Apelidos escrita por juvsandrade


Capítulo 3
Lembrol




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Bom, Ron pensou, pelo menos tem frango e pudim hoje.

Não que aquilo alegrasse completamente o seu dia.

Na verdade, nem aquele típico arrepio de ansiedade foi sentido pelo garoto. A coisa estava realmente feia para o seu humor não melhorar instantaneamente com o seu prato e sobremesa praticamente favoritos. Revirou os olhos e procurou alguém conhecido para se sentar, todavia, em cima da hora, resolveu sentar sozinho.

Simas e Dino não eram de grande ajuda em horas como aquela.

Neville muito menos.

Sentou no banco e encheu o prato até a borda. Sua mãe, com certeza, bronquearia ao ver toda aquela comida quase caindo para fora. "Por acaso você é um morto de fome? Eu não o alimento bem? E eu não lhe dei educação, Ronald?"

Certas horas sua mãe e certo alguém pareciam um mesmo reflexo.

Oh, não, outra vez aquele certo alguém.

Ron bufou e enfiou uma asa de frango inteira na boca, mastigando-a de uma forma mortífera e quase engasgando quando viu o certo alguém se materializando bem em sua frente, na mesa. O certo alguém sentou, como se nada estivesse acontecendo e se serviu com um terço do que ele se servira.

Em nenhum instante aquela pessoa levantou os olhos para mirá-lo e repreendê-lo.

Simplesmente começou a comer, perto dele, sendo que havia, obviamente, muito espaço de sobra na mesa. Ou será que era uma alucinação? Oh Merlin, a loucura dele já chegara naquele ponto? Tomou todo o conteúdo do copo de uma só vez, tentando digerir a comida. Sem querer, fez um barulho estranho que nem ele conseguiria explicar muito bem o que era, mas que serviu para fazer a cabeça dela se erguer e o olhar dela se encontrar com o seu.

Ela o olhou de um jeito estranho – mais estranho do que o normal -, como se quisesse compreender o que se passava, mas se frustrava ao perceber que não conseguiria. Antes que o insensível do Ronald Weasley estivesse preparado emocionalmente, ela atirou uma frase que fez com que um sorriso brotasse na boca dele automaticamente.

"Belo espetáculo...", Hermione arqueou uma sobrancelha e deixou o corpo imóvel, como uma estátua. "Digo, o que ocorreu no Salão Comunal."

"Lavender gosta de chamar a atenção..."

"Os gritos dela tornam a sua conclusão algo extremamente perceptível."

Ron sorriu um pouco mais. Há meses ele e ela não trocavam mais de um simples "bom dia" e aquela, bem, conversa era um grande passo. Se bem que aquele alguém insistia em ser absurdamente formal em cada palavra pronunciada.

Mas aquilo era melhor do que nada.

"Os meus ouvidos concordam com você."

Foi à vez de Hermione sorrir. Um pouco.

"Acho bom eles se acostumarem, porque eu tenho quase certeza de que eles ouvirão outra bronca amanhã. Por acaso você fez o trabalho que o Snape pediu?"

Quase que Ron engasgou pela segunda vez.

"Inferno sangrento, que trabalho?"

Hermione revirou os olhos amendoados e permitiu que eles pousassem mais uma vez nos azuis do trasgo. Será que ele nunca mudaria? Nunca, ao menos, amadureceria um pouco? Cruzou os braços debaixo dos seios, esquecendo-se da comida.

"Snape pediu para pesquisarmos sobre a utilidade de antídotos e soros, e, depois, diferenciá-los. No mínimo quinhentas palavras, com letra legível (ela frisou) e é para entregar, obrigatoriamente, amanhã..."

"Amanhã?", Ron quase caiu do banco. "Por que você não me avisou antes?"

"E eu por acaso tenho cara de lembrol?"

Pronto, a paciência se esvaíra. As orelhas dele se avermelharam e as bochechas dela ganharam a mesma tonalidade.

"Posso lhe sugerir algo?", a pergunta foi retórica. Hermione já se colocava de pé naquele momento, sem despregar os olhos flamejantes dos dele. Não esperou a resposta, simplesmente atirou: "Ao invés de passar todo o seu tempo livre grudado com a sua namorada, você deveria abrir os seus livros e fazer algo de útil!"

Antes que ele conseguisse formular uma resposta, ela já se afastara e saíra do Salão Principal com passos de elefante.

Sem saber o porquê, Ron sorriu.

Brigar com Hermione era bem mais divertido, de certa forma, se bem que ele preferia imensamente quando a paz reinava entre os dois... E talvez fosse aquilo que ele precisava (ok, ele tinha certeza de que era aquilo): um pouco de paz.

Aquele certo alguém poderia lhe dar aquilo, não é mesmo? Caso ele pedisse com jeito...

And it takes my breath away

E isso tira o meu fôlego

What you do, so naturally

O que você faz, tão naturalmente

It's intuitive, you don't have to try

É intuitivo, você não tem que tentar

It comes naturally, it comes naturally

Acontece naturalmente, acontece naturalmente


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