Youre My Soul escrita por BiiaahOShea, CaahOShea


Capítulo 14
Surpreendida


Notas iniciais do capítulo

Oolaa meus amores!
Como vão vcs?
Bom, a tão esperada incursão! Ficou bem grandinho hehe
Esperamos que gostem ;D
Queria agradecer a Rachelg, paulatays, allison, Flávia, ThaiisOShea (Bem viinda flor!), Dorothy, Jmesquita (Bem vidaa!!)
AMAMOOS os reviews de vcs! Tentamos caprichar ao maximoo, viu?
Boa leitura ;D



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POV ARREPIADA

Prendi a respiração quando Cal se aproximou um pouco, avaliando minha reação. Eu sabia o que ele faria e estava ansiosa por aquilo. Seu rosto se aproximou lentamente do meu e eu fechei os olhos, encurtando a distancia.

E então ele me beijou. Na boca. 

Não foi um daqueles beijos avassaladores, igual àqueles que se vê no cinema. Foi simples e rápido, mas especial.

Fiquei um tanto atordoada quando nossos lábios se separaram. Eu nunca havia sentido aquelas sensações, e era totalmente desorientador para mim conhecê-las.

Ficamos em silencio o que pareceu ser um imensurável espaço de tempo até que Cal disse:

-Eu gosto muito de você, Repy.

Fitei-o.

-Eu também.

-Você... Você quer... – Ele respirou fundo uma vez – Quer namorar comigo?

Não posso dizer que tive uma reação inicial. Apenas procurei naquelas palavras algo que estivesse subentendido, querendo saber se eu havia ouvido – e entendido – corretamente.

Mas então um sorriso começou a brotar em meus lábios e eu respondi certa de era aquilo que eu queria.

-Quero.

Cal sorriu, parecendo relaxar e aproximou-se para me beijar de novo. Dessa vez não houve nenhuma hesitação; ele segurou meu rosto entre as mãos e colou seus lábios nos meus de maneira doce, segura.

E eu correspondi com igual intensidade.

-Eu preciso ir. – Ele disse de repente – Logo Peg estará pronta.

-Está bem... Promete voltar logo?

Ele sorriu.

-Claro.

E então, com um selinho de despedida, Cal partiu.

POV PEG

Meus olhos se abriram, chocando-se com a repentina claridade ofuscante. Pisquei espasmodicamente e coloquei uma mão na testa, de modo que interrompesse o jato de luz que ia direto para meus olhos.

Bocejei.

-Bom dia, Peg! Você adormeceu no caminho... Não dormiu bem ontem?

-Nossa, Cal, me desculpe! Já era para eu estar dirigindo há esta hora. Por que não me acordou?

-Você estava bem cansada. Não ia acordá-la só para trocarmos de lugar.

-Mas você também precisa de um descanso! Pare o carro para trocarmos.

-Tem certeza? Eu estou bem, posso continuar tranquilamente.

-Não, obrigada. Eu assumo a partir daqui. Descanse um pouco – Sorri.

Ele parou o carro na beira da estrada e abri a porta do carona. Dei a volta para entrar do outro lado e acomodei-me no banco do motorista. Prosseguimos com a viagem conversando animadamente e quando me dei conta do tempo, já estava de tarde.

-Estamos quase chegando – Anunciei.

-Que bom. O tempo parece ter passado tão rápido hoje. – Ele pareceu hesitar, até que por fim disse – Peg, promete me guardar segredo sobre uma coisa?

-É claro que sim, Cal. O que foi?

-É que... Eu e Arrepiada... Estamos namorando.

Essa me pegou de surpresa.

-Cal, isso é ótimo! E desde quando vocês estão namorando?

-Desde hoje – Ele riu nervoso. – Queria te contar. Você é minha amiga e conhece bem a Repy.

Sorri com entusiasmo. Sabia que em algum momento isso aconteceria; a proximidade dos dois era irrevogável.

Os minutos corriam. E embora esse fosse nosso tempo recorde para chegar a uma outra urbe, não daria para fazer muita coisa.

-Veja, depois que atravessarmos esta ponte entraremos nas dependências da cidade. – Disse.

Os finos raios de sol nos atingiam junto com o vento. O céu começava a escurecer, anunciando a chegada da noite.

