Jeremy se recusava a andar. Não que ele soubesse o que era andar, mas seu choro não cessava. Ele queria que eu o pegasse no colo, mas eu não podia. Meu coração estava cortado por fazer isso com ele, mas era por um motivo maior. Eu o chamava, acenando com as mãos para que ele tentasse vir até mim.

Após algum tempo ele começou a se arrastar pelo chão, chegando próximo o bastante de mim. Eu sorri, batendo palmas para seu progresso. Dez passos apenas. Estávamos a alguns quilômetros da casa dos Black. Afastei-me novamente, chamando-o, e seu rosto contorceu-se num choro novamente.

“Jeremy, por favor. Venha até a mamãe”

Eu estava ali, quase chorando também. Ele tinha que chegar até Jake.

-x-

O sol despontava no horizonte quando estávamos a alguns metros da casa de Jacob. Minha mãe correu até nós assim que sentiu meu cheiro. Todos estavam preocupados comigo e com Jeremy.

“Meu amor, o que aconteceu?” Ela me alcançou e assim que viu Jeremy no chão, sujo de lama e chorando, adiantou-se para pegá-lo no colo. Eu segurei seu braço com toda a minha força. Eu estava igualmente cansada, sem paciência alguma.

“Se você encostar nele, eu te mato, mãe”

Ela me olhou confusa.

“O que é isso, Renesmee?”

“Como se isso fosse possível” Rolei os olhos. “Não toque nele”

“Ele está com frio, com fome, sujo e cansado. Oh meu Deus, Nessie, você ao menos o deixou dormir essa noite?” Ela me olhava como se eu fosse um monstro.

“Eu não espero que você entenda, mas vocês vão me agradecer” Olhei em volta, constatando os olhares de todos, que me achavam louca. Quil voltou em sua forma humana, a fim de poder me ajudar.

“Ela não está louca, acreditem nela” Ele parou ao meu lado, chamando Jeremy, que se rastejava lentamente pela grama. É claro que qualquer um pensaria que tipo de mãe faria isso com o filho. Mas era o pai dele também. Eu estava certa, não estava?

“Vem filho, falta pouco” Estendi os braços, abaixando-me no chão. Jeremy me seguia e andava de forma lenta e chorosa.

O resto do caminho foi lento e torturante. Quil abriu a porta do quarto de Jacob, que tinha o coração mais fraco do que quando eu o deixei. Eu continuava a chamar Jeremy, que foi se arrastando pelo chão. Suas mãozinhas estavam raladas e sangrando. Eu queria pensar que era um motivo forte o bastante para submetê-lo a tal tortura. Eu não queria pensar que foi uma atitude egoísta. Puxei o braço de Jacob, que pendeu pela cama, seus dedos quase tocando o chão. Jeremy engatinhava até Jacob enquanto eu acenava para ele com o ursinho Jakey, que ele tanto adorava. Por fim deixei o ursinho descansando um pouco acima do cotovelo de Jacob. Jeremy apoiou-se no braço dele para alcançar o ursinho, e assim que o fez, Jacob respirou forte, seu corpo arqueando-se na cama.

Todos olhavam pela porta, confusos, e eu finalmente peguei Jeremy no colo, assim que Quil disse que tinha dado certo. Eu olhava para Jacob cheia de esperança. Seu coração acelerava-se, voltando à frequência usual. Meus olhos encheram-se de lágrimas. Eu teria meu Jake de volta. Billy perguntava insistentemente para Quil o que estava acontecendo e Carlisle me olhava com dúvida. Finalmente seu corpo voltou a descansar na cama, sua respiração voltando ao normal. Sua pele ganhou mais cor, mais calor. Ele apertou minha mão, resmungando algo ininteligível. Seus olhos abriram-se e piscaram algumas vezes. Ele estava confuso, tentando falar algo, que logo ficou claro a todos.

“Bella”