Após o Apocalipse escrita por Alana5012


Capítulo 10
Alguém Que Conhecemos


Notas iniciais do capítulo

Legenda
Diálogos: - Creio que sim, Lucian; você não?
Pensamento: "Itálico"
Lembrança: Negrito
Narração: O fato é que muito ainda estava para acontecer - outra vez...
Mudança de Tempo e Espaço: ●๋..●๋



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  - Por que?! - Foi a pergunta que Azazel não conseguiu calar. E, após suspirar pesadamente, como se refletisse se acaso seria prudente falar a verdade ou não, decidiu-se por, ao menos uma única vez, ser sincero.

  - Naquela noite... Eu O vi. - Lhe contou num sussurro.

  - Quem?! - O demônio pareceu não compreendê-lo.

  - Deus. - Respondeu simplesmente. O outro encarava-o incrédulo.

  - Como?

  - Depois que Lucífer partiu... Ele apareceu. Ouvi suas palavras, senti sua presença; e tive medo, Azazel. - Confessou num tom sereno.

  - Não seja presunçoso! Apenas quatro anjos já o contemplaram em sua total plenitude... Sei disso, porque já fui um deles: um querubim a serviço do Senhor; e veja só o que aconteceu comigo: Raphael, aquele desgraçado, arrancou as minhas asas! - Bradou furioso.

  - Deus estava lá. - Prosseguiu, ignorando-o - E Ele me olhou! - Exclamou admirado - Deus me notou, Azazel; justo eu, um dos piores carrascos do Inferno, e disse-me: “Eu o perdoo”. A sensação foi... Tão... Diferente. Todas as coisas terríveis que fiz, nada mais importa, entende?

  - Idiota... - Murmurou entre dentes - Acha mesmo que Deus amaria um ser tão repulsivo quanto você ou eu?! Admita: somos IGUAIS! - Gritou.

  - NÃO! Eu não quero mais ser assim.

  - Quando Lucífer vencer essa Guerra, nos vingaremos!

  - Como pode ser tão estúpido?! - Indagava-lhe em um tom de cólera e revolta - Não vê que Crowley tinha razão?

  - Crowley era apenas um desertor, que estava tramando para ser o soberano do Inferno, inventando calúnias e mentiras a respeito de nosso mestre. - Os olhos amarelos fuzilando-o, indignados, usando daqueles vãos argumentos.

  - Seu mestre! - Retorquiu frio.

  - Está ciente do que diz? - Questionou-lhe uma vez mais sério - Sabe que ele não irá parar até que esteja morto...

  - Nós já estamos mortos! Não vê como nos trata? Enxerga-se superior a tudo e todos, nos mira com repulsa... Pra ele, até os humanos são menos insignificantes do que nós! - Falava com certa angústia. Não gostava de olhar-se no espelho, pois sempre contemplava a mesma face desesperadora que fazia-o lembrar-se no que havia se transformado; e nos últimos cinco anos essa visão passara a lhe atormentar, perturbando-o cada vez mais.

  - CALE-SE! - Bradou exasperado - Para mim basta: você não sabe o que está dizendo...

  - Não sei? - Riu secamente - Já esqueceu-se do que acontece quando falhamos ou quando ele fica frustrado com algo, ou simplesmente decide se divertir um pouco? - As lembranças daquela noite vieram à tona outra vez:

  - INÚTIL! - Repetia enquanto espancava o demônio; os olhos amarelos derramando lágrimas. A dor era insuportável, até mesmo pra ele... Entre chutes e socos, o mesmo pôde balbuciar:

  - Mestre, por favor, perdoe-me... Ela sempre foi tão fiel e leal... Eu não sabia... - Tentava se justificar pelo erro que cometera. 

