Fiquei sentada por um longo tempo na praia, já que não estava “confortável” com a minha nova vida, ao contrario de Perseu que parecia ter se acostumado com a ideia e agora conversava animadamente com umas garotas que pela minha logica deveriam ser filhas de Afrodite, obvio. Tinha meus pensamentos completamente longe quando um garoto se aproximou de mim.

- Por que esta, sentada sozinha? Aconteceu alguma coisa? – perguntou o menino, estranhei este falar comigo.

- Pensando – respondi não querendo dar muita confiança, que sempre quando tentava falar mais de um minuto com algum garoto ou brigávamos ou eu me decepcionava profundamente.

- Queria te pedir desculpas hoje cedo, eu estava um pouco nervoso com o desaparecimento de Thalia, ela era minha melhor amiga ate talvez mais que isso, só que bom, eu coloquei tudo a perder e sinto que se agora ela corre perigo a culpa é minha – desabafou.

- Não tem problema, eu sei como é – disse-, só o que não entendo é o que você fez para ela preferir Luke a você e o que Luke fez de tão ruim? – perguntei. 

Nessa hora pensei que toda minha conversa ia por água baixa, o rosto do menino ficou sombrio achei que ele iria responder com alguma grosseria, mas no instante seguinte ele apenas sentou ao meu lado e falou.

- Há algum tempo atrás eu e Luke disputávamos tudo, ate que conhecemos Thalia, viramos amigos, e eu apostei com ele que conseguiria fazer ela se apaixonar por mim em um mês, dito e feito eu consegui e namoramos por um ano, só que ai ela descobriu sobre a aposta e terminou tudo comigo, Luke aproveitando-se disso se declarou para mesma e ela negou ficar com ele, mas aceitou ser sua amiga, paralelo a tudo isso, uma guerra acontecia Cronos o senhor do tempo estava prestes a dominar o Olimpo e Luke aceitou ter seu corpo junto ao mesmo para que este conseguisse dominar o mundo, felizmente conseguimos vencer e Luke fora perdoado – quando ele mencionou essa parte, senti que estava se segurando para não socar um-, ele passava por um longo período de “observação” e Thalia continuava a achar que ele era uma pessoa do bem, tanto que o levou para a escola onde vocês estudavam, quanto a mim, bom, ela nunca me perdoou por essa aposta – completou tristemente.

- Nossa eu não esperava – sussurrei- jamais podia achar que Luke um garoto que pensei ser tão legal, fosse assim – confessei.

- O pior de tudo é que a culpa foi toda minha, não deveria ter deixado isso acontecer – desabafou. 

- A culpa não é sua, vamos ajudar você a encontrar Thalia – disse.

- Annabeth, é esse seu nome não? – assenti- Você e aquele garoto não podem ir numa missão, não agora, é muito perigoso, existe algum motivo para os deuses não terem assumido vocês ainda, se vocês forem às crianças da profecia – não terminou de falar -, quer dar uma volta? – perguntou mudando totalmente de assunto, confirmei.

Fiquei intrigada com o que Nico dissera como assim crianças da profecia? Existiam tantas duvidas perambulando minha cabeça parecia que podia ouvir as engrenagens do meu cérebro trabalhando para tentar desvendar todos esses mistérios que aconteciam do dia para a noite. E eu ainda nem sequer entendia o porque do mesmo esta sendo tão simpático comigo.

- E você, por que esta falando comigo ao invés de estar paquerando alguma filha de Afrodite ou treinando como um filho de Ares? – perguntei sorridente e ele deu uma leve gargalhada.

- Primeiro que não sou de ficar “paquerando”, sou muito na minha, apesar de não parecer, e bom eu já treinei hoje – sorriu- e você? É bem bonita, estranho não ver nenhum filho de Apolo te perseguindo – comentou e não pude evitar gargalhar.

- Acho que você me confundiu com alguma outra garota, eu sou feia, nenhum garoto do meu colégio algum dia me quis, sou motivo de piada para os garotos geralmente – confessei e ele arregalou os olhos.

- Não sou cego, você é linda, pode não ser a garota mais bonita desse mundo, mas é ao ponto de eu achar que você é uma filha de Afrodite – quando ele terminou a frase eu não aguentei e comecei a rir da cara dele.

Ficamos um pouco em silencio, apenas com a minha risada e o olhar de Nico como se eu fosse algum tipo de maluca, o que mais podia fazer? Não acreditava nas palavras do mesmo, nenhum garoto nunca ao menos dissera que eu era “bonitinha”. 

- Só rindo mesmo, mas serio vamos parar com essa piadinha eu não sou bonita, se fosse os garotos iriam me olhar – retruquei.

- Não é piada, eu acho você bonita e não sou cego, tudo bem que você não tem muito corpo, como muitos garotos querem, mas nem todos pensam assim – ele me olhou de cima a baixo como se me estudasse- você é rica?

- Sim – respondi não entendendo.

- Parece ter personalidade forte correto? – assenti- E mesmo sendo uma garota “mimada” não parece ser do tipo de pessoa que dependa dos outros, para alguma coisa, verdade? – confirmei- E nem comento o fato de você ser bastante inteligente – riu e eu assenti- Esta é a resposta, você é o tipo de garota que eles nunca seriam capaz de chegar por medo de receber um não, preferindo assim, dizer que não te acham bonita, acontece com muitos, e garotas assim como você acabam com caras feios, porem espertos acertei?

