Desculpas Atrasadas escrita por Yue Chan, MichelleCChan


Capítulo 3
03-Uma luz no fim do túnel.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Os dois estavam travando uma silenciosa guerra de olhares a mais de dez minutos e pelo andar da carruagem, aquela competição poderia se arrastar por infindáveis minutos se nenhum deles desse o braço a torcer. Porém ambos tinham motivos muito fortes para não se entregar; um queria proteger o outro.

_ Tira logo essa camisa Hayato e vamos acabar com esse teatro. –Kagome disse séria.

_ Já te falei que eu estou bem, não precisa se preocupar comigo mãe.

_ Se não fosse sério você não gritaria de maneira tão desesperada como fez na cozinha, agora levante esse pedaço de pano antes que me obrigue a fazer isso por você.

Ele bufou e sentou de maneira que pudesse ficar mais confortável.

_ Eu já disse que estou bem, foi apenas um mal entendido. – tentou disfarçar a irritação que começava a despontar em seu interior.

_Ou você tira ou eu irei tirar, pode escolher.

_ Porque não me deixa em paz, eu já disse que não quero tirar a camisa, pára de ser insistente mãe.

Kagome estava cansada e sentia a irritação crescer com a teimosia do filho, aspecto que ele puxou do pai.

_ Já chega. – ela disse se aproximando da cama rapidamente. – Já que você não quer cooperar, eu mesma vou tirar.

Quando percebeu a aproximação, o menino pulou da cama rapidamente e se pôs em posição de defesa.

_ Me deixa quieto mãe, eu não quero me irritar com você.

_Pare com esse joguinho de uma vez Hayato, se não há nada embaixo dessa blusa porque não a levanta e prova de uma vez só que eu estou errada.

Ele deu mais alguns passos para trás para evitar que a mão dela pegasse em sua camisa, e conseguiu se desviar por pouco. Podia ser pequeno, mas sabia muito bem se esquivar dos ataques da mãe, porém em um dos movimentos acabou deixando um dos braços desprotegidos, foi então que ela o pegou e puxando-o o jogou em cima do colchão.

Um calafrio percorreu o corpo dele ao sentir a energia Yokai ser drenada pelo toque dela. Por ser uma sacerdotisa ela podia usar poderes de supressão e neutralizar os poderes Yokais deles por um tempo, algo que ela usava com freqüência para acalmar Hayato que por ser teimoso tendia a sempre fugir dela.

O garoto sentiu a mente embaralhar com o distúrbio de energia, e os olhos giraram um pouco nas orbitas como se ele estivesse sendo drogado.

Kagome levantou a blusa dele e levou uma das mãos a boca de surpresa. Passou os dedos sobre as marcas e vacilou com a emoção, o que a fez perder o controle sobre o menino que, recobrando a consciência pulou para longe de seu toque com o olhar emburrado. Sabia o que viria em seguida e estava frustrado consigo mesmo por não ter conseguido esconder dela esse segredo, seria capaz de tudo para não vê-la chorar.

Ela desviou o olhar para o do filho que se mantinha de braços cruzados com o rosto fechado de indignação. O coração parecia estar sendo pisoteado de tenta dor, haviam machucado o seu menino com tanta violência que algumas marcas apresentavam uma forte coloração arroxeada com bordas esverdeadas.

_ Quem fez isso com você meu filho? – estava irritada e tentava conter a emoção ao máximo. –Quem foi que te machucou?

_ Ninguém mãe. – ele tentou se esquivar.

_ Porque não me contou?Porque meu filho?- a angustia já controlava a sua fala.

_ Porque eu não queria te preocupar.

_Não me preocupar? Pelo amor de Deus Hayato você é meu filho!Eu sempre vou me preocupar com o seu bem estar! Você não devia esconder esse tipo de coisa de mim.

Ele ficou em silêncio olhando para a janela, não queria vê-la chorar.

_Deixa pra lá mãe, não tem tanta importância, amanha já vai estar melhor. - ele sabia que seus machucados se curavam com muita facilidade.

_ Eu quero saber quem foi o covarde que te machucou, isso não pode ficar assim! Amanhã mesmo eu vou ligar para a escola... Melhor eu vou resolver essa situação agora mesmo.

Hayato bufou tentando manter o controle.

_ Não precisa mãe. – viu ela se levantar e pulou atrás dela. – Aonde a senhora vai?

