Novos Começos escrita por Tenteitudo


Capítulo 12
Novos Começos


Notas iniciais do capítulo

Não sei se gostei desse capitulo, mas ele é necessario... Very faberry ending :)
A musica do finalzinho é uma homenagem a minha namorada pq eu passei o domingo longe dela pra conseguir digitar esse capitulo e essa musica é a favorita dela de glee... (Songbird, cantada pela Santana.)
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Quinn's future POV

Desde que minha mãe morreu, eu comecei a ver o mundo de outra forma, não era mais apenas o lugar aonde vivíamos, mas a nossa vida em si e o quanto ela é frágil. Essa ideia começou a se formular naquela manhã em Lima com Rachel e depois à noite, em nosso apartamento com Jessie e Karofsky. Nós não conversamos, eu não queria falar e Dave respeitou meu silencio, ficamos sentados no sofá fingindo assistir TV até que peguei no sono e acordei na cama na manhã do dia seguinte.

Por algum motivo, sentia-me diferente, talvez por que finalmente tivesse me conformado com o que havia acontecido e percebido que absolutamente nada mudaria. Minha vida em NY era totalmente separada da vida que uma vez levara em Lima e por mais que me arrependesse por não ter conseguido me despedir de minha mãe, eu talvez nunca sentisse sua perda verdadeiramente. Judy não era parte da vida que eu levava e o que eu tinha construído em Nova York continuava vivo, mesmo que ela tivesse morrido.

Eu estava viva.

E a morte era algo que sempre se faria presente.

Eu nunca havia parado verdadeiramente para pensar nela antes de perder alguém e acho que pensar faz com que percebamos a presença dela com mais facilidade. Naqueles primeiros dias, tudo parecia incitá-la.

Muitas vidas se perdiam em meu trabalho, crianças inocentes morriam todos os dias e eu sentia por elas, mas não havia ligação real, o projeto atendia milhares de crianças e eu não tinha como acompanhar cada uma delas. Entre as poucas que eu acompanhava, algumas eram especiais para mim. Não que eu fizesse essa diferenciação de propósito, mas não escolhemos as pessoas que vão fazer diferença em nossas vidas, elas simplesmente fazem. Veja Rachel, por exemplo, nunca havia imaginado que ela se tornaria tão importante. A mera ideia de viver sem ela faz com que me sinta perdida e sem chão.

Quem diria que eu iria recorrer a DaveKarofsky quando precisasse de um amigo?

Ou que os acontecimentos daquela quarta-feira iriam afetar tão significativamente o curso da minha vida...

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15 de dezembro - NY

"Hey?" Silencio, Dave desviou os olhos da estrada para encarar sua amiga, o silencio do carro era extremamente desconfortável, Quinn não havia falado nada desde que haviam deixado o hospital e ele estava começando a se preocupar. "Q?" Ele tirou a mão do cambio e cutucou as costelas dela.

"Hum?"

"Quinn?"

"Hum?" Repetiu ela, finalmente virando o rosto para encará-lo.

"No que você está pensando?" Eles estavam indo encontrar Kurt para o almoço.

"Aquele menino... Ele perdeu a mãe também, no mesmo dia que eu..." Murmurou ela, voltando a se fixar nos próprios dedos.

...

Uma hora atrás

"O hospital entrou em contato há alguns dias atrás, mas por causa de alguns problemas pessoais eu não consegui comparecer antes, sinto muito por sua perda Sr. Prescott."

O homem negro e de aparência simples estava esparramado em uma cadeira em um leito improvisado, ele não deveria estar ali, mas desde o nascimento de seu sobrinho, ele se recusava a sair. "Marcus."

"Como?"

"Pode me chamar de Marcus..." Respondeu ele, finalmente fazendo contato visual. "Vocês não vão tirar ele de mim, não é mesmo? Eu não vou deixar, não posso perdê-lo." Ele falava devagar e com firmeza, tanto Quinn quanto Dave podiam ouvir a seriedade em suas palavras e sabiam que ele não estava brincando.