Passamos sob uma enorme placa de Bem Vindos A Cidade de Tucson e continuamos viagem até avistarmos uma loja de roupas. Estacionei o carro de frente para a loja sem me preocupar, pois que perigo corríamos eu e Cal. Duas almas comuns fazendo compras.

-Peg, separe as roupas para as mulheres que eu escolho as dos homens, certo?

-Está bem. – Concordei e cada um foi para um lado.

Não demorou para que eu achasse o setor feminino. Uma espécie de banner indicava a seção.

‘’Vamos lá’’, pensei.

Melanie e Jared me fizeram jurar que não exageraria, embora ambos soubessem que eu não sou dada a nenhum exagero típico de alguns humanos. Então, simplesmente peguei roupas novas para todos. 

Quando cheguei ao caixa, Cal estava terminando de embalar tudo junto com a senhora que ali ficava. Só então que me dei conta do horário graças a escuridão do lado de fora.

-Que horas são agora, Cal?

-Faltam dez minutos para as nove horas.

-Precisa de ajuda, meu bem? – Perguntou a senhora do caixa. E sem dar tempo para que eu respondesse, começou a colocar as roupas nas sacolas. – Vocês dois formam um belo casal. Devem ter uma família muito grande.

-Ah... Nós... Sim, a família é bem grande. – Respondi. Concordar seria muito mais simples do que inventar qualquer outra explicação.

-Aqui está. Tenham uma boa noite.

-Obrigada – Agradeci e saímos.

Cal colocou tudo no porta malas e deu a partida no sedan.

-Vamos para um hotel? – Perguntou.

-Acho melhor – Respondi. – Assim que encontrarmos um.

Ele riu baixinho e encostei minha cabeça na janela. Passar um dia sem Ian parecia uma eternidade. E ainda que não seria apenas hoje. É claro que eu estava adorando ajudar nos preparativos para o casamento, mas mesmo assim era angustiante não vê-lo. Principalmente sabendo que aquela Fernanda poderia estar se aproveitando para jogar todo o seu ‘’charme’’ em cima do meu Ian. Não que eu desconfiasse dele; nunca seria capaz, nem que eu quisesse. Mas mesmo assim eu não podia controlar meu ciúme ao vê-la tentando seduzi-lo, querendo sei la o que. Era tão difícil entender que Ian estava comigo? Eu não vou mais ficar aguentando isso. Da próxima vez que eu ver...

-Peg? Peg, você está me ouvindo? – Cal chamou, passando a mão na frente do meu rosto.

-Desculpe-me, Cal – Disse, saindo de meus devaneios – O que você disse?

-Nós chegamos. – Ele estava visivelmente preocupado. – Foi o primeiro que eu vi, mas parece ser bom.

-Ah. Bem, vamos entrar, então.

O hotel ficava do outro lado da rua – há essa hora quase deserta. O recepcionista era um homem de meia idade, cabelos grisalhos e óculos de grau. Ele nos saudou assim que entramos.

-Dois quartos, por favor. – Pedi.

-Sim senhora. Pode dizer os nomes para registrar?

-Flores Voltadas Para A Lua e Chamas Ofuscantes. Passaremos apenas esta noite aqui. Somos companheiros de trabalho – Adiantei-me.

-Certo – Ele assentiu, levantando os óculos com a ponta do dedo. Ele deslizou a cadeira e pegou duas chaves, entregando uma a mim e a outra a Cal.

-Aqui está. Andar quatro. Tenham uma boa noite.

-Obrigada.

Pegamos o elevador e apertei o botão de numero equivalente ao andar em que estávamos. As portas se abriram e olhei na chave para saber qual era o meu quarto.

-Quarenta e sete– Disse.

-O meu é um numero acima. Acho que somos vizinhos – Ele sorriu.

Os dormitórios ficavam no final de um longo corredor. Despedimo-nos e entrei no quarto, fechando a porta em seguida.

Era bem pequeno, mas confortável. Eu não precisava de muita coisa; só um colchão estava de bom tamanho. A cama de casal ficava encostada na parede, junto com uma mesinha de cabeceira. Á frente, uma televisão de vinte e nove polegadas mais ou menos situava-se acima de um rack de madeira branca. Uma portinha do lado esquerdo indicava onde ficava o banheiro.

