Mundo dos Sonhos escrita por Trezee


Capítulo 15
A Festa, Wilson e o Cão


Notas iniciais do capítulo

=D



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Segui o meu trajeto, passando por todos os lugares que minha mãe havia me pedido. No meio do caminho, comprei um cachorro-quente e fui devorando-o até chegar à loja.

                   Essa tarde seguiu igual à passada. Fizemos centenas de doces maravilhosos. A notícia diferente veio só no fim do dia, quando já estávamos prontas para irmos embora.

                   - Mel, quase estava me esquecendo! – gritou Marlene da cozinha.

                   Eu estava arrumando uma pilha de bandeja de doces na parte da frente da loja. Quando ela gritou levei um susto que quase derrubei tudo.

                   - Ai Marlene, o que foi? – disse assustada.

                   - A moça que está cuidando do cerimonial da festa de amanhã é muito minha amiga e ela está precisando de jovens, assim como você, para ajudá-la! – prossegui gritando da cozinha.

                   Interessei-me pela idéia e fui até onde ela estava para saber mais sobre o assunto.

                   - Ajudá-la como? – perguntei da porta da cozinha.

                   - Acho que servindo as coisas, retirando copos das mesas... Não sei muito bem, isso seria com ela. – explicou meio confusa. – Só sei que vai ser pago trinta reais.

                   - Pode dizer a ela que eu vou! – respondi entusiasmada.

                   Esses pequenos trabalhos que surgiam sempre eram bem vindos para mim, qualquer dinheiro extra era reservado à minhas economias que, por enquanto, não tinham um destino certo, mas creio que com certeza um dia iriam ser muito úteis.

                   Já em casa, depois do jantar, fui para a sala assistir um filme que iria passar na TV.

                   - Mel, não vai dormir muito tarde! Não esquece de desligar a TV. – avisou meu pai, subindo com minha mãe para o quarto. – Nós já vamos nos deitar.

                   - Está bem, eu não esqueço... Boa noite. – respondi.

                   O filme era bom, mas não conseguiu atingir minhas expectativas. Mais ou menos na metade, um peso avassalador atingiu os meus olhos, que se fecharam.

                   No outro dia, acordei toda torta no sofá, com dor no braço e a TV ligada. Desliguei-a antes de qualquer coisa e fui para a cozinha. Ainda eram sete horas da manhã. Não dava para acreditar que tinha acordado tão cedo em pleno fim de semana, mas não adiantava reclamar, eu já estava muito bem despertada. Esquentei meu leite e comi meu pão, sem fazer muito barulho. Não achava nada de bom para fazer, então, já que minha mochila estava na mesa da sala, aproveitei a mente fresca para dar uma estudada.

                  Depois de algum tempo lendo meus livros, minha mãe acordou. Quando se deparou comigo na mesa da sala, estudando, levou um tremendo susto.

                  - Mel! – disse ela espantada. – O que está fazendo?

                  - Acordei cedo hoje. – ri baixinho. – Já tomei meu café da manhã e estou aproveitando um pouco para estudar.

                  - Ah sim... Realmente é bom você estudar hoje de manhã, porque de tarde você vai ajudar na festa, não é? – indagou.

              - Vou! – exclamei. – Tenho que estar no salão às cinco horas, para começarmos os principais preparativos. A Marlene falou que vai ser um casamento muito bom.

              - Só pelo tamanho da encomenda de doces eu já pude perceber isso! – disse ela soltando uma boa risada.

              Apenas retribui o riso e voltei meus olhos novamente para os cadernos. Passei a manhã e boa parte da tarde em casa ajudando meus pais. Quatro e meia eu já estava pronta. A recomendação era ir de calça preta e blusa branca, porque lá colocaríamos um avental por cima. Arrumei o cabelo em coque, lotando as mechas de gel. Meu pai me levou até o salão e no horário marcado eu já estava plantada na porta. Havia ali outros jovens de preto e branco, com certeza com a mesma função encarregada a mim. Aproximei-me de um grupo de três meninas.

             - Oi. – sorri educadamente. – Vocês também vão trabalhar aqui esta noite?

             A menina mais alta olhou para mim com seus olhos grandes e maquiados e respondeu:

             - Vamos sim... Primeira vez?

