What do You Want From Me? escrita por v_wendy, TheMoonWriter


Capítulo 13
Capítulo 12 - Anywhere


Notas iniciais do capítulo

Oi, geente!
É. Eu seu que eu demorei muuuuuuuuuuuuito, mas eu tive um mês bem cheio. Eu praticamente não tive tempo de sentar para escrever...
Mas esse mês eu vou estar mais livre... Então, espero poder postar com mais frequência aqui.
Agora, ao capítulo... Eu realmente espero que vocês gostem, está cheio de reviravoltas, umas BEM grandes para alguns personagens..
Ok, chega de falar (na verdade, escrever, mas... bom, vocês entenderam *-*)
Vejo vocês lá embaixo, meus lindos.



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Capítulo 12 – Anywhere



Dor.

A carne queimando.

Lágrimas.

Hermione se revirou na cama, sem conseguir dormir. O que tinha feito? Onde é que ela tinha se metido?

Nada disso importava mais. A marca em sua pele jamais a deixaria esquecer o que tinha feito pelo que acreditava, para salvar seu mundo, seus amigos... Tudo o que amava, tudo o que era importante para ela.

Afundou a cabeça no travesseiro e o mordeu para não gritar. Doía, ardia e coçava. Aquela era a mesma sensação de seu coração... Mas vitórias não vêm sem sacrifícios e todos sabem disso.

Quando saiu, completamente trôpega e desabalada da câmara de trás da estatueta de cavaleiro, cogitou em voltar para a Sala Precisa e não sair de lá até que se passassem os meses até o conserto do vira-tempo. Tinha procurado Riddle, mas... Ela nunca imaginou... Merlin! Ela não sabia, que com dezesseis anos, ele já havia criado a Marca Negra.

Isso era perturbador.

Quando chegou a Torre da Grifinória, Gina perguntou o que tinha acontecido. Hermione quase chegou a ponto de lhe contar a verdade: que tinha bolado um plano completamente retardado para deter Voldemort e acabara de receber a Marca Negra. Mas não conseguiu. Existem coisas que, simplesmente, não devem ser ditas. Existem escolhas que definem tudo.

Ter a Marca Negra no braço era uma delas.

Deu uma desculpa qualquer a Gina. Disse que fazia muito tempo que não ia à biblioteca e que não pôde resistir em fazê-lo. Precisava reler “O Morro dos Ventos Uivantes” para se sentir mais... Relaxada. Algo no olhar de Gina disse que à castanha que a amiga não tinha acreditado em sua desculpinha esfarrapada.

Hermione soltou os dentes do travesseiro. A dor tinha melhorado um bocado. Agradeceu à Merlin por estarem em pleno inverno e não em uma estação de clima mais quente, agora teria que usar manga comprida 24 horas por dia.

O que você fez Hermione Granger? Uma coisa é tentar ajudar os amigos e se passar por Comensal da Morte. Outra, bem diferente, é ter um crânio com uma cobra saindo de sua boca estampado no braço.

Um soluço escapou de seus lábios enquanto tinha os pensamentos torturadores e ela soube que Gina tinha escutado antes mesmo de sua voz soar pelo quarto.

– Mione? Está tudo bem?

– Está. – respondeu a castanha com a voz embargada. Gina pareceu despertar completamente com isso. Muito bem, Hermione. Ela se parabenizou, com sarcasmo.

Escutou Gina se levantar e depois sentiu o colchão afundar com o peso da ruiva.

– O que é que você tem, hein, Mi?

– Não tenho nada. – rebateu a castanha, rapidamente, mas percebeu que Gina não ia se contentar com um simples “nada”. A ruiva precisava de uma explicação para o estado de Hermione, por mais banal que fosse. E isso deu a garota uma ideia – Ah! Tudo bem, Gina! Estou triste por causa do livro.

Gina piscou.

– O romance trouxa que você tentou me convencer a ler ano retrasado?

– Esse mesmo. Você sabe... É lindo. A história é tão maravilhosamente brilhante que...

– Você adora a tal de Catrine...

– Catherine Earnshaw. – corrigiu Hermione – Sim, gosto de Catherine e de Heathcliff, é claro. Os dois são tão parecidos e tão diferentes ao mesmo tempo. Cathy é egoísta, insensata, mimada, mas ama tanto Heathcliff e faria tudo por ele, só que fica encantada por coisas... De luxo. Ela é uma menina perturbada, que encontrou no irmão adotivo o verdadeiro amor, mas era duro demais para ela admitir que está apaixonada por ele. O que diriam, não é mesmo? E Heathcliff... Que posso dizer sobre Heathcliff? Ele é mau, muito mau e quer vingança por tudo que passou nas mãos de todos ali, inclusive Cathy. Mas ele a ama demais e é isso que faz desse amor tão belo. O amor dele se contrapõe exatamente contra todo o ódio e vingança que ele quer e sente.

Gina deu um meio sorriso à amiga.

– Você gosta mesmo desse livro não é?

– Sim. – Hermione assentiu. Fazia seis meses que ela tinha o lido pela última vez. Talvez a mentira se tornasse verdade e ela desse uma passada na biblioteca para ler seu livro trouxa favorito – Sabe, uma coisa que ele ensina é que o amor pode transpor qualquer barreira.

– Isso é meio clichê, mas é bonito. Pena que não seja verdade.

– Ora, e por que não, Gin?