_Na delegacia prestar queixa.

_ Não faz isso mãe!- tentou segura-la pela mão, mas ela andava decidida. –Eu já disse que estou bem, não tem porque se preocupar.

Kagome não podia conter a raiva que crescia em seu coração com a situação. Não era a primeira vez que isso acontecia com o filho, e havia trocado ele de escola várias vezes buscando evitar esse tipo de violência, mas parecia ser um trabalho impossível. Não sabia o porquê de tamanha brutalidade, fora reações sensíveis ao ambiente, que poderiam ser facilmente camufladas, ele não possuía nenhum traço anormal que evidenciasse a sua herança meio Yokai. Não havia como eles saberem que ele não era humano, então por quê? Porque a violência gratuita? Ele não era um garoto ruim apesar de possuir uma personalidade forte, sempre soube ser gentil nos momentos apropriados.

Desceu as escadas com ele no encalço tentando evitar que ela registrasse queixa, deixando os familiares que estavam reunidos na sala conversando animadamente surpresos e confusos com a situação.

_ Kagome o que houve aonde você vai?- a mãe perguntou antes dela sair.

_ Resolver um assunto sério, por favor, cuide das crianças até eu voltar. – saiu sem olhar.

Hayato atrás já estava perdendo a paciência com a indiferença da mãe ante seus protestos e sem conseguir se conter mais acabou gritando.

_PORQUE NÃO ME ESCUTA. – o tom saiu mais choroso do que queria. – VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO!

­_ Não só posso como vou. –disse abrindo a porta do carro. - E você fique aqui até eu voltar.

Deu partida no carro e olhou pelo retrovisor, estava nervosa e o coração doía ao imaginar a dor que o filho estava passando. Olhou para a porta de casa e viu que o menino não estava mais lá o que a fez dar um suspiro de alívio, sabia o quanto ele era teimoso e continuar a discutir com ele não iria levar a lugar algum. Engatou a ré para manobrar quando sentiu algo passar por debaixo da roda. Não podia ser!

Saiu do carro aflita, deveria ter percebido que o filho não obedeceria facilmente e encontrou-o caído no chão com a mão em cima da perna que sangrava. Ele tinha os olhos cerrados e um sorriso de vitória e dor surgiu em seu rosto.

_ HAYATO!- Disse se abaixando perto dele. – Porque fez isso? Sabe que é perigoso ficar atrás dos carros.

O sorriso ainda permanecia e ele abriu um dos olhos dourados para fitar a mãe.

_ Era o único jeito de impedir que você fosse. – apesar de não chorar a voz saiu rouca pela dor.

O olhar de Kagome estava aflito, era doloroso demais ver seu filho no chão segurando firmemente uma perna ensangüentada, ainda mais sabendo que tinha sido ela a atropelá-lo. Pegou o menino no colo e o levou para o carro, precisava levá-lo á um hospital urgentemente.


–*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*


InuYasha sentiu uma forte pressão sob os pés quando tocou o solo do poço, há tempo não fazia isso e a falta de hábito lhe causou certa estranheza, mas se manteve forte para não aparentar nenhuma espécie de fraqueza. Tinha certeza de que teria que refazer o caminho no momento em que pusesse os pés para fora do poço, Kagome havia lacrado a passagem com vários mantras que oprimiam poderes Yokais para ter certeza de que ele não iria mais atrás dela, e assim esteve durante os sete anos que passaram separados, mas não podia desistir precisava reencontrá-la e refazer as pazes, mas outra coisa atormentava seus pensamentos.

A recusa dela

A sensação de vazio abandonou-o e logo seus pés tocaram o solo firme novamente.

Podia sentir o cheiro dela impregnado nas paredes, e fitou o alto perdidamente tomando fôlego para o que estava prestes a fazer, por mais resistente que fosse a qualquer tipo de ferimento ter a força Yokai suprimida era algo extremamente doloroso.

Saltou imaginando a dor que em poucos segundos sentiria pelo contato com as tarjas da sacerdotisa, mas foi surpreendido quando a tampa cedeu sem nenhum tipo de oposição revelando a passagem.



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_Não me diga que fez aquilo para que eu parasse?-Kagome perguntou para o filho sem tirar as mãos do volante.

