P.D.V. Perseus Jackson

    -O que ela falou pra você? – perguntei.
    -Por que quer saber?
    -Não é coisa sua responder com perguntas. O que aconteceu?
    -Você é muito paranóico – ela riu.
    -Não sou paranóico, Zeus é paranóico – trovões, risos – Sou apenas cauteloso.
    -Então por que insiste tanto em saber o que nós estávamos conversando?
    -Sejamos francos, ela é a Sophie. Tenho medo de qualquer coisa que saia da boca dela. Você não?
    -Não a conheço direito, então não posso falar muita coisa.
    -Vocês pareciam bem próximas ali em baixo – retruquei.
    -Pode ser o começo de uma grande amizade – Annabeth sorriu.
    -Parece frase de filme da Sessão da Tarde.
    -Sessão da Tarde?
    -É coisa do Brasil. Tem um canal que passa filme toda a tarde de segunda à sexta, daí o nome, Sessão da Tarde.
    -Já foi no Brasil?
    -Uma vez. Sophie e Apolo praticamente me arrastaram, até que Afrodite apareceu junto de Ares com a idéia de me amarrar e eu não tive muitas chances já que eu estava lutando contra Ares e Apolo.
    -É, você não tinha a mínima chance – ela disse.
    -O que você quer dizer com isso?
    -Exatamente o que parece, você não teria a mínima chance contra aqueles dois.
   -Está me chamando de fraco? – a fiz virar a cabeça para me encarar.
    -Não foi o que eu quis dizer, mas se a carapuça serviu... – ela deu de ombros, mas estava com um sorriso no rosto.
    -Eu devia tirar esse seu sorrisinho do rosto agora mesmo por ter me insultado desse jeito – falei com falsa raiva.
    -E como você pensa que faria isso? – ela perguntou e de repente eu me dei conta da proximidade de nossos rostos.
    -Existem varias maneiras, mas há uma em especial... – me aproximei alguns centímetros, incapaz de conter a mim mesmo.
    -É proibido – ela disse de olhos fechados.
    -Você se importa?
    -Sim – Annabeth respondeu, mas seus olhos, agora abertos, me diziam o contrario.
    -Eu duvido.
    -Você sabe que eu não posso.
    -Não deve, mas pode – a essa altura nossas testas já se encontravam.
    -Não posso. Tenho um juramento, e devo cumpri-lo.
    -Sempre seguindo as regras, Sabidinha. Você tem sorte de eu ser uma cara que respeita a decisão das pessoas – me aproximei mais dela e beijei demoradamente o canto de sua boca. A vi prender a respiração e tremer quando eu coloquei minhas mãos firmes em sua cintura.
    -Por favor, não faz isso – ela sussurrou.
    -Isso o que? – perguntei beijando sua bochecha.
    -O que está fazendo, é errado – ela falou, mas suas mãos seguravam a gola da minha camisa, aparentemente numa tentativa de não me deixar sair de perto.
    -Não é errado se for o que você quer – sussurrei em seu ouvido – Quer? – voltei a encará-la.
    -Eu...
    -Per... Ahn, devia ter demorado mais, né? – Sophie apareceu de pé no teto do carro se apoiando em Féres.
    -Sophie! – Annabeth exclamou, se afastando, claramente constrangida.
    -Ahn, sem querer ser chato, o que você quer Sophie?
    -Desculpe interrompe-los casal, mas temos que descer. Nico está com fome e tirar ele e Ashley do mesmo ambiente seria uma boa idéia para evitar a terceira guerra.
    -Já? A gente acabou de sair do Acampamento – falei mais vermelho impossível. Não, espera, Annie está mais vermelha que eu.
    -Percy, em que mundo você estava, já se passaram duas horas que estamos aqui. E por favor, diga que vai pousar, não agüento nem mais um minuto da Ashley e do Nico discutindo.
    -Ta, tudo bem. Vou falar com Féres.
    -Desculpe por isso, mas se não fosse eu seria a Ashley que subiria aqui, e isso iria causar um problema ainda maior – Sophie deu uma piscadela maliciosa e voltou para o carro.
    -Φέρες, βρείτε την πλησιέστερη πόλη. Θα σταματήσουμε να τρώμε²
    -Tem idéia de onde estamos? – Annabeth me perguntou.
    -Είμαστε στο Ντιτρόιτ³ - Féres me falou.
    -De acordo com Féres, em Detroid, Michigan.
    -As pessoas não vão estranhar se de repente um carro aparecer sendo carregado por um dragão?
    -Eu iria, com certeza, mas a névoa serve pra que? Não faço idéia do que eles vão ver, mas estamos seguros, eu acho.
    -Você acha? – ela quase gritou comigo, mas antes que recebesse um sermão eu comecei a descer.