"Nós não vamos fazer nada que possa prejudicar a criança de qualquer forma." Respondeu ela, ficando de cócoras em frente ao homem e apoiando uma mão no braço da cadeira. "Estamos aqui por que fomos informados da condição de seu sobrinho e podemos ajudar. Eu sou assistente social e aquele é o meu colega, Dave Karofsky, fisioterapeuta. Vamos garantir que seu sobrinho receba toda a assistência possível e você também."

Marcus relaxou visivelmente, algo na voz da assistente social e nos olhos castanho esverdeados passava tranqüilidade. Ele se sentiu protegido. Ele nunca havia pensado que uma mulher tão delicada pudesse passar tanta segurança.

"Nós viemos ajudar, Marcus." Dave se aproximou deles e cruzou os braços. "Sua situação é complicada e sabemos que você terá que passar por diversos tramites legais até conseguir a guarda definitiva de Nathan, mas estamos a disposição."

"A informação que nos passaram é de que sua irmã deu a luz no dia 12 e faleceu durante o parto. Ela era usuária de drogas, certo?" Perguntou Quinn.

"Sim..."

"Alguém chegou a lhe explicar as conseqüências do uso de drogas durante a gravidez?" Continuou ela, prendendo uma mecha de cabelos dourados atrás da orelha.

"Eu acho que as conseqüências são muito visíveis, não é mesmo?" Respondeu ele amargamente, cobrindo o rosto com uma mão.

"Eu sei que a deformação física é o mais aparente, mas podem haver complicações respiratórias e principalmente neurológicas no futuro. A principio, todos os exames correram bem e Nathan é um menino saudável, mas não sabemos ao certo o que sua irmã usou e em que quantidades e nem que tipo de danos..."

"Eu já entendi." Cortou o homem, levantando sua mão em frente ao rosto de Quinn e implorando silenciosamente que ela parasse de falar. Seu sobrinho era um bebê, ele não queria ter que se preocupar com o futuro, só queria poder sentir o luto pela perda de sua irmã.

"Sinto muito."Murmura ela, mal conseguindo conter a umidade que enchia seus olhos.

"Ele está vivo e bem, moça. Por enquanto, é tudo o que importa."

"Nós vamos vê-lo agora e já voltamos para lhe explicar como funciona o projeto, está bem?" Falou Dave, colocando uma mão sobre o ombro de Quinn e ajudando-a a levantar.

...

O bebê não estava em uma incubadora, apenas permanecia em observação. Ele era tão pequeno. Pensou Quinn, analisando os cobertores azuis que envolviam o pequeno menino. Sua pele não era tão escura quanto a de seu tio, na verdade, era apenas um pouco mais escura que a de Santana. Um tufo de cabelos negros surgia do topo de sua cabeça e seus olhinhos muito pretos estavam bem abertos.

A loira sentiu seu peito esquentar com a visão, ele parecia perfeito, ele a lembrava de Beth. Sempre que entrava em berçários, ela não conseguia evitar reviver o momento em que havia se despedido de sua própria filha.

A enfermeira que os acompanhava se aproximou do berço de vidro e desenrolou o cobertor azul, revelando o corpinho de Nathan. Quinn viu a tristeza refletida nos olhos da mulher antes de olhar para o bebê. Da cintura para cima, ele parecia perfeito, até que seus olhos deram por falta de alguma coisa.

Uma perna estava faltando. E o pé da perna que restava tinha um formato estranho, como se tivesse sido amassado, faltavam dedos, ela pode reparar, mas essa deformação poderia ser corrigida cirurgicamente. Dave colocou uma mão em sua cintura em um meio abraço.

Ambos já haviam visto coisas assim e piores, mas isso não mudava o fato de que era uma criança, um bebê. Ela alcançou pela mãozinha dele e acariciou-a com cuidado. Os olhos negros voaram em sua direção e por um breve momento encontraram os dela. "Oi pequeninho..."

...

Quinn e Dave explicaram para o tio sobre estimulação precoce e como podia prevenir complicações futuras, fizeram um cadastro dele e falaram sobre a prótese que Nathan iria precisar e as cirurgias corretoras que iria fazer.