– Porque o amor não pode transpor qualquer barreira. – quando Hermione olhou para ruiva com ar indagativo, ela completou – Nenhum amor, grande ou pequeno, pode superar a teimosia.

Ah, que ótimo! E estamos falando de Rony, novamente.

– Talvez. Cathy e Heathcliff conseguiram passar por isso... Mesmo depois de mortos.

A castanha pode ver que Gina se considerava derrotada. Não havia um argumento que Gina desse para Hermione assumir que gostava de Rony que ela não rebatesse quase que imediatamente.

– Espero que “O Morro dos Ventos Uivantes” não pire você, Mione. – Gina comentou, sorrindo – Acho que vou dormir. Se precisar de qualquer coisa, me chame, está bem?

Hermione assentiu e deu as costas para a ruiva que retornava a sua cama. A castanha se enrolou como uma bola entre os cobertores e permitiu que seus pensamentos vagassem.

Agora, sua situação com Ron não seria nada fácil. Como poderia ser, afinal? Ele tinha uma namorada e gostava dela, já Hermione tinha aceitado queimar a pele com aquela marca horrenda. Claro, era por uma boa causa e ela estava tentando poupar a vida de muitas pessoas, mas o que Ron diria se visse? Ele ficaria completamente enojado, ela tinha total certeza disso.

Ela não poderia culpa-lo se assim fosse, afinal, também estava com tanto nojo de si mesma quanto era possível a alguém ter. Puxou mais a manga da camisola quente por cima da marca. Ardeu mais do que ela previa, mas iria ter de aguentar.

Estava fazendo aquilo para ajudar Harry.

Aquela percepção acalmou sua consciência um pouco, mas não muito. Não parecia que uma onda de calmaria iria tomar sua vida e que ela iria ter um pouco de paz nos próximos três meses.

É. Pensou. Acho que isso está fora de cogitação, já que sou oficialmente uma Comensal da Morte.

#*#*#

– Qual o problema, Jade? – provocou ele, lá de baixo – Está com medinho?

A morena grunhiu de raiva. Irritante e mentecapto! É claro que ela não estava com medo. Isso era ridículo, ela só não gostava de lugares fechados. Túneis embaixo da casa de Gunther se enquadravam perfeitamente nessa descrição.

– Cale a boca, Gunther!

– Auch! Essa doeu, pequena Jay. Agora, você vem ou não vem?

Não, ela não iria. Lugares fechados lhe davam calafrios. Ela não sabia exatamente explicar o que sentia psicologicamente quando entrava em um cômodo onde tudo era trancado e não tinha nenhuma saída, mas seu ar deixava o pulmão e não queria saber de voltar nem por decreto do Ministro da Magia.

– O que tem de tão especial ai embaixo? Achei que fôssemos explorar o perímetro...

– Estamos explorando, não o perímetro exatamente, mas estamos explorando. Você nunca veio aqui antes, não quer saber o que tem aqui embaixo?

– Traga pra mim, oras! Você consegue, não deve ser tão difícil...

Ela ouviu a risada de Gunther soando.

– Ah, sua medrosa. Quer dizer que tem medo de lugares fechados?

– Não!

– Bom então, isso diz muitas coisas sobre você.

Jade estacou.

– O que exatamente?

– Que não vai ser da Sonserina, por exemplo.

Aquela conversinha ridícula já estava a irritando até o último fio de cabelo.

– Que quer dizer com isso? Não sabe de nada! Ainda nem foi para Hogwarts, Gunther!

– Não, mas meus pais foram de lá. Minha mãe me contou que o Salão Comunal fica nas masmorras, só que como você tem medo, vai preferir um lugar mais alto... Como as torres de Grifinória e Corvinal...

Gunther estava conseguindo irritá-la completamente. Sabia que o sonho de Jade era ir para Sonserina, porque sua mãe fora de lá. Seu pai também, mas, como os dois se ignoravam, Jade não achava que partilhar da mesma casa de Hogwarts que ele o faria ter alguma espécie de orgulho por ela.

– Não acredito em você! – ela retrucou.

– Pois bem. Pergunte a Andrew, então. Ele lhe dirá que é a mais pura verdade.

A morena bufou. Tinha oito anos, muito azedume e um melhor amigo patético. Mas, além de tudo isso, tinha um instinto de competição que superava o racional.

– Ora, Gunt! Eu vou aí e você vai se arrepender do dia em que saiu da barriga de Celine.

Ela posicionou os dois pés no degrau e começou a descer, devagar. A cada passo que dava sentia o pânico preenchendo sua mente e consciência de um modo incrivelmente assustador. Colocou os pés no último degrau e sentiu as mãos de Gunther em suas costas.

– Doeu muito fazer isso, pequena Jay?

– Eu já não te mandei calar a boca, Gunther? Agora, o que tem de tão absurdamente especial aqui?

O garoto deu as costas e ela começou a segui-lo pelo túnel escuro. Não sabia por que diabos os Avery tinham essa porcaria de túnel... Não fazia sentido.

– Não precisa ficar com medo. É um túnel pequeno. – ele advertiu.

– Ótimo. – Jade resmungou em resposta.

Estava completamente enjoada. Chegaram a uma salinha circular cheia de pinturas na parede.

– O que é isso? – perguntou ela.

– A Árvore Genealógica dos Avery. Fica aqui embaixo porque meu pai acredita que é tão preciosa que não deve ser mantida a olhos vistos.

