O bacana de Hogsmead é que depois de um tempo, tudo vira clichê. Ainda mais para os casais. Não tem lugar nenhum próprio para estudantes naquela vila que escape dos alunos de Hogwarts. Zonkos? Não, cheia de garotos bobos do terceiro ano. Três Vassouras? Cheio de todo mundo da escola! Aquela casinha de chá toda barroca? Cheia de todos os casais da escola...Na verdade, isso não importava muito para Tiago...Mas Lílian fazia questão que ninguém ficasse olhando para eles.

Então eles acabaram num tipo de pracinha no fundo do fundo do fim da vila. Não parecia bem uma praça...bom, tinha um banco, já dava pra ficar lá.

            - Eu vou comprar alguma coisa pra comer. Já volto. – Tiago falou se levantando. Ele se enfiou naquele monte de pessoas e sumiu.

Bastou um minuto sem ele para que uma farpa do banco entrasse no dedo de Lílian e ela afundar o pé numa poça de lama debaixo do assento.

E então ele voltou com duas garrafas de cerveja amanteigada e uns petisquinhos legais.

            - Então? Tá sendo uma tortura, Evans? – ele desdenhou.

            - Ainda não, Potter. – ela não conseguiu mentir

            - Você é uma garota de sorte, entende? – ele falou com aquele sorriso estranho.

E lá vai ele com aquele negócio de sorte de novo...

            - É mesmo? Não entendi o porquê. – Agora ela queria fazer ele admitir o plano do mal dele...não sabia bem do que iria adiantar, mas agora ela queria muito.

            - Preciso mesmo explicar, Evans? – ele disse apontando para si mesmo. – Mas já que você quer tanto...é a minha presença, Evans...você é muito sortuda por me ter aqui do seu lado.

            - Ohh, como tenho sorte...por acaso você trás sorte?

            - Devo trazer.

Lílian mordeu um negócio com um patê bacana enquanto pensava em mais algum jeito de faze-lo admitir.

            - Me diz se não é horrível ficar sem mim. – ele disse. Nossa, ela nem precisou falar nada.

            - É, é mesmo horrível. Você é mesmo um herói, Potter. – ela ironizou. Mas era verdade.

Ele riu.

            - Já me imaginou de roupa colada? – ele disse com uma voz sexy, piscando várias vezes.

Ela não teve como não rir. E depois disso, ficou fácil conversar. Lílian até esqueceu de pegar sua prova crucial.

Enquanto isso, no QG do Sirius Black...(na cozinha da escola).

            - Eu aposto um galeão que daqui a meia hora, a Evans aparece chorando e fica o resto do dia trancada no dormitório. – Sirius disse enfiando um biscoito inteiro na boca.

            - Acho que dessa vez vai dar certo, ou ela nem teria aceitado. – respondeu Remo.

            - Então tá apostado. – concluiu Sirius.

            - Ei, eu não tenho um galeão e nem apostei nada. – Remo protestou.

            - Eu conto meia hora. – Pedro falou se servindo de ou biscoito.

Devo  acrescentar nessa narração que o nosso Pedroca aqui não é gordo por comer demais e ser guloso e só pensar em comida e bla bla bla...aqui ele tem hipotireoidismo, e quem come pra caramba mas milagrosamente não engorda é o Sirius.

E enquanto isso, no QG das meninas...(onde só estavam Maria e Marlene)

            - Não sei porque a Lílian aceitou sair com aquele idiota... – disse Maria.

            - Ah, já tava na hora. Ele é gostoso, inteligente e tem senso de humor. Ela que estava perdendo tempo...

            - Mas ele é um idiota que se acha o todo poderoso e já deve ter pegado todas as meninas dessa escola, tirando só... eu!

            - Vai dizer que você tá com ciúmes!

            - Não, eu não gosto dele...

            - Entendi, você tá carente...

            - Mas, enfim, você acha que vai dar certo? – Maria desviou o assunto.

            - Claro que vai! Os dois se completam! Nunca ouviu falar em “os opostos se atraem”?

            - Mas eles não têm que combinar também? Do que adianta ficar com um cara que gosta de tudo que você não gosta e é tudo o que você não é?

Voltando ao fundo do fundo do fim da vila...

Eles combinavam sim, se Maria quisesse saber.

            - Mas é claro que ele é gay! Você não lê revistas?

            - Não! Mas gay não pega mulher? Ele não é casado?

            - Haha, claro...ele se divorciou faz tempo, Potter, saiu do armário...

            - Ainda duvido...

            - Aquela banda inteira, todos gays. Você não presta atenção nas roupas deles?

Era uma discussão inteligente sobre As Esquisitonas. Os dois gostavam das Esquisitonas.

            - E as pessoas não entendem que chocolate deve ser exclusivamente acompanhado por chocolate!

            - É, pra que misturar com uma fruta? Estraga tudo! Evans, você e eu vamos montar uma comunidade contra o fondue.

            - Com certeza, Potter. Coisas saudáveis não se misturam com coisas...

            - ...não-saudáveis.

            - É.

E os dois riam sozinhos. Em mais uma coisa eles concordavam...chocolate, só se for com chocolate.

            - Eu morro de medo de barata...não é de insetos, é a barata em especial.

            - Você tem medo de barata, ó grande e brava Evans?

            - Nem vem, aposto que você também tem.

            - Pior que tenho. Não espalha, Evans!

            - Pode deixar...é legal que você admita, achei que você era um bobão que se acha o máximo.

            - Se eu não fosse, você ficaria comigo?

            - ...ficaria.

            - Então eu tenho medo de grilos e sapos também!

Lílian riu. Ah, como ele era fofo. Ela arrastou a bunda para mais perto dele. Isso pareceu o suficiente para as nuvens se afastarem mostrando um céu azul com um sol bem bonitinho, as flores cantassem e os animaizinhos aparecessem sorridentes carregando buquê de flores.

Não, o céu abriu, só isso. E o organismo da Lílian eliminou a farpa.

            - Uau, o tempo abriu, não? – ele falou erguendo uma sobrancelha.

            - É...perfeito para...um jogo de quadribol. – ela falou sem pensar. Tiago abriu um super-mega-big-sorrisão.

            - LÍLIAN! Eu nunca pesei que estaria vivo pra te ouvir falar de quadribol numa frase positiva! – ele não resistiu e a abraçou. Ela ficou vermelha e teve vontade de abraça-lo também.

            - Oras...quadribol não é...tão ruim assim. Sabe como é, não? É até... legal. – ela respondeu se virando para ele.

Parecia impossível, mas o sorrisão mega dele se abriu ainda mais, ele se aproximou ainda mais (os passarinhos estava cantando), ele segurou-a pelos ombros (o sol brilhou nos dois), se aproximou dela (a grama pareceu mais verde)...e ele a beijou.

E começou a chover.