Cavaleiros do Caos.

 Sim, devia ter merecido isso quando passou para o lado de seres tão incompetentes como os que via agora. Afinal, o que tinha feito para merecer um cavaleiro tão idiota para trazer um garoto ao invés de um caçador experiente. Falando serio, quando ele falou o melhor mercenário das Terras Esquecidas pensou ser um homem forte, com armas potentes, um currículo de varias mortes e traições, mas o que lhe aparece bem a sua frente? Um garoto de mais ou menos vinte anos, um tanto magro comparado ao que pensava e com cara de garoto mal.

 - Desculpe, mas eu não sabia que tínhamos chamado uma creche. – comentou irritado mirando de maneira reprovativa o cavaleiro negro que tinha um extenso sorriso no rosto. De repente sentiu um leve vento passando bem perto de seu rosto e quanto o virou viu, a poucos centímetros de distancia de sua cara, um pequeno tridente reluzente, de cabo vermelho com preto ainda balançando por causa da força que tinha sido lançado e bem fincado na madeira da cadeira que estava sentado. Olhou para o garoto e não viu evidencias de que tinha sido ele que tacara o objeto, suas mãos continuavam no bolso e o rosto serio o mirando sem nenhuma emoção nos olhos. Talvez tivesse se enganado quanto a ele.

  - Se eu fosse você não o perturbava Valiant. – falou o cavaleiro divertido se levantando e caminhando lentamente na direção do garoto que não parecia nada intimidado com os vários centímetros que o cavaleiro tinha a mais que ele. Os olhos vermelhos do garoto não saiam do mago, como se soubesse que seu maior perigo era ele. O mago estaca intrigado, não imaginava que um simples garoto pudesse ter tanta experiência. – Eu te garanto que Shadow pode matar uma mosca em segundos sem nem mesmo aparentar ter feito alguma coisa. É o mercenário mais capacitado de toda a Terra Esquecida.

 O mago mirou o garoto com mais atenção. Ele tinha os cabelos negros bagunçados, pareciam ser lisos e bem cuidados apesar de saber que a condição do garoto devia ser das piores como as de todas as pessoas que moravam naquela região fora dos limites do reino. Os olhos dele eram bem peculiares, de um vermelho sangue, penetrantes e intimidadores que não pareciam mostrar se quer um sentimento, mas que davam vista a um sofrimento inacreditável, a pele morena mostrava que trabalhava ao ar livre ficando horas e horas debaixo do sol, os músculos um pouco discretos indicavam que era forte, adequado a missões que exigiam combates, sua posição um pouco relaxada mostrava que não era intimidado com facilidade. E já havia percebido que era bem ágil e veloz, lançar uma arma daquelas sem nem mesmo aparentar ter feito alguma coisa era um talento de se admirar. Ele vestia roupas completamente negras o que devia ajudar a se esconder em lugares escuros e pegar a uma vitima de surpresa, isso também era uma qualidade ótima já que ajudava bastante em um combate.

 - Ele realmente é interessante. – falou o mago ainda o analisando. O garoto não se demonstrou preocupado com as miradas intensas de Valiant, na verdade estava bem relaxado o que agradava bastante o cavaleiro. A fama do garoto de ser o mercenário mais sem emoção de todos tinha realmente cabimento, afinal nunca vira ninguém enfrentar ao mago com tanta naturalidade como ele estava fazendo no momento. – Me diga garoto, qual é sua experiência?

 O garoto nada respondeu, apenas mirava atentamente o mago com as mãos ainda no bolso e com aquela posição ligeiramente encurvada e relaxada. O mago franziu o cenho, não gostava de ser ignorado muito menos que dessem uma de espertinho com ele. Aquele pirralho podia ser um mercenário e tanto, mas não tinha chances contra um mago principalmente um que tinha o poder das trevas em suas mãos.

 - Não falo de meus antigos feitos para as pessoas que me contratam. – falou ele em sua voz grossa e fria, tão cortante quanto a do mago que arregalou os olhos ao ver que tinha sido rudemente respondido. Ninguém tinha feito algo daquele tipo desde que voltara como o mais poderoso mago de todos e não permitiria que começassem a fazer. – Só me digam o que tenho que fazer para eu pensar se vou trabalhar para vocês.

