troço ainda vai me matar. –falou enquanto se levantava e oferecia sua lata para um garotinho, ele a encarou com desconfiança por algum tempo, mas Edda sorriu e se aproximou mais, finalmente fazendo-o agarrar a lata e sair correndo. A garota o observou – Podemos trazer uma tonelada de cookies. Está pronta para ir?

– Sim. – respondi, com o estômago embrulhando. Provavelmente era apenas efeito da sopa.

O sol de meio-dia nos atingiu em cheio quando saímos da tenda e tivemos que semicerrar os olhos até alcançarmos a tenda de equipamentos. Danton ainda estava do lado de fora, trabalhando em algo que parecia com uma versão em miniatura do nosso transportador. Meu pai colecionava revistas de automóveis antigos e aquele veículo chegava muito perto de algo que chamavam de caminhonete, com uma cabine para três pessoas na frente e um espaço aberto no lado posterior, a diferença era que não possuía rodas como na revista o que significava que deveria, assim como o transportador, flutuar a poucos centímetros do chão quando acionado. Se funcionasse. Há alguns anos atrás deve ter sido até respeitável, mas agora o metal estava velho e em alguns pontos enferrujava.

– Não se preocupe, isso funciona que é uma beleza. – Danton parecia ler meus pensamentos. Edda suspirou.

– Onde estão os outros?

– Comendo. – Danton respondeu, indicando a tenda com um aceno de cabeça.

– Espero que não tenham conseguido algo melhor que feijão como da outra vez. – resmungou e desapareceu dentro da tenda.

– Já comeu alguma coisa? – perguntei para Danton, o garoto parecia exausto. Ele sorriu, guardando as ferramentas numa caixa de metal.

– Sim, Erwan e Zahra ainda tinham alguma coisa sobrando. – e piscou – ouso dizer que é até melhor que o feijão de vocês.
Fomos interrompidos por Zahra que saiu da tenda e passou por nós como um vendaval, abrindo a porta da pseudocaminhonete e se acomodando no lugar do motorista, Erwan veio em seguida perseguido pelos calcanhares por uma Edda nem um pouco satisfeita.

– Purê de batatas com molho de carne? VOCÊS ESTÃO BRINCANDO COMIGO. – urrou, os olhos brilhando perigosamente. Tapei meu sorriso com uma mão e olhei para Danton que deu de ombros. Ele e Erwan carregaram alguns equipamentos para estocagem do que seria resgatado para o veículo.

– Vamos precisar nos revezar. – disse Danton para mim – a cabine só tem espaço para três e de tempos em tempos vamos trocar de lugar, ninguém quer pegar uma insolação ou algo do tipo.
Edda estava sentada ao lado de Zahra, ainda bufando sobre como todos eram egoístas e não consideramos boa idéia tirá-la de lá, o que fez com que Danton ocupasse o terceiro lugar na cabine e Erwan compartilhasse o espaço aberto comigo durante a primeira parte da viagem. Depois de estender a mão para que subisse, ele afundou atrás da cabine e apoiou as costas na parede enferrujada. Danton lhe estendeu dois lenços longos pela janela da cabine e ele jogou o segundo em minha direção.

– Para proteger a cabeça do sol. – murmurou, depois deu uma pequena batida na parede da cabine – Pode ir Zahra!
Não estava preparada para o que veio a seguir. O veículo deu um salto pra frente e começou a ganhar velocidade, flutuando sobre o chão do deserto e se afastando rapidamente do acampamento. Tive a única reação de me agarrar a lateral de metal como se minha vida dependesse disso (e dependia, de certa forma) o que fez o lenço voar para o alto e pairar no ar por algum tempo, como se fosse uma bandeira púrpura de um navio pirata.

– Ah, Deidre. – grunhiu Erwan ao meu lado – Você é um desastre.
E antes que pudesse protestar amarrou o seu lenço ao redor da minha cabeça como se fosse um turbante, a visão parecia diverti-lo. Tudo que nos cercava era o deserto coberto por rochas alaranjadas e mesmo com o vento assolando o meu rosto era possível ouvir Edda tagarelando na cabine à frente. A animação me preencheu e por um momento quis soltar os braços e ser levada pelos ares livremente como um lenço numa ventania.

– Você já esteve em Tulle?- perguntou Erwan, seus cabelos ruivos cintilavam com o toque dos raios solares.

– Não. - gritei em resposta, esperando que a palavra chegasse até ele.

– Acho que você vai gostar, só tome cuidado para não se perder enquanto olha as luzes.

– Luzes?
Ele encostou a cabeça na cabine e fechou os olhos, me ignorando completamente. Senti a urgência de chutar sua perna, mas considerando a velocidade em que estávamos e minha propensão a acidentes me convenci de que não era boa idéia. Assim, apenas encostei o queixo na lateral do veículo e deixei que o vento brincasse com meus cabelos.


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Notas finais do capítulo

Depois de um longo tempo de recesso sem aviso prévio, aqui estamos.
Enfim, capítulo passado vocês viram os novos amigos de Deidre e agora vão ter uma chance de conhecê-los melhor. Comentários sobre o que estão achando destes novos personagens (e da história como um todo, do que você quiser o/) são muito bem-vindos.
Joana nos abandonou em uma viagem rumo às terras germânicas onde seu alter-ego, Jon Snow, se mostra. Pra provar como somos agradáveis depois de todo esse hiato, vou estar postando mais dois capítulos até o final do mês. Ou pode ser que eu me emburre e deixe vocês mais seis meses sem atualizações.
Anyway, obrigada a todos por ler e comentar :D
- Lud



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