Após o Apocalipse escrita por Alana5012


Capítulo 5
Tal Pai, Tal Filho


Notas iniciais do capítulo

Legenda
Diálogos: - Creio que sim, Lucian; você não?
Pensamento: "Itálico"
Lembrança: Negrito
Narração: O fato é que muito ainda estava para acontecer - outra vez...
Mudança de Tempo e Espaço: ●๋..●๋



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  No final do século XVI, durante as primeiras tentativas de colonização da América, um grupo de aproximadamente uma centena de colonos estabeleceu-se em uma ilha, chamada de Roanoke - atual estado da Carolina do Norte. Após três anos, os ingleses retornaram ao local, porém não havia sinal de nenhum habitante; ninguém sabe ao certo o que aconteceu. Tudo o que encontraram foi uma inscrição numa árvore: “Croatoan”. Sim, o mesmo termo que os rapazes encontraram também entalhado num arvoredo duma cidade que havia sido contaminada por Azazel; a mesma palavra que Dean encontrou pixada naquele muro quando Zachariah o fez viajar cinco anos no futuro para ver com seus próprios olhos a devastação que seria causada pelo Apocalipse, para convencê-lo à ceder a Miguel. E agora, cinco anos mais tarde, lá estava seu irmão, não sendo possuído por Lucífer, servindo de receptáculo, mas sim sentado em sua sala de estar, ao lado da jovem por quem se apaixonara antes do fim do mundo e do namorado da mesma... Sorriu. E foi entretido observando essa cena que não reparou na expressão marota de Ben.

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  Outra vez um silêncio perturbador instalara-se entre os três; tal qual no restaurante, nem Alice, Lucian ou Sam atreviam-se a proferir uma palavra sequer. A primeira estava desconcertada: ainda que de um modo estranho e sobrenatural, era casada com Samuel (ou Lucífer); estar na presença deste e do namorado só piorava a situação. Por outro lado, o rapaz encontrava-se aborrecido. Detestava os Winchesters e só concordara em comparecer aquele jantar pela moça ter expressado um grande desejo em ir, e obviamente não permitiria que a mesma fosse desacompanhada, ainda mais sabendo que esta ficaria sozinha ao lado de Sammy. Entretanto, as perguntas que o menino fazia, e a forma como tentava provocá-lo ou excluí-lo da conversa o irritava em demasiado; “Tal pai, tal filho...”, pensava. De fato, Ben e Dean eram muito parecidos. Quanto ao caçula dos irmãos, este permanecia calado, fitando os próprios pés, titubeando os dedos no encosto da poltrona, muito apreensivo; nervoso e temeroso quanto a falar com Alice, e incerto quanto à verdadeira identidade de Lucian. Estava ciente de que o mais prudente no caso seria tentar comprovar suas suspeitas, no entanto, nada lhe vinha à cabeça.

  - Hã... Então, Lucian. - Chamou-o pouco receoso - Você por acaso é cristão?

  - Não. - Respondeu-o seco. Perguntava-se se o moreno suspeitava de algo. “Não é possível! Fui tão cuidadoso...”

  - Hm. - Murmurou - Não acredita em Deus? - Indagou, franzindo o cenho.

  - Estou certo quanto a sua existência; só não sou um devoto. - Sorriu-lhe de maneira fria. Começava a ficar frustrado pela insistência do outro no assunto.

  - O jantar está pronto! - Anunciou Lisa, adentrando o recinto nesse exato instante.

  - Ótimo. - Alice sorriu, colocando-se de pé - Vamos, rapazes?

  - Claro! - Responderam em uníssono, levantando-se logo em seguida. Nenhuma das duas notou a troca de olhares hostis entre ambos.

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  A mulher enchia a taça com vinho tinto sendo observada atentamente pelo menino, que tinha no olhar uma grande expectativa.

