Shadow Kiss por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é quase feito totalmente de "pensamentos de Dimitri", espero que gostem...beijinhos!



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Os dias seguintes se passaram calmos. Eu tinha retomado a minha rotina na escola, a que eu tinha antes de viajar para a Corte. Bem, quase. Antes, eu treinava com Rose antes e depois das aulas. Agora, só tínhamos um período de treino e estes períodos variavam entre de manhã cedo ou no final do dia. Tudo dependia do horário que ela tinha agendado com a conselheira da Academia. Nós não falamos mais sobre o que aconteceu no avião ou sobre a conversa que tivemos, eu tinha decidido que não iria retomar aquele assunto, a não ser que ela mesma o provocasse. Eu precisava testar se ela confiava em mim. E, também, ela precisava de um tempo só dela. Mesmo assim, cada vez mais eu me sentia próximo a ela e era difícil de resistir a tanta proximidade. Cada olhar, cada sorriso, cada toque, mesmo que casual, era uma verdadeira tortura para mim. Eu não conseguia mais trancar tudo que eu sentia por ela dentro de mim, pior, eu não queria mais guardar tudo aquilo. Eu ainda era atormentado pelas palavras de Rhonda e algo me dizia que cada minuto que eu passava longe dela era um minuto perdido na minha vida. O pior era que eu não sabia se eu tinha esse tempo para perder. Apesar de ser sempre bem racional e de raramente me deixar levar por intuições, eu tinha um pressentimento que algo sério estava para acontecer. Algo muito ruim. E eu realmente esperava que isso não envolvesse Rose.

Todos os dias, eu me reunia com os demais guardiões da Academia para organizarmos os ataques aos alunos, e ali eu podia ver como todos estavam preocupados com Rose. Aquele surto tinha tido muita repercussão entre eles, muito embora os estudantes não tivessem tomado ciência do ocorrido. Eu pude sentir que o quê Alberta tinha falado para a Dra. Olendzki não era algo que funcionava muito bem, na prática. De fato, os guardiões deveriam aprender a lidar com tragédias, mas era claro que muitos deles não tinham superado seus próprios traumas. Era como se a maioria tentasse dar a Rose a chance que eles mesmos não tiveram.

Por vários dias, eles tinham optado por não realizar ataques a Rose, não sem antes analisarmos os primeiros relatórios do aconselhamento. As consultas eram sigilosas e não sabíamos o que a psicóloga e Rose conversavam, mas a conselheira deveria apresentar relatórios de diagnóstico do caso que ela estava tratando. Eu estava particularmente ansioso para ler o que ela diria. Eu ainda tentava encontrar uma explicação lógica, ainda tentava cobrir os buracos das teorias de Rose, mas não encontrava nada plausível. Eu confesso que não conseguia acreditar que eram realmente fantasmas.

Naquela tarde, eu caminhava em direção ao meu dormitório. Eu vinha de uma sucessão de ataques a alunos e precisava me limpar. Também sentia o gosto de sangue na boca. Um dos alunos havia me acertado com um livro de capa dura, colocando em prática o que tinha aprendido nas aulas teóricas. Nós dizíamos que um guardião devia usar tudo que estivesse ao seu alcance como arma. Pois bem, este aluno tinha utilizado um livro que estava nas mãos de seu protegido.

De longe, eu vi Rose saindo do prédio administrativo, provavelmente vindo de sua primeira sessão. Em um impulso, caminhei em sua direção, para perguntar se tinha corrido tudo bem. Mas uma pessoa foi mais rápida do que eu, me fazendo parar, próximo a uma árvore: Adrian. Ele havia praticamente surgido atrás de Rose. Eles conversavam e caminhavam para a área comum dos estudantes e eu decidi voltar para o caminho que eu estava seguindo, novamente lutando para controlar o ciúme que eu sentia por ver os dois próximos. Mas aquilo era algo que eu estava trabalhando em mim, uma vez que Adrian estava passando um período lá e estava praticando mágica com Lissa. Isso o colocava praticamente colado a Rose. Não era algo que eu podia intervir ou mudar. Era algo que eu teria que lidar.

Depois de passar o dia inteiro observando os alunos e realizando ataques, eu me sentia exausto. Mas nada se comparava ao meu cansaço mental. Era muito difícil guardar tudo dentro de mim. Algumas horas, o peso de todas aquelas emoções se tornava insuportável. Fui até o refeitório dos guardiões comer algo. Quando estava de saída, Celeste me encontrou.

“Olá Belikov. Quer companhia até o dormitório?” ela tinha um corte em seu rosto, provavelmente provocado por algum aluno ao se defender.

“Eu não pretendo ir para lá. Estava pensando em ir à igreja, antes de me recolher.” Eu disse, sem querer muito entrar em detalhes.

“É um bom lugar para se terminar o dia.” Ela falou sorrindo

Mesmo tendo destinos diferentes, caminhamos pelo campus, conversando assuntos cotidianos, até que chegamos ao ponto que nos separamos. Ela seguiu para o dormitório e eu fui para a igreja. Lá, encontrei o padre Andrew envolvido com seus próprios afazeres. Ele sorriu quando entrei, mas não se dirigiu a mim. Ele já estava acostumado com a minha presença, já que eu ia muito ali, para pensar na vida. Era um lugar onde eu encontrava paz.

Eu gostava de observar a expressão dos santos, enquanto pensava. O cheiro de incenso, a pouca luz e as sombras das velas ajudavam a deixar o ambiente tranqüilo.

Eu me sentei no último banco e fiquei pensado em como a minha vida tinha chegado a este ponto. Há pouco menos de um ano atrás, eu estava na Corte, logo após a morte de Ivan Zeklos, o meu protegido. Eu tinha sido enviado para lá, até ter uma nova designação. Foi quando fui solicitado para trabalhar na Academia. Na verdade, foi uma designação dupla, já que eu também protegeria a princesa Dragomir. Qualquer guardião se sentiria vaidoso com isso, afinal não eram todos que tinham seus conhecimentos de luta reconhecidos ao ponto de se tornarem instrutores de guardiões novatos, e nem eram tão bons para proteger uma princesa da família mais rara da realeza. Mesmo assim, eu não conseguia sentir uma motivação, não conseguia ver um sentido para a minha vida. Tudo isso mudou quando conheci Rose. Eu ganhei um novo ânimo, minha vida teve um novo sentido, ao mesmo tempo em que o pouco de paz que eu ainda tinha, se esvaiu.

Eu estava completamente perdido em meus pensamentos, quando a razão do meu tormento apareceu na minha frente. Rose havia entrado na igreja. Logo, fiquei tenso, imaginado que algo tinha acontecido por ela me procurar ali e próximo da hora do toque de recolher dos estudantes. Mas a sua expressão doce me disse que nada sério tinha acontecido.


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