18 de dezembro – Boston – Manhã – Rachel's POV

É meu aniversario e me sinto culpada. As pessoas não deveriam se sentir assim em seus aniversários, mas não consigo evitar. Acabei de falar com meus pais ao telefone e isso é meio que o motivo da minha culpa. Sim, foi bom falar com eles, mas mal consegui esconder o desapontamento em minha voz quando vi que eram apenas... eles...

Eu sou uma atriz, pelo amor de Deus! Era de se esperar que pudesse disfarçar melhor, mas não era com eles que eu queria falar. Eu queria que Quinn fosse a primeira a me desejar os parabéns...

Prendo o cabelo, está na hora de fazer meus exercícios matinais. Talvez as endorfinas melhorem meu humor... Ainda não conhecia a academia desse hotel, ela é envidraçada por fora, mas fico feliz em ver que está vazia. Não gosto de ser observada e muito menos fotografada coberta de suor.

São apenas seis da manhã, acho que ainda é muito cedo para receber ligações da Quinn. É, ela não gosta de acordar cedo, pelo menos não antes das sete. Vou me concentrar na bicicleta (que tipo de academia não tem um elíptico?) e esperar. Prendo meu I pod no braço e conecto os fones de ouvido, Good Day Sunshine reverbera em minha cabeça e sorrio. Essa musica sempre me deixa feliz. Deixo meu celular em um lugar visível e começo a pedalar.

Depois de alguns minutos, entro no ritmo, já me sinto um pouco melhor, atividades físicas sempre me animam e... Ah... Um cara acabou de entrar. Por algum motivo, ele está me olhando de forma estranha. Será que devo sustentar o olhar? E se ele for um estuprador, ou algo assim? Sinto um cala frio e endireito a coluna, reduzindo a velocidade de minhas pedaladas. O homem continua olhando pra mim.

"Posso te ajudar?" Pergunto hesitante, parando totalmente meus movimentos.

Os olhos dele encontram os meus e ele sorri, parecendo envergonhado. "Eu estava encarando, não é mesmo?"

"Consideravelmente..."

"Desculpe, mas eu sou um grande fã seu e... Minha filha quer ser como você quando ela crescer e..." Ele se aproxima e para ao meu lado. "Er, meu nome é Tim, eu sou o instrutor da academia."

"Qual é o nome da sua filha?" Adoro momentos como esse, de reconhecimento, de encontrar pessoas que se inspiram em mim, que querem ser como eu. Faz todo o meu esforço valer a pena, saber que sou a Barbara de alguma menininha.

"Deb, quer ver uma foto?" Pergunta ele, tirando um telefone do bolso sem esperar por uma resposta.

"Claro," Murmuro, me inclinando para ver a menina. Ela é morena e parece ter 8 ou 9 anos, na foto ela sorri, mostrando o buraco dos dentes que lhe faltam na frente. Sorrio também. "Ela é linda... Você gostaria de um autografo?"

Tim arregala os olhos. "Isso, isso seria ótimo!" Ele faz uma pausa. "Você se importaria se tirássemos uma foto? Minha esposa não vai acreditar nisso!"

Olho para meu próprio corpo, não estou usando roupas aconselháveis para uma foto, mas como poderia recusar? Concordo com a cabeça e desço da bicicleta. Ele passa um braço pela minha cintura e sinto-o tremer. Provavelmente tremeria se encontrasse com a Barbara em uma academia...

Depois da foto, ele me entrega um papel e uma caneta vindos de lugar nenhum e autografo para sua filha. Estava prestes a devolver o papel quando meu celular começa a tocar. Dou um pulo na direção do aparelho e meu coração acelera impossivelmente quando vejo a imagem de Quinn piscando para mim na tela.

Levanto os olhos para Tim antes de clicar no verde e ele parece entender a mensagem, saindo da sala e murmurando algo sobre guardar meu autografo em um lugar seguro.

"Alô?"

