Between Good And Evil escrita por Hoppe


Capítulo 2
Deep Eyes


Notas iniciais do capítulo

Espero q gostem *-* e boa leitura.

A musica do capitulo é essa: http://www.youtube.com/watch?v=uwDVHT8I7YA


KISSES S2



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Minha família nunca fora a das mais felizes.

Lembro-me da época em que eu ainda era pequena, onde meu pai não era um Comensal e minha mãe não era uma depressiva desesperada para se esconder.

Minha mãe antes era uma pessoa carinhosa, doce e risonha, hoje, ela era triste, melancólica e se isolava.

Eu e minha mãe vivíamos nos escondendo em lugares impossíveis, tentando fugir dos Comensais que insistiam em querer que eu me tornasse um deles.Se fosse por mim, eu acabaria logo com aquela agonia para deixar minha mãe viver a vida dela em paz, mas sabia também que se eu fizesse isso ela nunca seria mais feliz e viveria apenas a base de lembranças.

Eu era tudo o que restara para ela e era por esse motivo também que eu nunca a abandonei.

Vivíamos com a fortuna da família dela, Masen, e na maioria das propriedades da sua família em que nos escondemos, quase todas foram destruídas por Comensais.

Cresci vivenciando minha mãe sofrendo maus tratos; cresci praticamente fugindo de uma pessoa que desde que nasci, o chamara de pai; e acima de tudo, cresci sabendo as Maldições Imperdoáveis, pois por mais que eu não quisesse minha mãe me forçara aprender para casos extremos.

Era uma vida difícil, que a todo custo eu tentei ignorar o que se passava, tentei imaginar que eu tinha uma vida feliz, com o melhor pai e a mãe mais feliz do mundo.Conforme fui crescendo, perdi essa imaginação tola de uma criança ingênua; comecei a viver a realidade de ser filha de um Comensal; toquei-me que eu já era crescida e não poderia viver apenas em sonhos.

Como em todo o ano, lá estava eu, na biblioteca, tentando me concentrar nos livros para tentar livrar a vontade de chorar.

Eu havia agüentado firme até aquele momento e não me abalaria por nada, mesmo que a vontade de explodir tudo para fora, de chorar desesperadamente era insaciável.

Percebi que eu estava na mesma página do livro há muito tempo, então, tentei voltar minha atenção ao livro.

Preferia aqueles que não possuíam gravuras, pois, sempre que havia uma imagem eu acabava por ter uma lembrança; não era ruim, nem boa; era apenas uma lembrança que me causava angústia.

Fechei o livro, desistida e cansada.Suspirei pesadamente enquanto colocava o livro na enorme pilha de outros livros á minha frente.

Eu estava prestes a pegar o próximo livro, quando senti alguém se sentando na mesa e ela tremeu, fazendo com que os livros tombassem.

Tentei impedir que os livros caíssem, sem sucesso.Olhei para o meu lado, tentando controlar a vontade de gritar de raiva.

Aqueles mesmos olhos negros, que havia visto na estação, agora me fitavam sem emoção alguma.Ele passou a mão nervosamente pelos cabelos negros espetados e o bagunçou ainda mais, seus lábios finos se reprimiram e eu me peguei olhando para eles por tempo demais.

Rapidamente desviei meus olhos e voltei a olhar para o seu rosto, pálido, de uma cor doentia.Observei as escuras olheiras sob seus olhos negros e profundos.Parecia que não dormia há dias.

Aquele à minha frente era Theodore Nott.

- Me...desculpe... – sua voz saiu em um murmúrio baixo e eu pisquei varias vezes, esquecendo-me completamente da irritação.

- Tudo bem... – falei e me levantei da cadeira, me agachando e começando a recolher os livros.

Rapidamente, ele fez o mesmo e quando recolhi todos os livros, me levantei e voltei a me sentar na cadeira.

- Obrigada... – murmurei pegando os livros de sua mão.

E depois disso, um silêncio incômodo se instalou entre nós.Olhei para as minhas mãos, e me lembrei que teria que terminar de ler aquele livro para a próxima de Historia da Magia.

Suspirei, enquanto pegava o livro e abria na primeira pagina.

De alguma maneira, aquela leitura tediosa e monótona me ajudou a esquecer que eu estava ao lado do garoto que minha mãe, desesperadamente, pediu para que eu ficasse longe.

Por sorte, o livro era fino e em algumas longas horas consegui terminá-lo.Quando cheguei ao fim da última palavra, fechei o livro suspirando.

Olhei para o lado, esperando encontrar aqueles olhos negros e profundos, mas ele não estava mais lá.

A biblioteca estava vazia e silenciosa.Sacudi a cabeça, e me levantei da mesa, recolhendo os livros e andei distraída em direção ao balcão.

Entreguei de volta os livros á Madame Prince e saí da biblioteca.Andei de forma lenta pelos corredores e adentrei no Salão Principal, que àquela hora estava cheio.

Sentei-me na ponta da mesa, ao lado de Emily.

- Onde estava? – perguntou enquanto eu bebia um gole d’água mesmo que eu não estivesse com sede.

- Na biblioteca... – respondi.

- Ah! Qual é, Liz... – reprimi uma careta ao ouvir meu apelido – é sábado.Ninguém fica na biblioteca em pleno sábado.

- Por isso mesmo que eu fico... – respondi.

- Você leva essa coisa de ficar se escondendo muita a serio – desejei que aquela frase que saíra de sua boca tenha saído sem querer.

Não gostava de quando colocassem a minha realidade em conversas civilizadas.Eu sei que eu praticamente vivia me escondendo ao lado de minha mãe, mas em Hogwarts eu tentava esquecer aquilo.

- Oh...desculpe-me, Liz... – Emily se virou para mim com os olhos cintilando, por causa das lágrimas.

Ela também se comovia quando o assunto era como eu vivia.

- Tudo bem... – murmurei – eu...perdi a fome...

Levantei-me da mesa a tempo de não ter que ficar de frente para Draco Malfoy, que havia acabado de se sentar em frente à Emily para conversar com ela.

Saí do Salão Principal como se houvesse um peso nas minhas costas, que cada vez mais parecia aumentar.

Ainda era de tarde, mais ou menos 1 hora quando resolvi voltar para o dormitório, afim de dormir até anoitecer e tentar ficar longe das pessoas.

Adentrei nas masmorras e parei no pequeno degrau quando novamente o vi.Estava sentado na poltrona de frente para a lareira, lendo um livro de capa preta...e...

Sacudi a cabeça, me perguntando por que minha mente insistia em observar todos os detalhes e o que exatamente Theodore Nott estava fazendo.

Passei por ele e atravessei o Salão Comunal frio, indo em direção às escadas do dormitório feminino.

Entrei no quarto que por sorte, dividia apenas com Emily, e me deitei na cama, exausta.Não era aquele tipo de exaustão, eu estava exausta da minha vida.

Deitei-me na cama e adormeci na mesma hora, agradecendo por não ter nenhum sonho.


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