Jade riu. O pai de Gunther tinha umas esquisitices que superavam as de qualquer outra pessoa que ela conhecia.

– Aqui estou eu, minha mãe, meu pai, tio Johan, tia Sarah. – ele apontou os quadros e depois os nomes escritos em ouro – Seu pai, sua mãe, Andrew e você.

– Tecnicamente, meu pai, minha mãe, Andrew e eu não fazemos parte dos Avery.

– Não. Mas minha mãe gosta de deixar indicado. – ele comentou e Jade assentiu. Por mais estranho que fosse estar na árvore genealógica da família Avery, ela gostava disso.

Seu olhar percorreu a sala e um quadro em especial chamou a atenção de Jade. Era uma garota de cabelos castanhos e olhos tristes. Ela parecia tão... Distante do mundo.

– Quem é essa?

– Minha prima, Charis.

– Black. – disse a morena ao ler o nome embaixo do quadro – Não sabia que era parente dos Black.

Ele riu.

– Minha mãe é uma Black. Somos primos de primeiro grau. Mas eu e Charis não nos damos muito bem. Me dou melhor com Callidora. – e apontou para o quadro de uma garota de cabelos negros em tranças.

Aquele cômodo era tão... Ela não sabia descrever. Nem sentia mais a angústia de que ficar debaixo da terra proporcionava a ela. Estava tão inebriada vendo quadros de pessoas que não conhecia e se perguntou se aquelas pessoas seriam chatas, legais ou idiotas...

Gunther tinha usado de um artifício maravilhoso para retirar seu medo do subterrâneo: seu aspecto competitivo. Agora, ele sorriu completamente convencido de que tudo correra as mil maravilhas.

– Você é muito engenhoso, Gunther Avery.

– Eu sei, Jade Bulstrude. Agora, vamos voltar à superfície e explorar o perímetro.

Jade abriu os olhos devagar. As lembranças vieram sem que ela pudesse contê-las. Agora, seu amigo estaria de volta. Estaria com ela e ela não o deixaria ir embora.

Seria um pouco diferente agora, já que ele havia dito que a amava, mas isso era algo que eles aprenderiam a lidar. Ela não o amava – não daquele jeito – e eles poderiam ser os mesmos de sempre, de qualquer forma.

Içou-se da cama e entrou no banheiro. Tomando um banho rápido. Queria chegar o mais rápido possível... Onde Gunther estava. E ela não fazia ideia de onde era, afinal, Celine não havia comentado onde ele estaria às 9h40min da manhã.

Jade colocou a primeira roupa que viu e penteou os cabelos o mais rápido que pôde. Quando saiu do banheiro, viu que Amatha tinha acabado de acordar.

A loira deu uma pequena olhadela para a amiga e depois um meio sorriso.

– Gunther chega hoje, não é?

– Sim.

– Deu pra perceber. – comentou a loira com um risinho. Jade percebeu que ela estava cheia de insinuações e resolveu ignorá-la.

Estava de muito bom humor para isso.

– Amy, eu vou indo. – disse quando terminou de calçar os sapatos.

– Mande um “oi” ao Gunther por mim. – murmurou a loira, ainda entre risinhos, enquanto Jade fechava a porta do dormitório.

Amatha era insana. Era a única coisa que ela pensava naquele momento. Era completamente óbvio que estava feliz por Gunther estar de volta. Sentiu muito a falta dele. Mais do que era possível expressar em palavras. Era muito mais do que normal que ficasse animada por ele estar de volta.

Mas, no momento, tinha coisas mais importantes para se preocupar. Por exemplo, onde Gunther estaria. Achou que era mais prudente perguntar ao professor Slughorn a respeito do que ficar andando as cegas pelo castelo. Não precisava de outra detenção por estar onde não devia.

O caminho até a sala do professor foi bem rápido. E isso se devia ao fato de que Jade estava correndo. Primeiramente, ela não percebeu que o fazia, mas depois que sentiu uma rajada de vento contra sua face e o coração martelando no peito, não teve dúvidas.

Chegou completamente cansada a seu destino. Apoiou-se na parede, enquanto batia na porta, para descansar.

Alguns minutos depois a porta se abriu e um Slughorn completamente animado apareceu.

– Srta. Bulstrude! Que alegria vê-la tão cedo! – ele sorriu – A que devo a honra de sua visita?

– Estou... – ela começou a falar, mas precisava de mais fôlego – Estou procurando Gunther Avery. Bom, a mãe dele me informou que ele retornaria à Hogwarts hoje, mas não sei onde ele se encontra... Achei que o senhor poderia... Saber.

– Claro que sei. Bom, acabei de deixar o Sr. Avery no Salão Principal, para que pudesse tomar um café da manhã respeitável. A Srta. pode imaginar como deve ser o café da manhã no St. Mungus, não?

– Obviamente... Obrigada, então... Eu vou indo para lá.

O professor acenou e voltou para dentro de sua sala.

A sensação que Jade sentia era... Bom, ela não saberia descrever. Não saberia nem que sua vida dependesse disso. Teria seu melhor amigo de volta, teria seu Gunther de volta.

Poderiam ser como quando eram crianças novamente, quando ela não havia entrado para Hogwarts e se fechado dentro de seu coração, de sua vingança... De Tom Riddle. Ouvia seus passos ligeiros no chão, mas não se importava que parecesse uma doida a olhos vistos... Estava tão feliz.