  - Querida, pode passar a salada de batatas? - A travessa estava pouco distante do loiro, que havia sentado-se numa das cabeceiras da mesa de jantar; ao seu lado esquerdo estava Sam, que continuava comendo em silêncio. Alice e Lucian encontravam-se na frente do mesmo, ocupando o lado direito da mesa, enquanto Ben estava à sua esquerda. O garoto enxergou a oportunidade que esperava nesse momento; antes que a mãe, que estava sentada entre o moreno e ele, pudesse alcançar o prato, berrou:

  - Deixa que eu pego! - Ao fazê-lo, esbarrou propositalmente na taça da mesma, que rolou pela mesa, espalhando a bebida ainda intocada, derrubando a maior parte de seu conteúdo nas vestes jovem, que ficaram manchadas.

  - O QUE VOCÊ FEZ?! - Vociferou para o mesmo zangado.

  - Sinto muito, Lucian, foi sem querer! - Desculpou-se; mas assim como ele, o Diabo sabia que o fizera intencionalmente. Um sorriso discreto dançava nos lábios do Winchester mais velho, que assistia a tudo com certa satisfação. “É o meu garoto...” Pensava orgulhoso. Sam e Alice entreolharam-se boquiabertos, perplexos com o que presenciavam.

  - Calma, Lucian! Foi apenas um acidente... - A garota intercedeu em favor do menino. “Não, Alice, não foi um acidente: esse pestinha puxou o pai!” Era o que desejava dizer; porém, não o fez.

  - Óh! - Lisa cobria a boca com as mãos pasma - Eu não sei o que dizer... Lamento por isso, prometo que não vai voltar a acontecer... Deixe-me ajudar a limpar! – Falava outra vez visivelmente constrangida; as maçãs do rosto tingidas de escarlate. Com o auxílio de um guardanapo, tentava secar as roupas do rapaz, entretanto só conseguia manchá-las ainda mais.

  - Tudo bem, eu sei que não vai... - Lucian mirou o garoto com certo rancor; como se prometesse uma vingança - Se me dão licença, vou à cozinha. - Claro que limpar um pouco de vinho não seria problema para o Satã. Mas...

  - Eu vou com você! - Para a sua surpresa, a morena ofereceu-se para acompanhá-lo como maneira de redimir-se pelo ato do filho. Tentou negar, dizendo que não seria necessário, porém esta insistiu. Foi obrigado a concordar.

  - Benjamin Braeden, quero falar com você. A-GO-RA! - O tom que usava denotava ira. Dean fitava de um jeito reprovador o garoto, que já não preocupava-se em segurar o riso. Ao perceber, este cessou imediatamente e o acompanhou até o cômodo ao lado.

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  Estava certo de que levaria uma bronca; já formulava uma desculpa, quando foi surpreendido por uma gargalhada baixinha do loiro. Seu semblante converteu-se numa expressão aturdida.

  - Muito bom! Nem mesmo eu teria pensado nisso... - Dizia, ainda rindo - Olha, eu sei que você ‘tá tentando ajudar o seu tio. Só tenha mais cuidado, okay? - O mesmo assentiu, também sorrindo - Ah, e se sua mãe perguntar, te dei a maior bronca, ouviu? Depois vai lá se desculpar outra vez com o bobão! – Piscou. Ambos trocaram um olhar cúmplice; tal pai, tal filho...

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  Enquanto isso, Sam e Alice permaneciam sentados na mesa de jantar, encarando-se confusos. Pouco embaraçados e aturdidos, já que seria a primeira vez que teriam realmente uma oportunidade para conversar a sós. Nenhum sabia ao certo o que dizer: era tanto tempo, tantas lembranças, tudo tão surreal...

  - Então... - A garota começou - Aqui estamos! - Riu nervosa.

  - É! - O outro concordou, também forçando um sorriso.

  - Bom... O que tem feito? - Questionou-o de súbito.

  - Ah, o de sempre. - Respondeu-a, dando de ombros.

  - Caçadas? - Tornou divertida.

  - Caçadas. - Repetiu, erguendo sua taça para em seguida tomando um gole da bebida - E você?

