Desculpas Atrasadas escrita por Yue Chan, MichelleCChan


Capítulo 4
04-Redescobrindo sentimentos.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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_ Kouga, aonde vai?- uma voz feminina soou firmemente atrás do Yokai lobo fazendo-o parar subitamente.

_ Pensei ter dito para esperar no clã até que eu retornasse. –disse sem desviar o olhar, ainda recolhendo os materiais para a pequena jornada que faria.

_ Não pode ir assim, estamos no meio de uma disputa territorial, precisamos da sua liderança e supervisão. – caminhava a passos curtos.

_ Que eu me lembre eu não sou o chefe do clã ainda. Pelo menos não até o seu avó se aposentar ou morrer.

_Mas em breve será, e como futuro sucessor, deve pensar no que é melhor para o clã Ookami.

Ele se voltou olhando profundamente em seus olhos.

_Sempre fiz o melhor por meus companheiros Ayame. Nunca duvide disso.

_ Então porque a pressa? Ela só voltará em três dias, quando a lua estiver crescente, até lá pode nos ajudar a lutar contra os Yokais gatos.

_Não quero sair correndo amanhã, e a viagem vai levar um tempo considerável. Tenho que garantir a segurança deles. - disse como se desse o assunto por encerrado, voltando a andar.

_ Kouga!- chamou novamente. –Não precisa ter medo, ela tem uma exterminadora e um monge ao lado dela, sem contar que é uma poderosa sacerdotisa, não tem como correr perigo.

_ Todo cuidado é pouco.

_ Isso é cuidado excessivo. Está quase beirando a obsessão. - estava perdendo o controle.

_Porque me amola tanto Ayame?Ao menos tente compreender que não posso abrir mão da segurança do meu filho. Preciso ter certeza de que ele está bem, vê-lo, tocá-lo, abraçá-lo, e todas essas coisas que são tarefas incontestáveis de pais. Quando você me der um filho vai entender a minha preocupação.

A jovem sentiu o coração ser pisado violentamente, enquanto observava o marido caminhar para longe dos seus braços. Era certo que levaria dias para voltar, talvez uma semana ou duas. Seriam dias de infindável tristeza e solidão, onde ela se veria sozinha a praguejar seu destino.

A luz do luar deixava-o ainda mais sensual, uma figura intrigante. Lindo. Seu como sempre sonhou. Não. Sabia que ele não era seu por completo. Havia um importante pedaço que pertencia apenas a uma pessoa, e lembrar-se dessa mulher fazia a raiva da Yokai crescer violentamente.

Como pudera ser tão cega a ponto de não perceber que fora lenta demais? Chutou uma pedra com violência e se sentou na relva macia. O machucado latejava insistentemente, mas ela não se importava, em poucos minutos estaria cicatrizado, seu sangue Yokai jamais permitiria que algo assim a incomodasse por muito tempo, mas dessa vez preferia a dor que estava sentindo na esperança de que ela aplacasse a dor do seu coração ferido.

O que ela era para ele afinal? Uma posição? Uma obrigação?Será que ele realmente a via como esposa, ou tinha um pouco de amor por ela?Se tinha porque traíra a sua confiança se deitando com aquela humana, e pior, porque gerara nela um filho?Ela seria capaz de perdoar a traição, afinal, entre os Yokais não reina a lei de lealdade matrimonial, isso era criação exclusiva dos seres humanos, eles nãos se sentiam ofendidos com atitudes como essa. O que contava na verdade era o nível de conquistas territoriais e o amor que poderiam vir a oferecer. Mas até mesmo isso era negado á ela. O coração dele sempre pertenceu à sacerdotisa, apesar dela nunca o aceitar por amar InuYasha. Mesmo assim ele permanecia em sua busca silenciosa, sem perceber que a magoava com isso.

Não.

Ela era a culpada por aceitar se unir a ele, mesmo tendo sido avisada do sentimento individual. Não podia esperar menos, mas ao mesmo tempo não podia aceitar aqueles termos, tentaria conquistar seu coração a qualquer custo.

Mas havia um pequeno grande obstáculo chamado Yusuke. Um hanyou. Como podia ser capaz de roubar tanta atenção e sorrisos de Kouga?Ele era uma ofensa ao sangue Yokai que corria nas veias dele, como era possível então um mestiço criar tanto alarde da parte dele. Seria o fato de ser filho dele... Ou dela?