Quinn falou sobre o que ele iria enfrentar judicialmente e os benefícios que o governo oferecia a ele. Marcus agradeceu e sorriu pela primeira vez desde que ouvira a noticia sobre sua irmã.

...

"Você acha que ele sente falta dela? Que não tê-la conhecido fará alguma diferença?" Perguntou Quinn de repente.

"Eu não sei Q. Acho que no momento ele está cercado por enfermeiras gentis e cuidadosas e aquele homem, Marcus, tenho certeza que ele se importa pele menino." Ele desviou os olhos da estrada mais uma vez para encontrar os dela. "Ter alguém que se importe, isso vai salvá-lo..."

"Eu sinto falta da minha mãe." Sua voz era suave e quebradiça. Era estranho sentir falta dela, depois de ter ficado mais de dois anos longe.

"Eu sei..." Respondeu ele, ponderando se não seria melhor parar o carro em um acostamento, aquele não parecia o melhor lugar para se ter uma conversa assim. "Ela se importava com você. Apesar de tudo."

"Eu sei." Ela secou as lagrimas que haviam transbordado e deslizado por sua face. "E isso só faz doer mais."

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15 de Dezembro - Chicago

Rachel massageou as têmporas e lutou contra o desejo de tapar os ouvidos, Hugo, a sua direita, se controlava para não rir enquanto Jon encarava a mulher a sua frente sem transparecer expressão alguma. A quantidade de pessoas sem talento algum que apareciam para fazer audições era assustadora e por algum motivo, essas pessoas pareciam acreditar que tinham uma chance real de entrar no programa. Ela e seus colegas se revezavam nesses momentos e era sua vez de avisar a pobre mulher que ela não estava apta a seguir em frente.

Talvez essa tarefa fosse mais fácil para o seu antigo eu, a Rachel Berry do ensino médio podia ser bem má, mas a Rachel adulta havia passado por muita coisa, inclusive havia recebido criticas bem cruéis antes de começar a fazer sucesso de verdade. Ela sabia como era ter suas esperanças destruídas e se sentia muito mal ao ter que fazer isso com alguém que nem conhecia.

"Isso foi... Diferente." Começou ela, cruzando as mãos sobre a bancada. "Mas talvez tenha sido um pouco diferente demais. Acredito que a America não esteja preparada para o seu... Talento. Mas tente novamente num próximo ano e continue ensaiando..."

A mulher abaixou a cabeça enquanto Hugo e Joe concordavam com o que Rachel havia acabado de dizer e deixou-se guiar para fora do espaço de audições por um dos ajudantes do estúdio.

Fazia dois dias que Rachel havia voltado às audições e tudo estava praticamente igual ao que era antes, nenhum dos produtores ou investidores da Fox se importou com o que havia acontecido, não depois de verem os gráficos mostrando que o interesse do publico pelo show tinha triplicado a partir do momento em que as especulações sobre a sexualidade da diva haviam deixado de ser meras especulações. Nada tinha sido oficialmente confirmado em nenhum veiculo da mídia, exceto pelos sites de fofoca e algumas fotos tremidas das duas mulheres juntas ou se despedindo no aeroporto.

Meg contou que a primeira reação da Fox não fora das melhores, mas não foi difícil mostrar o lado positivo da publicidade extra e argumentar dizendo que 'O show já teve jurados e participantes homossexuais, qual a diferença agora?' Rachel não conseguia acreditar que estava sendo tão fácil. Ela tinha, afinal, se comprometido em ser discreta e guardar segredo por tempo indeterminado, se ela soubesse, teria se exposto antes.

Claro que algumas pessoas manifestavam seu ódio e descrença através de vídeos no youtube ou depoimentos cheios de interjeições religiosas na internet. Mas nada disso importava. Ela amava Quinn e nenhum estranho raivoso iria mudar isso.

A única coisa que a emissora havia exigido era um anuncio publico, 'para evitar complicações'.

