All My Love escrita por marcelawhat


Capítulo 4
Dazed And Confused




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Acordei no sofá da casa de Robert. Ele me abraçava fortemente e permanecia estático. Olhei para seu rosto e percebi que ele não havia dormido, pois olheiras eram visíveis à longa distância.

-- Robert, você devia dormir... – eu disse, acariciando o rosto dele.

-- Não, não consigo, não posso. – ele me abraçou mais forte. Tão forte quanto na hora que cheguei. – Eu te amo, Jim, por favor, não me troque por ela... Por favor...

O tom de voz dele ia diminuindo, murmurando “por favores” intermináveis.

-- Nunca vou te deixar, Robert. – beijei sua testa e o abracei fortemente.

-- Eu tenho que ir... Ao funeral. Jim, eu não quero que você vá.

-- Mas...

-- Não. Eu não quero que ninguém saiba de nós dois e se você for, eu não vou resistir. É... Melhor você ficar.

Eu sorri tristemente, porém compreendi as razões dele. Ele se levantou para ir e eu olhei para o relógio e já eram 3 da tarde. Provavelmente, Robert arrumou tudo e não me acordou.

Eu segurei o braço de Robert e lhe dei um beijo antes dele ir.

Passada uma hora, eu me lembrei de Lori. Ela devia estar preocupada... Mas se eu fosse e Robert não me encontrasse aqui, teríamos outra briga. Mas eu não podia deixar Lori sem notícias. Liguei para casa e esperei pacientemente.

-- Alô?

-- Lori, que bom que você está aí.

-- É, você não dormiu em casa hoje. O que foi?

-- Não soube do Robert?

-- Eu... Soube, mas você tem uma namorada em casa! A não ser que ele fosse seu namorado... Mas acho que não.

-- É, acho que não. – ela mal sabia da verdade. Não podia continuar com aquilo tudo, aquela mentira. – Lori...

-- Olha, não precisa se desculpar. Eu te entendo, ele é seu melhor amigo. Eu devo estar... Sei lá, abalada. Eu te amo, Jimmy, eu te amo.

Fiquei sem palavras. Como podia falar toda a verdade depois disso?

--... Lori, eu também te amo, m...

-- Sem “mas”. Já te desculpei, tá?

Mais silêncio.

-- Certo. Daqui a pouco estou aí. Beijos.

-- Ok, beijos.

Ela desligou o telefone, mas eu não consegui me mexer. O que eu fiz novamente? Tinha que falar, não podia continuar com toda a mentira.

Logo que desliguei o telefone, ele tocou. Se fosse ela, era agora ou nunca.

-- Alô?

-- Jim, eu esqueci de te dizer. Eu vou viajar com uma amiga... E só vou voltar daqui um mês mais ou menos.

Silêncio. Quem sabe se ela fosse, ela esqueceria de mim.

-- Ah, Lori, que pena. Eu vou sentir saudades.

-- Eu também. – ouvi uma buzina bem ao longe, do outro lado do telefone. – Eu tenho que ir. Eu te amo.

-- Eu... Eu também.

Desliguei o telefone e coloquei as mãos na cabeça. Não era capaz de terminar com ela, por quê? Eu amo Robert mais do que tudo mais ainda assim...

Deitei no sofá e fiquei pensando em como dizer para Lori assim que ela voltasse que não podíamos mais ficar juntos. Passada uma ou duas horas, Robert voltou para casa, com a mesma aparência triste e abatida.

-- Os shows foram cancelados até semana que vem.

-- Claro. Por mim... Tudo bem. Ah, Lori foi viajar. Não vamos vê-la por um mês.

Ele esboçou um sorriso, provavelmente, pela primeira vez em horas.

-- Você não sabe como isso me faz bem, Jim. – ele me abraçou. Beijamos-nos, porém, simplesmente permanecemos ali, no sofá, abraçados.

-- Robert, você comeu alguma coisa nesse tempo todo?

-- Hm... Não.

-- Eu vou lá fazer... Um chá.

Era a única coisa que eu realmente sabia fazer. Ao terminar, levei as duas xícaras de chá quente para sala. Olhei pra o relógio e já eram 17h30.

-- Robert, eu acho que eu vou pra casa. Eu queria ficar aqui, mas, você sabe, eu tenho que escrever músicas. E também, acho que um tempo com a sua mulher vai te fazer bem. Aliás... Onde ela está?

-- É, ela está em um hotel, eu falei pra ela ficar em um hotel.

-- Ah, bom... Fale para ela vir pra casa. Ela é sua amiga, afinal.

Ele assentiu com a cabeça.

-- Eu te levo pra casa. Não tem táxi que passe aqui essas horas.

-- Realmente. Mas você acha...

-- Eu consigo dirigir, Jim, obrigada pela preocupação.

Ele pegou a chave do carro e fomos até em casa, conversando e até rindo um pouco. Chegando em casa, ele me beijou.

-- Jim, você é a única pessoa que pode me fazer rir em uma situação dessas.

-- E você é a única pessoa que pode me fazer feliz só com essas palavras.

Beijamos-nos novamente. Eu saí do carro e Robert foi embora. Estava tudo na perfeita paz, por pelo menos um mês. Lori estava longe, nos falaríamos somente pelo telefone. Talvez. Robert falava comigo novamente. Nosso novo álbum estava quase pronto. Acho que nada podia dar errado mais.