O fato é que só descobriria o motivo dessa ligação incomum quando fosse capaz de lhe dar um herdeiro, uma criança que seria cem por cento Yokai, e não apenas metade, então descobriria se os motivos para tanto zelo era na verdade por ele representar um símbolo da união dele com a mulher que tanto amava.

Porém na solução morava o problema. Há tempos tentava engravidar, mas parecia ser uma tarefa praticamente impossível para ela. Chegou inclusive a pensar que era estéril, visto que da parte dele não havia problema, ficou deprimida com a idéia até ela ser desmentida por uma feiticeira que alegou que algo estava inibindo a sua capacidade. Por que era tão fácil aos humanos?Uma noite foi suficiente para Kagome. Maldita capacidade humana. Ela que se deitava com ele todas as noites, estava a espera de um resultado a mais de dois anos e nada! Tentou todos os conselhos que havia recebido, mas todas as tentativas se mostravam infrutíferas.

Respirou profundamente. O que deveria fazer para reconquistar o coração dele? Talvez a resposta estivesse a espera dela em algum lugar do seu coração. Talvez fosse hora de refletir suas possibilidades.


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Não pode acreditar quando seus pés tocaram o chão. Há muito sonhava com a possibilidade de um dia poder voltar aquele lugar. Havia deixado muitas coisas preciosas naquela era, e mal podia conter a excitação crescente que fazia seus músculos enrijecerem de expectativa.

O coração acelerou. As mãos trêmulas começaram a suar. Em poucos minutos iria se reencontrar com uma parte do seu passado que nunca deveria ter tentado enterrar.

O nervosismo criado pela a idéia de rever Kagome e o filho fazia sua mente trabalhar a mil por hora. Poucas vezes na vida o meio Yokai havia se sentido tão aflito.

Balançou a cabeça como se reprovasse a atitude, era inadmissível se deixar controlar por sentimentos, tal ato só demonstraria fraqueza, e ele tinha uma herança genética que tinha que ser preservada.

Juntando o máximo de coragem possível ele deu o primeiro passo. Depois o segundo. Em pouco tempo estava caminhando em direção a escada que o levaria para fora daquele cômodo, criado para guardar o poço come-ossos. O coração batia mais rápido e já não era mais possível conter a saudade e curiosidade que brotavam em seu peito.

Como estaria Kagome?Será que havia o esquecido?Casado com outro? Será que ainda morava no templo com a família? E seu filho Hayato?Será que ainda se lembra do pai?Que aparência deve ter?

As perguntas pareciam girar na cabeça de InuYasha deixando-o ainda mais confuso. Estava incerto quanto a própria família, e sentiu o corpo exitar por um segundo no momento em que pôs os pés na sacada da escada.

A lua brilhava cheia no céu, distribuindo seus raios pela cidade que se estendia na imensidão do horizonte coberta pelo manto negro da noite. As luzes coloridas, porém não deixavam que ela assumisse o aspecto sombrio da madrugada e lhe davam um ar brincalhão, quase festeiro, como se convidasse o hanyou para um passeio. Mas ele não deu atenção ao convite silencioso, e manteve sua marcha suave, porém decidida enquanto cruzava o espaço que o separava da família.

Iluminada pela luz do luar que se deitava preguiçosamente em seu corpo de concreto, a casa estava um tanto quanto silenciosa, a apenas algumas luzes permaneciam teimosas. Sem que percebesse, procurou com o olhar entre as silhuetas que se movimentavam nas sombras projetadas nas janelas, as que tanto desejava conhecer. Era possível ouvir a voz do avô de Kagome e do seu irmão, Souta, mas eles não pareciam estar de pé, já que não era possível vê-los. Apenas uma sombra se movimentava com sofreguidão de um lado ao outro do aposento, com uma criança no colo como se a ninasse. Os cabelos soltos cascateavam pelas costas.

InuYasha sentiu o coração apertar violentamente. Seria Kagome a pessoa a embalar o bebê?E se fosse de quem seria aquele filho?

A raiva foi tamanha que não pode conter um pequeno rosnado que se formou entre seus lábios, e cautelosamente se aproximou da janela. Precisava averiguar ter certeza do que estava supondo, mesmo sabendo que havia deixado Kagome livre para viver a própria vida não podia deixar de se sentir frustrado com a idéia que outro havia tocado seu corpo, provado seus beijos ou engrendado nela um herdeiro.