Mas não chegou ao Salão Principal. Seu caminho foi interceptado por um casal que trocava beijos bem no meio do corredor. Jade quis gritar e pedir para que eles tivessem a educação de sair dali, mas então ela viu de quem se tratava e seu coração quase parou.

Era Gunther.

Ele estava agarrado com uma garota de cabelos negros ondulados até a cintura. Jade ficou completamente atordoada com a cena. Gunther estava agarrado com uma garota no corredor. Eles estavam se beijando.

Ela não entendeu porque aquilo a incomodou tanto. Porque ela não gostava de Gunther, não daquele jeito. Mas uma parte de seu coração parecia ter sido arrancado e pisoteado.

Isso estava errado. Jade não deveria se sentir assim.

Seu plano era sair dali antes que um dos dois a visse, mas isso falhou completamente. Eles se desgrudaram e Gunther sorriu para a garota, um sorriso amargo.

– Não sei como isso pode dar certo...

A garota sussurrou algo que Jade não ouviu e o rosto de Gunther se virou diretamente para Jade.

– Ah! Jay! Oi!

“Oi”, agora ele me vem com um “oi”. Quero que ele pegue esse “oi” e coloque... Jade, não importa a circunstância, você não deve perder a pose.

– Oi, Gunt. – ela se esforçou para que sua voz soasse normal – Oi... – ela começou a dizer até reconhecer a garota a sua frente. Aquela era Callidora Augusta Black. Prima de Gunther

– Oi, Jade – disse a garota mirando-a com seus olhos azuis elétricos. Jade mal pode acreditar no que viu, quer dizer que Gunther estava beijando a prima. Isso não era... Não era muita aceitável, segundo sua Tia Sarah.

Ela deu um sorriso duro e se virou para Gunther, ainda um pouco abalada. Eram muitas coisas para ela assimilar naquele poucos minutos.

– Bom saber que voltou do St. Mungus, Gunt. Sua mãe disse que você chegaria hoje, mas... – ela se calou, não queria dar a impressão de que estava completamente desesperada para ter ele de volta – Bom, de qualquer forma, eu tenho que ir. Até mais.

Saiu dali antes que eles pudessem perceber o que ela estava fazendo.

Estava doendo. Estava machucando tanto.

Por que a visão daquele beijo não saia de sua cabeça? Parecia que ele fora marcado em brasa em seu cérebro, para que ela nunca mais tivesse a chance de esquecer isso! Correu para o Salão Comunal o mais rápido que pode. Tão rápido que suas pernas imploraram por descanso, mas ela não parou.

Que diabos está acontecendo comigo?

Entrou no dormitório e jogou-se em cima da cama que lhe pertencia. Deu graças à Merlin por estar só naquele momento, não precisava de ninguém para lhe fazer perguntas constrangedoras, buscando por respostas que nem mesmo ela tinha. Fechou os olhos e procurou buscar a concentração dentro de si. Infelizmente, foi interrompida por uma voz estridente e completamente alegre.

– Jay! – gritou Amatha, correndo para seu lado – Então! Como é que Gunther está? – ela riu e se sentou ao lado da morena. Quando Jade não lhe respondeu absolutamente nada ela pareceu perceber que havia algo errado – Jay?

A morena não tinha coragem de olhar para Amatha e lhe contar que estava chorando como um bebê porque Gunther estava beijando a tal Callidora. Que direito ela tinha sobre isso? Nenhum. E também ela não gostava de Gunther, sabia disso... Mas porque doía, então?

– Jade, me responda o que aconteceu? Ah, Merlin! Jade, você está chorando?

A morena limpou as lágrimas como pode e se virou para a amiga. Como poderia contar para ela o que estava sentindo de um modo que fizesse algum sentido? Acabou percebendo que não havia como.

– Bom, eu fui... Fui procurar Gunther. Você sabe o quanto senti a falta dele. De qualquer forma, eu só queria vê-lo, só queria... Não sei. Ele é meu melhor amigo, eu... Estava com saudades. – ela pausou e voltou seu olhar para as mãos – Primeiro, procurei o Prof. Slughorn para saber com certeza onde ele estava, ele me disse que Gunther estava no Salão Principal. Eu fui correndo para lá, literalmente, mas quando cheguei... – lágrimas teimosas queriam descer pelo rosto de Jade e mostrar o quanto ela estava sentida – Ele estava beijando, beijando aquela tal de Callidora, prima dele.

Jade terminou o relato com a voz completamente embargada. As lágrimas rolaram por seu rosto e ela sentiu completamente fraca e ridícula por seu comportamento.

– Ah, Jay! – Amatha sussurrou, abraçando a amiga e deixando que ela depositasse suas lágrimas em seu ombro – Ah, Jay!

– O pior de tudo, Amy, é que eu nem ao menos entendo o motivo de estar me sentindo assim! Eu nunca gostei de Gunther... Ele sempre foi apenas um amigo.

Amatha liberou Jade de seu abraço e olhou para a amiga. Um sorriso um tanto inoportuno surgiu no canto de seus lábios.

– Sabe, Jay, eu acho que você sempre gostou de Gunther desse jeito.

A morena começou a balançar a cabeça na mesma hora. Que asneira era aquela da parte de Amatha? Não. Ela estava começando a falar bobagens, ela nunca... Nunca...

– Você está louca, Amy.