  - Cale-se! - Lucífer estava furioso. No entanto, sabia que matar Azazel seria estupidez. Embora este tivesse falhado, ainda era um dos poucos em quem confiava. Por isso, decidiu poupá-lo - Sua lealdade o salvou. Prepare as nossas tropas: graças aquela vagabunda, Dean agora tem um exército. E o pior: são seres muito poderosos, devo reconhecer. Anjos, fadas, elfos, wendigos, metamorfos e até... demônios. - Bufou - Vai ser uma luta difícil. Agradeça a Megan por tudo isso! - Rangeu os dentes, chutando o corpo debilitado no chão - Tem ordens para aniquilar todos. Exceto Dean Winchester: este, eu mesmo irei ter o prazer de torturar.

  - Não importa. - Prosseguiu, pois Azazel calara-se - Vê? Acha mesmo que ele irá tratá-los como iguais algum dia? Abra os olhos! Só estavam sendo usados, exatamente como agora... - Encarou-o de modo sombrio, fazendo com que este engolisse em seco, sem mais palavras; agora compreendia porque o demônio a sua frente era alguém tão temido. Aquela postura, o olhar indecifrável que despertava o medo... Tinha tudo para ter sucesso ao lado de Lucífer; então por que? - Se não quer enxergar os fatos, o problema é seu. - Disse por fim, dando-lhe as costas.

  - Espere! - Chamou-o, fazendo parar de súbito - Quer dizer que vai mesmo se juntar a Dean Winchester? - Perguntou, ainda que já soubesse a resposta; talvez por esse motivo o demônio limitou-se a fitá-lo uma vez mais sem nada dizer. Perante o silêncio deste, continuou - Lamento por você; só gostaria de entender...

  - E eu sinto por você. - Retrucou - Até então, também não compreendia. Passar bem. - Despediu-se, desaparecendo logo em seguida, deixando para trás um Azazel perplexo.

●๋•..●๋•

  “Como eu queria... Apenas... Esquecer tudo isso.” Suspirou. Era difícil enfrentar mais uma vez aquela situação inusitada e surreal, porém, não havia como deixar tudo de lado e seguir sua vida: já não podia - estava envolvida; com o Apocalipse, os irmãos Winchester e, sobretudo, Lucífer. Apesar de não gostar de admitir, se apaixonara por ele também. Tentou esquecê-lo durante tanto tempo para, só então, descobrir que Lucian era na verdade a personificação dele... Culpava-se por ser tão tola e deixar-se enganar outra vez. Por que não percebera desde o princípio? Talvez não quisesse acreditar. Mas tinha medo: temia as consequências por amar alguém tão possessivo e cruel quanto o próprio Diabo. Isso ia contra tudo que aprendera desde pequena frequentando a Igreja: anjos maus, demônios arrependidos, o fim do mundo... Onde estaria Deus? Mal sabia ela que essa era a mesma indagação que Bobby, Castiel, Dean e Sammy fizeram inúmeras vezes quando o desespero os afligia. E então, justamente naquela noite, enquanto Alice estava inconsciente, Ele surgiu; e arrebatou a todos, os perdoando, apesar de seus erros. Porém, ela ainda não sabe disso; e é por isso que se sente tão angustiada agora.

  - A noite está linda, não? - Aquela voz... Era a razão de todos os seus problemas: Sam Winchester, o Lucífer que Alice conheceu.

  - Você tem razão. - Concordou após refletir por um instante. Agora ambos encaravam o céu acima de suas cabeças: o azul tão intenso e escuro confundir-se-ia facilmente ao negro tamanho era o breu que o envolvia; não havia uma nuvem sequer, apenas estrelas (estas são infinitas). A garota suspirou - Sabe, apesar de tudo o que aconteceu essa noite, ainda podemos dizer que é uma noite bonita... Essa é a primeira vez em muito tempo que reparo nas estrelas. Quando eu era menor, costumava reparar em cada uma.

  - Por que? - O rapaz perguntou num tom curioso e divertido.

  - O Pequeno Príncipe. - Respondeu-o vagamente. Lembrava-se que este fora um dos primeiros livros que a mãe lia para ela, quando ainda era uma criança. A parte de que mais gostava era o final (apesar de considerá-lo demasiado triste), quando o autor citava as estrelas...