"Bom dia meu amor!" A voz de Quinn soa um pouco rouca, como se ela tivesse acabado de acordar, mas o barulho no fundo da ligação não condiz com o cenário que imagino.

"Aonde você está?"

"Hã?"

"Quero dizer, oi…" Sinto-me corar e sua risada delicada parece fazer cocegas em meus ouvidos, o calor em meu peito me deixa ainda mais vermelha pelo que posso ver graças ao grande espelho atrás das bicicletas. "É só que ainda não são oito horas e eu consigo ouvir vozes e carros do seu lado da linha."

"Tudo bem." Murmura ela. "Eu tive que sair cedo hoje, estou partindo em uma missão secreta." Diz ela, baixando a voz em tom conspiratório.

"E eu posso saber que missão é essa?" Pergunto enquanto sento no banco de um aparelho de musculação que nunca usei antes.

"Claro que não, é uma missão secreta e missões secretas costumam ser, bem, secretas, obviamente." Consigo ver o sorriso em sua voz e isso me faz sorrir também.

"Tem algo a ver com o seu trabalho?" Pergunto e faço uma pausa enquanto tento imaginar o que pode ser.

"Nem adianta tentar Rach, eu não vou te contar."

"Por favoooor!" Admito que estou me sentindo extremamente curiosa. Por que ela faz isso comigo.

"Não. E não foi para falar de mim que eu liguei pra você."

"Só... Não é nada perigoso, é?"

Ela suspira e sua voz se suaviza. "Não, é algo bom. Se der certo vai me deixar bem feliz..."

"Ok." Começo a brincar o a ponta do meu rabo de cavalo.

"Ok." Ouço-a respirar profundamente. "Então, ouvi dizer que uma certa celebridade está de aniversario hoje, mas não consigo lembrar o nome dela."

"Humm... Brad Pitt?"

"Sério que ele está de aniversário hoje?"

"Sim. Christina Aguilera também... É dela que você está falando?"

"Humm, não, tenho certeza que ela não é tão velha quanto a Christina..."

"Talvez se você a descrevesse..." Troco o telefone de uma orelha para a outra.

"É uma boa ideia, tenho certeza que você a conhece, ela é morena, baixinha, grandes olhos castanhos, as pernas mais compridas que eu já vi, a voz mais doce que já ouvi..." As palavras de Quinn parecem entrar sob minha pele e sinto todos os pelos do meu corpo se arrepiarem.

"Parece familiar..." Minha voz sai tão rouca que não parece minha.

"Eu ainda não acabei, ela é uma das mulheres mais lindas que eu conheço, não, ela é a mais linda. Ela é amável e carinhosa e compreensiva. Ela tem mãos pequenas e delicadas e o cabelo dela tem cheiro de cereja com algo que não sei descrever, mas sempre consegue me deixar tonta..." Ela continua falando baixo e pausadamente. "E, uma vez, ela disse que me amava."

"Só uma vez?" Pergunto, mordendo o lábio.

"Talvez duas..."

"Eu te amo."

Ela ri. "Três agora. Eu também te amo. Feliz aniversário Rach."

"Eu queria que você pudesse estar aqui." Murmuro, sentindo meus olhos se encherem de água.

"Eu também..."

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Fim Rachel's POV

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Aeroporto em Boston – Meio da Tarde

Quinn desceu a rampa do desembarque e olhou em volta, procurando por alguém conhecido, não demorou muito até que seus olhos se cruzassem com os de Meg. A outra loira acenou e Quinn andou até ela, arrastando a mala atrás de si.

Não demorou para que elas chegassem ao grande centro de eventos aonde estavam sendo realizadas as audições. A assistente social brincava com os próprios dedos nervosamente, ela e Meg haviam conversado sobre isso e os detalhes já estavam todos acertados, os produtores da Fox gostaram da ideia de confirmar o relacionamento de Rachel e Quinn através de algo como um reality show.

Essa era a missão secreta.

