POV Clarisse La Rue

Eu não conseguia acreditar que tudo aquilo estava acontecendo comigo. Era simplesmente inacreditável! Não me parecia possível eu estar beijando o mesmo garoto que há pouco tempo eu havia achado praticamente enlouquecido no meio de um labirinto mitológico que a maioria das pessoas, incluindo os semideuses, nem sabiam que existiam. Por Ares, isso parece loucura até na minha mente!

Contudo eu estava o beijando, e pra ser sincera, estava gostando. E muito. Ele me segurava pela cintura, enquanto minhas mãos passeavam por sua nuca, por vezes passando por seus cabelos. Ainda tinha uma parte de mim, provavelmente a parte “filha de Ares”, que gritava em minha cabeça, me alertando que eu estava fazendo uma loucura, que ele poderia enlouquecer a qualquer momento e só Zeus sabe o que poderia fazer se isso acontecesse. Pior, a voz me alertava sobre o que ele talvez já houvesse feito, enquanto era parte do exército de Cronos. Mas eu não podia mais negar pra mim mesma o que sentia por ele. Então, eu mandei a voz chata de minha cabeça calar a boca.

-Clarisse. Eu, eu preciso, ham, falar com você. –disse ele ainda ofegante, quando nos separamos em busca de ar.

Bom o que quer que fosse que ele precisasse falar comigo, ele teria que me falar depois, pois naquele momento eu não deixaria. Eu precisava dele, então, voltei a juntar nossos lábios. Eu nunca tinha me sentido assim, era algo novo e maravilhoso. Mas a felicidade ia durar pouco, por que ele novamente nos separou.  Ao ver ele se afastando de mim, senti um estranho aperto no coração. Ele olhava pra mim triste e nervoso.

-Eu não posso Clarisse. Não dá. Isso não está certo.        

Eu senti o meu coração se despedaçar, eu não podia acreditar que ouvia aquilo, eu não queria ouvir aquilo.

-E por quê?- Eu tentei não deixar transparecer o rancor na minha voz, mas acho que não deu muito certo, já que ele me olhou um tanto assustado.

-Não pense que eu não gosto de você, que eu não te quero, porque você é o eu mais quero na vida. E é por isso que eu não posso. Não vou pôr você em perigo.

-E por que eu estaria em perigo? –Eu sabia o que ele ia dizer, mas não queria ouvir. Nem acreditar.

-Porque eu sou perigoso, Clarisse. E você sabe disso.

-Eu não ligo pra isso. – Eu não iria ceder. Não iria perdê-lo agora. Eu já havia perdido tempo demais para entender o que eu sentia por ele e agora que eu conseguira entender e lidar com meus sentimentos, não deixaria que nada me separasse dele.

-Mas eu ligo! Se algo acontecer com você por minha causa, eu nunca vou me perdoar. – Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo comigo. Eu precisava dele e ele estava dizendo que não podia ficar comigo. Não demorou muito para eu sentir meus olhos arderem e as lágrimas virem.  Eu dei as costas pra ele e corri até não conseguir mais agüentar. Desmoronei no chão e chorei ruidosamente. Chorei de raiva, de tristeza, de frustração por nada dar certo pra mim. Parece até maldição! Pensei no que meu pai diria se me visse assim, chorando por um garoto. Certamente não seria nada bom. Deu um risinho ao pensar sobre isso. Mas qualquer vestígio de riso sumiu do meu rosto ao ouvir a voz de Chris me chamando.

-Clarisse! Finalmente eu te achei! Estava te procurando.

Ele estava ofegante, como se tivesse corrido há pouco tempo. Ele olhou pra mim e eu consegui ver as emoções passarem por seu rosto. Primeiro a surpresa de me ver chorando, depois a preocupação e finalmente a culpa e a tristeza ao perceber que o motivo do meu choro era ele.

-Clarisse...

-Vai embora Chris! –ele olhou pra mim assustado. –Você não queria ficar longe de mim?! Então, eu não quero mais te ver! Nunca mais! Vá embora!

-Clarisse, não fique irritada comigo. Se eu pudesse ficar com você eu ficaria. Mas eu não posso. –Ele parecia arrasado e por um momento eu tive pena dele, mas logo voltei com a expressão irritada. Eu não cairia na dele de novo. –Por favor, acredite em mim.

-Se quer que eu acredite em você, me explique o que está havendo! Por que, Chris? Por que você não pode ficar comigo?- eu estava muito irritada, não podia acreditar que ele continuava insistindo nessa história.

-Porque eu não acabar fazendo com você o mesmo que eu fiz com ela! Eu não suportaria!

-Com quem?- Ele havia me deixado realmente confusa.

-Com ela. Com a Mary!

Arg! Essa menina de novo?! Quem é essa menina?!

-E o que você fez com ela?

-Eu a matei!