² Féres encontre a cidade mais próxima. Vamos parar para comer.
³ Estamos em Detroit.

P.D.V Nico Di Ângelo (sobre o que aconteceu durante a viagem)

   Entrei no carro sendo seguido pelas meninas, menos a Sophie que ficou conversando com Annabeth. Eu me sentei no banco de trás, com Ashley do meu lado (vou ser estapeado a viajem inteira) e Gabriela do lado dela, Thalia foi no banco do motorista.
   -Eai, Thalia. Pronta pra voar? – provoquei, sabendo que ela tem medo de altura.
    -É bom você nem tocar no assunto Di Ângelo. Se não posso muito bem espalhar o seu segredinho por ai.
    -Que segredo? – perguntei meio apavorado. Thalia leva meio a serio esse tipo de ameaça, não é uma boa idéia que ela saiba um segredo seu, mas se ela souber você ta ferrado.
    -Você sabe muito bem qual. Uma certa coisa que encontrei no seu chalé – ela deu um sorrisinho maligno me encarando pelo retrovisor.
   -Não se atreva! – pois é. Agora tenho motivos para entrar em pânico.
   -Então seria melhor você ficar quieto em relação a certo assunto, entendeu Niquito?
  Apenas me encostei no banco sem dizer uma palavra, não seria sábio da minha parte. Pouco tempo depois Sophie entrou no carro com um sorriso no rosto. Ela se virou para Gabriela com um olhar significativo e a ruiva começou a sorrir também.
    -Ahn, aconteceu alguma coisa? – Ashley perguntou.
    -Nada de mais. E sobre o que vocês conversavam? – Sophie.
    -Sobre o me... – comecei, porém, minha prima se virou e me socou antes que eu pudesse terminar minha frase – O método angular sistemático – meus deuses, da onde eu tirei isso?
   Sophie me olhou como se dissesse “Aham, e eu sou o He-Man” e disse.
    -Acho que não vou querer saber sobre isso. O que acham de um jogo?
    -Depende bastante. Que jogo?
    -Perguntas e respostas. Sobre qualquer coisa e qualquer um. Topam?
    -Não tem mais nada pra fazer nessa joça, então vamos – disse Thalia “delicadamente”.
    -Então vamos, cada um pode fazer três perguntas seguidas e a pessoa deve responder, não importa qual for a pergunta, e vai indo até a gente enjoar.
    -Eu começo e vai no sentido horário – Thalia falou – Qual é a capital da Moldávia?
    -Chisinau.
    -Qual a coisa que você mais ama no mundo?
    -Coisa é um colar que ganhei de minha mãe ao me tornar uma deusa. Pessoa tem varias, resumindo Percy, minha mãe, Apolo, amigos próximos.
    -Onde e com quem foi sua primeira vez?
    -Foi num hotel cinco estrelas em Hollywood, com Brad Pitt aos 22 anos.
    -Você dormiu com Brad Pitt? – Thalia disse incrédula.
    -Sim – ela respondeu na maior naturalidade. Essa garota não tem vergonha não? – Não Nico, eu não tenho – acho que seria melhor eu tomar cuidado com os meus pensamentos – É sim. Minha vez. Qual o seu nome completo?
    -Nicholas Thomas Di Ângelo.
    -Thomas? – me perguntou Ashley, tentando não rir.
    -Não é da sua conta. Continua ai.
    -Qual foi a coisa mais vergonhosa que você já fez? Nem adianta mentir, eu vou saber do mesmo jeito.
    -Ah, caralho Sophie. Tinha que perguntar isso? Foi a dois anos, eu estava com uma garota no meu apartamento e... eu... – tentei falar já mais que vermelho – brochei – sussurrei a ultima parte.
    -O que? – Thalia me perguntou.
    -Eu brochei – falei um pouco mais alto, mas ainda assim não passava de um resmungo.
    -Não entendi – disse Gabriela.
    -Eu brochei, ta legal? – eu falei enraivecido enquanto via as garotas rirem de mim, Sophie e Gabriela mais disfarçadamente, tentando me poupar eu acho, já as duas morenas não poupavam risadas, rachavam o bico como se aquela fosse a coisa mais engraçada do mundo – adianta logo e faz a ultima pergunta, por favor?
    -Tudo bem, serei boazinha nessa. Qual é a tradução de “Me gusta tubo rojo”?
   -É fácil. I like red tube (uma coisa que só daria certo nos EUA) – falei na maior inocência, sério.
    -Eu sabia – disse Thalia se rachando de novo.
    -Punheteiro! – disse Sophie rindo da minha idiotice de cair num truque desses.
    -Alguém explica? – pediu Gabriela com a mesma cara confusa de Ashley.
    -Red Tube... é o nome... de um site pornô – Thalia falou entre risos.
   E novamente elas começaram a rir. Claro, e tinha que ser de mim.
    -Você gosta de joguinhos, não é Ashley? Então aqui vão minhas perguntas. Qual é a oitava letra do alfabeto?
    -H.
   -Qual é o par da Julieta?
   -Romeu.
    -Qual o aumentativo de peito?
    -Peitão.
    -Agora fala tudo junto – eu disse sorrindo sarcasticamente.
    -H, Romeu, Peitão.
    -Tudo bem – falei e, com minha mão direita, apertei o seio direito dela.
    -TARADO! – ela gritou e começou a me estapear (não falei?).
    -Ai! Para com isso sua louca, seus tapas doem – reclamei.
    -Isso é por colocar essa sua maldita mão no meu seio seu pervertido.
    -Mas foi você quem pediu – retruquei. Não era exatamente mentira.
    -Você me enganou!
    -Isso não muda os fatos – falei tentando me defender.

