Como Deixar de Ser Idiota em 30 Dias escrita por Lie-chan


Capítulo 9
Capítulo 9




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Como deixar de ser idiota em 30 dias.

 

Capítulo 9:

 

Encostei a cabeça na parede e fechei os olhos por alguns instantes, tentando me concentrar na voz do professor, mas sem conseguir pensar em qualquer outra coisa que não fosse a minha terrível dor de cabeça, que estava ficando cada vez mais forte.

 

Parece que o mundo está conspirando para eu não conseguir dormir! Até a minha mãe está dentro desse plano maléfico! Ontem depois que sai do banho ela já estava no meu quarto me esperando, enquanto escolhia as minhas roupas. Não estou brincando, é sério mesmo! Ela tinha separado uma calça, uma blusa e deixado a combinação estendida em cima da minha cama, dizendo que se eu me vestisse sozinho escolheria uma roupa muito “idiota”. Que ótimo! Como se não fosse idiota ter minha mãe escolhendo o que eu vou vestir!

 

Do lado dela o Max estava em pé se segurando muito para não começar a rir. E assim que ela saiu do quarto para eu me trocar ele desistiu de se conter, soltando uma sonora gargalhada.

 

E porque ela fez isso? Claro que ela tinha escutado a nossa conversa! E ela podia ser como uma mãe normal e fingir que não ouviu nada? Não! Já que ela é uma mãe “amiga” , como sempre diz, quis se meter no meio e me ajudar também! E acho que nem preciso dizer que ela ficou o resto do dia me dando conselhos, em sua maior parte completamente inúteis, o que durou até de madrugada.

 

Eu nem consegui almoçar direito, de tanto que meu estomago embrulhou, mesmo ela tendo nos levado a uma pizzaria. Certo, eu comi uma pizza média de calabresa sozinho, mas isso não é nada comparado ao que eu como normalmente quando vou lá.

 

E depois de tudo eu ainda sofri a maior traição de minha vida! Quando, depois do almoço, eu chamei o Max para dormir na minha casa, para eu não sofrer sozinho, ele só disse: “A mãe é sua, se vira”, e foi embora. Que ótimo amigo eu fui arranjar! Deixou-me sozinho em um dos momentos mais difíceis da minha vida!

 

Quando o sinal tocou me levantei apressadamente. Tão apressadamente que tropecei no pé da mesa e caí. Até que nem foram tantos risos. As pessoas já estavam tão acostumadas com esses meus tombos que eles nem eram mais engraçados.

 

Pelo menos foi isso que eu pensei enquanto me levantava. Mas aí eu vi o Charlie parado, encostado na parede do lado da porta. Claro, as pessoas não riram porque estavam ocupadas prestando atenção nele, não porque perceberam que é desumano rir de alguém que tropeçou e pode ter se machucado.

 

– Oi. – Disse me dirigindo a ele, um pouco surpreso de vê-lo ali. Mesmo que ele tivesse concordado naquele dia em me ajudar, achei que ia ficar fugindo de mim ou algo do tipo. Porque realmente não tem como ele não ter dito sim por qualquer outro motivo a não ser se livrar temporariamente de mim. – Está me esperando há muito tempo? – Completei. Hoje é o dia da semana em que eu tenho sete aulas por dia em vez de seis, portanto saio mais tarde. Na outra turma de primeiro ano isso acontece sexta-feira, não quarta-feira, então ele deve estar a uns quarenta minutos do lado de fora.

 

– E quem disse que eu estava esperando você? – Respondeu arqueando a sobrancelha.

 

Depois dessa, acho que devo me internar em um desses centros de reabilitação para ex-drogados que querem se reintegrar à sociedade. Já ouvi dizer que lá eles fazem uns grupos para dividir experiências passadas e de lá saem muitas amizades concretas. Com as pessoas que me rodeiam, tenho quase certeza que em algum lugar assim posso encontrar melhores influências. Quanto a ser drogado, é fácil fingir. É só ser eu mesmo que tudo vai dar certo. Usar essa frase nesse contexto é engraçado, né? Talvez um pouco trágico, mas com certeza bem engraçado.

 

– Seu grosso...  – Murmurei. Tudo bem que ele estivesse esperando outra pessoa, mas não precisava falar assim comigo... Eu nem fiz nada contra ele... Tirando o fato de ter o feito passar vergonha no shopping. Mas nem foi tão ruim assim. Foi?