Rachel estava prestes a chamar o próximo candidato quando Hugo colocou uma mão em seu ombro.

"Pausa para o banheiro, antes que minha bexiga exploda." Sorriu ele, levantando e contornando a mesa em direção a porta.

"Você foi legal demais com aquela mulher Rach." Jon levantou também e estalou o pescoço em um movimento brusco. "Meus ouvidos doem."

A morena espichou as pernas em baixo da mesa e fechou os olhos. Era o ultimo dia de Chicago e eles estavam atrasados, o que significava audição atrás de audição sem pausa para respirar. De acordo com os produtores, eles tinham mais 23 vagas para preencher para a próxima fase e duas cidades para visitar. Cenas como a da mulher se repetiriam diversas vezes por que, até mesmo alguém muito bom, tinha que ser melhor do que excelente para entrar no programa e o numero de vagas ficava cada vez menor.

"Eu não gosto de destruir os sonhos das pessoas." Disse ela. "Não entendo como Hugo parece se divertir fazendo isso..."

"Eu realmente não me importo em dizer não. Nesse ramo, ou você tem talento ou não. A equação é simples." Jon tomou um grande gole de sua água com vitaminas antes de voltar sua atenção para o câmera e fazer alguma pergunta que a diva não ouviu.

Rachel decidiu dar uma volta e saiu da sala das audições em busca de Meg.

"Vivian?" Chamou ela quando seus olhos capturaram um borrão semelhante a morena.

A assistente parou no meio do corredor e virou-se para ela. "Srta Berry." Seu sorriso era brilhante. "Posso te ajudar de alguma forma?" Seus olhos escuros pareciam tão gentis e ela parecia honestamente disposta a fazer o que quer que Rachel pedisse. A diva ponderou por um momento se seria estranho pedir um abraço para a menina, ela realmente precisava de um, por isso estava procurando por Meg.

"Sim, mas me chame de Rachel, Srta Berry me faz voltar ao colégio, o que não é muito agradável..." Ri ela.

"Está bem Rachel, o que posso fazer por você?" Vivian continua sorrindo amplamente e se aproxima.

"Eu estava procurando pela Megan, você não a viu em algum lugar?" Rachel levanta os olhos, reparando pela primeira vez na altura de sua assistente, ela achava que a morena fosse mais baixa, mas aparentemente, estava enganada, ela parecia ser um pouco mais alta que Quinn.

"Sim, ela está no hotel fazendo alguns telefonemas. O que você precisa?"

A formalidade da menina era um pouco irritante, mas ela deixou passar, lembrando das constatações que já havia feito sobre ela. "Eu só queria saber se a Fox já decidiu como e quando vai ser feito o anuncio sobre o meu relacionamento com a Quinn." Explica ela, sentindo-se um pouco desconfortável ao pensar em falar oficialmente sobre sua sexualidade para o mundo. Ela não via necessidade em fazer grandes estardalhaços sobre o assunto e queria que sua vida particular pudesse ser mesmo particular, pelo menos uma vez.

"Oh, acredito que eles tenham falado sobre isso esta manhã, mas não cheguei a receber nenhuma informação. Posso conferir com ela e te avisar depois..."

"Não se preocupe com isso, falo com a Meg amanhã de qualquer forma... Só estava curiosa..." Rachel percebeu que seus dedos se enrolavam involuntariamente na ponta de sua manta amarela e soltou os braços, enfiando as mãos nos bolsos de suas calças. "Eu tenho que voltar agora."

"Qualquer coisa que precisar, eu vou estar andando por aqui e Natasha também..."

"Ok, obrigada." Ela se virou suspirando e voltou para a sala das audições.

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Kurt balançava seu pé em um gesto de impaciência enquanto esperava por seu marido e Quinn. Eles estava 17 minutos atrasados e ele realmente queria ver Quinn. Ele não via a loira desde o dia em que ela viajara para Lima. Sem contar que aquele não era um almoço qualquer, eles tinham coisas para fazer e atrasar o momento de comer iria atrasar todos os outros compromissos que eles tinham que cobrir naquele curto período de tempo.