 - Você apenas tem que pegar duas garotas que estão sendo acompanhadas por dois cavaleiros. – disse o cavaleiro negro com um sorriso divertido no rosto, estava adorando ver como o garoto deixava o mago irritado. Admirava a coragem do pequeno e sabia que ele não era de brincadeira, mas o mago também não era. – Os cavaleiros você pode matar, não temos interesses neles, mas as garotas queremos que você as traga para nós ainda vivas. Em troca lhe daremos o que você quiser, não importa o que seja. Dinheiro, mulheres... Poder.

 O garoto fechou levemente os olhos parecendo pensar na proposta. Ele estava tranqüilo, parecia apenas pensar o que intrigou muito ao cavaleiro e o mago. Eles tinham dado a oportunidade para o garoto ter o que quisesse e ele mesmo assim parecia pensar sobre o assunto? Que tipo de mercenário era aquele? Qualquer outro teria aceitado no mesmo instante. Depois de alguns instantes o garoto abriu os olhos e mirou já decidido o mago e o cavaleiro que estavam se corroendo de curiosidade para saber a resposta do garoto.

 Ele deu as costas para os dois e começou a andar na direção da porta sem dizer nenhuma palavra, as mãos ainda no bolso e a pose despreocupada. O queixo do cavaleiro caiu enquanto o mago ergueu uma sobrancelha sem entender o que havia acontecido. Antes do mercenário poder sair da sala a porta se fechou bem na sua frente o fazendo parar e virar ligeiramente o rosto para trás vendo que o mago tinha se levantado e o mirava um pouco irritado.

 - Ainda não nos disse sua resposta, mercenário. – falou o mago usando seus poderes para fechar as janelas e qualquer outra saída que tivesse no lugar. O garoto ainda não parecia preocupado, mexia em alguma coisa em seu bolso ainda de costas para os dois que estavam na sala. – Agora nos responda, vai aceitar nossa oferta ou não?

 - Não estou interessado no que vocês querem. – falou o garoto simplesmente sem dar muita importância. O cavaleiro ficou impressionado, haviam oferecido tudo a ele e mesmo assim ele não queria fazer o trabalho? O que esse mercenário pretendia afinal de contas? – Meu trabalho não é de seqüestros básicos de garotas e eu já ouvi falar do que esta acontecendo aqui, não quero fazer parte dessa confusão. Então se me dão licença eu vou embora.

 O garoto deu o primeiro passo na direção da porta, mas logo que o fez ouviu o barulho de alguma coisa cortando o vento em sua direção o que o fez saltar para o lado para esquivar. O que antes ia na sua direção era nada mais nada menos que uma mão completamente negra que se esticava até não poder mais se chocando com a porta. Mais outra apareceu e foi novamente em sua direção, mas antes que pudesse alcançá-lo ele tirou uma adaga de tamanho médio do bolso da calça e cortou a mão como se não passasse de um pedaço de papel. Logo outras mãos foram em sua direção e o garoto fora obrigado a usar toda sua velocidade para escapar.

 Era rápido, todos ali presentes tinham que admitir, seus movimentos eram precisos, seguros e completamente perfeitos, sem nenhum erro de calculo. Mas o mago já estava perdendo a paciência e sua energia estava começando a ficar escassa e logo voltaria a aquela forma tão horrenda de velho. Criando mais uma mão conseguiu capturar o mercenário que não mais conseguiu se mover para escapar. O mago o trouxe para perto e fez surgir uma pequena criatura parecida com uma centopéia só que mais gosmenta e completamente negra.

 - Você vai trabalhar para nós querendo ou não. – falou o mago enquanto aquela criatura escorregava pelo corpo do mercenário até chegar em seu rosto. O mesmo fechou a boca com força e sacudia o rosto sem parar tentando tirar aquela criatura de cima de si, mas acabou que uma daquelas mãos abriu sua boca e permitiu que aquela criatura entrasse na mesma descendo por sua garganta quase sufocando o garoto. As mãos o soltaram quando perceberam que a criatura já tinha entrando em seu sistema e o mercenário caiu no chão tossindo por causa do terrível sabor que aquela coisa tinha deixado em sua boca. – Essa criatura vai ficar alojada perto de seu coração, quando você fizer alguma coisa que nos desagrada é só eu estalar os dedos e ela vai apertá-lo com tanta força que você morrerá em questão de tempos.