– Não, não estou. – a loira disse com uma convicção invejável – Jade, eu quero que você me responda sinceramente a pergunta que vou lhe fazer. Se você mentir, lembre-se, não vai ser a mim que você estará enganando. – a morena assentiu e a loira prosseguiu – Quando você viu Gunther com a tal de Callidora, o que você sentiu?

Como se... Como se alguém tivesse resolvido que meu coração era um lugar perfeito para praticar sapateado. Como se um buraco tivesse sido aperto em meu peito. Como se nada mais importasse além do fato de que ele estava ali com... Outra garota.

Jade colocou as duas mãos na boca e mais lágrimas desceram. Então era isso... Ela tinha final e realmente se apaixonado e, cedido aos encantos de seu inescrupuloso e insensato coração. Ah, que estupidez! Que estupidez completa! Você não pode se apaixonar por Gunther! Está vendo? Você tinha que estar feliz porque ele arrumou alguém legal (já que você mesma mandou que ele te esquecesse), mas não! Se apaixonar por seu melhor amigo foi a sua ruína.

– Acho que você já percebeu... – Amatha comentou, solidária.

– Não, Amy! Isso não pode acontecer. Simplesmente não pode! O amor destrói os corações... Percebi isso quando estava gostando de Tom, ele invade as nossas barreiras, destrói as nossas defesas... Não! Isso vai destruir completamente minha amizade com ele.

– Isso só depende de você. – disse a loira. E com essa frase de efeito ela saiu do dormitório, deixando a morena sozinha com seus próprios fantasmas.

#*#*#

Gunther batucava os dedos insistentemente na mesa destinada a Sonserina no Salão Comunal. Ele estava apostando muito alto e podia perder tudo.

Callidora estava sentada entre duas amigas que ele desconhecia na mesa da Corvinal. Ele agradeceu a Merlin que sua prima não estivesse perto dele, afinal, fora por ideia dela que ele havia feito aquela bobagem.

Lembrou-se do dia em que acordou, no St. Mungus, e sua vida tinha dado uma volta de 360º...

Havia uma sensação de que estava vivo, mas não tinha muita certeza sobre esse fato. Também não tinha muita certeza de onde estava... Não conseguia distinguir o material abaixo de si... Sua pele parecia anestesiada.

Percebeu que seus olhos estavam completamente cerrados, mas abri-los parecia tão difícil que logo desistiu. Ouvia um barulho em seu ouvido, semelhante ao de uma abelha zunindo.

– Acabei de mandar a carta de Jade por Magdalena. – uma voz feminina falou e ele notou que era sua mãe – Ela está tão preocupada, pobrezinha... Se Slughorn ou Dippet liberassem ela, com certeza, estaria aqui.

Jade. Aquele nome foi entoado no pensamento do rapaz. Jade. Sua melhor amiga, por quem estava apaixonado metade de sua vida. Jade.

– Ja...de... – ele conseguiu sussurrar, descolando os lábios com um esforço mais do que enorme.

– Ah! Merlin! – ele ouviu outra voz conhecida, a de sua prima favorita – Gunther?

Esforçou-se mais para abrir os olhos. Estava confuso... Afinal de contas, onde é que estava? O que sua mãe estaria fazendo em Hogwarts? E Callidora? Ela teria voltado mais cedo de casa de para passar o resto do feriado na escola. Descartou a última opção. Seu tio, Arcturus, jamais permitia isso.

Quando suas pálpebras se descolaram ele se viu olhando para sua prima. Ela tinha grandes olheiras embaixo dos olhos azuis elétricos.

– Callie? – ele perguntou roucamente – Callie, que diabos você... Você voltou para Hogwarts no meio do feriado?

A prima levou a mão na boca. Parecia preocupada.

– Tia Celine, acho que é melhor a senhora conversar com ele.

A garota saiu da linha de visão de Gunther e sua mãe ocupou seu lugar. Seu cabelo estava preso em um coque mal arrumado e vários fios do cabelo negro caiam desajeitadamente em seu rosto.

– Olá, querido. Como está se sentindo?

“Querido”. A mãe estava chamando-o de querido. Sempre que ela o fazia algo de ruim tinha acontecido a seu “querido”. Normalmente o pronome de tratamento era “filho” ou “Gunther”. Mas querido... Bom, a coisa devia ser grave.

– Bem, na verdade. Um pouco anestesiado... Mas, o que foi que houve, afinal?

A mãe mordeu o lábio inferior, sinal incontestável de que estava nervosa.

– Você não se lembra?

Ele se lembrava de algumas coisas. Coisas difusas e não contextualizadas. Lembrava-se do grito de Jade. Um grito desesperado.

Balançou a cabeça. Devia estar sonhando. Jade não gritava, Jade não se desesperava.

A mãe balançou a cabeça e pôs-se a falar sobre o que lhe havia acontecido. Ele não prestou muita atenção, mas captou o principal do enorme discurso de sua mãe.

Segundo ela fora informada, Gunther havia sido atacado pelo Herdeiro de Slytherin. Isso fez Gunther ter uma vontade histérica de gargalhar. Ele era um Comensal da Morte de Tom Riddle, como seu mestre iria atacá-lo? Mesmo que odiasse o Lorde, bom, ele não atacaria um seguidor, não é? Ainda mais um sonserino de sangue puro...

O grito de Jade lhe voltou à mente e seu coração ribombou quando, com o grito, outras coisas também surgiram nesta. Lágrimas no rosto de Jade. A visão turva e vermelha. Uma dor lancinante no coração. A varinha de Tom Riddle apontada para ele.

