Meu dia começou péssimo, se é que pode começar bom quando se é primeiro dia de aula, ainda mais sendo segunda-feira, dia que eu particularmente odeio, o despertador tocou pontualmente, como sempre, e meu pai veio no meu quarto dizendo que era hora de acordar. Arrumei-me rapidamente, já que queria chegar o quanto antes na escola, apesar de tudo, sentia uma enorme saudade dos meus amigos, tomei café da manha rápido e junto do meu pai que me leva todos os dias para me levar para escola.

- Aqui esta os quarenta reais da semana – disse Frederick, meu pai.

Eu e ele, junto com a esposa do mesmo e mais dos meios-irmãos morávamos numa enorme casa, meu pai era um importante historiador, minha família não era rica, mas eu vivia como uma, já que a ausência constante do meu pai e o fato de nunca ter conhecido minha mãe, ele me recompensava me dando tudo que o dinheiro pode comprar. Despedi-me dele com um beijo na bochecha e entrei na escola, o sinal tinha acabado de tocar então fui direto para a sala de aula.

- Amiga aqui – minha melhor amiga Thalia acenou para mim apontando uma cadeira atrás dela no meio da sala.

Estudava naquele colégio desde que me entendia por gente, e há três anos conhecia Thalia e como eu sempre fui “nerd”, me destacava em todas as matérias; menos nas de decoreba e Thalia também gostava de estudar, por mais que em matemática e física eu tivesse notas melhores que as dela, ela me ajudava muito com português, já que eu era dislexia e por mais que minha amiga também fosse uma das características que tínhamos em comum, a mesma já parecia estar mais acostumada.

- Então como foi seu final de semana? – perguntei porem antes que ela pudesse responder qualquer coisa seus olhos pararam em um garoto que tinha entrado naquele exato momento na sala, pelo meu déficit de atenção eu não reparei direito como ele era, mas pelos olhares de todas as garotas parecia que era bonito. –             Nossa Thalia o menino mal chegou e vocês estão o comendo com um olhar – dei uma leve gargalhada e ela me olhou mortalmente.

- Para de pensar malicia Annabeth! – me repreendeu – Eu o olhei porque não sei, senti algo diferente com esse garoto – disse.

- Como diferente, pelo que eu estou vendo ele não tem nada de diferente, ao contrario é só mais um daqueles idiotas populares que tem aqui na escola – falei ao ver varias meninas o cercando, enquanto este sorria para elas.

- Ele é poderoso tem algo nele que o faz – parou de falar de repente, pensei em perguntar do que ela estava falando, mas a professora entrou e ela virou para prestar atenção na aula.

Minha amiga ficou o resto das aulas em silencio, de vezes em quando olhando para o novo aluno que mais tarde descobri ser Perseu Jackson, Quarterback do time de futebol daqui do colégio um excelente nadador, com varias medalhas já conquistada inclusive, melhor aluno em geografia do colégio, parece que ele já estudara aqui antes, mas teve que sair por alguns anos, porem agora estava de volta, só que eu confesso, nunca tinha nem sequer reparado nele, segundo algumas pessoas, antigamente ele não era tão bonito como é hoje em dia.

- Algum de vocês já estudou ou sabem algo sobre mitologia grega? – perguntou o professor que supus ser de filosofia, mas não me perguntem o nome, pois não sou boa em gravar o nome de uma pessoa – Bom, para entendermos a mitologia devemos saber como os deuses surgiram...

Ele começou a falar dos princípios da mitologia grega, eu, Thalia e o tal do Perseu, ficamos calados escutando atentamente o que o professor dizia, confesso que gostava bastante desses tipos de assuntos e como o professor parecia ser gente boa só me fez aumentar mais minha curiosidade sobre o assunto, que para falar a verdade sempre me interesso, porem só sabia o que os livros contavam e o mesmo falava coisas que muita das vezes os livros não me esclareciam tão bem.

No final da aula fui correndo para a cantina, já que necessitava comprar algo para comer, tinha muita fome pela manhã, a minha sorte é que não era de engordar logo podia comer o quando quisesse não engordaria esse era o único ponto bom de ser magra, porque o resto em minha opinião era péssimo, eu não tinha tanto corpo como as outras garotas que eu via e achava sinceramente que por não ter corpo estava fora dos padrões de beleza.

- Ai esta você a procurei por toda parte – falou Amanda me vendo dar uma mordida empolgada no meu salgado.

Amanda era uma das garotas mais populares do meu colégio e uma das mais bonitas também, ela assim como varias meninas populares falavam comigo e viviam falando para eu me arrumar mais e me maquiar, queriam me inserir no grupo delas, já que segundo as mesmas se eu ligasse um pouco mais para aparência os garotos iriam demonstrar estar afim de mim, ate porque, segundo elas, eu não era feia e muitos me queriam, só eu que não percebia isso, porem eu não me identificava nenhum pouco com as mesmas e duvidava muito de que fosse bonita a esse ponto.

- O que aconteceu? – perguntei rindo.

- Você já viu o novo garoto? – assenti- Ele é um deus grego e ainda por cima é inteligente, carismático e joga futebol como nenhum outro – comentou Amanda, revirei os olhos.

- Por favor, ele não é tudo isso, o Luke é mais bonito que ele – comentei olhando para a mesa onde Luke sentava com uns amigos.