 O garoto mirou o mago com raiva, mas logo sentiu alguma coisa apertando seu peito, o coração começou a doer com força e de sua boca começara a sair algumas cotas de sangue que caiam no chão enquanto o garoto agonizava. O mago sorriu satisfeito ao ver que já tinha chamado a atenção do rapaz, agora tinham um forte aliado a seu lado ele querendo ou não.

 - Agora você vai ir atrás das garotas e trazê-las para nós em troca de sua vida, entendeu mercenário? – falou o mago sorrindo malignamente para o garoto que parou de sentir aquela dor no peito e se levantou cambaleante. Ele grunhiu ligeiramente e desapareceu no local deixando o mago e o cavaleiro sozinhos. O mago suspirou e se deixou cair na cadeira enquanto fazia todas as criaturas que invocara desaparecessem da sala. – Esse garoto tem que ser útil mesmo, se não acabo com ele... e com você.

 - Você viu a velocidade e habilidades que ele tinha, vai ser bem útil para nós. – falou o cavaleiro também se sentando. O mago resmungou alguma coisa e estalou os dedos fazendo com que da porta entrasse uma garota baixa, com os cabelos loiros longos chegando até o quadril lisos e belos, os olhos azuis no momento opacos, o corpo com curvas delicadas e pequenas e a pele pálida e delicada. – Desde quando essa magazinha esta em sua posse? Pensei que não tinha conseguido pegá-la da ultima vez.

 - Não é ela idiota. É uma garota que encontrei em uma vila ai, eu só mudei sua forma para que ficasse igual aquela maga. – falou Valiant enquanto a garota ficava do lado dele sem a mínima emoção no rosto. O mago levantou e colocou uma mão na cintura da garota a aproximando de si. – Enquanto não posso ter a garota que quero posso fingir que é ela.

 - Está obcecado por aquela maga. – comentou o cavaleiro mirando a garota de cima a baixo com um olhar desejoso e malicioso. – Isso vai acabar te levando a ruína meu caro amigo.

 - Quando você precisa dessa garota para ser jovem para sempre acho que você estaria da mesma maneira que eu. – disse o mago com um ligeiro sorriso no rosto. Era lamentável não ter aquela maga no lugar dessa replica que tinha feito, mas ainda se contentava com o fato de um dia ter ela ali, se falar de poder usá-la de outra maneira além de apenas drenar energia.

 - Pois então por que não divide as que você pega? – perguntou o cavaleiro com um sorriso malicioso no rosto. O mago sorriu ligeiramente e deu um profundo beijo na garota que tinha do lado, enquanto o beijo se mantinha uma energia dourada saía da garota e ia na direção do mago que parecia rejuvenescer a cada instante, já a garota ficava velha, as rugas tomavam seu rosto e seu corpo, seus cabelos viravam finos e escassos fios brancos e sua pele ficava seca e acinzentada. Logo não passava de mais nada que uma caixa de ossos sem vida com pele seca e acinzentada, o mago a tacou nos pés do cavaleiro que fez uma cara de asco. – Você é nojento.

 - Do que está reclamando? Ela é toda sua. – disse sorrindo enquanto apreciava seu rosto jovial no espelho que tinha acabado de materializar. Ele caminhou para fora do lugar, tinha que acompanhar o andamento do mercenário se não era capas dele fugir, apesar disso ser um pouco improvável.

 Saltava de galho em galho se aproximando de onde estavam suas vitimas, podia ver os rastros que deixavam. Sempre variando de pegadas para restos de fogueiras. Eram tão ingênuos, seria fácil encontrá-los, também depois de toda sua experiência com caçar pessoas ou animais não seria um problema perseguir pessoas despreparadas. Parou em um galho quando percebeu que já tinha chegado. Ficou escondido nas sombras que tinham na floresta e observou como o pequeno grupo se preparava para descansar. Analisou a todos, as meninas não parecia ser um problema muito grande, mas os garotos talvez pudessem causar algumas complicações.