P.D.V. Sophie McCullen

   Nico e Ashley continuaram com sua briga de casal e eu resolvi ignorar e ligar o radio. Estava tocando uma das minhas musicas preferidas.
    -AHHHH – soltei um daqueles gritinhos histéricos de patricinha (fazer o que, são os reflexos).
    -Que aconteceu? – Gabbe e Tha me perguntaram ao mesmo tempo.
    -Prestem atenção na musica.

Life goes on
It gets so heavy
The wheel breaks the butterfly
Every tear, a waterfall
In the night, the stormy night
She'll close her eyes
In the night
The stormy night
Away she'd fly

(A vida continua,
Ela fica tão pesada
A roda quebra a borboleta
Cada lágrima, uma cachoeira
Na noite, a noite de tempestade
Ela fechará seus olhos
Na noite
Na noite de tempestade
Para longe ela voaria)

    -Meus deuses eu amo essa musica – Thalia falou.
    -É a minha musica preferida – Gabbe.
   -A minha também – rimos e começamos a cantar.

And dreams of para-para-paradise
Para-para-paradise
Para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

She'd dream of para-para-paradise
Para-para-paradise
Para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

La-la-la-la-la

Still lying underneath the stormy skies
She said oh-oh-oh-oh-oh-oh
I know the sun's set to rise

And so lying underneath those stormy skies
She'd say oh-oh-oh-oh-oh-oh
I know the sun must set to rise

(E sonhos com o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

Ela sonharia com o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

La-la-la-la-la

E assim por debaixo dos céus tempestuosos
Ela dizia: ''oh, ohohohoh
Eu sei que o sol deve sair para se pôr
E assim por debaixo daqueles céu tempestuoso
Ela dizia oh-oh-oh-oh-oh-oh
Eu sei que o sol deve sair para se pôr)

   Nos empolgamos no refrão e começamos a cantar mais alto, e a “dançar” no banco. Fizemos tanto escândalo que é possível que alguém lá embaixo nos ouvir.

This could be para-para-paradise
Para-para-paradise
Para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

This could be para-para-paradise
Para-para-paradise
This could be para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

(Isto poderia ser o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Isto poderia ser o para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

Isto poderia ser o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Isto poderia ser o para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh)