 Suspirei e comecei a desabotoar a blusa, indo em direção ao banheiro. Então, lembrei que havia largado minha mochila no banco do carro. Procurei pela chave no bolso, mas ela havia ficado com Cal.

‘’Droga’’.

Fechei os botões da minha blusa e bati na porta de Cal. Deu para ouvir o barulho da chave destrancando-a.

-Peg, algum problema?

-Me desculpe, Cal, mas você pode me dar a chave do carro? Eu esqueci minha bolsa lá.

-Ah, claro – Ele colocou a mão no bolso da calça e puxou o pequeno chaveiro.

-Obrigada – Sorri – Boa noite.

-Pra você também.

Acionei o botão do elevador, e esperei. Estava demorando bastante. Comecei a ficar impaciente.

‘’Ah, deixe para lá’’, pensei e fui pelas escadas.

Não havia ninguém na recepção e varias luzes estavam apagadas, deixando quase tudo escuro. O silencio reinava sobre o amplo ambiente. Do lado de fora, não se via ninguém na rua e nenhuma casa com luz acesa.

Corri em direção do carro e rapidamente tirei minha bolsa.

-Algum problema?

Pulei de susto e automaticamente virei para o homem atrás de mim. Ele me encarava surpreso.

-Oh, me desculpe. Não queria lhe assustar.

-Não, tudo bem – joguei o cabelo que cobria meu olho para trás, encostando-me ao carro.

-A senhorita está bem? Quer um copo de água?

-Não, obrigada. Eu não contava que estivesse alguém por aqui.

-Eu sei. E peço desculpas mais uma vez. Outro recepcionista cuidará do hotel e quando eu saí pela porta dos fundos te vi correndo e vim checar se estava tudo bem.

-Ah, compreendo. Agradeço a preocupação, está tudo bem. Só vim pegar minha bolsa.

-Certo. Boa noite.

-Igualmente para o senhor.

Respirei fundo e voltei para o hotel. Usei novamente a escada e direcionei-me para o quarto, trancando a porta. Retirei da mala o que eu precisava e segui para o banheiro, ligando o chuveiro.

Tomei um banho rápido, colocando a mesma roupa que estava antes. Penteei o cabelo e fui dormir. Amanha seria um longo dia.

[...]

O despertador soou anunciando oito horas da manha. Levantei-me preguiçosa da cama e fui lavar o rosto.

Logo Cal estaria batendo na porta. Havíamos combinado sair cedo do hotel para que pudéssemos aproveitar bastante o dia. Recolhi minhas coisas e arrumei o quarto.

-Peg? – Ele chamou – Já está pronta?

-Já sim, espere só um segundo. – Respondi.

Coloquei minha mochila no ombro e sai, trancando a porta.

-Vamos.

Dessa vez o elevador não tardou a chegar. Em pouco tempo estávamos na recepção. Entregamos as chaves do quarto ao atendente, que esboçava um enorme sorriso no rosto.

Cal deu a arrancada no carro e partimos.

-Para onde? – Ele perguntou.

-Deve ter algum hipermercado aqui por perto. Acho bom passarmos, assim reabastecemos a caverna. E Nate também deve estar precisando.

-Está bem.

As almas caminhavam normalmente pelas ruas de Tucson. Alguns casais andavam de mãos dadas, sorrindo, conversando. Tudo do jeito que tem de ser.

Assim que chegamos ao supermercado – que não era muito grande, por sinal - peguei um carrinho para colocar os alimentos dentro. Cal esperava no carro; não havia necessidade de sairmos os dois, portanto me ofereci para comprar o que precisávamos.

Peguei algumas frutas, bolachas, feijão, batatas. Os sacos de arroz situavam-se numa prateleira alta, um pouco acima da minha cabeça. Eu precisava de ajuda. Olhei nos corredores, a procura de alguém, mas parecia que eu era a única por ali. Então decidi ir até o caixa e para a minha grande surpresa – e decepção – o caixeiro não estava.

Suspirei e olhei no relógio do mercado. Faltavam cinco minutos para as dez horas, e tudo o que tínhamos feito era viajar até um supermercado onde não havia sequer uma pessoa alem de mim. Parecia brincadeira.

