- Luke quanto tempo, também estamos muito bem, obrigada por perguntar - comentei sarcasticamente.

- Eu não sou obrigado a ser simpático com quem não me interessa, mesmo desde última vez que te vi, você esteja bem bonita - ele retrucou sorrindo maliciosamente.

Não pude evitar corar com aquele comentário, não tinha mudado muito, para melhor pelo menos não. Ainda me achava feia, mas confesso que fazia um tempo que me sentia mais confiante, e apesar de tudo que tinha acontecido ainda via aquele Luke que pensara um dia ter me apaixonado, o garoto engraçado e brincalhão que tratava todos da mesma forma. Pena que aquilo tudo era apenas uma grande ilusão.

- O que você quer Luke? Não vê que isso tudo que esta fazendo só vai piorar as coisas, quer mesmo se rebelar contra os deuses por uma futilidade? - Percy perguntou e me surpreendi ao ver que o mesmo negou.

- Tanto que irei deixa-los passar - já ia sorrir dizendo algo como “você é dez” quando ele continuou -, mas quero que Thalia fique aqui - terminou recebendo um olhar raivoso da mesma.

- O que você quer comigo? - perguntou irritada.

- Falar contigo, prometo que não irei brigar, a menos que queira - ele sorriu travesso como se aquilo fosse uma antiga piada que compartilhassem.

Naquela hora eu achei honestamente que ele estivesse com algum tipo de problema, como acharia que deixaríamos Thalia falar com ele sozinha depois de tudo que fizera passar? E ainda tinha Percy que o fuzilava com o olhar. Pela primeira vez na vida notei como o mesmo era um bom amigo, apesar de tudo ele protegia as pessoas que amava como se fossem aquilo de mais precioso que o mesmo tinha, confesso fiquei admirada.

- Não a deixaremos contigo Luke, sabemos como você é, e não seremos tolos em cair na sua jogada de novo - falei autoritária.

- Annabeth sei que já lhe falei muitas coisas sem nexos, mas eu realmente preciso conversar com Thalia é importante - sua voz parecia um pouco abalada.

- Quer saber, tudo bem, eu fico, podem ir - Thalia terminou, ignorando meu olhar raivoso sobre ela.

Pensei em protestar ou dizer algo como “está maluca”, mas Perseu me puxou, apenas acenando para Thalia algo que só pude entender “pode deixar comigo”. Olhando melhor, pude entender que na verdade Luke queria apenas conversar com Thalia e me senti uma idiota, mas apesar de tudo estava preocupada, não se podia confiar assim nas pessoas.

- Trouxe aquilo que Atena te deu para respirar de baixo d’agua, bom espero que tenha trazido, pois vai precisar se quiser viver - ele completou sorrindo, ia perguntar como ele sabia daquilo, mas ao invés disso ele fez algo que me surpreendeu me dando um abraço apertado - se cuida sabidinha. E lembre sempre, que eu nunca falei nada para te magoar, apenas para implicar contigo, mas você sabe o porquê disso - dito isso ele pulou na água.

Eu poderia ter ficado ali por um tempo tentando entender tudo que tinha acontecido, mas não dava tempo e eu não queria pensar no porque dele ter feito aquilo, pois tudo levava a crer que o mesmo se despedia de mim, e de uma forma ou de outra, acho que não queria aquilo. Reuni todas as minhas forças e peguei a pastilha que minha mãe me dera e coloquei na boca, um sabor de menta, e logo pude sentir respirando como um peixe e vontade grande de pular na água, e foi o que eu fiz.

- Demorou - reclamou Percy assim que consegui alcança-lo.

- Você tem ideia onde essa pedra da ressureição esta? - perguntei ignorando sua reclamação.

- Eu a vi nos meus sonhos - respondeu olhando para os cantos- se tivermos sorte a encontramos, mas você que é a garota esperta aqui, deveria saber onde é.

Pensei em perguntar quais foram os sonhos, com tudo que tinha acontecido e com a nossa falta de comunicação, nunca tinha parado para escutar Percy, me perguntei quais eram especificamente os sonhos do mesmo. Senti-me mal por sempre o julga-lo sem antes o conhecer, mas ao mesmo tempo meu orgulho ainda pairava me impedindo qualquer tipo de desculpas ou tentativa de aproximação.

- Acontece que eu não sou filha do deus do mar, e mesmo amando nadar, não tenho nenhuma noção pratica de como procurar algo debaixo d’agua, sem algum equipamento - respondi sorrindo falsamente.

- Tenho uma ideia - ele falou ignorando meu comentário.

Não precisei ser nenhuma gênia, para sacar o que o seu plano, ele chamou algumas criaturas marinhas, e pediu auxilio para as mesmas, mas poucos resultados foram encontrados, segundo eles tudo que os mesmos podiam fazer pela gente é indicar a localização exata, mas que teríamos de tomar cuidado, pois o lugar era protegido com varias armadilhas e só um poderia ir pegar, acaso contrario não conseguiríamos nem ter a chance.

- Eu vou - disse Perseu decidido.

- Nem pensar - respondi convicta.

- Por que não? Quem melhor para ir pegar aquela pedra se não o filho de Poseidon?

A verdade que eu não queria confessar era que não confiava plenamente em Perseu, aqueles sonhos tudo, me deixaram mais confusa ainda, tudo bem que meu coração dizia que o mesmo jamais faria algo assim, mas eu insistia em não confiar nele, parecia que tinha algum escudo.

