POV Chris Rodriguez

                Eu corria por uma floresta próxima as bases do exército de Cronos. Eu já conseguia ver seus cabelos loiros balançando mais a frente. Sabia o que tinha que fazer, embora não quisesse. Na verdade, eu daria qualquer coisa pra não ter que fazer aquilo, afinal, ela era uma das minhas melhores amigas. Mas eu sabia também que não tinha opção, ela tinha tomado sua decisão e eu havia tomado a minha. Ela iria apoiar os deuses enquanto eu iria apoiar Cronos, por mais que eu gostasse dela, jamais iria entender sua decisão. Como ela pode ficar dos lados dos Deuses?! Do pai que nunca a reclamou?! Bom, já havia um tempo que ela estava estranha, criticando Cronos, falando em ir embora, mas eu nunca pensei que ela realmente fosse. Bem, agora não é hora pra pensar nisso. Ela foi embora e terá que arcar com as conseqüências. E essa é, infelizmente, a minha função.

                -Pare Mary!-Gritei.

                Ela parou de correr e me olhou. Sua expressão revelava um misto de surpresa e curiosidade.

                -Chris?! Ele mandou você?

                Eu assenti com a cabeça. Vi um pequeno sorriso surgir em seu rosto. Ela não estava acreditando, não achava que eu fosse capaz.

                -Então, o que você vai fazer?

                -Não pense que vou te deixar ir. Você não pode por todos nós em risco, Mary!-O sorriso em seu rosto desapareceu e ela assumiu uma postura irritada.

                -Nós? Não existe nós! Só existe ELE! Ele não pensa em vocês! Já esta na hora de todos vocês perceberem isso!

                -Você não sabe o que está falando! Ele precisa de nós! E nós vamos derrotar os deuses! Não era isso que você queria?

                -É isso que eu ainda quero! Mas não dessa forma! O que ele está fazendo com vocês é doentio, ele está usando vocês!

                Eu estava fora de mim. Nada do que ela dizia parecia verdade. E eu não deixaria que ela continuasse.

                -CHEGA! Eu não quero mais te ouvir! Você tomou a decisão errada e eu não posso deixar que você continue com essa palhaçada!-eu olhava pra ela com muita raiva, mas também com pena. Não queria que ela terminasse assim, mas não tinha outro jeito. –Eu sinto muito. Adeus, Mary.

                E dizendo isso, eu ataquei. Ao contrario do que eu pensava, ela não revidou, nem tentou se proteger. Simplesmente olhou pra mim com pena enquanto minha espada atravessava seu peito. Só quando ela olhou pra mim, eu pude ter noção do que havia feito.

                -Eu também sinto muito, Chris. Mas eu sinto muito por você. Porque é melhor morrer pelo motivo certo, do que ficar vivo pelo motivo errado. –Essas foram suas últimas palavras.

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                Eu acordei ofegante. Olhei pros lados assustado, pra ter a certeza que eu estava mesmo no labirinto. O sonho fora real demais, e havia trago lembranças que desde aquele dia eu tinha evitado, na esperança de esquecê-las. E agora tudo voltara, de uma vez só. Não só aquele dia, mas também os dias que se seguiram a ele. Eu lembrava perfeitamente da dúvida que quase me enlouquecia quando eu me lembrava das palavras ditas por ela na floresta. “Nós? Não existe nós! Só existe ELE! Ele não pensa em vocês!”, por mais de uma semana eu tinha pensado em tudo que ela me disse, na imagem dela morta, e desde então, eu tinha passado a ver as ações de Cronos de um modo diferente e tudo passou a fazer sentido. Não demorou muito e eu vim com parte do exército pro labirinto, onde eu vi a que tinha uma boa chance de fugir. E foi isso que eu fiz. E depois, sozinho, só com uma mochila com poucos mantimentos e num lugar cheio de monstros, eu acabei, como tantos outros que passaram pelo labirinto, cedendo à loucura.

                Eu conseguia sentir meu corpo deixar de responder ao meu cérebro, e minha mente se confundir, embaralhando meus pensamentos. Eu tentei me manter lúcido, mas não adiantou, todas aquelas lembranças eram fortes demais e eu me vi, de novo, enlouquecendo aos poucos.