Um barulho irritante me fez acordar. Desliguei o despertador e me rastejei até o banheiro. Desci até a cozinha depois de vestir a roupa que tia Alice escolheu para o meu primeiro dia. Despejei cereal numa tigela com leite e morango e observei um apressado Charlie entrar no cômodo. Ele se sentou na minha frente enquanto mastigava bacons que fiz para ele.

“Está ótimo, Renesmee, obrigado. Acho que vou ficar mimado com você aqui” Ele sorriu e beijou o topo de minha cabeça. “Tenho que ir, tenha um ótimo primeiro dia” Ele disse antes de agarrar o resto dos bacons e enfiar todinhos na boca.

“Obrigada, vovô” Forcei um sorriso e Charlie saiu. Meu estômago estava embrulhado, então joguei fora o resto do meu cereal. Peguei meu casaco e saí para o dia nevoento.

Não demorou muito para chegar na escola e parar meu carro no estacionamento vazio. Após pegar tudo o que eu precisava com a secretária, tentei localizar a sala de química II. Pendurei meu casaco e entreguei a caderneta para o professor assinar.

“Muito bem, Re-Ren”

“Renesmee”

“Renesmee Swan, seja bemvinda, sou o Sr. Altman. Você pode se sentar naquela mesa” Ele apontou, ainda vermelho por não ter conseguido pronunciar meu nome. Eu sorri e me sentei onde ele indicou. Tirei meu celular da bolsa e digitei uma mensagem rápida para meus pais.

Bom dia! Acabei de chegar à escola. Me desejem sorte. Amo vocês,

R. Cullen.

Era bom usar meu sobrenome de verdade. Eu gostava de como ele soava junto com meu nome. Não demorou muito para que eu conseguisse uma resposta.

Você não precisa de sorte. Temos certeza de que se sairá muito bem. Saudades, filha. Nós te amamos. Papai e mamãe.

Não pude evitar de sorrir, então percebi alguém sentando-se ao meu lado. Olhei para cima e uma garota ruiva de olhos verdes sorriu para mim.

“Hey garota nova”

“Hey” Eu sorri de volta, agradecendo mentalmente pelo fato dela não ser tímida.

“Sou Amber George, muito prazer”

“Renesmee Swan” Apertei a mão dela, estendida na minha direção.

“Você é a sobrinha do Chefe Swan, não é?”

“Sim, sou eu”

“Sinto muito pelos seus pais”

“Obrigada” Forcei um meio sorriso triste.

“Então, vamos ver quantas aulas teremos juntas” Puxei meu horário e discutimos as matérias e nossas aulas em comum. Amber me dava uma explicação detalhada de cada professor. A aula então começou e fomos forçadas a parar de falar.

A primeira parte do dia passou rápida. Peguei uma maçã e suco de laranja e me sentei com Amber e seus amigos para o almoço. Eram cinco meninos e três meninas, incluindo Amber.

Monica Ames era uma garota alta e grandalhona, que ria de tudo exageradamente. Seu corpo atlético mostrava que ela praticava alguma atividade física regularmente. Jenny Diaz era a única ali a possuir um bronzeado dourado invejável, graças aos genes mexicanos de seu pai. Seu cabelo caía em perfeitas cascatas onduladas com reflexos cor de mel entre as madeixas castanhas. Ela era linda - do tipo que deixaria qualquer humana se sentindo mal – e uma colega de compras em potencial. Austin Cooper era um ano mais velho do que o resto de nós. Ele era uma visão: cabelo liso e preto caindo desarrumado até encontrar a pele branca. Por trás dos grandes cílios, olhos de um azul escuro profundo e lindo que eu nunca havia visto antes. E o seu sorriso de criança naquele corpo de homem deixava-o apaixonante. Daniel George era irmão gêmeo de Amber, igualmente ruivo e de olhos verdes. Ele fazia piada de tudo. Will Murtaugh era alto e musculoso como Austin; os dois jogavam futebol juntos. Porém, do lado de Jacob eles pareceriam esmagadoramente magricelas. Jason Atwood e Brad Winch eram mais tímidos – não sei se pelo fato de minha presença. Jason era um loiro meio magricela; Brad era moreno e gorducho, uma graça.

Eles me receberam bem, mas ainda assim vieram as sensações que eu evitava. Pela presença de genes vampiros, eu certamente tinha um tipo de beleza inumana. A pele sem poros entupidos ou espinhas, ou marcas de qualquer tipo – como qualquer garota de minha idade deveria ter -; o cabelo perfeitamente arrumado, hidratado e brilhante, com uma cor de bronze maravilhosa; o corpo sem defeitos, curvilíneo e discretamente voluptuoso...

E também tinha a sede. Quatrocentos e trinta e cinco corações bombeando o grosso e quente sangue. Era apetitoso, eu podia sentir as notas de ferro no rubro cheiro. Tentei me desconcentrar disso, mas era difícil. Minha garganta queimava enquanto as veias pulavam, nada me deixava esquecer da sede. Porém, eu ainda tinha meu controle, e ele não estava ameaçado. Por agora.

Minha próxima aula era com Jason, biologia III. Era mais difícil, porque ele era tímido, mas eu tentava manter o fluxo da conversa constante enquanto caminhávamos juntos até o prédio C. Para minha sorte, sentei-me ao lado de Jason e classificamos juntos amostras de raízes em monocotiledôneas e dicotiledôneas.