Estava agora a poucos passos da enorme janela de vidro. Apurou seus sentidos e farejou o ar em busca do cheiro dela, mas o que sentiu o deixou ainda mais atordoado. Havia um cheiro incomum e desagradável no ar. O cheiro de... Lobo?

Mais perguntas o assolaram. Porque estava sentindo cheiro de lobo? Pior, não era de qualquer lobo. Não. Aquele era único. Não existiam dois infelizes que tivessem o mesmo cheiro de lobo fedido a conquistador barato.

Kouga.

Sem nenhum sinal que pudesse alertá-lo, a cortina que cobria a visão noturna do gramado foi puxada, fazendo com que ele se jogasse no gramado atrás do arbusto de uma maneira tão repentina e violenta que foi possível ouvir os ossos estalarem com o impacto.

De costas ele pode visualizar, como muita dificuldade, a mãe de Kagome entregar o bebê a Souta, que depois de recebê-lo, se pôs a subir as escadas. O avô praticamente dormia em pé com vários mantras na mão, como se estivesse no meio de uma das uas famosas técnica de exorcismo que nunca surtiam efeito.

InuYasha não segurou um palavrão que foi proferido em pensamento no momento em que viu Souta desaparecer com a criança. O ato fora tão rápido que ele não pode vislumbrar o rosto dela.

O que afinal havia acontecido nos anos em que ficou fora?

O coração gelou quando a brisa trouxe o cheiro que tanto ansiava sentir. O mesmo perfume doce e natural que durante os anos de separação o fizeram viajar no tempo.

Ele voltou o olhar e viu um objeto estranho se aproximar, projetando duas luzes fortes que o fizeram fechar os olhos. Já havia visto vários modelos do mesmo objeto quando visitava a era de Kagome na época em que ainda estavam em busca dos fragmentos da jóia de quatro almas, mas não sabia qual a sua utilidade, nem para que servia.

Resolveu ficar na espreita, mesmo que a vontade de correr em direção ao aroma fosse mais forte, e acabou escondendo a presença em meio as folhagens.


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Kagome resolveu levar Hayato a uma lanchonete para ver se conseguia reanimá-lo. Sabia que havia pegado pesado demais. Ele odiava ouvir falar do pai, detestava mais ainda ser comparado á ele, apesar de possuírem semelhanças indiscutíveis.

Mas também havia aprendido com ela a não se aborrecer por muito tempo, e em poucos minutos de conversa, o rosto emburrado se contraiu com as piadas contadas por ela. Como mãe, conhecia os pontos fracos dos filhos, e Hayato sempre gostou de ser tratado como um adulto, sendo assim se derretia de felicidade ao ouvir sua mãe compartilhar com ele todo o tipo de piadas e informações que não fizessem parte do mundo infantil, e sim adulto. Havia permitido que ele experimentasse um pouco de sakê, cujo gosto foi automaticamente reprovado na primeira golada, mas que ele fez questão de não deixar transparecer.

Depois de deliciosos lanches fast food a base de gordura, refrigerantes de cola resguardados por uma deliciosa banana split em um encontro recheado de conversas banais, o menino acabou por cair exausto no banco de passageiros, ressonando alto enquanto mantinha um sorriso satisfeito no rosto, como se houvesse ganhado um dia de rei.

Kagome sabia que o filho sofria com a falta do pai, mesmo que se recusasse a admitir, e a sua presença materna que antes era constante e impecável, acabou sendo amortecida pela chegada do caçula, que consumia seu tempo quase que integralmente.

Hayato mantinha uma postura peculiarmente “madura” para a sua pouca idade, e fazia questão de deixar bem claro para todos que cumpriria com o seu papel de irmão mais velho, custasse o que custasse. Mas Kagome sabia que no fundo ele sentia falta dos seus carinhos, do colo, das canções de ninar, enfim, do amor e dedicação materno dedicado ao primogênito. Sabia que o olhar dele mudava quando via Kouga brincar com Yusuke, como se a alegria fosse sugada com cada expressão de afeto.

Lançou um olhar furtivo para o lado, sem perder a atenção na estrada, e passou a mão carinhosamente pelo cabelo liso do filho que cochilava com o corpo molemente seguro pelo cinto de segurança. Nunca imaginou que seus sonhos românticos terminariam assim, com ela sozinha a cuidar de dois filhos.