Quando ele acabou de falar isso eu explodi em gargalhadas, o que ele falava não fazia sentido algum, tudo bem que muitas pessoas fora do meu colégio, minhas amigas, sempre diziam que eu era bonita, algumas ate diziam que se eu me arrumasse mais ficaria perfeita, mas essa segunda opção já tinha acontecido varias vezes em festas de colégios, mas nada tinha acontecido os garotos continuavam a não me olhar.

- Você só pode estar brincando, tudo bem que fora do colégio muitas pessoas dizem que eu sou bonita, e minhas amigas falam isso sempre, mas acho que não – neguei com a cabeça.

- Se você não quer acreditar, tudo bem – deu nos ombros- não irei insistir, mas que é bonita sim você é – completou sorrindo e eu ri batendo o ombro no ombro dele-, agora mudando um pouco de assunto e aquele teu amigo Perseu?

- A não ele não é meu amigo – tratei de dizer.

- Pensei que fosse – murmurou.

- Mas não somos, inclusive vivemos brigamos, pensei ate que ao invés dos monstros que nos perseguiam seriamo-nos mesmos que nos mataríamos – quando eu disse isso Nico começou a gargalhar.

- Serio menina você é muito engraçada, bom para me fazer rir tem que ser muito engraçada- comentou pensativo.

- Por que você não ri não? – perguntei.

- Rir eu ate rio, mas não sou uma pessoa de rir, sou um filho de Hades geralmente estou de cara fechada – respondeu pensativo.

Eu sorri assentindo, sempre tive esse “poder” de fazer as pessoas se sentirem felizes, minhas amigas geralmente diziam que eu era bastante louca e que era esse meu jeito que animava as pessoas, e bom eu gostava de ser assim, mesmo alguns não gostando, para mim era muito bom ter essa vibração feliz.

- Eu devo ser filha de algum deus da felicidade – comentei. 

- Se você for esta explicado me fazer tão feliz – senti que essa frase teve uma ambiguidade, e quando ele também reparou nisso corou- no bom sentido claro – sorri-, vamos? – perguntou e eu franzi o cenho sem entender- já esta escurecendo, temos que ir para o refeitório – disse.

- Nossa eu nem tinha percebido que a hora passou tão rápido – reparei saindo com ele.

Chegamos ao refeitório e todos, enfatizando todos, olharam em nossas direções como se estivéssemos feito alguma coisa de outro mundo, notei que muitos não esperavam ver Nico com um sorriso no rosto, o que fizeram todos achar que éramos mais que simples amigos, algo totalmente malicioso e radical, diga-se de passagem.

- Não liga para eles, adoram uma fofoca, principalmente as filhas de Afrodite – comentou, indo para a sua mesa. 

Fiquei completamente perdida, sabia que era para ir ficar na mesa de Hermes, mas estava um pouco tímida não conhecia ninguém e não sabia qual reação às pessoas tomariam se eu, como quem não quer nada, me sentasse-se à mesa deles, sendo ainda uma indeterminada. No final tomei coragem para ir à mesa, vendo todos os olhares perante a mim. 

- Olá sou Travis filho de Hermes, muito prazer – cumprimentou um garoto com os mesmos traços de Luke.

- Sou Annabeth, indeterminada – terminei com um meio sorriso e este apenas assentiu como se já conhecesse pessoas como eu.

Por sorte, talvez, continuamos uma leve conversa e acabei conhecendo os outros daquele chalé, inclusive o irmão gêmeo de Travis, Connor, que assim como o irmão era bastante simpático e engraçado. Passados alguns minutos o homem que tinha me dado boas vindas agora era um Centauro, algo que quase me surpreendera, se eu já não estivesse esperando, chegou com outro homem e bateu a pé no chão, no mesmo instante todos ficaram em silencio.

- Quero dar boas vindas aos campistas novos que chegaram e espero que estejam bem acomodados – sorriu- este é o senhor D, quem cuida do acampamento – o segundo homem que segurava cachos de uvas, tinha uma pança enorme acenou com descalço- sim ele é o deus dos vinhos Dionísio – riu parecendo ler nossos pensamentos- espero que tenham uma boa refeição, não se esqueçam de dar suas oferendas aos deuses – completou sorridente.

- Mas para quem eu vou pedir? Ainda não sou determinada – disse para Travis quando pegava minha bandeja.

- Então peça para ser determinada – respondeu sorridente.

Assim que peguei minha comida, que tinha gosto de bife com batatas frias, soube que a comida era o que você desejava, comecei a comer, mas fiquei com o pensamento na frase que iria dizer para que os deuses vissem minha oferenda e minha mãe me determinasse. Quando fui dar um pouco da sobra da minha comida para os deuses, reparei que Perseu também tentara, mas tinha um sorriso frouxo nos lábios, sinal de que nada tinha dado certo.

“A deusa que é minha mãe, por favor, eu te peço me determine” – sussurrei em meus pensamentos, com os olhos fechados.

Quando abri os olhos reparei todos os olhares perante a mim, corei fortemente – algo de errado que fiz?- pensei, foi ai que olhei para cima uma coruja tinha saído da minha cabeça, fiquei meio atômica já que nunca tinha visto uma coruja ainda mais tão perto de mim.

- Temos uma determinada- anunciou Quiron- Annabeth Chase, filha de Atena, deusa da sabedoria, da guerra e da justiça – completou de boca aberta.