O jornalista se assustou ao sentir dedos pressionarem seu ombro e levou uma mão ao peito, olhando para cima.

"Deus Dave, você quer me matar do coração?"

"Desculpa..." Sorri Karofsky, se inclinando e beijando os cabelos de seu marido.

"Onde está Quinn?" Perguntou Kurt, vendo o homem alto sentar a sua frente e sem encontrar a loira por perto.

"Banheiro."

"Vocês estão atrasados."

"A visita ao hospital demorou mais do que esperávamos..." Murmurou Dave com um olhar solene, roubando um gole da água do jornalista.

"Muito ruim?" Kurt Franziu a testa.

"Nada que eu não tivesse visto antes, mas é sempre chocante." Ele apoiou o queixo na mão e se inclinou para a frente. "E Quinn..."

"Como ela está?" Preocupação era transparente em sua voz e ele também apoiou os cotovelos sobre a mesa (mesmo que achasse o gesto totalmente deselegante).

"Triste. Ela não fala e sabe que não vou fazer perguntas. Mas agora a pouco, no carro, ela disse algo realmente sincero..." Dave sentiu seu coração partir ao lembrar da dor refletida nos olhos de sua amiga ha alguns minutos atrás.

"Oi." Quinn apareceu ao lado deles e puxou uma cadeira, evitando o olhar triste que sabia estar recebendo de Kurt.

O trio ficou em silencio por alguns segundos até que o ex divo levantou-se e puxou de leve a gola do casaco da loira. Quinn olhou para cima sem entender e ele fez um gesto para que ela levantasse também. "Eu acho que você precisa de um abraço..." Explicou ele, abrindo os braços e puxando-a para si.

A assistente social relaxou contra Kurt, o tecido da manta vermelha que ele usava era impossivelmente macio contra sua bochecha. "Eu sei que você esta triste Quinn, sei o que é perder uma mãe..." Sussurrou ele, sem se afastar. "Mas eu tinha o meu pai e nós superamos a perda juntos. Seu pai é um idiota, mas eu vou estar sempre do seu lado, está bem?"

Quinn concordou com a cabeça, enterrando ainda mais o rosto no tecido vermelho e esperando que ele absorvesse as lagrimas que ela sentia brotar. Ela sentiu o calor de um outro corpo contra suas costas e sorriu ao constatar que Karofsky se jantara ao abraço. "Eu também." Disse o fisioterapeuta.

"E agora, nós temos coisas importantes a fazer, não é mesmo?" Ele deu um passo para trás, segurando sua mão. "Você precisa se distrair um pouco e não, trabalho não conta." Kurt lança um olhar para seu marido por cima do ombro da loira.

Quinn sorri e mais uma vez faz que sim.

"Consegui um horário pra você às duas e meia, então temos que correr."

Ela senta ao lado de Dave e encara seu amigo de frente, ela havia esquecido totalmente sobre o corte de cabelo. "Você realmente acha que é uma boa ideia?" Pergunta ele, enrolando os dedos nas pontas loiras e compridas.

"É uma ótima ideia, novos começos requerem mudanças e o seu rosto é lindo Q. Você é linda, vai ficar ótimo!" Exclamou ele, já imaginando sua amiga com cabelos curtos.

Quinn havia pedido para que Kurt a ajudasse com algumas coisas, entre elas, uma mudança de visual. Ela se sentia diferente em tantos aspectos e precisava ver essas mudanças internas refletidas em seu exterior.

O almoço foi descontraído e agradável e Quinn sentiu-se quase normal.

...

Seu cabelo realmente ficou bom, o novo corte a fazia parecer mais velha, mais seria, refletia exatamente o que ela sentia e a fez sorrir.

"Você ficou sexy..." Comentou o jornalista quando eles saiam do salão. Dave havia ido para o consultório depois do almoço e eles estavam sozinhos na 5ª avenida. "Rachel vai ter um troço quando te vir."

"Será?"