_Sim. –respondeu sorridente fazendo Kagome lançar-lhe um olhar reprovador. Ela parou em um sinal fechado e olhou pela janela. Era tarde, mas as ruas de Tóquio ainda estavam abarrotadas de pessoas circulando, algo comum as grandes metrópoles. Deixou um suspiro pesado sair antes de encarar o filho que mantinha os olhos presos no semáforo como se contasse os segundos para que ele abrisse.

_ O que fez foi muito imprudente, poderia ter se machucado seriamente. -falou chateada, mas ele não olhou para ela. –Não sabe o que tive que falar para explicar ao médico o porquê de você estar ferido.

_ Eu disse que não precisava se preocupar com isso, amanhã vai estar melhor.

_ Tenho certeza de que não vai se curar em tão pouco tempo assim, você quebrou a perna. – frisou bastante a penúltima palavra apontando para o gesso recém colocado.

Ele apenas deu de ombros.

_Menos tempo do que um humano normal. – tentou contornar os olhos reprovadores da mãe, que pareceu engolir em seco a afirmativa dele.

O sinal abriu e ela desviou um pouco a atenção.

_ Não pode ser tão impulsivo assim meu filho, as vezes parece o seu....

Ela ia completar a frase quando o viu olhar furioso.

_ Eu não tenho culpa de ter herdado isso, e não sou parecido com aquele covarde.

O silêncio se instalou no carro, e ambos fitavam apenas a rua em movimento.

A jovem sabia a aversão que o filho tinha de ser comparado com o InuYasha, mesmo sendo parecidos não podia culpá-lo. Apesar de não vê-lo há anos sabia que também se sentia enojada ao lembrar que havia sido trocada por Kikyou.

_ Desculpa filho. – disse afagando os cabelos dele com a voz mais doce. – Eu não quis te magoar, apenas fiquei muito abalada com tudo o que aconteceu com você.

_ Eu sei mamãe, mas, por favor, não se preocupe eu vou ficar bem.

_ Porque fez aquilo?-Ele abaixou o olhar.

_ Eu não quero ver a senhora chorar de novo mamãe. Se você for a delegacia eles vão começar a me pentelhar mais e talvez eu não agüente e... Machuque-os de verdade.

Ela engoliu em seco.

O lado ruim de ter filhos hanyous era a herança Yokai que os deixava orgulhosos e naturalmente violentos.

_ Acho melhor trocá-lo de escola. - disse séria.

Ele fitou seus olhos, apreensivo.

_ Não mamãe! Por favor, não faça isso!

_ O que quer que eu faça então? Que deixe eles te machucarem?Eu nunca vou admitir algo assim, você não é saco de pancadas de ninguém.

_ Eu não quero sair dessa escola.

_ Posso saber o motivo?

_ Estou cansado de fazer isso, me esconder como um covarde. Por causa disso eu nunca pude fazer amigos e agora tenho dois que não quero deixar para trás.

Ela viu o mesmo orgulho do ex-companheiro brilhar nos olhos dele.

_ Tudo bem. – disse por fim. – Mas se esses idiotas continuarem a judiar de você...

_ Eu vou resistir e mostrar para eles que sou diferente!- estufou o peito de orgulho.


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_ Shippou me deixa cuidar dos seus ferimentos. – a exterminadora pediu séria segurando um facho de ervas preparadas para esse fim.

Ele continuava arredio. Sentado no canto da cabana com os braços cruzados, olhava nervosamente para a chama que crepitava no centro, servindo de fonte de calor para aquecer a água que borbulhava insistentemente na pequena panela de metal. Não queria ser tratado, aquelas marcas serviam como um lembrete a sua raiva incontida. A raiva que sentia pelo hanyou que um dia venerou em segredo pela sua habilidade em campos de batalha. Ele e toda a sua ignorância haviam levado Kagome para longe. Shippou amava a sacerdotisa, não como homem, mas como um filho, e queria tê-la protegido das mágoas do ignorante InuYasha, mas não foi capaz de fazê-lo. Sentia-se um inútil. Incapaz de consolar a mulher que considerava como mãe. Pequeno e fraco na época, fora capaz de apenas de plantar em sua homenagem as flores que ela tanto ansiava receber do infame hanyou, mas que foram oferecidas a Kikyou. Ele não era capaz de atravessar o poço come-ossos, e mesmo que fosse não podia passar, porque ela havia selado o outro lado. Por inúmeras vezes, quando a saudade apertava muito dentro do coração, ele se jogou dentro do poço, na esperança de que suas orações e sentimentos o levassem de encontro á ela, mas o máximo que encontrava eram as paredes vazias, tristes, frias e sombrias que apenas o faziam verter mais lágrimas.