Em algumas horas, Quinn estaria entrando na sala de audições e fazendo uma surpresa para a cantora, acompanhada por um grupo de câmeras. O vídeo seria lançado durante o primeiro episodio de American Idol, junto com as melhores audições da primeira etapa.

Ninguém tinha dito o que ela deveria fazer, quaisquer declarações que ela pensasse em dar estavam a seu critério. O que pediram foi discrição e que ela não fosse vulgar. (O que ela não conseguiria ser nem se tentasse...)

Uma pequena equipe a esperava em uma sala que ficava isolada de todo o complexo, Meg a apresentou para Gene, o câmera, Denise, a maquiadora e Vivian, a nova assistente de quem Rachel havia falado.

"Qualquer coisa chame, eu tenho que ir encontrar com os produtores agora, mas vai dar tudo certo." Disse Meg, abrindo a porta.

"Ok, até daqui a pouco então..." Respondeu Quinn.

"Até."

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Rachel respirou profundamente e apertou o botão em seu telefone para conferir a hora, quase sete e meia, mais uma hora e ela poderia voltar ao hotel e ligar para Quinn. Apesar de ser seu aniversario, ela não se sentia nem um pouco diferente e o dia não parecia em nada especial. Claro, ela havia ficado feliz com o bolo vegan surpresa que seus colegas lhe deram e apagara todas as 26 velinhas desejando estar em outro lugar. Ela amava seu trabalho, mas recentemente descobrira que amar alguém era muito melhor do que amar algo, principalmente por que esse alguém a amava de volta.

"Só mais 4 dias." Disse Hugo, dando um tapinha em suas costas e a tirando do estado de transe.

"Eu sei." Ela se forçou a responder sem sentir consolo algum em suas palavras.

"Posso chamar o próximo?" Perguntou Jon, endireitando-se em sua cadeira.

"Por favor."

"Numero 5696."

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"Pronta?" Vivian sorria para Quinn e a loira sorriu de volta, fazendo que sim com a cabeça.

Ela segurou o cabo do violão que pendia em seu ombro. A verdade era que ela estava nervosa por dois motivos, primeiro, a câmera dando zoom em sua cara a deixava extremamente constrangida e segundo, ela não sabia tocar violão, mas Dave insistira em ensiná-la. Por mais que ela soubesse as posições de cor, seus dedos ainda se atrapalhavam ao tocar e seu cérebro parecia não conseguir registrar que uma mão tocava enquanto a outra pressionava as cordas. Sem contar que ela estava acostumada com o piano e a ideia das teclas parecia tão mais atraente.

Três dias de ensaio não pareciam o suficiente para ela, mesmo que, de acordo com Karofsky, a musica não fosse das mais difíceis.

"Nervosa?" Perguntou Gene, o câmera. Por que todo mundo ficava fazendo perguntas? Ela teve vontade de responder sarcasticamente, mas se controlou e mais uma vez concordou com a cabeça, mordendo o lábio antes de sorrir timidamente para as lentes. A voz de homem vinda da sala de audições repetiu o seu numero. "Então vamos."

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Rachel franziu o cenho quando um homem de camisa preta entrou na sala andando de costas e segurando uma câmera na mão. Issoénovidade... foi seu primeiro pensamento antes que seus olhos caíssem sobre a mulher que o homem filmava. Nesse momento ela pensou que estava enlouquecendo.DeviateralgumacoisanaqueleboloeagoraeuestouvendoaQuinnemtodososlugares,comosenãobastassepensarnelaotempointeiro.

A diva passou a mão pelos olhos e os manteve fechados por um segundo antes de dar mais uma olhada na mulher. O que viu fez com que sua boca se abrisse em choque. Não podia ser, aquela era mesmo Quinn, ou talvez fosse uma sósia de cabelos curtos.

Rachel não conseguia se mexer enquanto tenteava entender o que estava acontecendo. Ela queria levantar e pular em cima da mulher, encostar nela, olhá-la de perto.