Então era isso. Era verdade. O Herdeiro de Slytherin realmente havia o atacado. Jade realmente havia gritado... Realmente havia chorado.

Gunther jurou a si faria Riddle se arrepender por fazer Jade gritar, por fazer ela se desesperar daquele modo, por usá-lo como forma de atacá-la.

–... Então achamos melhor levar você para um lugar com mais cuidados. Por isso, você foi transferido para o St. Mungus. – sua mãe finalizou, sem perceber que o filho esteve desatento na metade do tempo em que ela falava.

Isso explicava bem o fato da sua mãe e sua prima estarem lá. Ele se concentrou em não demostrar sua raiva. Perguntou para mãe que dia era, há quanto tempo tinha andado desacordado e quando voltaria para Hogwarts. Celine foi paciente e respondeu as perguntas do filho.

Depois de alguns minutos, Callidora reapareceu. Celine disse que precisava avisar o curandeiro que Gunther havia acordado e saiu da sala deixando os dois sozinhos.

– Ai, ai, Gunther... Você nos deu o maior susto. – disse a prima – Nem acreditei quando tia Celine falou que você havia sofrido... Um ataque.

A voz da prima falhou e ele percebeu que ela também tinha ficado preocupada.

– Estou bem, Callie. Muito bem, aliás.

Ela assentiu.

– Sim, mas ficamos preocupados. Sua namorada principalmente.

Gunther elevou as sobrancelhas.

– Minha o quê?

– Sua namorada, oras. A Jade. – ela disse como se falasse com o ser mais obtuso da face da Terra.

Gunther sentiu uma fisgada em seu peito. Quisera ele que Jade fosse sua namorada... Mas ela não era. Era apenas sua amiga e o via apenas como um amigo e fizera total questão de deixar bem claro que seu coração pertencia a Tom Riddle.

– Ela não é minha namorada, Callidora. – ele disse – É minha amiga. Minha melhor amiga, mas nada além disso.

Callidora ergueu as sobrancelhas até que elas sumissem embaixo dos grossos fios negros.

– Primeiro, Callidora é a senhora sua avó, eu não gosto que me chame assim e você sabe muito bem disso. Segundo, não é por quê? Vocês parecem tão unidos...

– Já não disse que somos amigos? Amigos são unidos.

– Mas tanto não quanto você gostaria, pelo que me parece... – ela disse alto o bastante para ele ouvir.

– O que você está resmungando ai?

– Que você é um imbecil se acha que não dá para perceber que você gosta dela. E, pelas minhas contas, ela também gosta de você... Então, o que diabos vocês dois estão esperando para começarem a namorar?

Gunther desviou os olhos da prima. Não queria conversar com Callidora sobre Jade, porque sabia que ela não entenderia.

– Eu não gosto dela... – tentou argumentar, mas Callidora já estava abanando as mãos em um claro sinal de “fique quieto”.

– Claro que gosta. Está estampado na sua face, mas me responda: o que estão esperando?

Teimosa. Ele pensou. Uma parte dele queria mandar Callidora procurar o que fazer – o que seria muito mal educado, contando que ela tinha ido visitá-lo – e outra queria se abrir, afinal, eles sempre foram próximos.

– Ela gosta de outro cara.

– Quem?

– Você não conhece. Quero dizer, ele é de Hogwarts, mas está um ano abaixo de nós.

Callidora bufou.

– Isso é ridículo!

– O que, Callie?

– Jade. Com um namorado. Ela devia namorar você! Vocês são perfeitos um para o outro! Qualquer idiota pode ver isso!

Ele conseguiu dar um pequeno sorriso. Callidora ficava ridiculamente engraçada quando estava brava. Uma pequena “ruga” se formou entre as sobrancelhas da prima.

– Gunther, acho que sei qual é o problema de Jade...

– Ah, Merlin! Callie, é você que tem um problema: falta do que fazer.

– Dá para ficar quieto e me ouvir? – ela perguntou com um arzinho de irritação – Muito obrigada! Então, acho que o que ela precisa é perceber que gosta de você.

– Mas ela não gosta! Você tem algum problema auditivo?

– Já não te disse para ficar quieto, Gunther? Mas que coisa! É claro que Jade gosta de você, isso brilha no rosto dela. E não venha me dizer que não gosta – ela emendou antes que ele tivesse a chance de rebater –, porque eu lembro muito bem de quando éramos menores e Jade vivia indo nos jantares de Tia Celine...

– Como minha amiga. – ele frisou a palavra – Callie, é sério. Talvez fôssemos muito unidos quando entramos em Hogwarts, nos primeiros anos dela lá, mas depois Jade mudou, se fechou comigo, como havia se fechado com o resto do mundo.

– Você não está percebendo o que está bem na frente dos seus olhos... – ela comentou com um suspiro – Mas vamos, então, fazer um acordo? Se fizermos o que eu estou pensando e ela mostrar que gosta de você, ótimo, maravilha. Se não... Ai você esquece de vez, Gunther.

Gunther tentou não matar Callidora, mesmo que ela estivesse pedindo por isso. Ela estava se comportando como um ser ridiculamente estúpido que parecia não ouvir o que ele estava dizendo. Só que havia uma pequena parte dele que queria por a indiferença de Jade a prova.

– E o que você está pensando?

– Faça ciúmes nela. – Callidora soltou – Se ela não gostar de você, não vai se importar nem um pouco, mas se gostar... Ela vai mudar.