"Com certeza! Quinn, você é a única mulher que eu conheço que me faria questionar minha sexualidade." Ele enganchou o braço ao dela e ambos compartilharam uma risada. "E falando em Rachel, você já tem ideia do que vai dar pra ela de aniversário?" Seus olhos escaneavam as vitrines e ele já imaginava diversas possibilidades de presentes para a pequena diva.

"Na verdade sim... Eu sei exatamente o que quero dar pra ela." Respondeu a loira, sorrindo de modo conspirador.

"E eu posso saber o que é?"

"Você vai ver..."

...

Quinn chegou em casa no final da tarde sentindo-se mais leve, ela e Kurt haviam buscado o presente de Rachel e o jornalista havia aprovado sua escolha completamente.

Depois de deixar seu amigo na redação da revista aonde ele trabalhava, Quinn foi encontrar com seu psicólogo e a consulta foi relativamente turbulenta. A loira lembrou de fatos do passado e cutucou algumas feridas que pareciam estar cicatrizadas a muito tempo, inclusive Beth e a época em que seus pais a abandonaram. Mas de certa forma, era bom relembrar aqueles momentos. Ela não podia negar o passado e fingir que as coisas não tinham acontecido, e a morte de sua mãe trazia todos esses assuntos dolorosos a tona.

Quinn precisava se abrir com alguém e o Dr. Guardia era um ótimo ouvinte e nem um pouco preconceituoso.

A loira sentou no sofá e fez festa com Jessie por alguns minutos antes de alcançar por seu celular com a intenção de ligar para Meg. Ela e Kurt tinham tido algumas idéias sobre o aniversario da diva, que seria em 3 dias, e Quinn queria saber se poderia ou não pô-las em prática.

O aparelho em sua mão começou a vibrar antes que ela pudesse desbloquear as teclas e a ex líder de torcida atendeu no primeiro toque, vendo a foto da assistente de sua namorada piscar na tela.

"Meg, oi, eu ia te ligar agora..."

====/====

Nos subúrbios de Lima...

Beth pendurou seu casaco e manta no gancho ao lado da porta e subiu para seu quarto, jogando a mochila na cama antes de descer pulando os degraus da escada. Ela entrou na cozinha e ficou olhando sua mãe cozinhar por alguns instantes antes que Shelby a percebesse.

"Oi meu amor. Como foi a aula de piano?"

"Legal" Respondeu a loira, ficando na ponta dos pés e beijando a bochecha da morena mais velha.

"Então vá lavar as mãos, que eu vou precisar de ajuda aqui." Shelby voltou sua atenção para o tomate que estava fatiando. "Seu pai e os meninos vão chegar daqui a pouco e você sabe como eles ficam mal humorados quando a comida não está pronta..."

Beth revirou os olhos, querendo dizer que seu padrasto não era seu pai, mas se controlando e concordando com a cabeça. Saindo da cozinha, ela sem querer esbarrou no móvel que ficava entre a porta e a escada, derrubando o telefone celular de Shelby no chão.

A menina olhou para o aparelho aos seus pés e para a porta que havia acabado de fechar, ouvindo sua mãe assoviar uma melodia aleatória. Ela respirou fundo e ajuntou o celular. Seu sangue corria rápido e ela podia ouvir os batimentos de seu coração. Beth desbloqueou a tela e pescou seu próprio telefone no bolso do jeans.

Não demorou muito para que ela encontrasse o contato que procurava e copiasse o numero.

Rachel.

Ela depositou o celular de Shelby de volta no lugar e tomou sua decisão antes de correr escada a cima.

====/====

Mais tarde naquela noite...

"Eu detesto falar no telefone, sabia?"

"Você não parece estar detestando a nossa conversa. Mas vou entender se quiser desligar." A voz de Rachel soava exageradamente magoada.

"Na verdade, você é a única pessoa com quem eu gosto de falar ao telefone, a exceção a regra..." Seus olhos estavam pesados e ela abraçou o travesseiro com mais força, puxando as cobertas para cima de si. "Você é a minha exceção para muitas coisas."

"E isso é bom?"