"Oi, er... meu nome é Quinn Fabray e..."

A cantora fechou a boca e um sorriso enorme tomou conta de seus lábios quando seus olhos de chocolate encontraram os dourados. Ela ainda não conseguia se mexer, seu corpo não respondia a comando algum, nem os involuntários, já que ela parecia incapaz de piscar e respirar também.

"... eu não... er…" Por um momento, Quinn esqueceu de tudo. O que era mesmo que ela tinha que falar? "Eu queria dedicar essa musica para a minha namorada, ela está de aniversario hoje." Ela finalmente conseguiu por para fora depois de alguns segundos, piscando para Rachel e desviando os olhos para o violão.

You can read me baby, like an open book

Stop me dead in my tracks, with only just one look

What you see in me is just some kind of mystery

But there ain't no doubt about the chemistry

And after all these reckless years

What doesn't kill us makes us stronger

And after all these years

We're the only ones I know

Standing here on our own

'Cause you make me happy,

You make me happy

Quinn levantou os olhos do vilão para olhar para Rachel e se perdeu totalmente, tocando a nota errada sem realmente se importar. Os olhos da morena brilhavam com tanto amor e uma trilha de lagrimas escorria por suas bochechas.

Hey baby I'm not to blind to see,

Well this may not be the picture perfect family

But what we have in common is more than enough

Ela desistiu do violão, soltando a tira que o prendia ao seu ombro e deixando-o cair no chão suavemente, dirigindo-se para onde Rachel e os outro jurados se encontravam. Gene a seguia, focando-se somente nela enquanto as outras cameras estavam direcionadas ao resto da sala.

To keep us going when the times are tough

Cause when the lights go down,

Rachel recuperou os movimentos e levou uma mão aos olhos para enxugar as lagrimas, ficando em pé e derrubando a cadeira para trás. Seus colegas de trabalho batiam palmas no ritmo da musica, como que para substituir o violão descartado.

And when it comes to you and me, girl

You turn me inside out

I'm still in love with you today

'Cause you make me happy

Quinn estendeu a mão para Rachel e a morena aceitou sem hesitar, dando a volta na mesa. O mundo parecia em câmera lenta e ela não conseguia parar de sorrir.

I wouldn't have it any other way

I'm still in love with you today

Rachel girou uma vez antes de envolver a loira em um abraço, as mãos de Quinn repousaram na base de suas costas e ela continuou a cantar, em voz baixa, só para a cantora ouvir.

'Cause you make me happy

You make me happy...

A música acabou e elas continuaram abraçadas, dançando com a batida agora imaginária. "Você me faz feliz..." Sussurrou Quinn, beijando a orelha da morena suavemente. "Tão feliz..."

Rachel não podia falar, ela não queria que o momento acabasse, então se agarrou ainda mais a loira, enterrando o rosto em seu pescoço e sentindo os fios dourados do cabelo dela roçarem contra sua testa.

"Feliz aniversário." Quinn se afastou um pouco, mantendo uma mão no rosto da diva e encostando seu nariz no dela.

A cantora sorriu e ficou na ponta dos pés, unindo seus lábios sem se importar com as câmeras ou com as pessoas ao seu redor.

Quando elas finalmente se afastaram, Rachel pode ouvir a onda de aplausos que percorreu a sala. Seus sentidos pareciam estar voltando ao normal.

"Fala alguma coisa..." Pediu Quinn, ainda segurando seu rosto e acariciando sua bochecha com o polegar.

"Eu... Não sabia que você tocava violão."

Quinn riu. "Eu também não, até três dias atrás, quando me forcei a aprender..."

"E você cortou o cabelo." Ela passou os dedos pelos fios loiros agora curtos. "Você está linda. Eu nem acredito que você está aqui."

"É seu aniversário! Como eu poderia não estar aqui?"