 - O que esta esperando? – perguntou o holograma de tão odiado mago que estava bem ao seu lado. Grunhiu ligeiramente, odiava ser incomodado em seu trabalho, sabia como fazer as coisas e não gostava de ninguém lhe incomodando lhe perguntando o que faria no próximo passo.

 - Faca quieto! Eles ainda estão assustados pelo seu ataque anterior, tenho que esperar que relaxem para atacar. – falou o garoto irritado e voltando a ver suas vitimas que pareciam já estar um pouco mais tranqüilas, mas ainda tinha o problema da garota de cabelos rosas não largar o garoto de estranhos cabelos azuis. Tinha que esperar até ela se sentir segura o suficiente para se afastar e assim ficar sozinha para poder atacar.

 - E como conseguiu ser tão bom assim na espada se nunca teve um treinamento se quer? – perguntou a garota loira mirando o garoto de cabelos azuis. O mesmo mexia na espada com maestria, mas ao mesmo tempo com cuidado para não machucar a garota de cabelos rosas que estava do seu lado.

 - Um dia fui em um concursos desses de cavaleiros e percebi que tinha talento. Enquanto a minha velocidade, sempre a tive, não lembro de uma vez que não fosse rápido dessa maneira. – falou o garoto sorrindo ligeiramente o que fez o mercenário sorrir divertido. O garoto se achava rápido, ele ia mostrar o que era velocidade logo, logo. – Agora para onde vocês pensam em ir? Não creio que tenha um lugar seguro para a Amy ficar com todas essas criaturas andando por ai.

 - Penso que será melhor levá-la para um refugio que tem fora dos limites do reino na parte sul. – falou a garota loira o que o mercenário achou interessante. Agora já sabia para onde eles se dirigiam e poderia ser útil em sua caçada. – Lá tem um forte feito especialmente para momentos como esses, é como se fosse um castelo cheio de guardas e magos de elite preparados para proteger a família real de qualquer coisa.

 A garota de cabelos rosas finalmente se separou do cavaleiro o que fez o mercenário sorrir, agora tudo o que tinha que fazer era esperar para dar a impressão que tinha acabado de chegar e finalmente atacar. Tirou do casaco negro que usava uma estrela ninja e a preparou para jogar. Só era para assustar e mostrar sua presença, depois atacaria com uma arma maior e mais potente para acabar com os cavaleiros, depois pegaria as garotas. Seria fácil, não tinha como falhar.

 - E depois? O que pensam em fazer? – perguntou o garoto de cabelos azuis mirando eles com atenção. Estava quase no momento, só esperar mais um pouco, recolher um pouco mais de informação e pronto! Era só não errar nos cálculos. – Não podem deixar esse mal andando pela terra, simplesmente colocar a princesa em um lugar seguro não vai adiantar. Ele um dia vai arrumar uma maneira de entrar.

 - Pois a prioridade é deixar a princesa a salvo, quando já tivermos resolvido isso discutiremos uma idéia com os cavaleiros que estarão no forte para um ataque de recuperação. – falou o garoto de cabelos pratas ajeitando as coisas para um acampamento simples e rápido. Era o momento!

 Rapidamente jogou a estrala ninja no meio do acampamento fazendo as duas garotas se assustarem e os guerreiros tirarem rapidamente as espadas da bainha. Usando as duas mãos tirou as espadas que tinha escondida nas costas e se colocou de pé no galho que estava posicionado mostrando seu esconderijo.

 - Antes terão que ficar vivos. – falou analisando a posição que suas presas estavam. O garoto de cabelos brancos parecia ter uma base de treino, como uma posição bem colocada, o garoto de cabelos azuis também parecia ser bom, mas de longe não tinha o mesmo treino que o outro. As duas garotas estavam afastadas com a loira na frente da de cabelos rosas. Ao parecer a ultima era a princesa. - Entregue as garotas e não vai ter muita confusão.

 - Pois advinha, adoro me meter em confusões. – falou o garoto de cabelos azuis dando um forte impulso em sua direção tentando acertá-lo com sua espada, mas ele foi mais rápido e saiu do galho bem na hora fazendo o garoto acertar o ar e parar em pé no mesmo lugar estava antes. Voltou a aparecer atrás das garotas pronto para dar um forte golpe na nuca de uma e fazê-la desmaiar, mas antes que pudesse uma força invisível o segurou e o lançou na direção de uma arvore. Conseguiu usar os pés para frear e assim evitar que se chocasse com o tronco da arvore.

