A Sociedade Perfeita escrita por fhyuvdkmchjk


Capítulo 8
A Cidade Romântica.


Notas iniciais do capítulo

Para ouvir: The Ghost Of You, My Chemical Romance.E vê o clip também, por que tem haver com guerra, :Plink: vhttp://www.youtube.com/watch?v=-CF4R25gfpY



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As próximas três semanas passaram depressa. A pior parte foi contar à Clarisse sobre o recrutamento. A jovem se tornou absurdamente mal-humorada e culpava Charlie de qualquer coisa que aparecesse de relativamente ruim em sua frente, assim como jogava "indiretas" sob qualquer ação para convencer Lorena a não voltar para o lado de fora. 

Lorena percebia que o que fazia era idiotisse. Antes queria passar para o lado de fora para o de dentro, e agora queria justamente o contrário. Mas algo lhe dizia que ela deveria ir. Talvez era mágica. Talvez a Sociedade Perfeita lhe mostrasse os caminhos certos. Ou talvez não. Talvez a Sociedade não a queria mais ali, talvez a mesma obtinha o poder da pressão pscicológica, talvez ela tentara assustá-la com a história de Charlie. 

E talvez Lorena havia sido fraca o suficiente à se render sob essa pressão.

Charlie havia se tornado seu melhor amigo. Um confiava no outro, Lorena havia conquistado Charlie à ponto que todas as vezes que se sentia culpado, o outro desabafava. Lorena também não precisava resolver suas dúvidas no escuro. Charlie sempre lhe ajudava com o que podia nesse ponto. 

Clarisse, Lorena percebeu, no início tinha cíumes da amizade forte dos dois. Mas quando Lorena indagou ao amigo se isso seria um problema, ele dizia que Cisse estava ficando cada vez mais relaxada com a presença da jovem. Isso dera bastante segurança à Lorena, e ela praticamente vivia na casa dos dois. Alguns moradores até brincavam: "Este é Charlie Träumer, Esta é Clarisse Süß futura Träumer e esta é Lorena Keufer quase Träumer". Era uma brincadeira boba e até infantil, mas não poderia descrever melhor a situação.

Estava tudo praticamente em ordem, mas na véspera do recrutamento, Clarisse finalmente percebeu que a amiga realmente iria para a guerra e, no meio do desespero, começou a aterrorizar a mesma com ideias mirabolantes e falsos problemas no exército. A intenção de Cisse não era ruim, mas Lorena foi ficando cada vez mais nervosa com a estréia na luta.

O dia, enfim, finalmente chegou. Lorena tremia dos pés à cabeça, Clarisse estava braba como ela nunca havia visto, mas ao mesmo tempo parecia querer segurar o choro, e Charlie estava saltitante como nunca, o que deixava as pessoas envolta, a maioria triste por ver os familiares indo embora, um tanto confusas. Provavelmente elas nunca saberiam o quanto o jovem amava a guerra. Ele tinha uma febre pelo perigo, e um vício por salvar pessoas. E foi só o apito ser tocado pelo general, formando duas filas, uma masculina e outra feminina, que o jovem abriu um sorriso gigantescamente enorme no rosto pálido. Deu um beijo rápido na noiva e acenou os dedos indicador e do meio, partindo da testa, em um comprimento de cadetes brincalhão. Em seguida, correu para a fila masculina, deixando Lorena para trás.

- Lorena, promete pra mim que vai se cuidar...e cuidar dele - Cisse exugava o choro inevitável enquanto pedia o favor à amiga. Lorena lhe deu um abraço em uma resposta positiva e partiu para a fila feminina, que era absurdamente menor de que a masculina.

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Estavam em um pequeno avião, partindo para a antiga Paris, França. Lorena nunca havia se imaginado viajando, muito menos para um lugar romântico. Estava nervosa, e perguntou-se como Charlie estava se sentindo. O rapaz estava muito sério e inexpressivo, não se comunicava. Já estavam com as "armas" em punho, mas fora avisado que elas só serviam para legítima defesa. Na verdade elas nem eram armas mesmo, eram apenas dispositivos carregados de um sonífero que só duraria até alguém emboscado fugir. Lorena se senta assustada com tantas novidades, e havia gente ali de todos os lugares possíveis. Podia-se ouvir um monte de línguas diferentes, e Lorena percebeu sua estupidez ao pensar que só haviam alemães na Sociedade Perfeita. Afinal, se estavam indo à França buscar puros encrencados e Theodore havia morrido na Irlanda.

"Burrice" - Lorena pensou - "Ou então lerdeza". 

Um apito soou pelo avião, indicando o pouso. A porta se abriu, Charlie se levantou, sério, o rosto fechado. Lorena o seguiu pela porta e ao ver onde iriam lutar boquiabriu-se.

- Realmente. - Lorena exclamou sarcástica para Charlie - Esta é com certeza a Cidade Romântica, hã? - Completou, por fim, enquanto contemplava uma cidade em ruínas.