Elas se beijaram mais uma vez e Gene desligou a câmera, fazendo um sinal para que seus colegas fizessem o mesmo. A equipe começou a deixar a sala, mas nenhuma das meninas percebeu. Era como se não houvesse mais nada no mundo além delas.

"Vamos embora daqui..." Murmurou Rachel antes de olhar em volta e perceber que elas estavam, de fato sozinhas. "Acho que as audições acabaram por hoje..." Ela sorriu e entrelaçou seus dedos aos de Quinn, guiando-a até a porta.

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Pouco depois das 8 da noite – subúrbios de Lima

"Hoje é aniversario da Rachel, não é mesmo?"

"Sim querida, por que?"

Beth desviou os olhos para o chão. Sua mãe e seu padrasto estavam assistindo TV enquanto seus irmão adotivos secavam a louça. "Só pra saber... Eu estou cansada, acho que já vou ir pra cama, está bem?"

"Sim, bons sonhos filha..." Shelby voltou a atenção para a TV e Beth correu escada acima.

"O que deu nela?" Seu padrasto perguntou, sem realmente querer saber e Shelby deu de ombros.

"É só uma fase..."

Beth se jogou em sua cama e pegou o celular que descansava na mesinha de cabeceira. Ela apertou o botão de discagem automática e o numero de Rachel apareceu na tela. Seu coração batia rápido e ela respirou fundo três vezes antes de concretizar a chamada.

Ela havia prometido a si mesma que iria tentar uma vez e que, se não desse certo, desistiria dessa historia.

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Enquanto isso em Boston

Rachel se afastou de Quinn por tempo suficiente para fazer uma pergunta. Elas estavam paradas na porta do quarto, abraçadas desde que dita porta havia se fechado. "Quanto tempo você vai ficar?"

A loira se inclinou para a frente e beijou seus lábios brevemente. "Quanto tempo você quer que eu fique?"

"Eu não quero que você vá embora nunca..."

"Esse é o seu desejo de aniversario?"

Rachel fez que sim contra seu pescoço.

"Então eu vou ter que ficar."

A morena sorriu e começou a desabotoar o casaco azul petróleo da assistente social, depositando beijos suaves em seu queixo e pescoço.

"Eu ainda não consigo acreditar que você está aqui. Esse é... o melhor... presente... de todos." Sussurrou ela entre beijos antes de jogar o casaco de Quinn na cadeira ao lado da cama.

"Mas você ainda não viu o outro..."

"Outro?"

"Ahã..." Quinn sorriu e se afastou, procurando por algo dentro da bolsa. A diva viu a caixinha de veludo e seu coração parou por um segundo.

"Você não... Sim! Quero dizer, não... Quinn?"

A loira rindo, sentou ao lado da morena na cama, prendendo uma mecha castanha atrás de sua orelha. "Não se preocupe, eu não vou te pedir em casamento."

A expressão no rosto de Rachel parecia confusa e um pouco desapontada, Quinn virou-se totalmente para ela e segurou seu rosto com uma mão, acariciando delicadamente a pele de sua bochecha. "Eu te amo Rachel. Eu sei que quero passar o resto da minha vida ao seu lado." Seus olhos parecem cheios de agua e a cantora coloca sua mão sobre a da loira. "Mas eu não sei se quero casar... Nenhum casamento na minha família foi realmente feliz e eu não quero estragar o que temos."

"E se eu fizer o pedido?" Perguntou a morena depois de um instante.

"Como assim?"

"Se eu te pedisse em casamento você diria não?"

Quinn arregalou os olhos. "Você está me pedindo em casamento agora?"

"Não." Rachel sorriu. "Talvez..." Ela se moveu rapidamente e subiu no colo da assistente social, empurrando-a para trás, fazendo com que ela caísse no colchão e pressionando seu corpo contra o dela. "Se sim, o que você responderia?"

"Eu diria o que acabei de falar, não sei se quero casar." Apesar da aparente certeza em sua voz, Rachel percebeu que sua respiração tremia e notou também a coloração rosada que se espalhava por sua face.