Havia mais de oito anos que não a via, e carregava consigo um pequeno brinquedo que tinha ganhado dela de aniversário. Aquele pequeno objeto lhe dera força para seguir em frente, e foi ele quem lhe ajudou a tomar a decisão que mudaria sua vida.

Dois anos depois da partida de Kagome, ele se lançou em uma viagem solitária em busca de conhecimento e poder. Treinara com muitos mestres e depois da luta com o “cachorro idiota”, apelido carinhoso que adotara para InuYasha, foi capaz de testar o nível de luta que havia alcançado, concluindo, para a sua alegria, que tinha se tornado poderoso o suficiente para lutar no mesmo nível. Era isso, ou o hanyou não tinha levado a luta a sério, mas isso não importava. Conseguira espancar o desgraçado e arrancar sangue dele, isso bastava para apaziguar em parte o seu ódio.

_ Quando foi que chegou?-ela ainda segurava o preparado.

_Hoje mesmo.

_ E foi direto para o poço? Porque não veio nos ver primeiro?- havia uma mescla de mágoa e revolta em sua voz.

_ Eu precisava ir lá, ver como estava o jardim. Fazia anos que eu não o via.

_Eu cuidei dele, assim como me pediu. – se aproximou e colocou o preparado no ombro machucado dele. Ele fez uma careta que durou pouco. Com certeza havia crescido muito, estava quase do seu tamanho, não fosse o fato de tê-lo conhecido como um filhote duvidaria da sua genuinidade, afinal, estava muito diferente, mantinha o cabelo grande, mas não usava o laço azul de antes e sim uma amarra simples que se camuflava. O olhar estava decidido e maduro, os músculos salientes... Se deu um tapa imaginário ao imaginar essas coisas, ele sempre seria criança a seus olhos, não podia vê-lo como o homem bonito e atraente no qual havia se transformado, amava seu marido demais para se permitir pensar em outros homens. Ainda mais Shippou.

_Como estão todos?- perguntou curioso, mas havia tristeza em sua voz. Faltava a presença de uma pessoa muito importante para ele.

_Poderá ver com seus próprios olhos amanhã. – a exterminadora sorriu.

Ele abaixou o olhar, e ela soube instintivamente no que ele estava pensando.

_ Me diga Shippou, o que faria se pudesse ver a Kagome novamente?- olhou-o profundamente nos olhos.

Shippou levantou o olhar totalmente incrédulo com a pergunta dela. Procurou algum indício de que talvez estivesse pregando-lhe uma peça de mal gosto, mas não encontrou uma só pista.

_ Eu... Não sei dizer ao certo. – seu rosto estava contraído. –Acho que morreria de alegria.

Ele viu o sorriso dela aumentar, e seu coração disparou de expectativa.

_ Pois então vai poder matar essa saudade amanhã á noite. - sorria gentilmente enquanto trocava o preparado de ervas.

_ Como assim?- estava surpreso demais para se preocupar com a fisgada que o encontro do remédio com seu machucado proporcionava. – Eu não consigo entender? A Kagome virá amanhã?

_ Exatamente. – ela respondeu sorrindo como se fosse à coisa mais natural do mundo. - Amanhã a noite, vamos buscá-la como se costume.

Ele sorriu nervoso.

_ De costume?- olhava perplexo e meio zangado. –Quer dizer que isso acontece a mais tempo? Porque não me contaram antes?

_ Tentamos, mas você parecia ter desaparecido da face da Terra. Todos nós estávamos ansiosos pelo seu retorno, principalmente Kagome, ela vai adorar saber que você retornou.

_Kagome... Vai voltar!- disse baixo e emocionado. Há muito ansiava por esse reencontro.

Sango viu com agrado os olhos dele brilharem de alegria, para depois verterem as lágrimas a muito aprisionadas. Diante dela estava o pequeno filhote de raposa que tinha conhecido. Ela sabia que ele se martirizava com a idéia de ter ajudado na volta de Kagome para a era dela, apesar de todos apontarem a culpa para o hanyou traidor. Mas nada disso importava agora. Precisavam ser fortes para ajudar a amiga, e recebê-la com um belo sorriso, assim como ela sempre o fez, não importando o quão ferido estivesse seu coração.


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Notas finais do capítulo

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