  - Direito. - Falou de modo casual, também bebendo um pouco de vinho.

  - Advogada? - Um tom levemente curioso.

  - Juíza. - Disse com certo orgulho.

  - Interessante... - Murmurou - Sabe que, tecnicamente ainda somos casados? - Comentou, arrependo-se imediatamente depois. “Como eu sou idiota!” Recriminava-se. Alice o encarou pasma, para depois rir alto.

  - Como poderia esquecer que tenho um marido? - Lançou-lhe uma piscadela que fê-lo estremecer. Acompanhou-a na gargalhada que se seguiu.

  - Sabe que eu... Bem... - Continuava a rir, entre um ou outro gole de álcool - Estaria sendo ousado se dissesse que tenho pensado em você mais do que deveria nesses últimos dias? - Desta vez a morena corou. O riso cessou-se momentaneamente e os dois fitaram-se por um instante. Sam culpava a bebida por estar sendo tão impulsivo. “Cala a boca, imbecil! Ela já tem namorado; por que ia se interessar por você?” Criticava a si mesmo, amargamente.

  - De modo algum. - Ela respondeu, para o espanto e surpresa deste - O que vivemos foi algo tão surreal... Pra não dizer loucura! - Voltou a rir - Mas eu nunca deixei de pensar em você. - Sorriu. No entanto, ao dar-se conta do que havia dito, corrigiu-se, muito sem graça - Quer dizer, em você, no seu irmão, Alastair, Cass, Megan...

  - Lucífer. - Completou aparentemente desgostoso. Uma vez mais suas palavras saíam um ímpeto, sem que tivesse controle sobre as mesmas.

  - É, ele também. - Sussurrou reflexiva - Às vezes, fico tão confusa... - Infelizmente, não pode concluir seu pensamento, pois foi interrompida pela chegada inesperada de um velho conhecido de ambos.

  - Ora, o que temos aqui: Sam Winchester e Alice Drummond, o receptáculo e a esposa do Satã. - O par de olhos amarelos mirando-os com desdém - Que incrível coincidência encontrá-los; juntos... - A voz denotando sarcasmo - Procurei-os por tanto tempo! - A figura de Azazel era em demasiada sinistra; possuía o mesmo receptáculo desde a última vez: o homem tinha a aparência de um senhor maduro, cabelos grisalhos, pouco calvo, algumas rugas em sua testa... Era o demônio do qual recordavam-se.

  - AZAZEL! - A voz autoritária de Lucífer cortou o ambiente no mesmo momento em que Lisa surgiu atrás deste, seguindo-o com um guardanapo, enquanto Dean e Ben adentravam de supetão no recinto, chegando pelo lado oposto. Entre Lucian e o loiro encontravam-se Alice e Sam, que haviam se colocado de pé e assistiam à cena atônitos. A menina aproximou-se do namorado, que mantinha o olhar fixo no ser maligno, exalando frustração e ira.

  - Vocês se conhecem? - Perguntou sem entender.

  - MESTRE? - Azazel balbuciou perplexo, tal como os demais presentes encontravam-se naquele instante.

  - Lucífer? - Sam constatou num misto de aflição, surpresa e ódio - Humpft! Eu sabia... - Este apenas se limitou a olhá-lo superior, para depois encontrar o olhar aturdido de Alice.

  - Sim, sou eu: meu nome é Lucífer. Sou um anjo do Senhor; ou era, não sei... - Ironicamente, as palavras foram exatamente as mesmas que havia dito a ela na noite em que se conheceram. O guardanapo que Lisa trazia foi ao chão, tal qual o seu queixo. Ela teria desmaiado, mas estava pasma de mais para o fazer.

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Notas finais do capítulo

Capítulo dedicado à Jubinha: agradeço pela recomendação na primeira fic! *---* E, um pedido de desculpas em especial à Heloisa e a Layne pela demora pra postar (é que essa semana todos sumiram, por isso decidi esperar um pouco mais) =P Obrigada, garotas. lol