 Levantou o olhar e se encontrou com o olhar reluzente do cavaleiro de cabelos prateados. Os olhos dourados do garoto estavam com um estranho brilho verde junto com suas mãos o que indicava que tinha sido ele a fonte da força estranha que o havia lançado para o trás. Rodou as espadas em suas mãos e correu na direção do mesmo, se esquivando das ondas de energia que ele lançava para impedir seu avanço. Chegou bem perto do garoto e saltou tentando acertá-lo com um golpe para baixo na direção da cabeça do cavaleiro, mas o mesmo foi rápido e colocou a espada para se defender, apesar do golpe ser forte e ele ter sido obrigado a dobrar mais os joelhos por causa do impacto.

 Ficou nessa disputa de forças por um tempo até o cavaleiro sentir como seus pés começavam a escorregar, não suportaria por muito tempo e sabia disso. Soltou uma de suas mãos e tentou usar mais uma onda de energia no moreno, mas ele desapareceu tão rápido como Sonic fazia e logo voltou a reaparecer atrás de Silver dando um forte chute em suas costas o lançando para frente. Antes que se quer ele pudesse voltar a recuperar o equilíbrio o mercenário já estava na frete dele dando uma joelhada em seu queixo e logo depois um chute em seu rosto o lançando para o lado e o fazendo cair pesadamente no chão.

 Silver estava impressionado, nunca tinha enfrentado um oponente tão poderoso. Era o melhor da escola de cavaleiros e mesmo assim não era capaz de derrotar aquele garoto que devia ser apenas um pouco mais velho que ele e nem devia ter a mesma preparação. Como era possível que fosse tão bom? O moreno se aproximou e ergueu uma de suas espadas se preparando para dar o golpe final, Silver fechou os olhos esperando a dor, mas depois de alguns minutos a única coisa que ouviu foi um som metálico como se duas espadas se chocassem. Abriu os olhos e viu como Sonic havia colocado a espada na frente impedindo que o outro garoto o acertasse direto no rosto.

 - Por que não muda de parceiro? – perguntou divertido o garoto de cabelos azuis fazendo um movimento com a espada lançando a do moreno para cima, sem que saísse da mão do mesmo, logo depois fez seu corpo girar para tentar acertar o calcanhar no rosto do garoto, mas o mesmo inclinou o corpo para trás desviando do ataque. Ainda girando tentou acertar sua espada nele, mas o mesmo defendeu com uma das que tinha na mão.

 Ambos se encararam e podiam ver a rivalidade que começara a crescer. Sonic ainda tinha o sorriso brincalhão no rosto enquanto o moreno tinha a cara inexpressiva, analisando o garoto de cabelos azuis com suma atenção. Ambos se empurraram tomando um pouco de distancia para o próximo golpe. O moreno foi o primeiro a tentar atacar, usando ataques simultâneos com suas espadas, mas o cavaleiro desviava com facilidade e agilidade se defendendo com a espada algumas vezes. Quando Sonic ficou encurralado entre as espadas do moreno e uma arvore teve que agir mais rápido ainda. Esperou uma das espadas do mercenário vir em sua direção e se abaixou fazendo com que a espada acertasse o tronco da arvore e ficasse presa na madeira, logo depois apoiou suas mãos no chão e impulsionou seus pés na direção do moreno acertando bem o queixo dele e o lançando para trás e para cima, o fazendo soltar a espada que estava presa na árvore.

  O moreno travou a mandíbula com força ao sentir o forte golpe que havia tomado e antes que pudesse cair de costas no chão levou as mãos para trás, apoiando seu corpo e logo deu um impulso para cima, mandando as pernas para frente e caindo dessa vez em pé. Ficou ereto e levou a mão até a mandíbula a mexendo para os lados tentando ver se nada havia saído do lugar e logo trocou a espada que havia sobrado de mão se preparando para mais uma luta. Dessa vez foi Sonic que foi em sua direção com um forte golpe lateral, mas o mercenário conseguiu defender e logo empurrou o garoto de cabelos azuis para trás tentando atacá-lo com um forte golpe na cabeça com o cabo da espada, o cavaleiro desviou inclinando o corpo para trás fazendo a espada passar a centímetros acima. O mercenário utilizou isso para colocar uma mão no peito do garoto e se impulsionar para cima, passando por cima do garoto e parando atrás do mesmo pegando sua espada que estava presa na arvore e a tirando da mesma.

