20 de janeiro. Amsterdã;

Pov. Selena

– Sentirei muita falta de você, muita mesmo - havíamos acabado de arrumar minha ultima mala de viagem. Tinha decidido voltar, não decidir sozinha, claro, a linda ruiva que agora me encarava influenciou em minha escolha.

– Hey, nós ainda vamos nos ver muitas vezes, ok? Não pense vai se livrar assim de mim tão facilmente.

– E quem disse que eu quero? – abracei-a com carinho. Senti nesse estante minha ficha cair, abriria mão de uma coisa por outra. Sabia que sentiria uma falta quase insuportável deste abraço, das conversas e de toda a diversão que acontece quando estamos juntas.

– Há, há, há... Irei te visitar, eu prometo – relaxei quando percebi que isso iria mesmo acontecer. Não era insegurança, mas sabia que nossa amizade não ficaria igual se nos afastássemos, nunca fica e digo isso por experiência própria.

– Quero mesmo que vá, por favor, eu preciso de você garota.

– Tudo bem chata, eu irei, talvez antes do que você imagina – nunca gostei de despedidas, principalmente quando se trata de pessoas pela qual eu realmente gosto, querendo ou não é como se uma parte de mim ficasse com ela – Então, vamos? Está na hora.

– Quer se livrar de mim não é? – torci os lábios fazendo drama, apenas por diversão e para que eu não lembrasse desta despedida como algo triste, por mais que no fundo é isso mesmo.

Laís se dispôs a me levar ate o aeroporto para passamos juntas as umas horas que ficarei aqui, acho que não poderia estar com alguém melhor neste momento, nem mesmo Demetria. Não liguei avisando para quase ninguém que eu voltaria hoje, na verdade a única pessoa que sabia de minha volta era tia Dianna. Minha intenção não era fazer surpresa nem nada, mas queria ser discreta por que a ultima coisa que eu desejo e ter milhares de paparazzi a minha espera, seria embaraçoso o bombardeio de perguntas sobre o que estaria acontecendo nos últimos tempos, “Selena onde você esteve?”, “Selena quem é seu novo namorado? É verdade que você estava passando férias ao lado dele em outro país?” ou até mesmo “Você está grávida? Foi por isso que passou essa temporada fora?” realmente não sabia de onde tiravam tanta bobeira, mas confesso que a criatividade dos mesmos era admirável.

Olhei atenciosamente para cada espaço que passávamos tentando guardar ao Maximo a paisagem excitante que este lugar tem, todas as pessoas com suas culturas diferenciadas e interessantes, as ruas tão bem conservadas e particulares, simplesmente tudo, acho que um século não bastaria para que eu descrevesse todas as maravilhas que este lugar nos oferece. Nunca pensei me adaptar tão rápido a um lugar como aconteceu aqui, não esperava me apegar a ninguém e muito menos sofrer quando fosse embora, mas quem sou eu para contrariar o destino? Sinceramente, acho que há algum tipo de feitiço que nos faz ficar cada vez mais fascinados por aqui, seria um bom lugar para passar o final de minha vida aqui, com a pessoa que eu amo.

– Pensando? – quase não entendi o que me foi dito.

– Sim, pensando bastante – não levei a atenção de meus olhos a ela e sabia que ela também não olhara pra mim ao falar, seu interesse estava todo dedicado a estrada que ainda estava lisa devido ao gelo que o inverno nos deu, tenho que agradecer Laís por ser tão cautelosa, se não fosse já teríamos sofrido um acidente, o que é inconcebível a essa altura do campeonato.

Olhei-me no reflexo do vidro ao meu lado e percebi meus olhos levemente inchados, o choro de ontem a noite havia deixado vestígios aparentes.

Acredito que passei grande parte da noite ensaiando, ensaiando e ensaiando o que diria a Demi, palavras escolhidas uma a uma, mas sabia que na hora do “vamo ver” não sairia nada do que eu esperava, talvez um “oi”, muito ridículo para uma pessoa com a minha maturidade ou muito uma grande conquista para uma com o meu medo, não sei, mas confesso estar ansiosa, tão ansiosa quanto eu fiquei em meu primeiro dia de gravação ou em meu primeiro show, era uma excitação gostosa confesso.

‘AEROPORTO AVERY Á 12 QUILÔMETROS’. Era bobagem, porém quanto mais se aproximava de do local lido na placa mais meu coração acelerava, legal, agora eu pareço ter 14 anos outra vez.

Neste momento tocava Brielle da banda Sky Salling, adorava esta musica e o jeito doce como Adam a cantava fazia qualquer menina cair de amores por ele, não me surpreende o fato de já ter roubado uma vez o coração de Taylor, ele era um amor de pessoa e suas letras eram fascinantes, mesmo sem intenção quase todas faziam lembrar-me de Demi, o era ridículo de se pensar por que tudo me fazia lembrar dessa garota, e não exagero quando digo que é tudo.