Luke era um garoto que tinha conhecido através de Thalia, era loiro dos olhos azuis, atlético, capitão do time de basquete, engraçado, simpático e muito romântico e devo confessar que em minha opinião ele era o único garoto que valia a pena naquele colégio, pena que assim como todos; o mesmo nunca olharia para mim.

- Ainda com essa paixão platônica por Luke? – Amanda tinha um olhar reprovador sobre mim- Ele é um idiota Annie e quando você perceber isso, talvez seja tarde demais – completou e logo depois saiu andando.

Na hora quis responder algo à altura, ate porque ninguém falava mal de Luke na minha frente e ficava por isso mesmo, mas se o fizesse alimentaria ainda mais as piadinhas que as pessoas fazem sobre mim por conta dele, na verdade seus amigos, que por um motivo que desconhecia não iam com a minha cara, assim como outros garotos.

Depois disso fui andar pelo pátio, fato curioso com a minha pessoa é que eu raramente andava com as pessoas ao meu lado, tinha chance de andar com as pessoas que eu quisesse, mas não me encaixava em nenhum “grupinho” que me colocassem, gostava de ficar sozinha e pensar na vida, nos meus sonhos, ser uma arquiteta, pensava praticamente todo dia nisso, no tempo livre eu escutava as musicas do meu MP3 e ficava desenhando algumas plantas, geralmente não sabia o porquê daquilo, gostava de desenhar plantas que se assemelhavam aos templos gregos, talvez seja por essa bela arquitetura que tenha me apaixonado por mitologia grega, sabia bastantes coisas.

- Onde estava? Procurei-te por toda parte – comentou Thalia a me ver chegando à sala.

Não pude responder nada, pois Luke estava do lado dela, e se tinha um fato sobre mim, é meu nervosismo ficava nervosa atoa, às vezes nem eu sabia que estava nervosa, e para não gaguejar ou falar algo sem nexo ou ate mesmo falar freneticamente, o que acontecia com frequência quando ficava nervosa, decidi sair andando. Como minha amiga me conhecia, se despediu de Luke e foi ao meu encontro.

- Você precisa tomar uma atitude, por que não confessa de uma vez que esta apaixonada por ele? – perguntou Thalia, nesse exato momento Perseu entrara na sala.

- Nem se ele fosse o ultimo garoto do mundo – respondi, Thalia virou o rosto e reparou que era de Percy que falava.

- Não falava dele e você sabe disso – retrucou a mesma virando para frente, eu achei que ela iria falar algo, mas não falou mais nada, logo depois a professora chegou e começou a falar à matéria que iria cair na prova, antes mesmo de darmos a matéria.

Mais uma vez o tempo foi passando, porem dessa vez parecia que os minutos não passavam, era aula de Inglês e eu, confesso, tinha dificuldades não conseguia me adaptar bem a língua por conta da minha doença, então na maioria das vezes fazia uma prova oral, para que não me saísse mal, acaso eu fizesse uma escrita.

- Ainda bem pensei que essa aula nunca ia terminar – comentou minha amiga olhando sugestivamente para Perseu – vem, vamos falar com o aluno novo, aproveitar que nenhuma garota esta o pentelhando, já que estão tudo copiando a matéria – decidiu Thalia me puxando para onde o garoto estava – olá, você deve ser Percy não? – perguntou, ele apenas assentiu sem dar muita importância-, nossa você esta com o CD novo do Simple Plan eu sou louca por essa banda – exclamou contente.

Parecia que essas foram às palavras magicas, pois o menino a olhou e sorriu, começando assim ambos a conversarem, se a minha amiga tinha uma qualidade é a incrível facilidade de fazer amigos, principalmente os garotos, muitas garotas a criticavam por ter na maioria das vezes estar na companhia de meninos, mas ela não ligava, dizia que por ter sido acostumada desde cedo a conviver com eles já os entendia e influenciava mais ainda, pela mesma ser apaixonada por esporte, também gostava e muito, mas ao contrario dela eu era um pouco “ansiosa” demais e acabava ao invés de ser admirada pelos meninos eu era motivo de piada.

- Você pratica futebol americano não? – perguntei tentando entrar na conversa ele apenas assentiu- Como é que é? Eu assisto vários jogos, sou apaixonada pelos Lakers, mas infelizmente não entendo muito, será que você poderia me explicar? – perguntei minha amiga abriu um leve sorriso.

- Eu ate poderia, mas agora não da eu estou muito ocupado – respondeu com um sorriso, o mesmo sorriso que ele tinha com as garotas que o estavam perturbando, minha amiga me olhou com pena, entendendo tudo.

Decidi sair dali antes que alguma outra piadinha viesse, Thalia se afastou logo do mesmo indo a minha direção, sabendo, assim como eu, como ele era. Aquilo não me surpreendeu já esperava uma reação assim dele, Percy era acostumado com as garotas dando em cima dele com argumentos desse tipo, e se fosse vindo de uma garota como eu era motivo de piada.

- Não fica assim amiga ele é – Thalia virou-se na direção do mesmo, eu também o mirava, agora ele estava com uma garota que ria freneticamente apontando para mim e o mesmo apenas sorria confirmando tudo- um idiota – completou a frase.