Logo que fechei a porta, o telefone tocou imediatamente. Devia ser Lori, claro. Não poderia ser Robert, ou ninguém relacionado a ele. Depois daquele acidente de carro, ele aprendeu a ter mais cuidado, então, descarto a possibilidade de ser alguém avisando sobre outro acidente. É, provavelmente era Lori.

-- Alô?

-- Oi, Jim.

Ah, não, não, não, não. Como ela sabe meu telefone? Ela era uma das pessoas que eu nunca tive muito contato, mas pela fama, nunca quis mais contato.

-- Oi... Bebe. Como...

-- Eu tenho meus meios de descobrir telefones. E se chama lista telefônica.

Eu nem estava querendo rir. Eu realmente pensava que ia ficar tudo bem agora.

-- Mas você sabe onde eu moro então?

-- Sei, sei. Também tenho meus meios de descobrir. E esse se chama groupie.

-- Ah, sim. Mas o que você quer, Bebe? Faz tempo demais que a gente não se fala, e não tem porque nos falarmos agora.

-- Eu senti saudade. Daquela noite, lembra?

-- É, como poderia esquecer...

-- Não quer outra noite daquela?

-- Babe, por favor. Eu vou ter que recusar a oferta.

-- Ah. – ela suspirou. – Bom, você sabe que eu não fico ligando para casa dos músicos que eu já dormi, mas você... Você é outra coisa.

-- Ah, Bebe, você tem outra coisa pra falar, além disso? Eu estou ocupado.

-- Não, não. Pode ir fazer o que você estava fazendo. Se eu bem te conheço, você deve estar...

-- Ah, Bebe, com licença.

Desliguei o telefone. Agora não ia ficar tudo bem mais. Bebe sabia onde eu morava e podia aparecer a qualquer hora. Se Robert descobrisse... Ah, essa não.

Sacudi minha cabeça, tentando esquecer. Peguei meu violão e comecei a tocar qualquer coisa. Faltava só mais uma música pra completar o álbum e eu estava realmente determinado a acabar aquilo logo. Passada uma hora exatamente, eu ouvi um barulho do lado de fora. Abri a porta para checar e vi uma mulher com corpo escultural, cabelos loiros que caiam em suas costas e um rosto angelical, quase que surreal.

-- Srta. Bebe Buell, o que faz aqui? Eu falei que eu não quero mais nada com você. Eu falei!

-- Ah, acho que... Eu não escutei. – ela me abraçou e me beijou intensamente, nossas línguas se entrelaçavam, com tal fogo que nunca senti nem com Robert nem com Lori. Ah, Babe, ela sabia o que fazer e como fazer. Ela fazia eu me sentir satisfeito. Não podia resistir mais. Levei-a para cama e lá tivemos outra noite inesquecível.

Ela sorria e gritava ao mesmo tempo, arranhava minhas costas e acariciava meus cabelos. Aquilo era revigorante, me fazia muito bem. Após toda a agitação e desejo praticamente interminável, nos deitamos, descansando.

-- Jim, eu sabia que você não conseguiria se conter.

-- É, eu também sabia no fundo.

Ela beijou meu rosto e foi beijando todo meu corpo. Não sei é por experiência ou se ela realmente me conhecia, mas só ela fazia meu corpo se relaxar ao invés de ficar tenso. Eu me sentia bem, como se nada pudesse me atingir nem atrapalhar. Mas o fato de Bebe estar ali, fazendo eu me sentir assim, já era um problema. Mas... E se Robert e Lori nunca soubessem? Eles não precisam saber. Em meio àquele momento de despreocupação, o telefone toca na andar de baixo.

-- Bebe... Eu vou atender... Aaah, Bebe, me deixe ir, sim? Eu já volto.

Ela se levantou e deitou os cabelos loiros no travesseiro. Eu fui até o térreo e atendi ao telefone.

-- Sim?

-- Jim, é a Lori.

-- Ah... Oi, Lori.

-- Como você está?

-- Estou bem. Como foi sua viagem?

-- Foi... Ótima. Eu vou a um show agora, do The Who.

-- Ah, mande meus... Cumprimentos ao Pete e aos outros também.

-- Claro.

Um minuto de silêncio.

-- E o Robert, como ele está?

-- Não sei, faz... Umas horas que eu não o vejo. Deve estar melhor.

-- Claro, claro... Jim?

-- Sim, querida.

-- Eu te amo. Demais.

Eu tinha que responder.

-- Eu também te amo, Lori.

Mais outro minuto de silêncio.

-- Eu tenho que ir, Jim, comporte-se aí.

Eu dei uma leve risada.

-- Claro, amor. – enquanto falava isso, Bebe descia as escadas, completamente nua, angelical, delicada, perfeita... – Bom, é melhor você ir, vai perder o show.

-- Sim. Até mais.

Desliguei o telefone. Bebe beijava minhas costas, mas agora, já não sabia o que queria. Não sabia se amava Lori, se amava Bebe, se amava Robert. Não sabia de nada.

-- Babe... Eu preciso de um tempo para pensar. Por favor, você pode voltar... Amanhã à noite?

-- Hm... Claro. Pelo menos você quer que eu volte. – ela sorriu maliciosamente, me beijou e subi para pegar suas roupas. Ela era linda. Lori também. E Robert era majestosamente maravilhoso. Imagens deles continuavam a vagar pela minha cabeça, quem eu escolheria para passar uma vida, ou pelo menos um tempo? Todos os três, todos em segredo? Não sabia. Minha cabeça dói, minha mente estava bagunçada e confusa. 


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