  - “As pessoas têm estrelas que não são as mesmas: para uns, que viajam, as estrelas são guias; para outros, elas não passam de pequenas luzes; para outros, os sábios, são problemas; para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu, porém, terás estrelas como ninguém... - Alice sorriu. Então ele também conhecia a história?

- Quando olhares o céu de noite, porque habitarei uma delas, porque numa delas estarei rindo, então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem rir! E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo. E abrirás às vezes a janela à toa, por gosto ... E teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Tu explicarás então: "Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!" E eles te julgarão maluco.” - Os dois riam juntos agora - Puxa, eu adoro esse livro... - Concluiu, calando-se de repente, submersa em lembranças.

  - No que você pensa quando olha pras estrelas? - A indagação repentina fez com que a morena se voltasse surpresa para o jovem.

  - A verdade? - O outro assentiu - Em você. - Confessou num murmúrio; entretanto, percebendo depois o que dissera, tratou-se de se corrigir depressa, pouco corada - Quer dizer, em você como... Lucífer. - Deu-se conta do quanto estava sendo desagradável para com o mesmo, piorando a situação, e ficou ainda mais constrangida - Olha, eu sei que não são a mesma pessoa, mas é que pra mim é tão difícil diferenciar os dois... Quando te olho, é estranho pensar que... - Sem deixar que a mesma prosseguisse, Sam a beijou. Não como Lucífer, mas apenas como ele, Samuel Winchester. Exatamente como fizera quando voltou ao controle pela primeira vez depois de ser possuído pelo Satã: sem se importar de estar sendo impulsivo ou louco, não pensando em nada, esquecendo-se de tudo... E a morena, ainda que atônita, o correspondeu. Porém, depois de alguns instantes, ela afastou-o abruptamente de si, com um leve empurrão.

  - Sinto muito... Eu não posso... Me desculpe... - Sussurrava meneando a cabeça numa negação constante.

  - Você o ama? - Indagou pouco receoso.

  - Eu... - Hesitou - Não sei... Acho que sim... - Disse num tom baixo, as lágrimas começando a brotar no canto de seus olhos - Me perdoa... Eu não queria... - E desconcertada, afastou-se correndo, tornando a entrar na fortaleza. Sam ficou para trás, sentia-se tão ou mais confuso que Alice; era tudo tão novo e tão velho. Bufou. Tirou do bolso um desenho (agora meio amassado) e ficou observando o papel em suas mãos por um tempo.

  Não se lembrava de como nem quando a morena fizera o seu retrato, no entanto, este era o fato: aquele era o seu desenho. Era ele, e não Lucífer. Isso bastava para que se consolasse... Ao menos, por ora. Mirou o céu estrelado uma última vez antes de voltar; é apenas o início do fim.

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Notas finais do capítulo

Primeiramente, dedico este capítulo a duas pessoas em especial: Heloisa Cullen e Lanye Sobral, agradeço MUITO por estarem mais uma vez lendo um de meus projetos! *---* Confesso que as duas estão me deixando indecisa, pq enquanto uma quer que a Alice fique com o Sammy, a outra prefere o Lucífer... :p rsrsrs Mas isso veremos no decorrer dos próximos capítulos. Um obrigada super especial também à FangtheStrange, babi_gabi, jubinha e a você, June, que eu não tenho visto muito ultimamente no site! Saudades da Bell... uahsuahsua Bom, geralmente a essa altura da história, eu agradeço a todos que já passaram pela fanfic; então, muito obrigada is_a_ah, CarlaVampire, miriankinyta, luh345, luh345, Nessie_Dutha, keller_dantara(apesar de não estar mais no site! =/) e raphael_95. Bem gente, então é isso: espero que a história esteja agradando, porque vai ser a última que vou escrever na categoria por enquanto; grata a todos vocês pelo reconhecimento e pela paciência até agora. oahsaosha Bjs! ;*