Eu iria pegar aquele saco de arroz e pronto. Estava decidido. Se não encontrei ninguém, daria eu mesma um jeito.

Ficando na ponta dos pés, me estiquei ao máximo para alcançá-lo. Então, segurei pela ponta e puxei-o devagar, depositando-o de forma horizontal na prateleira. Isso facilitou para que eu o segurasse com firmeza e conseguisse pega-lo. Milagrosamente, o arroz não caiu no chão e coloquei o saco dentro do carrinho. Expirei, feliz por ter conseguido sozinha e me virei para ir embora.

Porem, eu não contava com o que aconteceu logo em seguida. Os sacos de arroz que ficavam detrás do que eu peguei perderam o equilíbrio, desmoronando em cima de mim. Caí no chão e gritei ao sentir minha cabeça batendo com força na madeira da outra estante. E tudo ficou preto.

-Ei, moça! Moça está me ouvindo? – Eu podia ouvir uma voz masculina preocupada chamando enquanto uma mão batia de leve no meu rosto. – Será que não é melhor ligarmos para o hospital?

-Não sei... Espere um pouco. Peg, por favor. Peg, você pode me ouvir? Olhe para mim.

Eu queria poder dizer que já estava consciente, mas minha língua parecia presa. Tentei achar o caminho para abrir os olhos, mas simplesmente não conseguia.

-Peg – Alguém me chacoalhou. Eu conhecia aquela voz – Ei, Peg, acorda.

De súbito, todos os meus sentidos voltaram e abri os olhos.

Cal suspirou aliviado.

-Ah, Peg! Nossa, que susto. O que aconteceu afinal?

Eu estava um pouco zonza ainda. Minha cabeça doía horrores. Um homem que estava ao meu lado ajudou-me a sentar.

-Não sei... Eu fui pegar o arroz e quando me virei...

-Quando eu voltei do banheiro te encontrei aqui – Começou o homem – e vários sacos de arroz estavam caídos sobre você. Eu os retirei e você estava desmaiada.

-Por que não pediu ajuda, Peg? – Repreendeu Cal – Eu os alcançaria com muito mais facilidade que você.

-Nós estávamos atrasados e não tinha absolutamente ninguém aqui no mercado. Não me dei conta na hora que podia chamar você. Aaii...

-Sua cabeça dói? – Ele perguntou preocupado.

Fiz que sim.

-Eu acho que bati na instante detrás quando cai.

-Vem, nós vamos até o hospital. Consegue se levantar?

-Consigo, mas não precisamos ir até lá. É perda de tempo; logo vai estar melhor.

-Não é normal alguém desmaiar porque bateu a cabeça, Peregrina. Eu vou te levar até o hospital. – Cal disse com convicção.

-Está bem... – Não tinha como contestar aquele argumento. Tudo o que eu fiz foi concordar.

Cal posicionou uma mão em minhas costas enquanto a outra ia para meu braço, fazendo com que ficasse mais fácil levantar.

-Vocês querem que eu empacote os alimentos? Faço num instante.

-Sim, por favor – Cal respondeu.

Esperamos diante do caixa, o homem embalar tudo. Quando ele estendeu as sacolas para que pudéssemos pega-las, seus olhos me fitaram como se estivesse procurando alguma coisa.

-Você... Eu te conheço.

Olhei assustada para Cal. Sua expressão era a mesma que a minha. Será que ele era parente da Arrepiada? Pet nunca viu esse homem.

-Eu? Não, não, deve ser engano. Nunca vi o senhor. – Dei uma risada nervosa.

-Não, eu conheço o teu rosto. Tenho a impressão de tê-lo visto em algum lugar.

-Provavelmente o senhor passou por mim algum dia desses. Coincidência.

A expressão do homem não mudou. Ele continuou procurando no meu rosto algo que confirmasse suas suspeitas. Meu coração estava acelerado. 

Ele suspirou, desistindo e tive de reprimir um murmúrio de alivio.

-Desculpe pelo incidente. – Pedi antes de ir embora – Me perdoe e obrigada pela ajuda.

-Imagina, não há o que agradecer. – Ele sorriu e retribui o gesto.

Saímos do mercado e Cal foi em direção ao hospital.