 Quando o cavaleiro se virou fez seu corpo dar um volta enquanto a espada acompanhava o movimento circular passando perto do rosto do cavaleiro fazendo um ligeiro corte em seu rosto perto de seu olho, quase chegando no nariz. No mesmo instante que parou de girar apoiou seu peso em um pé enquanto erguia o outro e dava um forte chute bem no estomago do cavaleiro que foi arremessado para trás pela força que foi utilizada no chute. Mas antes que pudesse acertar uma arvore que estava ali perto posicionou seu corpo de maneira que apenas seus pés encostassem no tronco, dobrando ligeiramente o joelho e logo depois se impulsionando para frente na direção do mercenário, com a espada erguida em sua direção. O mesmo apenas cruzou as duas espadas e as colocou na frente do rosto, deixando um pé mais atrás para dar apoio e assim interceptando o golpe do garoto.

 Eles se encararam novamente com aquela tensão de competitividade nos olhos, mas por um mero instante o morno pode ver pelo canto do olho como o cavaleiro de cabelos prateados se aproximava com a espada erguida. Rapidamente empurrou o cavaleiro de cabelos azuis e se defendeu o golpe do outro cavaleiro com apenas uma de suas espadas, logo depois deslizou para trás do garoto fazendo o mesmo cambalear para frente por causa da força que estava usando para pressionar a espada de seu oponente. Em um rápido golpe o mercenário acertou a ponta do cabo da espada na nuca do cavaleiro o fazendo cair no chão meio inconsciente.

 Antes que pudesse fazer qualquer coisa com o cavaleiro caído teve que se defender se outro ataque do cavaleiro de cabelos azuis só que esse era mais potente e o empurrou para a árvore que tinha atrás de si. Em um rápido movimento empurrou o cavaleiro para trás e soltou levando as espadas para trás, fincando-as no tronco da arvore e utilizando-as para se impulsionar para cima na direção de um dos galhos da arvore, no mesmo instante ele tirou as espadas do tronco e ficou bem equilibrado no galho da arvore.

 Sonic rapidamente fez a mesma coisa, subindo na arvore e tentando acertar o mercenário com sua espada, mas o mesmo desviou saltando para outro galho e logo sendo seguido pelo cavaleiro que sempre tentava acertá-lo. A luta agora era rápida, os dois saltavam de galho em galho tentando acertar um ao outro. Dava para se ver que ambos eram dotados de grandes habilidades tanto na velocidade quanto nos movimentos com a espada. Os outros que observavam não sabiam para onde olhar, tudo o que viam eram vultos saltando de um lado para o outro e se chocando algumas vezes, fazendo algumas faíscas saírem e fortes barulhos metálicos serem ouvidos.

Por um instante o mercenário percebeu um adiantamento nos movimentos do seu oponente o que lhe deu a oportunidade perfeita para desviar de seu golpe e acertá-lo com um forte chute no rosto o mandando para o chão com tanta velocidade que ao atingir o mesmo uma grande nuvem de poeira se levantou ao mesmo tempo em que um forte estrondo foi ouvido. O mercenário aterrissou no solo depois de diminuir sua velocidade saltando de um galho para o outro. Mirou seu oponente caído no chão que tinha algumas rachaduras e sorriu vitorioso ao ver que ele mal conseguia se colocar em pé, o corpo com alguns machucados e devia ter pelo menos deslocado alguma coisa.

 - Q-quem é você? – perguntou o cavaleiro de cabelos azuis tentando se levantar enquanto a garota de cabelos rosas ia em sua direção para ampará-lo. Sorriu levemente, um pequeno sorriso que o caracterizava e poucos viam.