E que ruínas! chegava a ser pior do que Dunkelheit! A cidade toda era uma massa suja e bolorenta, as ruínas eram escuras como a noite, haviam cadáveres espalhados pelo chão e flores mortas que apodreciam no concreto.

- É. – Charlie concordou e soltou um assobio.

O apito soou de novo. Os soldados corriam para todas as direções.

- Siga-me. – Charlie a guiou e Lorena obedeceu, partindo atrás dele.

Charlie trabalhava com uma habilidade quase impossível de ser seguida.corria, rolava e escorava, tentando não ser visto pelos não puros. Se eles percebessem o que estava acontecendo, iriam surtar e isso era a última coisa que queriam. Charlie parou na lateral de uma casa e fez um sinal. Lorena percebeu que estavam sozinhos.

- É agora Lorena. Você aponta o sonífero, em caso de eles estarem armados e eu arrombo a porta, pronta?

Lorena fez que sim com a cabeça.

-Então vamos. Um. Dois. TRÊS!

Charlie arrombou a porta com rapidez e Lorena entrou, armada, uma senhora maltrapilha que antes estava dando de comer à duas crianças famintas gritou. Charlie se apressou.

- Calma. Não vamos te machucar. – E, vendo que a senhora não tinha armas – Abaixa a arma, Lorena.

A jovem o fez, olhando sem ação para as três pessoas ali. Charlie se precipitou.

- Qual é seu nome?- Ele perguntou, calmo.

-Não interessa.

- Estamos querendo te ajudar. Por favor, nos informe seu nome.

- EU DISSE QUE NÃO INTERESSA! – A moça precipitou-se para cima de Lorena, em um golpe rápido, um punhal que surgiu do nada em sua mão.

-Não se envergonha? Não se envergonha de trair seus antigos colegas? – A senhora se precipitou, raivosa. Lorena estava paralisada. Não podia fazer nada, não conseguia se mexer. A senhora levantou o punhal em direção ao seu rosto, mas um vulto a impediu, atirando-se para cima da figura. Ouviu-se um estalo e a mulher caiu, desmaiada. Lorena estava embasbacada.

Charlie respirava rápido e se levantou suando, a arma ainda fumegava com o disparo do sonífero. Então se levantou e aproximou-se das crianças.

- Não se preocupem, ok? Ela vai ficar bem, só está dormindo um pouco. Agora, me digam seu nome e  suas respectivas idades.

As crianças tremiam e choravam baixinho. O menino, que parecia ser mais  velho, respondeu as perguntas, temeroso.

- E-Eu sou Jaques...Tenho o-oito anos.

- Muito bem, garoto...e essa garotinha? – Ele disse sorrindo e Lorena nunca imaginou uma pessoa que pudesse ser tão doce com crianças – Ela é sua irmã? Como ela chama?

- Ela é a Lola. Mas ela não é minha irmã. Não sei de quem ela é filha.

Charlie sorriu.

-  Entendo...Você sabe a idade dela?

O menino fez que sim com a cabeça,

- Seis.

Muito bem...vocês podem vir comigo. Não se preocupem, vou lhes levar para um lugar melhor- Ele disse e se afastou, aproximando-se de Lorena, que ainda tremia, assustada.

- Tá tudo bem? – O rapaz cochichou, tentando acalmá-la. Lorena fez que sim com a cabeça.

-O que a dona falou era verdade? Você era uma de nós?

Lorena olhou a menininha minúscula, que lhe dirigia a palavra com um brilho sádico nos olhos.

- S-Sim. – A moça gaguejou. A menininha sorriu, maliciosa. Lorena nunca havia visto um sorriso tão maldoso nos lábios de uma menina tão pequena.

- Eu sabia que a vidente dizia a verdade. Sorte sua que ela não teve tempo de lhe passar a sina. – A menina disse e caminhou, saindo pela porta da frente e sumindo pelo horizonte.

Charlie olhava tristonho para a paisagem arruinada. O menininho deu a mão à Lorena e apertou-a, como se buscasse proteção contra o ser maldoso que acabara de deixar o estabelecimento.

- É triste ver... É triste ver que uma criança tão pequena nunca poderia ter a chance de se reabilitar.

O garotinho olhou Lorena e sorriu. Lorena pôde perceber a diferença do tom daquele sorriso. Era bondoso era...puro. A moça olhou o corpo desacordado da vidente, depois olhou o garotinho, sorriu e voltou o olhar para onde o rapaz ao seu lado o mantinha. Depois concordou com a cabeça, o sorriso maquiavélico da garotinha em seus pensamentos.

“Tão jovem...” – Ela pensou, enquanto seguia Charlie pelas ruínas escuras da cidade romântica.


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Notas finais do capítulo

OBS: Träumer se pronuncia Trrróima, Keufer se pronuncia cóifa e Süß se pronuncia Suuuuss (nha, n da pra explicar como fala esse trema no u, bota pra ouvir no google tradutor). Procurei por nos sobrenomes alemães uma característica de cada personagem, menos Keufer, que eu que inventei. Dessa maneira, Träumer = sonhador e Süß = meiga.