"O que eu quero saber," continuou a diva, deixando seus lábios roçarem aos de sua namorada. "é se existe alguma chance de fazer com que você mude de ideia."

"Sinta-se livre para tentar me seduzir..." Respondeu a loira. "Mas agora não é o momento para pensar sobre isso."

"Mas eu quero te seduzir..." Rachel fez um beicinho e Quinn beijou seu lábio inferior fazendo barulho. Ela levantou a mão que ainda segurava a caixinha e posicionou-a em frente aos olhos da diva.

Rachel sorriu e sentou, puxando Quinn consigo e aceitando o presente.

Ela abriu a caixinha devagar e pegou com cuidado a tira dourada que parecia ser um colar ou uma pulseira. Rachel ouviu o tilintar de diversos pingentinhos pequenos e dourados que pendiam do fio principal, cada um deles enfeitado por um pequeno brilhante. Ela logo percebeu que os pingentes eram notas musicais e que alguns estavam presos com um anel, outros com dois, diferenciando assim a altura das notas. Entre duas delas havia o sinal do sustenido. A voz de Quinn a trouxe de volta de seus devaneios.

"Eu queria te dar um presente perfeito e que realmente significasse alguma coisa..." Ela sorriu e removeu a pulseira dos dedos da diva delicadamente. "E que presente seria mais perfeito para Rachel Berry se não música?" Ela puxou o pulso da morena e beijou a pele macia da parte interna antes de fechar a pulseira em volta dele.

A morena não falou, apenas contou as notas silenciosamente, 11, contando os sustenidos. Ela queria poder dizer que musica era sem ter que perguntar, mas não teve muito sucesso.

"É o refrão da musica que cantamos juntas no casamento do Kurt e do Dave. Você lembra?" Esclareceu Quinn sem que ela precisasse pedir.

"Collide" Murmurou a cantora em resposta. "É linda... Perfeita."

"Quando cantamos essa musica... Aquele momento me fez perceber que as coisas haviam mudado entre nós. E você estava cantarolando essa musica depois da primeira vez em que nós... Fizemos amor." Quinn levantou os olhos. "Não chora..."

"Desculpa," Rachel secou uma lagrima com as costas da mão. "É só que... eu amei, eu nunca ganhei nada assim." Ela girou o braço e os pingentes tilintaram. "Eu te amo, Quinn." Ela uniu seus lábios aos da loira, o beijo foi lento e profundo, suas línguas dançavam juntas, sentindo a familiaridade do gosto uma da outra. Elas não tinham pressa.

O celular de Rachel começou a tocar no momento em que elas se separaram. Quinn tirou o aparelho do bolso traseiro da calça de sua namorada. "É um numero de Lima..." Murmurou ela, mordendo o lobo da orelha da diva.

"Provavelmente é o Finn ou o Sam ligando para desejar os parabéns..." Respondeu a morena.

"Humm..." Gemeu a loira quando a língua de Rachel veio explorar seu pescoço. "Será que eles merecem ser atendidos agora?"

"Você pode atender se quiser..." Respirou a cantora, deixando suas mãos deslizarem por baixo da blusa de lã de Quinn.

Quinn pensou por um segundo antes de apertar o botão de atender.

"Alô?"

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Lima.

Beth estava prestes a desligar quando uma voz feminina a atendeu.

"A-alô? Ra-chel?" Respondeu ela hesitante.

"Quem é?" Perguntou a mulher.

Beth sentia seu coração bater contra os ouvidos. Aquela voz não parecia com a da Rachel.

"Quem – Quem está falando?" Perguntou ela, sentindo-se tremer.

"Quinn Fabray, Rachel está um pou–..."

Beth soltou o telefone como se ele tivesse pegado fogo. O aparelho se partiu em pedaços quando entrou em contato com o chão, a bateria indo parar embaixo da cama.

"Oh meu Deus..."

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