 - Um mercenário. – disse a garota loira o mirando atentamente com aqueles olhos azuis reluzentes. Não sabia porque, mas percebeu alguma coisa a mais nele, um poder que parecia trasbordar daquelas duas orbes tão belas. – E não um mercenário qualquer. Pela marca que tem em sua mão, essa espiral vermelha com espinhos, não é outro se não o famoso mercenário das Terras Esquecidas, o melhor deles devo dizer. Mas não é bem o que eu esperava, para mim você era mais velho.

 - Vejo que tem estudado bem garota. E desculpe se não sou o que você esperava de um mercenário. – falou ele deixando os braços baixo junto com as espadas. Aquela garota era interessante, poucos que viviam nessa terra prospera sabia sobre ele, algumas evitavam saber e outras não tinham como saber. Eram vários motivos, mas ele não se importava, desde que continuasse ganhando por seus serviços já estava ótimo.

 - Me diga, quanto estão te pagando para nos perseguir? – perguntou a garota ignorando o que o moreno tinha falado. Seu olhar era serio e analítico, não deixava escapar um só detalhe do garoto que estava a sua frente e que sorriu ligeiramente ao ouvir a pergunta. – Tem que ser uma quantia bem alta para que o mais prestigiado de todos os mercenários e talvez o melhor tenha o trabalho de ir atrás de duas garotas.

 - Eu sou o melhor, garota, e quanto estou ganhando para fazer meu trabalho não é do seu interesse. Eu faço o trabalho que quero quando quero. – falou para logo desaparecer e reaparecer atrás da garota loira, passando a espada pelo pescoço da mesma e segurando um de seus pulsos. Em algum momento ele havia guardado a outra espada, mas a garota não sabia qual. Podia sentir o calor do corpo dele perto do seu junto com a respiração tranqüila dele em seu pescoço. Estava muito próximo, mais do que queria. – Agora você e sua amiga vêm comigo para eu terminar logo com meu serviço.

 - Desculpe, mas você não acha mesmo que apenas isso vai me fazer ir com você não é? – o mercenário levantou uma sobrancelha sem entender porque a garota estava tão confiante. De repente as mãos da mesma começaram a reluzir em um tom azulado e antes que pudesse dizer qualquer palavra varias raízes e cipós o seguraram em varias partes de seu corpo, um se enrolou em sua cintura, dois em seus pulsos, e mais dois para seus tornozelos, sem falar do que estavam em seu pescoço e em um de seus joelhos. Sua espada havia caído de sua mão e não tinha a menor chance de pegar a outra. – Não sei se seus contratantes te disseram, mas não sou uma garota que devia se mexer. Afinal, nós magos somos bem poderosos.

 Os olhos da garota reluziram de uma maneira perigosa enquanto o mirava, o mercenário franziu o cenho em desgosto. Mais um mago para lhe atormentar, isso tinha que ser praga, em alguma vida devia ter atormentado muito essa raça porque pelo amor de deus! Era o segundo que encontrava e lhe atormentava. Ah! Mas isso ainda teria troco. A garota se aproximou de sua espada que tinha fincado no chão e a pegou passando um dedo por sua lamina enquanto a mirava com determinação.

 - O que vai fazer sem seus brinquedinhos agora? Não pode usar sua velocidade, na verdade mal consegue se mover, e não pode se soltar sem suas espadas, duvido que consiga pegar a outra. – falou a garota sorrindo levemente e o mirando de uma maneira presunçosa e vitoriosa. – Digamos então que você está a minha mercê.

 Aquilo foi a gota D’água. Aquela garota achava mesmo que ele podia ficar a mercê de alguém? Ela realmente acreditava que o melhor mercenário da região mais sombria de todo esse planeta poderia perder para uma garota tão frágil como ela? Ah! Pois ela estava muito enganada! Mostraria que sua força ia além do que ela estava pensando. Sorriu de maneira presunçosa, o maior sorriso que já tinha dado em anos, apesar desse ser cheio de ironia e sarcasmo.