-Não é estranho ele dizer que me conhece? – Perguntei um tempo depois.

-Muito. Você não se lembra mesmo dele?

-Não. Pet nunca viu esse homem. Não consigo nem achar sombras de que ela o tenha visto nas memórias da humana que habitava este corpo. 

-Isso está esquisito demais. Onde foi que a Repy encontrou vocês?

-No norte de Tempe. Voltamos para casa logo depois desse imprevisto. Por segurança. Os buscadores estavam atrás de humanos e isso impossibilitou que cumpríssemos todo nosso roteiro.

Ele assentiu.

-O pior é que não foi no mesmo lugar. Essa historia está estranha demais. Acho bom falarmos com Jeb.

Concordei.

Algum tempo depois chegamos ao hospital. A recepcionista, muito atenciosa, nos atendeu de imediato e fui levada até a sala de um curandeiro. Cal me esperou do lado de fora.

-Olá – Ele sorriu tranquilo – Qual é o problema?

-Eu desmaiei após ter batido a cabeça com força. Queria ver se está tudo bem. 

-Oh, certo. Sente-se na maca, por favor.

Obedeci-o. O curandeiro analisou por um instante e me deu uma tirinha de Corta Dor.

-Não é nada demais, pode ficar tranquila. Você desmaiou por causa do impacto. O Corta Dor impedirá que fique dolorido. Agora inspire isso, por precaução. Tenho certeza que sua cabeça está bem, mas não custa prevenir – Ele riu.

Um cheiro de tutti frutti invadiu o ar e inspirei como o medico mandara.

-Está feito, Peregrina. Sente-se melhor?

-Muito. Obrigada doutor.

-Não há o que agradecer. Boa noite – Ele sorriu.

-Boa noite.

Fechei a porta assim que sai e Cal perguntou:

-Então?

-Não foi nada demais. Ele me deu um Corta Dor e um remédio caso tenha acontecido alguma coisa de mais grave.

-Então está tudo bem – Ele piscou.

-Sim. Obrigada, Cal. – Sorri de leve.

-Por nada – Ele me imitou.

A recepcionista se despediu e entramos no carro. Já passava do meio dia. Meu estomago roncou.

-Cal, quer que eu dirija?

-Não precisa. Gosto de dirigir.

Seguimos viagem e paramos rapidamente para almoçar. Em seguida, passamos em mais algumas lojinhas de roupa, focando principalmente no grupo de Nate dessa vez.

Ainda precisávamos comprar o vestido, a comida e os objetos de decoração.

Quando chegamos ao centro – lugar onde encontraríamos boa parte dessas coisas – já passava das três da tarde.

-Vamos começar com a parte mais legal agora – Cal disse com um sorriso.

Ri de sua empolgação.

-Sim. O que vamos fazer primeiro? Vestido, comida ou decoração?

-Decoração – Respondeu prontamente.

-Ok. Mas acho melhor ficarmos juntos. As lojas daqui me parecem ser enormes.

-E são.

-Já esteve aqui antes?

-Meu hospedeiro tinha parentes que moravam nessa área e quando ele era criança vinha visita-los direto. Eu lembro apenas algumas coisas, mas não o suficiente para poder me localizar na cidade.

-Entendi. Bem, vamos começar com a parte divertida então?

-Claro. – Ele sorriu

Entramos em uma loja que tinha a vitrine cheia de vasos para mesas. Algumas pessoas circulavam observando os objetos. Comecei a olhar as estantes procurando por faixas e outras coisinhas que pudessem ser postas na caverna.

No final, consegui encontrar candelabros onde seriam postas velas e um grande pedaço de tecido branco. Transformaria aquilo em uma espécie de cortina, precisava apenas aparar com uma tesoura. E lógico que não poderia faltar o essencial: Agulhas, fita crepe...

Cal ficou na calçada enquanto a moça do caixa terminava de dobrar o pano e colocar tudo dentro de uma sacola plástica.

-Obrigada – Eu disse.

-Por nada, querida.

-Vamos? – Dirigi-me a Cal.

Ele se virou e num átimo me empurrou de volta para a loja, escondendo-me no primeiro corredor.

-O que foi? – Sussurrei assustada. 