"Ainda não decidi..." A risada fácil de Rachel a fez sorrir preguiçosamente e ela correu os dedos pelos cabelos recém cortados, estranhando a falta de comprimento. Quinn parou por um momento, pensando se deveria ou não falar para sua namorada sobre o corte, ela não tinha certeza se Rachel iria gostar. "Você sabe que eu gosto de olhar nos olhos das pessoas quando falo com elas."

"Sim, você é muito mais intimidadora pessoalmente..." Provocou a cantora, sentando na cama e afofando o travesseiro do hotel. Os lençóis pareciam tão frios sem Quinn e ela estava atrasando ao máximo o momento de se deitar. Ela ouviu o barulho de descrença que a loira fez e riu do som. "Eu lembro muito bem, você conseguia ser bem assustadora quando éramos mais novas... Finn tinha medo de você. Metade da escola tinha na verdade."

"Rachel!"

"Quinn!"

As duas riram juntas e o peito de ambas se apertou com o som. A morena deitou de barriga para cima, puxando os cabelos para trás e suspirando.

"Eu não gosto de falar ao telefone por que é impessoal demais, quero dizer, é só uma voz... Não tem como saber se a pessoa está falando a verdade ou não..." Continuou Quinn, levantando a cabeça ao ouvir o som das patinhas de Jessie ecoando pelo chão do apartamento a tempo de ver o beagle pular na sua pilha de almofadas no canto do quarto.

"Estou confusa, isso significa que você não quer me ver pessoalmente, ou que não confia em mim?" Provocou a morena.

"O que você acha?"

"Não sei, perguntei pra você."

"Humm..." Quinn fingiu pensar. "Obviamente a primeira opção." Mais uma vez elas riram até caírem em um silencio confortável, apenas ouvindo a respiração uma da outra. "Eu realmente confio em você Rachel." Murmurou a loira depois de alguns instantes.

"Por que eu sou a exceção?" Perguntou a cantora em voz baixa, genuinamente curiosa. "Eu sou mesmo tão especial?"

"Mais do que especial..." A resposta veio em um sussurro. "Eu gosto de conversar com você, ouvir a sua voz. Eu sempre amei a sua voz... Especialmente à noite, quando já estou na cama e pronta para –"

"Quinn Fabray, você está insinuando que gostaria de fazer sexo pelo telefone?" A voz da diva parecia diferente, em um tom de divertimento e um pouco mais baixa do que o normal.

"Não!" Pausa. "Quero dizer..." Pausa.

Rachel riu do outro lado da linha e Quinn sentiu suas bochechas esquentarem, enterrando o rosto no travesseiro.

"Eu estou tentando falar uma coisa importante, Rachel!" Murmurou ela depois de alguns instantes, a seriedade que expressava fez a morena parar de rir e limpar a garganta.

"Desculpa, pode falar..."

"Agora eu perdi a vontade."

"Por favor, Quinn! Por favor, eu não vou mais te interromper, prometo." Rachel mordeu o lábio e puxou as cobertas para cima, envolvendo-se nos lençóis frios do hotel e deitando de lado, imitando, sem saber, a posição em que sua namorada se encontrava.

Quinn respirou fundo e fechou os olhos antes de finalmente se explicar. "Sua voz... Eu gosto quando sua voz é a ultima coisa que eu escuto antes de pegar no sono."

"Eu gosto disso também." Murmurou ela.

"As vezes, se eu fechar os olhos, eu consigo te sentir, sabe? Como se você estivesse do meu lado, se me concentrar bastante, consigo até sentir sua respiração contra o meu pescoço." Disse a loira fazendo exatamente isso, esforçando-se para imaginar Rachel ali.

"Eu sinto tanto frio de noite. Faz um pouco mais de um mês que dormimos juntas e eu não consigo mais descansar direito sem o seu corpo do lado do meu Quinn." Ela sentiu vontade de chorar ao admitir isso, ela nunca havia amado alguém a esse ponto. "Tento fingir que os travesseiros são você, mas obviamente, não é a mesma coisa."