- Porque eu acredito que é muito arriscado, além do mais eu não quero que nada aconteça contigo - confessei corando um pouco, um sorriso brotou de seus lábios e eu queria morrer.

- A vida é feita de obstáculos, sabidinha. Eu prometo que não irei morrer tão facilmente - ele sorriu me dando um beijo estalado na bochecha - me deseje boa sorte - falou com um sorriso maroto nos lábios e saindo rapidamente.

Enquanto olhava Percy nadar cuidadosamente pelo túnel, onde possuía varias pedras e algumas partes, praticamente impossível de se cruzar. Notei algo bastante estranho, tudo estava sendo muito fácil, sem contar que sentia como se estivéssemos sendo vigiados como se estivessem esperando apenas que Percy pegasse a pedra para nos encurralar. E o mais estranho de tudo era que agora não se via mais nenhuma criatura marinha ali presente, parecia que todos fugiram não me impressionava já que a água era altamente poluída e em condições normais eu não teria suportado, se eu não estivesse com aquela pastilha, que me preocupava ate quanto tempo iria durar, por isso precisávamos ser rápidos.

- Encontrei - escutei a voz de Percy ecoar pelo túnel, enquanto saia o mais rápido possível sem encostar em nada, já que um passinho falso e tudo desmoronaria.

- Então ande de pressa, estou ficando com medo desse lugar - falei olhando pros lados, a procura de alguém, que insistia ter.

- Calma já cheguei - ele falou rindo do meu nervosismo - e aqui a tal da pedra, ate que ela não é de grande coisa - completou enquanto jogava a mesma para cima e para baixo.

- Pare de brincadeiras, vamos sair daqui agora, Percy eu estou com um mau pressentimento - não pude completar a frase quando avistei a criatura que menos queria ver.

Percy arregalou os olhos e eu também, ao olhar para trás, me deparando com Oceano, como no meu sonho, um arrepio surgiu na minha espinha. Ele tinha o corpo formado por torsos de um homem com garras de caranguejo, aquilo seria a coisa mais grotesca que tinha visto na vida, ele irradiava poder.

- Ora se não encontro dois pelo preço de um - o homem sorriu diabolicamente- vou adorar mata-los.

- Oceano? O que com a gente? Qual o plano? Ressurgir todos os titãs? - perguntei rindo nervosamente.

- Um pouco isso, Gaia almeja a volta definitiva de todos nós, a caída de Zeus do trono, mas para isso precisamos de algo que esta na mão do seu amigo ai, dê a pedra que vocês poderão ter uma chance - respondeu sorrindo.

- Nunca - retruquei, mas quando ia avançar nele, uma falta de ar surgiu, o efeito da bala estava acabando.

Eu iria morrer se Percy na mesma hora não tivesse feito uma bolha entre nós, ignorando totalmente Oceano, em outros casos eu teria falado alguma coisa, mas Oceano parecia nenhum pouco preocupado, como se já soubesse que de qualquer jeito ganharia.

- Foge agora - foi à primeira coisa que ele disse, parecia desesperado.

- Ficou maluco? Não irei te deixar aqui sozinho com esse cara que vai te matar, você não tem a menor chance com ele - exclamei.

- Eu sei que não tenho, mas preciso tentar pelo menos distrai-lo, pode ser que eu sobreviva - ele tentou sorrir, mas nenhum de nós via qualquer esperança nisso - e além do mais se você sobreviver nós venceremos, só precisa chegar à terra firme e corta-la com sua faca, ela vai se quebrar e eles não terão mais chances, meu pai me disse que Gaia esta sobe controle, então só resta isso é um sacrifico que preciso tomar - falou confiante.

De canto de olho podia ver Oceano já bastante impaciente com a nossa demora, fazendo menção de ir nos atacar. Percy também percebeu, porem não demonstrou medo como se já tivesse se conformado com o seu futuro.

- Mas não é assim, eu não quero que você morra! Eu te amo e não quero te perder - disse já com lagrimas nos olhos- droga esse feitiço idiota de Afrodite, se você em outros tempos meu coração não estaria doendo tanto - resmunguei e ele me olhou tristemente, talvez por causa da nossa despedida.

- Veja pelo lado bom, pelo menos seu sonho vai se realizar e eu terei sumido do mapa - falou com um sorriso e eu dei um tapa em seu braço - se cuida sabidinha - ele completou me dando um beijo na testa, antes de fazer uma outra bolha dessa vez só para mim e estourando a sua.

A ultima coisa que pude ver depois disso, foi o mesmo sussurrar algo que podia jurar que era um “eu te amo”, mas não quis criar esperança. Antes que Oceano pudesse me atacar, ao ver que eu estava com a pedra Percy criou uma mare na direção do mesmo, impedindo qualquer aproximação. Depois disso subi como um jato para a superfície. Assim que coloquei meus pés sobre terra peguei minha faca e como Percy tinha dito, a pedra se quebrou ao meio. Minha felicidade só não durou muito, pois meu coração do nada apertou de uma maneira incontrolável, dessa vez não quis ignorar o que já sabia o tempo todo, mas nunca quis admitir que estivesse certo. Só o que fiz então foi me ajoelha e chorar, como nunca tinha feito antes.

- Annie o que - Nico não pode terminar a frase, ao ver meu estado.

- Ele morreu. Percy morreu - foi só o que disse antes de me debruçar em Nico e chorar, tinha acabado de perder o garoto da minha vida, por um orgulho besta.