Aquilo era tão ridículo que Gunther teve vontade de rir. Contudo, aquela pequena parte de seu cérebro sussurrou: o que pode dar errado afinal?

– E quem poderia me ajudar com isso?

– Eu. – ela respondeu como se fosse óbvio – Quero ajudar, quero que Jade veja que gosta de você.

A ideia lhe pareceu tão absurda que Gunther nem teve tempo de responder antes do curandeiro entrar com sua mãe ao seu lado.

Agora, se lembrando de tudo isso, parecia que tinha feito a escolha errada.

Quando Callidora anunciou que voltaria junto com ele para Hogwarts, e não com o resto dos alunos, ele não desconfiava que ela estivesse tão decidida a levar aquela ideia a cabo. Achou que, como ele não tinha dado nenhuma resposta, ela entenderia seu silêncio como um “não”.

Mas quando eles estavam entrando no Salão Comunal, Callie enlaçou suas mãos em seu pescoço e sussurrou “Isso vai ajudar, eu aposto meu nome do meio nisso”, e depois o beijou.

Gunther não entendeu nada, mas, depois, quando viu Jade ali, parada, olhando com os olhos esbugalhados para os dois, percebeu que Callidora estava pondo seu plano em pratica.

E estava com medo das consequências desse plano. Mas agora não tinha como voltar atrás.

Olhou para o suco que estava a sua frente um tanto enojado, não estava com fome e as recomendações que o curandeiro fez incluíam comida “leve”. Ele imaginou que comida leve fosse sinônimo de uma gosma não identificada.

Não estava com nada de fome e não tinha a menor cabeça para ficar ali. Precisava voltar para o Salão Comunal, para seu dormitório, talvez dormir um pouco...

Ainda não tivera a chance de encontrar aquele abusado do Tom Riddle. Se tivesse... Ah, Merlin! Como gostaria de se vingar! Como gostaria de fazer ele ver que usar Gunther como uma arma para atingir Jade não era uma opção viável.

Jade... Ela ficou tão estranha depois que me viu ali com Callie. As palavras da prima penetraram em sua mente como adagas afiadas. “Faça ciúmes nela. Se ela não gostar de você, não vai se importar nem um pouco, mas se gostar... Ela vai mudar.” Jade estava, definitivamente, diferente quando os viu...

Isso é bobagem de Callidora. Ele advertiu a si mesmo. Jade só estranhou, mas, também, quem não o faria, não é? Somos primos. Primos não devem sair se beijando pelos corredores, ainda mais primos de primeiro grau. Aqueles curandeiros deveriam ter colocado alguma substância não aprovada pelo Ministério enquanto eu estava no St. Mungus.

De qualquer forma, sendo ilusão ou não, sendo um chute ao acaso ou não, Gunther precisava tentar. Precisava tirar Jade do encanto de Tom Riddle, de alguma forma... E se essa era sua única alternativa, então, que fosse assim.

#*#*#

Jade sentiu Amatha cutucar sua costela direita. Ergueu a cabeça e encarou a loira com uma cara não muito boa. Só havia saído do dormitório porque a amiga havia dito a Jade que ela não podia se abater pelo fato de Gunther estar saindo com a prima, que a morena tinha que continuar firme e forte, como ela sempre fora.

Amatha inclinou a cabeça para o lado e a apoiou no ombro de Jade. E sussurrou:

– Gunther está entrando. Aja normalmente, Jay. Vai dar tudo certo, prometo.

Como ela pode prometer algo que ela não sabe? Jade pensou. Reprimiu a vontade de dizer a Amatha que pela primeira em sua vida ela não tinha nenhuma ideia do que fazer, então, nada ia dar certo. E isso não era pessimismo.

Era a verdade. Nua e Crua.

Gunther entrou na sala e seus olhos voltaram imediatamente para onde Amatha e Jade estavam. Ele deu um meio sorriso e foi até elas.

– Amatha! – ele a cumprimentou com um abraço. Amatha e Gunther não eram tão amigos quanto Jade e Gunther ou Jade e Amatha, aliás, nos primeiros anos, eles mal se suportavam, mas agora eles eram razoavelmente próximos.

– Ei, Gunther! – a loira disse, retribuindo o abraço – Como está?

Eles se soltaram e Gunther ocupou um lugar no chão, de frente para as duas.

– Estou bem, a medida do possível, obviamente. – deu sorriso que se tornou meio amargo – É engraçado como algumas pessoas me olham... Como se eu tivesse pegado uma doença incrivelmente contagiosa...

Amatha se limitou a dar um curvar de boca discreto, mas Jade nem isso conseguiu fazer. Ele parecia não se importar com o que Tom Riddle havia feito, parecia achar que era engraçado...

A raiva e mágoa cresceram dentro de Jade. Tanto por Tom que havia provocado uma enorme dor em Gunther e por este também, por não entender a real gravidade da situação. Eu cheguei a pensar que ele estivesse morto... Que jamais o veria de novo... Que... O perderia para sempre. Ela sabia, bem no fundo, que precisava se controlar, que precisava agir com sua natural frieza, mas, de repente, ela parecia tão cheia de sentimentos que ela gostaria de arrancar... De reprimir... Para sempre.

Seu corpo deu voz a suas vontades antes mesmo que ela se desse conta do que estava fazendo. Quando deu por si, estava de pé, a um metro de dois pares de olhos assustados que a encaravam.