Ele ficou em silencio, gesticulando para que eu ficasse calada. Segundos depois, espiou com cuidado pela fenda que os objetos formavam.

-Aquele homem do supermercado. Estava andando por aqui. 

-Você... Você está dizendo que acha que ele está nos seguindo?  

-Não sei. Mas é estranho encontrá-lo por aqui. De qualquer modo, é bom você ficar longe da vista dele. Ele te reconheceu!

-Veja se ele já foi.

Cal foi até a porta e olhou para os dois lados, certificando-se. Ele balançou a cabeça e fui até la.

-Vem, vamos embora.

Andamos até o carro e coloquei as compras em cima do banco de trás.

-Tem certeza que era ele? – Perguntei enquanto fechava a porta.

-Absoluta.

-Não deve ser nada de mais. Ele pareceu se convencer de que tinha feito apenas uma confusão.

-É, acho que sim. Vamos.

Continuamos a andar e paramos em frente a uma loja de vestidos de noiva. Ao lado, a mesma loja vendia smokings e peças masculinas para festas.

-Você vai para um lado e eu para o outro. – Cal disse – Você acha que o smoking que servir em mim servirá em Jared também?

Analisei por um instante e disse:

-Sim, é provável. Só acho que Jared é um pouco mais alto.

-Está bem. Boa sorte com o vestido – Ele sorriu e entrou na loja.

Fiz o mesmo e uma vendedora me atendeu prontamente.

-Olá querida! Procurando por algo especial?

-Sim. Eu queria ver os vestidos de noiva.

-É claro. Acompanhe-me.

Ela me mostrou uma ala com diversos vestidos para casamento.

-Fique a vontade. Qualquer coisa meu nome é Flores Congeladas.

Comecei a procurar dentre os vestidos um que combinasse com Melanie. A única coisa é que não adiantaria eu experimentar; nossos corpos eram extremamente diferentes.

A versatilidades era grande. Diversas cores e modelos estavam pendurados em cabides.

No outro varal um vestido branco se destacava entre outros beges e rosas claro. Ele era simplesmente lindo! Um tomara que caia com detalhes em dourado que seguiam por toda a extensão do vestido.

Eu tinha encontrado o traje perfeito!

POV MELANIE

Fazia dois dias que Peg havia saído na incursão junto com Cal. Mal podia esperar a hora dela voltar! Minha irmã... Dispôs-se a promover uma incursão por causa do casamento.

Eu já estava sentindo sua falta. E sabia que Ian também. E como!

Ri por dentro.

Jeb havia proposto um jogo e o time que vencesse ficaria imune dos trabalhos da caverna por dois dias.

É claro que com Brandt, Maggie, Jared e Ian no mesmo time ficaria muito mais difícil para os outros. O placar ficou cinco a quatro para eles.

-Oi – Jared disse no meu ouvido, contornando minha cintura com suas mãos.

-Oi – Virei meu rosto para beijá-lo.  

-Vai fazer alguma coisa agora?

-Não, por quê?

-Vamos dar uma volta?

-Claro – Sorri e fiquei de frente para ele. – Aproveite bem seus dois dias.

Ele riu.

-Só se for com você.

-Eu te amo. – Disse.

-Eu te amo mais.

-Mentiroso.

-Sou nada.

Jared tomou minha boca na sua em um beijo longo, apaixonante.

-AARGH! – Ouvimos uma vozinha familiar gemer em reprovação. Jamie. – Vocês tem mesmo que fazer isso aqui?

-Fazer o que? – Jared perguntou achando graça – Vai me dizer que você nunca beijou uma garota.

-Bem... – Jamie coçou a parte de trás da cabeça, corando – Ei, isso não vem ao caso! Vocês são tão melosos quanto o Ian e a Peg!

-O que tem eu e a Peg? – Ian perguntou entrando na cozinha.

-Jamie disse que vocês dois são tão melosos quanto eu e Jared – Expliquei.

Ian riu alto.

-E posso saber o por quê? – Ele perguntou

-Vocês estão sempre juntos, grudados, se beijando...

-Uma hora você vai descobrir o que é amor e vai nos entender – Ian deu uma piscadela.

-Falou tudo agora – Ri.