    -Não! Para! Para Ashley! Deuses eu to sangrando. AI! – ouvimos os gritos quase histéricos de Nico e finalmente percebemos a gravidade da situação. O garoto apanhou tanto que estava cheio de cortes no rosto, vermelho depois de tantos tapas, e com alguns rasgos e pequenas manchas de sangue na camiseta. Eita, ela não brinca em serviço.
    -Acho que já está na hora de separar esses dois, não acham? – perguntei para as meninas.
    -Do jeito que eu conheço a Ashley, ela vai matar ele se ficar mais tempo assim – falou Gabriela.
    -Isso não pode acontecer – disse Thalia rapidamente, nos fazendo olhar para ela – Que foi? Eu preciso dele pra comprar meus CD’s e camisetas.
    -Então Gabbe, tire-a de cima dele pelo menos.
   Gabriela puxou Ashley pelos ombros enquanto eu tentava despregar os braços dela de Nico.
    -Ashley, fica calma mulher. Foi só uma brincadeira! – falei para ver se ela parava, mas não, tinha que ser uma louca psicótica. Ash apenas olhou para mim e me deu um tapa e, no processo, cortando minha bochecha – Ah agora você ta ferrada, sua anã.
   Pulei em cima dela a atacando e senti os braços do Thalia tentando me segurar. Estava uma gritaria só. O Nico pedindo socorro, Ashley o xingando. Eu enviando mensagens de morte para Ashley e Gabriela e Thalia tentando acalmar a todos.

P.D.V. Thalia Grace (Pela primeira vez, Uhul)

   Finalmente consegui tirar a louca da Sophie de cima da Ashley e acalma-la, agora o problema é que a boçal da Ashley ainda está histérica.
    -O que a gente faz agora? – perguntou Gabriela, que já havia desistido de tentar separa-los.
    -Não sei, só sei que não agüento mais – Sophie cruzou os braços.
    -Você me bateu? – Ashley gritou.
    -Vingança! – ele disse e depois riu igual a um maníaco, isso antes deles voltarem a se estapear. Que isso maluco!
   Suspirei. Fazer o que, se não tem outro jeito. Dei o grito mais alto que pude. Mas alto mesmo, do tipo que riquinhas mimadas dão quando quebram a unha ou acham uma ponta dupla, ou sei lá o que.
   Eles, depois de um tempinho, congelaram e começaram a me encarar e eu disse.
    -Chega! Ashley aceite que foi uma brincadeira. Nico, ela é uma caçadora, o que esperava que fosse acontecer? Agora parem de agir como dois pirralhos mimados e se comportem.
    -Mas ele/ela começou! – eles disseram ao mesmo tempo em que apontavam um para o outro.
    -Quantos anos vocês tem? Sete? Já disse seus futricados, ajam como adultos.
   Eles se sentaram corretamente e ficaram quietos (N/A: Thalia botando ordem na bagaça).
    -Finalmente, paz e silencio. Espera, o radio não estava ligado? – falei.
    -É, e... Ai meus deuses o Percy vai me matar – falou Sophie ao ver o aparelho todo regaçado e com marcas do sapato dela por todo o cambio.
    -Vish. Ainda bem que não fui eu – disse.
    -Nossa. Quanta compaixão você tem Thalia.
    -É uma coisa que nasceu comigo – mais alguém ai notou o sarcasmo nas frases?
    -Não encosta em mim – Nico.
    -Não to encostando. Fecha essa perna, seu joelho ta roçando no meu.
    -Problema seu. E pare de bufar, parece um animal.
    -Pare de batucar com os dedos, está me irritando.
    -Esse é o objetivo.
    -Cretino.
    -Chata.
    -Tarado.
    -Careta.
    -Retardado.
    -Idiota.
    -Prepotente.
    -Arrogante.
   Eles se encararam mortalmente por alguns segundos e voltaram a se atacar.
    -De novo não – lamentei.
    -Você bate como uma garota – Nico disse, mas isso já devia ser algo óbvio.
    -Eu sou uma garota, e você, qual a sua desculpa? – ela retrucou. Eu ri. Essa é a Ash que eu conheço, não perde uma.
    -Sua peste! – Nico gritou.
    -Thalia, ajude Gabriela a separá-los, eu vou pedir para o Percy pousar antes que acabem danificando mais o carro – Sophie me disse.
    -O.K. Mas como você vai... – ela abriu a janela e subiu no capo do carro – Ata, já entendi.
    -Gabriela, pega ela pela cintura que eu vou tentar desgrudar os braços dela.
    -Ta.

P.D.V Annabeth Chase

   Percy procurou por um beco mais afastado da cidade para evitar que muitas pessoas nos vissem. Quando pousamos, ele disse.
    -Φέρες, να κάνετε μια βόλτα, καλούν όταν το χρειάζεστε.²²
    -Θα ελέγχουν την περιοχή τότε.²³
    -Σίγουρα, απλά δεν πάει πολύ μακριά. Είμαστε πολλοί, δεν θα είναι δύσκολο να βρεθούν τα τέρατα.³³

²² Féres, pode dar uma volta, te chamarei quando precisarmos.
²³ Verificarei a área então.
³³ Claro, só não vá muito longe. Somos numerosos, não vai ser difícil para os monstros nos encontrarem.

