Já estava em casa, havia aberto a porta lentamente para que meus pais não percebessem que eu havia saído, eles estavam virados de costas, não dava para ouvir nenhum barulho. Estava chegando nas escadas que iriam me levar para o quarto, mas no terceiro degrau, quando eu pisei me desequilibrei, e cai. O barulho foi tão alto que eu percebi que minha mãe havia pulado do sofá, por causa do susto que ela havia tomado.  

- Fernanda ? - disse meu pai com o tom de voz alto.

Não respondi, estava com medo, e também achei que poderia me livrar dessa fácil, mas infelizmente me enganei, meus pais eram mais espertos do que parecem.

- O que você estava fazendo fora de casa neste horário ? você se esqueceu que está de castigo por duas semanas, mocinha ? - disse minha mãe, percebi que estava muito preocupada.

- É.. eu fui procurar vocês no mercado, vocês é ... estavam, bem, demorando muito, por isso ! - disse tentando disfarçar

- Ah, entendi ... você sabe que quando vamos fazer compras voltamos as 16 horas, em ponto, nunca atrasamos mais de um minuto, e eu ja te disse que você tem que aprender a disfarçar melhor, Fernanda Willians ?  - disse meu pai, aquele grosso.

- Pai, mas é verdade, me desculpa, mas é que ... 

- Sem mais nem menos, não quero ouvir nenhuma palavra sua, eu ja entendi, você mentiu e ponto. Agora por favor, suba para o seu quarto agora, arrume seu material, amanhã é o primeiro dia de aula, deixe tudo pronto que daqui a pouco sua mãe subirá para ter uma conversa seríssima com você.

Sem discutir eu subi. Arrumei meu material para amanhã, estava muito anciosa para o primeiro dia de aula, mas ainda não havia esquecido da '' conversa seríssima '' que minha mãe ia ter comigo. Peguei meu livro e comecei a ler, e esperei minha mãe subir depois de um tempo, eu nunca havia aprontado com meus pais, mas aquilo valeu muito a pena, eu e Daniel ficamos muito amigos, estava anciosa para ir a casa de Marina outra vez e me encontrar com o garoto dos meus sonhos.

- Filha ? - ouvi a porta se fechar, era minha mãe

- Fala - eu disse, emburrada

- Olhe, eu não estou brava... fiquei tranquila - disse minha mãe, mas mesmo assim percebi que estava decepcionada.

- Como assim você não está brava ? Fala sério mãe, me deixe em paz - eu disse.

- Olhe, eu não estou brava mesmo, mas eu acho que você não está mais na idade de ficar de castigo, e essas coisas de proibições, entende ? - disse minha mãe.

- Sério ? quer dizer ... eu sei mãe, mas porque então você me deixa de castigo ? - disse

- Tudo isso está acontecendo por causa de seu pai, ele acha que você ainda é muito nova ainda para, você sabe, ficar voltando de casa neste horário - minha mãe disse.

- Mas eu não entendo, ainda são 18:30, não é muito tarde, como eu odeio meu ... 

- Não diga que odeie seu pai ! - disse minha mãe, me interrompendo - olha, agora faça o que tenha que fazer e depois durma, deixe que eu converso com seu pai, tudo bem ? - disse minha adorável mãe.

- Tudo bem .. eu sabia que poderia contar com você, mãe - disse eu, abraçando-a.

Depois dessa nossa '' conversa seríssima '' , minha mãe foi resolver as coisas com meu pai, e eu fiquei deitada, pensando, adormeci, sonhei.