 - Acha mesmo que só tenho isso de armas? – perguntou fazendo o sorriso da garota arregalar os olhos de surpresa enquanto ele tirava da manga uma pequena adaga e cortava o cipó que o segurava no pulso. Rapidamente cortou os outros que o seguravam e caiu ligeiramente ajoelhado no chão, enquanto a garota, ainda surpresa, afastava alguns passos dele. Ele rapidamente se levantou e foi até a garota e a prendeu contra uma árvore, segurando os pulsos da mesma que havia deixado a espada cair. Os corpos muito próximos, praticamente colados, o rosto dele do lado do dela com um sorriso vitorioso nos lábios. Levou as mãos dela até acima de sua cabeça e segurou seus pulsos com uma só mão enquanto levava a outra até a cintura da garota, tocando descaradamente aquela área. – Quem está a mercê de quem agora bruxinha?

 Apertou um pouco a cintura da garota e mordeu ligeiramente o lombo de sua orelha fazendo ela fechar os olhos com força. Agora mostrara para ela quem era melhor ali. Iria continuar brincando com a garota, mas viu pelo canto do olho como aquele garoto de cabelos prateados corria em sua direção com o punho levantado, rapidamente se afastou da garota, a soltando e pegando sua espada tão rápido quando o garoto proliferou o soco que acabou acertando o ar.

 - Se chegar perto dela mais uma vez eu juro que acabo com você! – gritou o garoto furioso enquanto a garota de cabelos loiros tinha que se apoiar na arvore para se manter em pé. Ela sentia suas pernas bambas, como se o simples contato com aquele garoto fizesse seu corpo arrepiar completamente e perdesse as forças.  O mirou de relance e viu um sorriso presunçoso nos lábios do mesmo, devia estar se achando por ter dominado ela com uma coisa tão simples. Grunhiu ligeiramente, não podia ficar mais perto daquele mercenário estúpido.

- Agora chega de brincadeiras. – falou com a voz um pouco abafada. Ela ergueu a mão completamente iluminada enquanto a sua volta e envolta de seus amigos uma luz azul passava com delicadeza fazendo seus corpos ficarem meio transparentes. – Teleport!

 O mercenário arregalou os olhos e correu o máximo que podia para segurar pelo menos a maga, mas ela desapareceu junto com os outros antes que pudesse segurar qualquer parte do corpo dela ou qualquer tecido que encontrasse. Se amaldiçoou mentalmente e já ia voltar a andar para ir atrás deles quando uma forte dor tomou conta de seu peito, a mesma dor que tinha sentido quando aquela coisa tinha entrado em seu corpo. Levou a mão ao peito apertando sua camisa com força enquanto caia de joelhos no chão.

 - Os deixou escapar. – falou o holograma daquele maldito mago do seu lado. O mirou irritado apesar da dor que sentia, como se ele tivesse feito melhor que ele.

 - Se alguém não t-tivesse se esquecido de me dizer dos poderes que eles t-tinham t-talvez e-eu os tivesse capturado. – falou sarcástico e com a voz abafada pela dor. Uma onda de dor ainda mais forte o percorreu fazendo com que soltasse um forte gemido de dor, se encolhendo mais no chão.

 - Você não esta em condições de ser insolente, mercenário. – falou o mago o mirando de maneira intensa e penetrante enquanto o garoto agonizava no chão, apertando cada vez mais a blusa e esculpindo um pouco de sangue. Aquilo era pior que a morte. – Me dê um só motivo para não te matar nesse exato momento.

  - Eu sei para onde eles vão. – falou com um ligeiro sorriso no rosto. A dor por um minuto parou enquanto o mago o mirava desconfiado, estava garantindo sua vida, se continuasse coletando informações podia se manter vivo até arrumar uma maneira de tirar essa coisa de dentro de seu corpo. O mago suspirou e o mercenário pode finalmente respirar com tranqüilidade se levantando do chão e limpando a boca do sangue que havia saído da mesma.

 - Você tem mais uma chance para conseguir capturar as garotas. – falou o mago ainda com uma mirada penetrante. – Acho melhor que não falhe dessa vez.

 Depois disso o mago desapareceu deixando o mercenário completamente sozinho naquela vasta floresta. O mesmo suspirou e começou a andar colocando as mãos no bolso logo depois de guardar sua espada. Tinha que pegar aqueles garotos se quisesse se manter vivo, pelo menos já sabia as habilidades de cada um e talvez as coisas se tornassem bem fáceis a partir daquele momento.