    -Tradução, por favor – pedi.
   -Mandei ele voar por ai. Vamos? – Percy perguntou me oferecendo a mão para descer, depois que ele mesmo já havia feito isso.
    -Não é tão ruim voar em um dragão, eu gostei bastante.
    -Se quiser posso te ensinar a voar sozinha.
    -Sério? – perguntei sorrindo.
    -É. Pode ser útil algum dia – ele falou, também sorrindo, mas seu sorriso se transformou em uma careta quando ele olhou para algum lugar atrás de mim – Nico, o que, por Poseidon, aconteceu com você?
  Me virei.
    -Nossa, você está horrível Ashley.
    -Obrigada pela consideração, Annabeth.
    -O que aconteceu com vocês dois? – perguntei, vendo-os cheios de arranhões e marcas no rosto e nos braços. A camiseta de Nico estava numa situação pavorosa, cheia de rasgos e manchas de sangue, estava pior do que um mendigo. Já Ashley estava um pouco melhor, mas ainda assim era bem ruim, sua camiseta tinha apensa alguns pingos de sangue, mas nenhum rasgo, no rosto marcas vermelhas e alguns cortes, o cabelo delas estava uma bagunça, pior que um ninho de mafagafos cheio de mafagafinhos.
    -Esse daqui vem com brincadeiras depravadas pra cima de mim, e você acha que eu vou ficar quietinha? Não senhora, eu exijo respeito.
    -Esse daqui o escambau. Foi você que começou a me bater por que não foi esperta o suficiente para escapar da pegadinha!
    -Está a me chamar de burra?
    -De inteligente é que não foi – Nico falou.
    -Hey, vocês dois. Já não bastou a viajem inteira terem feito a maior baderna, ainda vão brigar aqui fora? – Sophie disse, aparentando estar extremamente irritada.
    -Esqueça entrem no carro, vamos comer. Duas vão ter que ir no colo de alguém – disse Percy com a porta do carro aberta.
    -Percy, tem uma coisa que você precisa saber – Thalia falou bem temerosa.
    -Sim, mas antes que diga qualquer coisa quero que saiba que foi totalmente sem intenção, foi um completo acidente.
    -Do que vocês estão falando, Sophie?
    -Olhe o cambio.
    -Sophia Amanda McCullen, o que você fez com o meu carro? – Percy gritou, com os olhos arregalados e um claro descontrole de suas emoções.
    -Ah, bem... Assim... Sácumé, né?
    -Não, eu não sei como é! O que você fez?
    -Olha, é uma historia bem engraçada que envolve eu, uma briga e um pé desastrado.
    -O que tem de engraçado nisso? Você sabe a dificuldade que é para consertar isso?
    -Me desculpe. Foi sem querer, eu juro. Nós estávamos tentando separar os dois – apontou para Ashley e Nico – e então eu me descontrolei com eles e acabei entrando na briga e acertei o pé no cambio algumas dezenas de vezes. Perdoe-me, por favor – ela disse de cabeça baixa e com os olhos lacrimejando um pouco. Será que o Percy é tão bravo assim?
   Ele fechou os olhos e respirou fundo umas três vezes antes de suavizar sua expressão e dizer.
    -Vou falar com Hefesto mais tarde, mas por enquanto vou ter que fazer alguns ajustes e gambiarras. Isso possivelmente vai atrasar a missão, mas nada muito preocupante – Sophie, que parecia ter prendido a respiração, pareceu ficar muito aliviada com a resposta dele – Annabeth você pode procurar por uma farmácia nas redondezas e comprar primeiros socorros para eles?
    -Claro, mas com que dinheiro? – perguntei.
    -Eu tenho aqui comigo – disse Sophie me passando o dinheiro
    -Thalia, você procura um hotel em que possamos ficar. Aqui o dinheiro – ele ofereceu um bolo de notas para ela – Sophie compre umas roupas novas para os dois. Agora, Nico, você e a Ashley vão ficar aqui e me ajudar com o carro e depois nós o levamos para o hotel. Todos entenderam?
   Nós assentimos e nos dispersamos. Caminhei até a rua e virei para a esquerda, que parecia um caminho mais comercial, e comecei a procurar uma farmácia.