Quando se entregou a InuYasha, depois da destruição da jóia de quatro almas e da morte de Naraku, imaginou que teria uma vida feliz ao seu lado. Mas essa alegria durou pouco tempo, e em menos de três anos, se viu sozinha com um filho nos braços. Abandonada pelo único homem que amou e foi capaz de se entregar de corpo e alma.

Uma lágrima solitária escorreu fazendo a sacerdotisa enxugá-la com as costas da mão. Havia prometido a si mesma que não choraria mais, porém o coração era teimoso e persistia em sofrer todas as vezes que ela se lembrava da noite em que tudo terminou.

Encostou o carro e desligou o motor. Por sorte era um modelo novo e possuía um fantástico sistema silenciador, afinal, já era madrugada e não se perdoaria por acordar a família ou seu bebê.

Saiu do carro e esticou as pernas e braços, estava morta de cansaço e a vontade de tomar um banho relaxante, e se enrolar debaixo dos cobertores estavam ficando cada minuto mais insuportável.

Rodou o carro para buscar o filho que dormia tranquilamente. Não queria acordá-lo. Hoje, mesmo que fosse por pouco tempo, iria dedicar á ele o tratamento que tanto ansiava silenciosamente.

Colocou a mão na trava e sentiu um arrepio subir pelas costas, como se estivesse sendo observada por alguém. A sensação era tão estranha e ruim que por um instante sentiu como se a pessoa estivesse fungando em seu cangote. Virou-se automaticamente, mas fitou apenas o vazio escuro que se estendia a sua frente. Resolveu relaxar, quem sabe estivesse ficando louca de vez.

Mas a sensação persistiu arrancando-lhe o sossego. Era como se alguém fosse pular em cima dela a qualquer instante, e o coração batia descompassado pela adrenalina.

Balançou a cabeça para afastar os pensamentos. “só posso estar ficando louca! Quem iria me espionar a essa hora da madrugada?!- pensou enquanto retirava o cinto de segurança e erguia o filho com dificuldade, pegando-o no colo com cuidado para não danificar o gesso ou machucar-lhe a perna quebrada. Ele dormia pesado e a cabeça pendia molemente em seu ombro.

Há quanto tempo não tinham esse contato?Kagome sentiu-se revoltada consigo mesma, era como se estivesse se separando do filho mais velho aos poucos, e mesmo que ela soubesse que um dia isso fatalmente iria acontecer a medida que Hayato crescesse não podia deixar de se sentir culpada por fazê-lo amadurecer tão rápido, ou por negar o colo e os afagos que agora eram destinados á Yusuke.

Porque estava fazendo aquilo?Ela sabia que Hayato precisava de mais atenção, apesar de teimar que não. Apesar de tudo, Yusuke tinha o carinho e atenção do pai que religiosamente estava à espera quando ela voltava para a era Feudal, e Hayato...bom, não via InuYasha desde que ele caíra no mundo com a sua “amada” Kikyou, e por mais que ainda suprisse um amor teimoso por ele, fazia questão de desejar que ele continuasse longe.

Fechou a porta do carro e se pôs a caminho de casa. Pelas luzes acesas, o pessoal ainda deveria estar acordado; provavelmente preocupados com a sua saída repentina e a demora em voltar.

Apertou o alarme do carro e ouviu o barulho da trava, indicando que o mecanismo havia sido acionado. As luzes do farol piscaram em concordância, iluminando os arbustos que ficavam próximos a janela.

Kagome sentiu o corpo paralisar ao ver uma sombra se movimentar em meio as folhagens. O coração batia acelerado. Por um milésimo de segundo pode jura ter visto uma coloração avermelhada entre as folhas.


–*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*


_ Quando a Kagome vai voltar?- Rin perguntou pela milésima vez a velha senhora que colhia ervas ao seu lado. A brisa fresca da manhã acariciava seus belos cabelos castanhos como se os fizesse dançar no ar.

_ Amanhã!- Kaede tentou demonstrar paciência, mas foi uma tentativa falha.

Ela viu a garota sorrir perdidamente enquanto arrancava um maço de raízes e limpava para logo em seguida deitá-los na cesta.

_ Não vejo a hora de vê-la novamente e contar a surpresa!- ria como uma criança.

