Shadow Kiss por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 26
Capítulo 26




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Olhar para Rose ali, fez todo meu corpo reagir. Antes eu estava relaxado e descansado, afinal, a igreja era um lugar onde eu me sentia muito bem. Mas quando ela entrou e parou na minha frente, a minha tensão habitual voltou.

“Rose, está tudo bem?” perguntei, já me levantando e indo em sua direção. Ela veio até mim, me fazendo sentar novamente. Ela se sentou ao meu lado, próxima a mim. Muito próxima. E eu me perguntava o que a tinha trazido até aqui.

“Sim... bem, mais ou menos. Nada de colapso, se é isso que lhe preocupa. Eu só tenho uma pergunta. Melhor, uma teoria.”

Eu a olhei atentamente, a encorajando para que contasse tudo. Então ela começou falando toda conversa que teve com Alice, uma alimentadora que Christian sempre via.

“Tudo começou com uma piada que eu fiz com Christian, sobre eu virar um fantasma e voltar para assombrá-lo. Então, Alice falou que se eu fosse um fantasma, eu não poderia assombrar Christian por causa das wards porque as wards funcionam contra os fantasmas da mesma forma que funcionam contra os Strigois. Elas mantém fora tudo que não é vivo. Ela acha que se eu estou vendo fantasmas é porque as wards estão falhando. Você não acha que isso faz sentido? Eu só senti a dor de cabeça enquanto estava fora das wards, durante a viagem, não senti na Corte e nem aqui na Academia. Alice acha que se não for isso, eu estou realmente louca.”

“Eu conheço Alice. Não acho que ela seja confiável.”

Essa Alice era uma humana, viciada em endorfinas Morois e sempre vivia dopada. Não era alguém que podíamos levar a sério.

 “Eu sei. Eu pensei a mesma coisa. Mas muita coisa faz sentido.”

“Nem tanto. Como você disse, porque suas visões são tão irregulares aqui? Isso não combina com a sua teoria. Você deveria se sentir como você se sentiu no avião.” Falei, tentando ser racional. Os fatos não estavam se encaixando, embora parecesse uma boa explicação.

“E se as wards estiverem apenas fracas?”

Eu neguei com a cabeça. Aparentemente, Rose não conhecia o processo de renovação das wards. Poderosos Morois, usuários dos quatro elementos, se juntavam para renovar as wards a cada duas semanas, mesmo sabendo que elas levavam meses para começar a enfraquecer. Além do mais, todos os guardiões, durante suas rondas, checavam constantemente se haviam estacas em sua extensão. As estacas podiam quebrar as wards, mas só eram usadas para isso por humanos a serviço de Strigois.

“Isso é impossível. As wards levam meses para enfraquecer e novas são colocadas a cada duas semanas.” Eu expliquei para Rose, que me olhou com um ar de decepção. Eu entendi seu desapontamento. A outra explicação - que falava da loucura - dada por Alice era o que Rose mais temia.

“Tão freqüentemente?” ela perguntou com a voz baixa “talvez elas estejam sendo quebradas. Por humanos, ou algo do tipo -  como vimos antes.”

“Guardiões andam pelo território várias vezes ao dia. Se houvesse alguma estaca na fronteira do campus, nós notaríamos.” Eu tinha obrigação de ser racional com Rose. Eu nunca deixei que ela se iludisse com nada, não faria isso agora. O seu olhar triste aumentou, como se sua última esperança de não ser louca tivesse sido destruída. Eu segurei sua mão e ela tentou puxar de volta, mas eu me mantive segurando. Eu queria que ela entendesse que tudo podia, sim, ser desencadeamento do estresse que ela passou.

“Você pensou que se ela estivesse certa, tudo estaria explicado.”

Ela acenou “eu não quero ser louca.”

“Você não é louca.”

“Mas você não acredita que eu estou realmente vendo fantasmas.”

Eu olhei para o lado, encontrando as chamas de uma vela que queimava aos pés de um dos santos. Tentei ponderar tudo mentalmente, mas realmente eu não conseguia acreditar que fantasmas existiam. Era nisso que eu não acreditava. Ao mesmo tempo, eu queria acreditar que Rose tinha razão, como eu sempre acreditei em tudo que ela falava e fazia, e isso era conflituoso dentro de mim. Eram pensamentos opostos que batiam de frente na minha mente. Principalmente, depois do diagnóstico dado pela Dra. Olendzki, isso sim era algo plausível. Nem wards fracas, nem loucura. Apenas estresse.

"Eu não sei. Eu ainda estou tentando manter minha mente aberta. Estar estressada não é a mesma coisa que estar louca.”

“Eu sei. Mas... bem... tem outra coisa...”

Então ela me atualizou dos questionamentos que tinha andado fezendo ao padre Andrew. Eu realmente fiquei surpreso dela se interessar por histórias de santos. Claro, era uma história que tinha muito a ver com o que ela e Lissa estavam passando, mas ainda sim, era surpreendente. Ela contou que Anna, a guardiã do St. Vladmir puxava a escuridão o espírito dele, até que um dia, ela não suportou mais e ficou louca, e terminou se matando em um surto.

“E ainda tem o que Adrian falou. Ele disse que minha aura é negra. Isso não é bom.”

Eu a olhei de forma especulativa. Ela também tinha se aberto com Adrian? Será que ela tinha contado a ele tudo, antes de me contar? Eu tinha que perguntar isso, mas de uma forma que ela não percebesse o que eu queria saber.

“Você contou isso a mais alguém? Lissa? Sua conselheira?”

“Não” ela falou com a voz fraca e olhando para baixo “eu tive medo do que eles poderiam pensar.”

Ela respondeu minha pergunta de forma satisfatória. Mas não pude deixar de me sentir triste com a sua vulnerabilidade. Eu apertei a sua mão com mais força.

“Você tem que parar com isso. Você não tem medo de se jogar contra o perigo, mas fica apavorada em deixar que alguém conheça você.”

“Eu... eu não sei. Talvez” ela falou, voltando a me olhar nos olhos.

“Então porque você me contou?”

Ela deu um pequeno sorriso “Porque você me disse para confiar nas pessoas. Eu confio em você.”

“Você não confia em Lissa?”

“Eu confio nela. Absolutamente. Mas não quero contar a ela coisas que a deixem preocupada. Eu acho que é um jeito de protegê-la. É como manter os Strigois longe.”

Eu admirava muito Rose não só pela força e coragem, mas também por este profundo senso que ela tem sobre ser uma guardiã. E também era muito bonita essa amizade que ela tinha por Lissa. Apesar de toda admiração e da explicação dada, eu ainda não entendia porque Rose não estava demonstrando muita confiança nela. A amizade de Lissa iria fazer muito bem para ela.

“Ela é mais forte do que você pensa. Ela sairia do caminho dela para lhe ajudar.”

“E daí? Você queria que eu confiasse nela e não em você?”

“Não. Eu queria que você confiasse em nós dois. Eu acho que seria bom para você.” Eu olhei para ela, estudando suas feições. Por um momento me ocorreu o pensamento que ela não queria envolver Lissa em tudo isso para não deixá-la culpada caso acontecesse um possível processo de loucura  “O que aconteceu com Anna incomoda você?”

“Não” ela olhou para um ponto distante “Me assusta.”

Aquela declaração dela me deixou atordoado. Aquilo que aconteceu com Anna também me assustava, quando eu pensava que era um possível destino para Rose. Eu não podia imaginar o que seria de mim se Rose enlouquecesse. E, apesar de pensar que isso não aconteceria com ela, eu tinha que admitir que era uma realidade muito próxima.


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