Nenhuma das duas falou por quase um minuto, ambas sentiam tanta saudade.

"Acho que realmente te amo, Rach, de verdade." Disse Quinn, quebrando o silencio.

"Acha?" Boceja a morena.

"Não. Eu sei, mas agora com certeza. Mesmo que já tenha dito que te amava antes, parece diferente agora."

"Por que você diz isso?" Perguntou a diva, sabendo que seu próprio amor se renovava a cada dia e que a todo o momento, ela encontrava em si mesma mais provas sobre a intensidade de seus sentimentos.

Quinn sorriu suavemente ao responder. "Por que percebi que não consigo dormir sem saber se você está bem, como se minha própria vida dependesse da sua. Eu nunca senti isso antes, Rach. E não quero sentir com mais ninguém."

A loira ouviu a respiração tremula da cantora antes que a voz dela alcançasse seus ouvidos. "Eu te amo..."

"Eu aprendi o amor com você, Rach..."

Não houve resposta, apenas mais da mesma respiração tremula e Quinn abriu os olhos.

"Por favor, não chora..."

Rachel afastou as lagrimas de seus olhos. "Você não pode me dizer essas coisas e esperar que eu não chore." Ela apertou a mão contra os lábios em uma tentativa de se recompor para continuar a conversa. "Eu queria poder ver os seus olhos agora, eu amo os seus olhos. Odeio ter que estar longe e que você não pode viajar comigo..."

"Rach..."

"Eu sinto tanto a sua falta Quinn... E eu também te amo, muito, mais do que consigo expressar e você sabe que eu sou muito boa com as palavras."

Quinn sorriu um pouco mais.

"Só mais uma semana..."

"Uma semana." Repetiu a loira. Aquilo não era exatamente verdade, mas ela não podia falar para Rachel sobre a conversa que tivera com Meg ao telefone algumas horas antes.

"Eu não queria ter que passar meu aniversario sozinha..." Comentou a diva, tristemente.

"Você não vai." Quinn se apressou em dizer. "Seus amigos estarão com você e nós vamos celebrar quando você voltar."

"Não vai ser a mesma coisa..."

"Eu prometo que vai ser melhor do que você espera." A assistente social bocejou audívelmente.

"Muito cansada?" Rachel mudou de assunto, não querendo pensar em seu aniversario.

"Relativamente."

Elas já haviam falado sobre seus dias e a cantora sabia que o de Quinn tinha sido emocionalmente desgastante, isso a preocupava. Ela queria poder dar o devido apoio a sua namorada depois da morte de Judy e odiava a Fox mais do que nunca por impedi-la.

"Você deveria ir dormir agora, já é tarde..." Ela olhou para o relógio que decorava a parede sem graça do quarto aonde se encontrava, faltavam 8 minutos para a uma da manhã.

"Não quero..." Respondeu Quinn, prendendo o telefone entre sua orelha e o travesseiro.

"Quinn Fabray, dormir, agora." Riu a morena, imaginando a cara de sono de sua namorada.

"Não." Resmungou a loira. "Fala comigo."

"O que você quer que eu fale?" Sussurrou ela, se acomodando melhor na cama.

"Eu só quero te ouvir mais um pouquinho..." Explica Quinn roucamente.

Rachel suspira, sentindo-se levar pelo próprio sono.

"Canta pra mim?" Pede a assistente social.

A morena não poderia recusar e demorou dois segundos para decidir que musica cantar.

"To you, I'll give the world, to you, I'll never be cold, cause I feel that when I'm with you, it's all right..."

(Para você eu dou o mundo, com você eu nunca serei fria, por que eu sinto que quando estou com você, tudo está bem...)

Quinn sorriu em contentamento, flutuando para a terra dos sonhos ao som da voz da mulher que amava.

"And I love you, I love you, I love you, like never before…"

(E eu te amo, eu te amo, eu te amo, como nunca antes…)


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Notas finais do capítulo

Obrigada por todos os comentarios, de verdade, vocês são ótimos! Espero que não me abandonem apesar dos atrasos...
Abraços, A.



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