             - É. – confirmei meia sem jeito.

             - Ah, acho que vai ficar lá dentro então! – comentaram entre si as outras duas meninas.

             - Lá dentro? – não me contive em interromper.

             - Sim, como você não deve ter muita experiência como garçonete, é bem capaz que fique na cozinha ajudando os preparativos. – respondeu a mais alta, ainda olhando para mim. – Mas não se preocupe, ficar na cozinha é melhor do que servir as mesas!

             - Sério? – perguntei curiosa.

             - Ahan. – falou uma das outras duas meninas, pela primeira vez comigo. – Eu faço coisas na cozinha geralmente, mas também já servi mesas. Pelo mesmo salário, com certeza cozinha é mais calmo... Vale a pena. – as três riram.

             Nesse momento chegou uma senhora com um conjunto fino de saia e terninho feminino preto. Destrancou a porta do salão e mandou que nós entrássemos.

             O lugar estava lindo, praticamente com a decoração pronta. Os detalhes em branco e dourado deram um brilho especial no contorno das cortinas e nas toalhas de mesa. Os arranjos de copo de leite estavam postos em dois vasos na entrada e em um vaso de único botão, em cima de cada mesa. A mesa do bolo estava arrumada com uma toalha de renda fina com suportes cromados, que sustentavam os pratos de doces, logo reconhecidos por mim. O bolo era de dois andares, branco, com glacê tingido de dourado. Tudo era tão belo e bem planejado. Sem dúvidas resultaria em uma linda festa.

              Fomos encaminhados a “cozinha”. Não era bem uma cozinha, mas sim o lugar onde iríamos preparar tudo. A mulher que vi anteriormente se apresentou como “Dona Rose”. Ela então nos separou em dois grupos. O grupo dos garçons, que iriam servir os convidados nas mesas e o grupo dos ajudantes, que iriam ficar ali, preparando as coisas. Como já imaginara, fui escalada como ajudante. Essa idéia pareceu até legal, devido à pequena conversa que tive com as três meninas na entrada.

             Antes da festa começar, fizemos muitos preparativos, todo o bastidor de uma festa, que achei muito interessante.

             Mais ou menos umas oito e meia, os convidados começaram a chegar. A frota de garçons e garçonetes saiu para atendê-los. De início pensei que ia ficar um pouco perdida nos afazeres, mas surpreendentemente me dei muito bem com minhas tarefas. A noite foi passando e estava até mesmo prazeroso trabalhar ali, no meio de jovens. Eu deveria ser uma das mais novas, se não a mais nova. Os outros aparentavam ter por volta dos seus vinte anos, principalmente os garçons. Mas isso não influenciou em nada, o convívio foi muito agradável. Foi tão legal essa experiência que nem vi a hora passar. O meu horário era até duas da madrugada. Foram bem pontuais, nesse exato horário nós já tínhamos terminado nossa parte, então formamos uma fila e ao entregarmos os aventais, recebíamos nossos trinta reais. Fiquei esperando na porta do salão enquanto meu pai não chegava. Coitado, eu que trabalho até tarde e ele que precisa ficar acordado até altas horas para me buscar.

                Já em casa, guardei meu pequeno salário junto com as outras economias, tirei a maquiagem e desmaiei na cama em um sono profundo e gostoso.   

                Por ter trabalhado até tarde, no dia seguinte tive o privilégio de dormir até quase onze horas. Só acordei com minha mãe me puxando da cama. No comecinho da noite eu e meus pais fomos dar uma volta no shopping. Diferente da maioria das mulheres, que são fanáticas por compras, eu e minha mãe somos bem tranqüilas nesse quesito. Quando vamos passear no shopping, gostamos de curtir o momento familiar, olhar vitrines bonitas e andar mesmo. Compramos o básico que precisamos, sem muitos supérfluos.

               Voltamos para casa com poucas sacolas. Já era quase hora de dormir. Coloquei o pijama e deitei, mesmo que sem sono. Fiquei ali, na esperança de que eu conseguisse dormir mais cedo. Mas fiquei só na esperança mesmo. Fui conseguir pregar meus olhos bem tarde e a felicidade que pairava em mim, pois há noites não tinha pesadelos, cessou.


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Notas finais do capítulo

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