Kaede suspirou e sorriu também. Já estava muito velha para continuar na função de sacerdotisa, e as duas únicas que poderiam assumir seu lugar, supriam amor por Yokais. Riu internamente da contradição que a idéia tinha. Rin, era jovem e descompromissada, poderia assumir o seu posto com facilidade, apesar de querer que Kagome fizesse esse papel. Ela era poderosa, e mantinha o coração puro, apesar de todas as desavenças do destino. Brincadeiras sem graça que a fizeram ficar anos afastada da vila, e levaram todos a crer que jamais retornaria. Mas agora era diferente, amanhã ela estaria de volta e a velha Kaede poderia por seu plano em ação novamente, caso não conseguisse, iria passar o posto a Rin, que no auge dos seus dezoito anos, se mostrava tão habilidosa quanto a amiga, apesar de possuir um poder espiritual menor.


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InuYasha sentiu o coração disparar ao ver Kagome sair do objeto preto. Mesmo escuro ele pode definir a silhueta que se movia graciosamente de acordo com seus movimentos. Sentiu-se como um garoto observando sua musa. A seguiu com o olhar enquanto ela dava a volta no carro. Quando ela virou o rosto repentinamente para trás e fitou a escuridão, soube instintivamente que havia percebido a presença de alguém. Não estranhou, ela sempre foi boa em sentir presenças. O Hanyou se pôs em posição, caso algo desse errado, poderia correr e se esconder depressa.

Repreendeu-se mentalmente pela idéia. Porque deveria se esconder?Era Kagome quem estava ali, a mulher com quem conviveu por anos, mesmo que tivessem sido poucos, e com quem tinha um filho, porque temê-la?

A resposta veio tão simples como a pergunta. Ele não a merecia. Havia traído seu amor e confiança, trocado a vida ao lado da família para ficar com Kikyou. E se ela o odiasse? E se houvesse começado uma nova vida ao lado de outro homem?

Lembrou-se do bebê que dormia tranqüilo no colo do tio. Ele poderia muito bem ser filho dela, ou de Souta. Mas o que não fazia sentido era o cheiro de lobo que emanava da casa, não sabia dizer se era da criança ou não, mas era impossível que Kagome estivesse se relacionando com Kouga, o poço estava lacrado há anos. Acabou concluindo que só poderia ter sido fruto da sua imaginação ciumenta, afinal sempre teve uma rixa com o lobo fedido que vivia atrás de Kagome, mas ele estava casado e tinha certeza de que ela jamais se deitaria com ele sabendo disso. Ela era uma mulher de princípios e sempre deixou claro que o seu relacionamento com Kouga era meramente amizade.

Ele observou atentamente quando ela abriu a outra porta e se abaixou, para logo depois surgir com algo em seus braços. O coração gelou. Era uma criança grande para ganhar colo, mas pelo aspecto parecia dormir um sono profundo. Os olhos brilharam em confusão, e a emoção embaralhou sua capacidade de raciocínio, com a possibilidade que lhe atingiu como uma flecha ao vê-lo.

O vento soprou forte, trazendo as suas narinas o cheiro de ambos, mas antes que isso acontecesse, já havia confirmado que aquele só poderia ser seu filho Hayato, algo dentro dele, talvez o seu instinto paternal, havia avisado antes mesmo do Yokai, que aquela criança só poderia ser sua cria. A mesma que pulava sem eu colo e pedia com a voz manhosa que contasse suas histórias de batalha. O mesmo menino que lhe dava um beijo de boa noite antes de dormir, que o acordava com gritinhos eufóricos de alegria, pedindo brincadeiras. O filho que havia feito derramar lágrimas com suas grosserias, mas que sempre o perdoava garantindo que sempre o amaria incondicionalmente. A criança a quem havia prometido estar sempre ao lado, e havia quebrado a promessa, deixando-o sozinho sem pai.

Não pode conter uma lágrima de alegria ao ver o quanto ele havia crescido, a mesma que derramara quando ele nasceu, mas que não foi capaz de derramar quando foi embora. Sentiu-se vazio. Podia ter sido feliz, ter feito a família feliz, mas foi incapaz de conter seus atos egoístas.

Viu Kagome apontar algo para o objeto estranho que reclamou alto e acendeu as luzes em sua direção, assustando-o. Praguejou o incidente quando viu a morena olhar surpresa em sua direção e se aproximar lentamente.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de mandar reviews e recomendar para quem curte o casal, quero a fic bombando!Conto com vocês!Gostou da fic?!Recomende!Não demora quase nada e você faz uma escritora feliz!