Saímos da cozinha e fui caminhar com Jared antes que a noite caísse sobre o deserto.

POV PEG

Depois de termos comprado o vestido e o smoking dos noivos fomos direto ao supermercado, agora focando no casamento. Compramos diversas coisas para serem servidas na festa. Nada muito requintado, pois não tínhamos meios para preparar, mas daríamos um jeitinho! Nada como um improviso.

Já estava escurecendo quando saímos do supermercado. Cal e eu estávamos segurando diversas sacolas. Ainda bem que deixamos o carro no estacionamento!

Colocamos tudo no porta malas e sentei-me diante do volante.  

Amanha provavelmente seria nosso ultimo dia de incursão. Compraríamos as flores para decorar a caverna e mais algumas coisinhas que restavam.

Agora a maioria das lojas estavam fechadas. As almas costumavam se recolher cedo. Não nos restava mais nada a não ser parar em um hotel.

Nós não queríamos nos afastar muito. Se perdêssemos o caminho para a estrada tudo ficaria mais difícil. Ao longe, um letreiro luminoso indicando o hotel Hacienda Del Desierto. Estacionei o carro e saímos. Fizemos o cadastro na recepção e subimos.

-Boa noite, Peg. Durma bem.

-Obrigada Cal. Boa noite para você também.

Cada um foi para seu respectivo quarto. Tomei um rápido banho e troquei de roupa.

Deitei-me na cama, cansada e meus pensamentos voaram direto para Ian.

[...]

Fui acordada pelo irritante barulho do despertador. Meus olhos pareciam não quererem se abrir. Meu corpo todo doía por causa da má posição em que eu me encontrava.

Suspirei uma vez e levantei, desligando o relógio.

Os sonhos não me deixaram em paz. Novamente os pesadelos. Era tão estranho. De uma época para cá eles eram tão frequentes e pareciam ser tão reais. Isso estava me assustando.

Lavei o rosto e tirei um pacotinho de bolachas de dentro da minha bolsa. Esse seria meu café da manha hoje. Terminei de arrumar o quarto e tranquei a porta.

Cal ainda não havia aparecido. Bati em sua porta, avisando que o esperaria na recepção.

Alguns minutos depois, ele desceu e fomos embora.

O relógio marcava nove horas da manha. Tínhamos tempo de sobra.

Fomos à perfumaria e comprei tudo que Sunny me pediu para fazermos uma verdadeira transformação na Mel.

Uma loja de calçados chamou minha atenção. Era pequena, ficava numa esquina, mas a vitrine estava divina! Como combinamos, Cal escolheu um sapato para Jared e eu para Mel. Um mais perfeito que o outro! Seria difícil, mas acabei optando por um branco, com um laço na frente. Enfim, o look dos noivos estava pronto!

Passamos em seguida em uma loja onde compramos fitas, laços, bandejas, vasos... – Eram as populares lojinhas de um dólar. 

Cal e eu estávamos indo em direção ao carro quando avistei o homem do mercado do outro lado da rua, encarando-nos.

-Cal, olhe – Cutuquei-o.

O homem continuou a nos fitar por alguns segundos, deu meia volta e se afastou.

-Vamos falar com Jeb sobre isso. É melhor evitarmos as incursões nessa área. Estou começando a ficar preocupado.

-Eu também.

Certifiquei-me de que ele tinha mesmo ido embora.

-Vamos continuar. Em breve estaremos em casa.

Pegamos o carro e paramos em frente a uma floricultura dessa vez. O nosso carro estava totalmente lotado! O bom é que pelo menos os alimentos e as roupas couberam na parte de trás. O vestido e o smoking estavam estendidos no banco detrás, com as pequenas sacolas encima. Uma parte do chão também estava ocupado.

Escolhemos flores vermelhas, rosas, amarelas, roxas, brancas. Tanto para a decoração quanto para o buquê. Ficaria tudo perfeito!

Sentei-me diante do volante e finalmente rumamos para casa.

POV IAN

Eu já não me aguentava de ansiedade. Queria que minha Peregrina voltasse logo. Passei a tarde inteira esperando, dando atenção aos menores ruídos, imaginando ser ela.

O sol começava a desaparecer e nem um sinal dela e Cal. Provavelmente atrasariam.