 

– Calma... Para quem só fala besteira você leva tudo muito a sério... Eu prometi te ajudar, não foi? Então, estou aqui! Mas a sua pergunta foi tão besta que eu não agüentaria não me aproveitar da sua ingenuidade. – Senti vontade de acertar um soco bem dado no meio de sua cara. Mas é obvio que eu não fiz isso.

 

Como ele consegue dizer uma coisa dessas sorrindo? Provavelmente já deve ter percebido o efeito que seus dentes brancos causam nas pessoas, principalmente por serem raros de se ver. Porque sorrindo daquele jeito, ele realmente parecia gentil. Mesmo que suas palavras finais estivessem repletas de escárnio.

 

Como ele consegue ser tão ambíguo em uma única frase? Não consigo descobrir se o Charlie verdadeiro é o maldoso e sarcástico ou o carismático e atencioso. E isso está me matando. Dramático eu? Nem tanto, pelo menos dessa vez. Só muito curioso.

 

Talvez ele seja os dois... Bipolaridade? Certo, aí eu já estou divagando demais... Mas de algum modo esse jeito dele é tão intrigante... Pensar nisso é meio triste, pois eu percebo que não importa o quanto eu me esforce, ninguém nunca vai merecer a Zoey mais do que ele. Independentemente do que o Max acha.

 

Falando na Zoey... Ela acaba de passar pelo corredor, seguida por um bando de amigas (leia-se: Seguidoras)... E instintivamente meus olhos se desprenderam de Charlie, a quem eu ainda lançava um olhar reprovador, e foram em direção a ela. Estava tão bonita hoje... Andava tão levemente e graciosamente quanto um anjo. Não parecia melancólica como Max havia dito.

 

E meu olhar deve ter ficado mesmo bastante abobalhado, pois Charlie percebeu-o quase que instantaneamente e se virou para a direção que eu olhava. E é claro que quando ele percebeu quem era a responsável pela minha cara de besta, soltou um risinho... Enigmático.  Não sei dizer se foi de gozação com a minha cara ou se ele achou a minha paixão tão “sem final feliz” que apenas um riso poderia suavizar a situação. Nessas horas em que ele parece os dois Charlies ao mesmo tempo, eu penso que talvez o risinho dele possa querer dizer essas duas coisas. Porque é claro que é ridículo ficar secando ela tão descaradamente no corredor, mas também é um pouco triste.

 

E ele também deve ter percebido que eu não ficaria confortável falando sobre aquilo, pois ignorou o assunto. Ou talvez ele também achasse desagradável conversar sobre ela.

 

– E aí, vai ficar enrolando ou nós podemos ir logo almoçar? – Aquilo era um convite para almoço? Parecia que sim. Porque ele não pode só falar “você quer almoçar comigo?” como qualquer um falaria? Acho que ele é arrogante demais para isso. Em sua cabeça deve ser impossível uma pessoa com a sanidade mental intacta recusar um convite para almoço dele. Mas eu não tenho a sanidade mental intacta. Bem, então se ele diz isso é porque de algum jeito pensa que eu tenho a sanidade mental intacta. Isso deve ser bom. Acho.

 

Isso é tudo culpa dessa dor de cabeça! Se eu não tivesse praticamente dopado pela dor eu não estaria raciocinando tanta besteira. Vai ver, daqui a pouco eu vou começar a ter alucinações. Pelo menos se isso acontecesse eu ia para o hospital... Hospitais têm um cheiro tão bom... Uma mistura de formol, produtos de limpeza, sangue e flúor. O cheiro de sangue é enjoativo, mas é meio doce... Ai. Meu. Deus. Sobre o que eu estou pensando? Devo ter começado a delirar!

 

-Vamos. – Concordei antes que entrasse em devaneios novamente e me esquecesse de responder.

 

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

Hoje faz dois meses de fic! o/
Eu nunca pensei que ela fosse ir tão longe...
Fiquei três meses fazendo o capítulo um, mas agora parece que a história já flui praticamente sozinha... Quando eu sento no computador e abro o word, a palavras vem direto... Parece que os personagens ganharam vida própria...
Obrigada leitores por estarem aqui todo esse tempo!