Cheguei na casa vazia de Charlie e decidi me manter ocupada. Dei meu toque feminino, arrumado e limpo na casa; fiz meu dever; coloquei o jantar no forno – lasanha de quatro queijos - e arrumei meu guarda roupa por cores e ocasião. Quando terminei, liguei a TV e peguei meu celular, discando o número de Alice.

“Ah, eu já estava entrando em colapso! Eu vi que você ligaria, mas não consegui ver a hora” A voz de sino de Alice preencheu meus ouvidos antes mesmo de eu pensar em falar alguma coisa.

“Aposto que Jasper deu uma aliviada nas coisas”

“Sim, um pouco. Me conte tudo! Como você está?”

Tagarelamos sobre as pessoas que conheci, a minha roupa para o próximo dia e a possibilidade de sairmos juntas para compras no próximo feriado. A idéia daquele lobo ainda me incomodava, mesmo que eu tenha empurrado a preocupação para um curto esquecimento. Eu precisava contar a alguém e Alice era a única que não surtaria e correria até mim.

“Alice, eu estava caçando ontem e encontrei um lobo muito estranho e grande”

“Encontrou onde?” A voz dela ficou cautelosa.

Por essa eu não esperava “Eu meio que... saí do nosso território por alguns instantes” Mordi o lábio, esperando os gritos.

“Ness! Ele te atacou?”

“Ele ameaçou e eu voltei ao nosso lado”

“Esses lobos são perigosos, Ness. Fique longe deles”

“E por que nós temos que nos proteger desses lobos?” Havia notas de deboche na minha voz.

“Eles não são lobos comuns. Fique longe deles”

“Tudo bem, eu ficarei” Desisti do interrogatório assim que percebi Alice finalizar o assunto.

“Advinha quem eu conheci ontem?”

“Quem?” Ela odiava não saber de tudo que acontecia.

“Jacob Black”

Silêncio. Durou um ou dois segundos, mas isso era muito tempo para vampiros. Ela então limpou a garganta e retomou a respiração.

“Assunto delicado? Isso tem algo a ver com o motivo dele e da mamãe não se falarem?”

“Sim. Mas não se meta nisso, Renesmee. Para evitar mais aborrecimentos”

“Pode deixar” Suspirei e ouvi a viatura de Charlie chegando.

“Vai terminar o jantar?” Alice soava mais animada por saber exatamente o que estava para acontecer.

“Sim” Eu ri. “Saudades de todos. Diga a eles que os amo”

“Pode deixar, bonequinha, eu direi. Amo você” Rolei os olhos com o apelido de infância.

“Amo você, Alice”

Desliguei a TV e corri para a cozinha. Arrumei os pratos, copos e talheres; tirei a lasanha do forno e ouvi Charlie abrir a porta.

“Isso está cheirando bem, garota” Ele disse enquanto guardava a arma.

“Acabou de ficar pronto” Eu sorri e coloquei duas latas de Coca na mesa, me sentando na frente dele. Nos servimos e conversamos sobre o nosso dia, com Charlie adicionando seus comentários sobre as pessoas que eu conheci e suas famílias. Depois de lavar a louça, assisti TV junto com Charlie, mas logo subi para dormir.

Fiquei pensando no que Alice disse sobre Jacob. Eu ainda estava curiosa pra saber o motivo deles não se falarem mais. Qualquer dia eu arrancaria isso dele, com delicadeza, claro. Eu era curiosa demais para deixar essa passar, e com sorte, talvez eu fizesse ele e mamãe voltarem a se falar. Concentrei-me então na amizade dos dois, no quanto ele sabia sobre nós e milhares de perguntas começaram a se fazer na minha cabeça. Analisando os fatos mais atentamente, havia algo que eu ainda não tinha pensado. Ok, isso está estranho o bastante.

Inconsciência.