Eu estava com saudades. Dois dias sem ela pareciam ser uma eternidade. Mal podia esperar a hora de ver Peg.

A noite então caiu e as pessoas começaram a ir para seus respectivos quartos.

Eu não queria dormir. Na verdade, não estava me sentindo bem. Não fisicamente; era mais como um pressentimento que me impedisse de fechar os olhos. Como se eu precisasse ficar em estado de alerta por algum motivo.

É claro que isso não passava de uma insônia. O que poderia me acontecer sendo que eu estava cercado de pessoas? Não é como num filme de terror, onde um assassino está a solta e procura por jovens acordados até a meia noite.

Bufei. Eu estava ansioso demais para dormir, só isso. E nervoso demais para parar de pensar nessa sensação de déjà vu.

Mas enfim, eu precisava. Meu corpo se sentia cansado. Despedi-me dos outros e fui para o quarto.

Deitei de barriga para cima, com os braços sob a cabeça, observando as estrelas pelas fendas do teto da caverna. Então, fechei os olhos, esperando poder dormir.

Fiquei assim por uma boa parte de tempo e nada.

Levantei da cama e rumei até a cozinha, munido de uma lanterna. A essa hora não havia mais ninguém fora dos quartos.

Aquela impressão me assombrava. Era estranho, mas é provável que seja por causa da minha agitação. Era perda de tempo me preocupar com algo tão bobo.

Despejei um pouco de água num copo e bebi, sentando-me numa cadeira.

Amanha seria um novo dia, pensei comigo mesmo. E eu mal sabia o quão longo ele seria.

POV PEG

Já estava de noite e o carro rondava solitário pelas estradas do Arizona. Nós provavelmente chegaríamos de manha na caverna.

Por mais que estivesse tarde, eu não estava nem um pouco cansada. Estava ansiosa para chegar e abraçar bem forte meu amor. E começar a arrumar as cavernas para o casamento! A Mel vai adorar ver o que compramos.

O relógio acoplado ao carro marcava três da manha. Quando alcançamos a estrada estava escuro. Afastamo-nos demais indo até o centro de Tucson. Mas de qualquer modo, valeu a pena!

-Peg, quer descansar um pouco? – Cal perguntou ao meu lado, a voz rouca do sono recente.

-Não, estou bem. Acho que estou agitada demais para dormir. – Dei uma risada nervosa.

-Está bem. Se quiser parar me avise.

-Ok.

Os únicos barulhos que podíamos ouvir era o som das rodas percorrendo o asfalto e os grilos cantarolando nos arbustos ao lado. Fora isso, estava tudo silencioso, escuro.

Continuamos com a viagem e uma hora havia passado quando atingimos o deserto. Um pouco de claridade começava a aparecer no céu escuro. O mínimo, mas ainda sim era luz.

Eu e Cal conversamos nesse meio tempo que demoraria para chegarmos em casa. Nenhum de nós tinha sono; ele em parte porque dormiu no caminho.

Assim que avistei a caverna acelerei o carro. As compras balançavam no porta malas por causa da movimentação do carro no solo irregular.

Minutos se passaram e finalmente estávamos de volta.

-Ah, chegamos! – Comemorei.

-Finalmente! Pode ir, deixe que eu guarde o carro.

-Está bem. Tchau Cal!

-Tchau Peg!

Entrei com pressa na caverna. Sabia que Ian estava dormindo, mas mesmo assim queria vê-lo.

Corri até o corredor dos quartos, sentindo uma agitação familiar no estomago. Abri a porta com cuidado, não querendo acordar Ian com o ruído que ela fazia.

Mas eu jamais pensei que me depararia com aquilo. 


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Notas finais do capítulo

Oq acharam? Suspeiitoo aquele cara do mercado, né? *medo*
Fofos o Cal e a Repy? ^^
Quem quer ver esse namoro, hein? kk
Boom, esse finalzinho ficou meio tenso né? Muuiiiiitaaas surpresas capítulo que vem! Aguardem! Fizemos de propósito para vcs ficarem curiosos kkk
Mas e a incursão? Queremos saber tuudinho sobre oq vcs acharam. Se gostaram ou não, as partes preferidas...
Nos vemos nos comentarios!
Beiijooooooooos!!