– Eu esqueci... – ela disse numa tentativa falha de parecer indiferente. Concentrou-se. Precisava sair dali sem ninguém em seu encalço – Eu esqueci de responder um bilhete de Andrew. – ela viu que Gunther a olhava desconfiado e continuou – Ele queria se saber quando você sairia do St. Mungus... – ela respondeu olhando diretamente para ele.

(n/a: link da música: http://letras.mus.br/evanescence/68610/)

Gunther assentiu, não parecia muito crente, mas não estava desconfiado e, certamente, não a seguiria. Jade se virou sem olhar para Amatha. Sabia exatamente o que encontraria nos olhos da amiga: desaprovação.

Mas como poderia continuar ali?

Querido amor, você não queria estar comigo?

E, querido amor, você não desejava ser livre?

Eu não posso continuar fingindo que nem te conheço

E que em uma doce noite você é só meu

Pegue minha mão


Suas pernas sabiam exatamente para onde ir, visto que seus olhos não enxergavam nada, de tão tresloucada que ela estava. Encontrou a saída dali e continuou seguindo, mas seu destino era completamente contrário ao corujal.

Nós estamos partindo daqui esta noite

Não há motivo para contar para os outros

Eles apenas nos atrasam

Então, ao amanhecer

Nós estaremos à meio caminho para qualquer lugar

Onde o amor é mais do que apenas o seu nome


Seus pés faziam barulho no chão enquanto ela corria em direção ao seu esconderijo, mas esse barulho não era tão alto quanto o que seu coração fazia. Sentia que ele podia explodir a qualquer minuto.

Eu sonhei com um lugar para você e eu

Ninguém sabe quem somos lá

Tudo o que eu quero é dar minha vida apenas a você

Eu sonhei por muito tempo, não posso mais sonhar

Vamos fugir, te levarei lá


Atravessou as estufas num rompante. Contava as passadas, primeiro a perna direita, depois a esquerda e de volta a direita... Não podia deixar sua mente vagar, não podia se deixar abater até chegar um lugar relativamente seguro. Embrenhou-se na floresta. Qualquer um se perderia ali, mas ela não. Conhecia aquele lugar muito bem... Quem dera se conhecesse seu coração tão bem assim.

Nós estamos partindo daqui esta noite

Não há motivo para contar para os outros

Eles apenas nos atrasam

Então, ao amanhecer

Nós estaremos à meio caminho para qualquer lugar

Onde ninguém precisa de um motivo


Apaixonar-se por Gunther. Quando é que isso tinha acontecido? Quando é que ele tinha deixado de ocupar a zona segura de seu coração para ir para na zona restrita e perigosa. Jade, finalmente, parou de correr quando chegou frente ao lago. Estirou-se no chão e deixou que as pontas de seus dedos tocassem o lago, aquela sensação era reconfortante e lhe dava segurança, o que ajudou a organizar seus pensamentos um pouco.

Esqueça essa vida, venha comigo

Não olhe para trás, você está a salvo agora

Destranque seu coração, baixe a guarda

Não há mais ninguém para te parar


Gunther era seu melhor amigo e ela nunca pensou que ele pudesse vir a ser algo mais que isso. Na verdade, quando ele disse que a amava, Jade ficou complemente assustada e sem ação, porque ela amava Tom. Mas isso tinha sido antes dele cometer aquela atrocidade com Gunther... Merlin! Nem ela mesma sabia o que estava sentindo e duvidava que isso fosse mudar por mais algum tempo.

Esqueça essa vida, venha comigo

Não olhe para trás, você está a salvo agora

Destranque seu coração, baixe a guarda

Não há mais ninguém para te parar


Mas e quanto a Gunther? Ele a amava em um dia e logo depois beijava a prima? E parecia ser um beijo sério, que devia ter certa concordância da família deles, já que namoros e casamentos entre primo era um assunto completamente delicado...

Nós estamos partindo daqui esta noite

Não há motivo para contar para os outros

Eles apenas nos atrasam

Então, ao amanhecer

Nós estaremos à meio caminho para qualquer lugar

Onde o amor é mais do que apenas o seu nome


Ela precisava de alguém para conversar... Ela precisa de sua mãe. Precisava que sua mãe lhe ajudasse a entender exatamente o que se passava dentro de sua mente e a procurar conjuntamente uma razão para Gunther ter mudado em tão pouco tempo. Mas Jade não a tinha. E também não tinha Gunther, contando que ela fora estúpida demais naquele armário de vassouras. Eu devia ter dito que o amava também. Eu devia ter dado uma chance a ele... Eu devia...

E, com esses pensamentos confusos, o sono se fez presente, fazendo Jade mergulhar na inconsciência.


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Notas finais do capítulo

E ai, pessoinhas?
O que acharam do capítulo?
Jade (finalmente!!) descobriu que seu coração bate mais forte por seu melhor amigo!!
Eu sei que teve uma parte bem pequena sobre a Mione, mas eu precisava explorar mais a história JayxGunt nesse capítulo...
Ah, gente. Mais uma coisinha rápida: a citação sobre "O Morro dos Ventos Uivantes" é uma intertextualidade entre a história de Tom e Mione... Heathcliff me lembra muito Tom e Cathy me lembra a Mione em alguns aspectos (poucos, já adianto), que provavelmente vão ficar mais aparentes daqui há alguns capítulos...
É isso gente... Espero que tenham gostado... Me contem, ok?
:*