– Chegamos Sel – acho que a primeira vez desde que entramos no carro que olho para Laís foi agora quando me despertou de meus pensamentos. Já tinha desligado o carro e tirado seu sinto de segurança, estava prestes a sair do carro quando eu a chamei, não irei conseguir ir embora sem lhe contar a verdade sobre mim, não é certo fazer isso com uma pessoa que me ajudou tanto.

– Espere Laís, eu tenho uma coisa pra lhe falar.

– Sel, não dar pra ser depois? Você vai perder o voou – sua sinceridade ao se preocupar comigo agravava meu nervosismo. E se ela ficasse com muita raiva e não quisesse mais falar comigo? Ou, e se ficasse com tanta raiva que contaria tudo o que lhe disse a imprensa? Meu deus, por que não contei isso antes? Mas não, espera, ela não faria isso comigo nem se eu fosse à pior pessoa do mundo.

– Mas... Você precisa saber de uma coisa sobre mim – olhei para baixo com medo de encarar seus olhos, porém ela não parecia se importar muito com o que eu tinha a lhe dizer.

– Não deve ser mais importante que o seu vôo, então vamos depois você me fala seja lá o que for.

Saiu sem me dar espaço para continuar a falar e ficou me esperando do lado de fora do automóvel. Não sei como contaria isso a ela, e se talvez eu ligasse para ela? Ou mandasse uma mensagem? Não, com certeza não, isso seria muito ridículo de minha parte, mas ainda pensaria em alguma coisa.

Andamos apressadamente por aquele enorme prédio até que finalmente encontramos o meu portão de embarque. O rosto de Laís apresentava um nervosismo estranho, era como se quisesse me falar algo, bom então éramos duas.

Senti um aperto no coração quando Laís me olhou e sorriu assim que ouviu o anunciado que meu vôo sairia agora. Meu abraço foi involuntário enquanto uma lagrima escorria por minha bochecha, realmente não estava preparada para deixá-la aqui.

– Posso te pedir um favor?

– Claro Sel, o que quiser.

– Por favor, por tudo o que há de mais sagrado neste mundo, não me odeie pelo o que eu vou te falar agora.

– Hum, ok... Não irei te odiar, mas posso te pedir uma coisa antes?

– Claro que pode Laís, acho que não te negaria nada – sorri segurando suas mãos que estavam tão suadas quanto as minhas.

– Ok ok, na verdade eu já queria te pedir isso há muito tempo mais não tive coragem... – parou por um momento e encarou o chão, mil coisas passaram em minha neste instante – Bom, é que eu... É, ah Sel é que eu não sei como te pedir isso.

– Hã? Não to entendendo mais é nada!

– Sabe é que eu, bem, é que eu queria um autografo seu pra guardar de recordação. Eu sei que nos já somos amigas como você disse e também sei que você é famosa, no minuto em que eu te vi e disse que já tinha te visto em algum lugar eu não estava mentindo só que na hora não caiu a ficha, mas depois que eu vi sua foto em uma revista, no mesmo dia em que eu te conheci é claro... Sei lá, acho que fiquei com vergonha de falar que eu já sabia tudo, ou quase tudo sobre você.

Minha gargalhada foi tão alta que todos ao nosso redor nos olharam, não estava acreditando que isso estava acontecendo comigo, parecia que tudo estava ao meu favor.

– Você só pode estar brincando!

– N-não, por quê?

– Por que eu vou te matar! Como você não me disse isso antes, me fez pensar que eu era um monstro mentindo pra você!

– Tecnicamente você mentiu pra mim Sel.

– Não menti oras, somente escondi os fatos, agora venha aqui.

– Não ouse me enganar Selena Gomez! – Laís estava se divertindo pacas com a situação assim como eu, era quase inacreditável o que estava acontecendo.

– Não estou. Você sabe que eu te adoro.

– E eu adoro você também feiosa.

– Droga, por que nós temos que nos separar? Por que você não vem comigo? Isso vem comigo, pronto problema resolvido.

– Nós vamos nos ver de novo logo logo, e você sabe que eu não posso ir.

– Não quero te deixar aqui Laís – fiz biquinho, porém não funcionou triste realidade.

– Deixe de drama, não quero mais falar nisso. Agora vá antes que você perca o avião.

– É melhor eu ir mesmo, mas... Cuida-se, por favor. E me ligue sempre, todos os dias.

– Pode deixar e se cuida também, toma conta lá da sua Demetria, e fala que eu acho as musicas delas o Maximo.

– Vou dizer...

Segui para o avião, deixando Laís para trás. Seria um longo caminho, um longo e exaustivo caminho.