Lullaby escrita por juvsandrade


Capítulo 2
II




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Please come now, I think I'm falling
Por favor, venha agora, eu acho que estou caindo
I'm holding on to all I think is safe
Eu estou me segurando em tudo que acho ser seguro

A escada soltou um rangido alto. Tão alto que Hermione pode ouvir Bichento movendo-se incomodado no tapete do andar debaixo. Pouco se importou com o olhar que o seu felino irritado lançou-lhe. Os olhos amarelos voltaram a descansar e Hermione voltou a forçar as pernas a funcionarem. Mais alguns degraus e estaria onde deveria estar. Apenas mais alguns degraus...
Parou. A porta estava encostada, não aberta como costumava ficar. Sentiu-se incomodada, pois não sabia se possuía a permissão para entrar. Nem ao menos sabia se ele gostaria que ela entrasse.
Os dedos começaram a formigar. Depois a mão por completo. E pararam de arder somente quando encontraram a madeira carcomida pelo tempo e pelas traças, para então empurrá-la e ter a visão perfeita da tradicional bagunça de Ron. Os pôsteres dos Chudley Cannons seguiam ali, assim como as pilhas de livros e roupas encontradas nos quatro cantos do cômodo. Tudo estava em seu devido lugar, como sempre, e Hermione desejou que pudesse encontrar o Ronald de sempre ali. Sentado na cama, de pernas abertas, com um velho jeans surrado e uma blusa amassada. Com os cabelos vermelhos mal-penteados, com um sorriso despreocupado nos lábios e algum comentário inútil preso na ponta da língua. Queria tanto encontrar aquele Ronald que, como se alguém tivesse esmurrado-lhe o rosto, entristeceu-se ao avistar, deitado de costas para ela, o dono de seus pensamentos. 

— Eu posso entrar?

It seems I've found the road to nowhere
Parece que eu achei a estrada para lugar nenhum
And I'm trying to escape
E eu estou tentando escapar

A pergunta da garota ficou perdida pelo ar. Ron apenas moveu um dos ombros largos, não dizendo uma palavra sequer. Hermione considerou aquilo um sim. E, mesmo se fosse um não, ela entraria.
Ela entraria, sentaria na cama dele, procuraria os olhos dele e tentaria, de todas as formas que encontrasse, fazê-lo sentir-se um pouco menor-pior. Faria aquilo, pois não se perdoaria caso não conseguisse apaziguar o sofrimento de Ron. Afinal, amigos serviam para aquelas coisas... Para os momentos bons e para os momentos ruins. Fosse o que fosse, acontecesse o que acontecesse.
Amigos secavam as lágrimas.
E Hermione estava disposta a secar todas as lágrimas que Ron derramasse. 

— Ron... — chamou-lhe pelo nome, mesmo tendo a noção de que não obteria resposta novamente. — Rony...

Deu passos leves para não se exasperar. Roçou somente as pontas dos dedos na coberta da cama dele, ansiando por tocar-lhe na perna em um carinho inocente, todavia recuou os dedos para a barra da própria blusa, temendo assustá-lo. E, atrevendo-se talvez mais do que deveria, sentou na beirada do colchão, próxima, bem próxima dele.
Mas Ron não lhe afastou.
Ron nem ao menos se pronunciou.
O olhar perdido em um ponto qualquer da janela coberta por gotículas de água da chuva fraca que caia do lado de fora era o mesmo do funeral. O olhar distante, constante...

I yelled back when I heard thunder
Eu gritei quando ouvi o trovão
But I'm down to one last breath
Mas estou no meu um último suspiro
And with it let me say
E com ele deixe-me dizer...


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