Antes que eu pudesse perceber, já estava dormindo.

Eu sonhei com um homem. Ele tinha cabelos escuros, usava óculos, e estava com uma espécie de jaleco. Aparentemente um cientista. O local onde ele estava era ainda mais estranho. Uma sala enorme com quatro paredes revestidas com placas de metal, sendo que em uma delas havia uma tela transparente com uma porta ao lado, que levava ao lado de fora.

-Você tem certeza que dessa vez irá funcionar, Phoenix? –Perguntou o homem dentro da sala.

No meio do local, havia uma cabine que parecia presa ao chão, aberta. Por dentro, ela era um pouco colchoada, mas por fora era toda revestida de algum tipo de metal. Havia também varias maquinas com luzinhas e botões, deviam ser aqueles supercomputadores, monitoradas por vários cientistas.

Do outro lado da tela, um homem de pele escura fardado fez que sim com a cabeça. Logo eu percebi que era aquele militar do meu quarto, mas sem o tapa-olho. Eu nunca havia pensado a respeito de seu nome. Phoenix. Nome estranho.

Junto de Phoenix, estavam outros cientistas. Alguns revezavam entre olhar para o homem dentro da sala, e anotar freneticamente algo em suas pranchetas, enquanto outros monitoravam a sala por computadores.

Então o homem dentro da sala tirou os óculos, o jaleco e a blusa, ficando somente de calça. Ele se deitou na cabine, que parecia grande demais para uma pessoa magra como ele, e um dos cientistas veio falar com ele.

-Confortável? –Perguntou o cientista.

Ele tinha cabelos grisalhos, embora fosse novo, e uma barba meio rala, como se não dormisse a muitos dias.

-É meio grande. –Respondeu ele sorrindo.

O cientista riu. Eles pareciam velhos amigos.

-Senhor Jhonson, como estão os níveis? –Perguntou o cientista para alguém do lado de fora da sala.

-Os níveis estão a cem por cento. –Respondeu alguém do lado de fora, que parecia se chamar Jhonson

-Ótimo. –Murmurou o cientista colocando os braços do homem num compartimento de metal, que estava dentro da cabine.

-Talvez deixemos metade de Nova York as escuras, mas estamos prontos. –Continuou Jhonson.

-Acho você ficará mais confortável do lado de fora da sala, Steve. –Disse o homem deitado na cama.

-Ah, claro. –Concordou ele, meio relutante, enquanto se virava e saia.

-Senhoras e senhores. –Disse Phoenix sem tirar o olho de dentro da sala. –Hoje, nós não damos um grande passo a aniquilação, mas um pequeno passo a caminho da paz.

Enquanto ele falava, umas espécies de braços mecânicos com placas de metal, ao invés de mãos, sairam da parte de trás da cabine e se prendem no tórax do homem, parecendo se encaixar perfeitamente.

 -Nós começaremos com micro injeções de DNA do último Only One. –Continuou Phoenix. –A infusão de tal, causará uma mudança celular imediata.

Cientistas encaixam capsulas transparentes com um líquido azul, em pequenos compartimentos redondos, localizados no local onde o homem estava com as mãos presas.

Outro cientista se aproximou do homem e lhe aplicou uma injeção eu se braço. Ele apertou os olhos e franziu os lábios, tentando suprimir a dor.

-Até que não doeu tanto. –Disse ele.

-Isso foi penicilina. –Respondeu o cientista.

Ele virou o rosto, com uma expressão meio desconfortável.

-Infusão começando em cinco... –Disse Phoenix. –Quatro...

Duas placas de metal, com pequenas agulhas, se prendem nos braços do homem. Uma em cada braço.

-Três... –Continuou Phoenix se virando para um dos cientistas que estava mexendo no computador. –Dois... um!

O cientista assentiu, e abaixou uma alavanca dupla no painel de controle e então começou. As capsulas com líquidos azuis começaram a se esvaziar, e as placas de metal com agulhas, começaram a pressionar mais os braços do homem, que respondeu com uma cara de dor.

-Agora senhor Jhonson. –Disse Phoenix.

Ele assentiu e desceu outra alavanca, fazendo a cama se levantar, ficando “em pé”. Conforme ela ia se levantando, as portas laterais iam se fechando, até estar completamente fechada a não ser por uma pequena tela um pouco acima da cabeça do homem.

Então um dos cientistas do lado de dentro da sala, pegou um cabo que deixava escapar uma espécie de gás, e o encaixou numa abertura da capsula.

-Você está bem aí? –Perguntou Phoenix.

-Será que ainda da tempo de ir ao banheiro? –Respondeu ele.

-Vamos prosseguir. –Concluiu Phoenix.

Outro cientista girou um botão, enquanto  Jhonson girava uma espécie de volante no painel de controle. Logo em seguida, todos ali presentes colocaram óculos de proteção.

-Está em dez por cento. –Disse Jhonson enquanto girava o volante. –vinte por cento. Trinta.

Conforme ele ia falando, a cabine ia irradiando uma luz branca forte, fazendo alguns cientistas tamparem os olhos com os braços.

-Quarenta por cento. –Continuou ele. –Cinquenta por cento.

-Sinais vitais normais. –Disse um dos cientistas.

-Sessenta por cento. Setenta.

A luz foi ficando cada vez mais forte, até que o homem lá dentro começou a gritar.

-Desliguem isso! –Disse Steven.

-Você está bem? –Perguntou um homem batendo na cabine. –Responda!

-Desliguem isso agora! –Ordenou Steven.

Phoenix só olhava quieto, sem demonstrar nenhuma ação.

-Desligue o reator Jhonson. –Disse Phoenix por fim, fazendo Jhonson se apressar a ir desligar o reator.

-Não! –Gritou o homem lá dentro. –Não! Eu aguento!

Com isso Jhonsou parou, olhou com uma cara de preocupação, e continuou girando. Steven só olhava aquilo com uma expressão que demonstrava tensão.

-Oitenta. –Continuou Jhonson. –Noventa... Está em cem por cento!

A luz emitida pela cabine foi aumentando, aumentando, até que os computadores começaram a soltar faíscas e a expelir fumaça. A luz continuou aumentando cobrindo todo o local. Então ela explodiu, o que me fez acordar suando frio. A explosão foi tão grande, que eu tive a sensação de que o quarto estava tremendo, mas ele continuava com a mesma aparecia irritante branca.

A única certeza que eu tive daquele sonho, foi de quem aquele homem era.

-Connor. –Murmurei enquanto ficava sentado com a mão na cabeça. –O que fizeram com você?