_ Eu não sei você, mas eu sei que é facinho para um lobo ser enlaçado por um menina, principalmente se for tão linda quanto você, Bia._ Seth falou, me olhando como se eu fosse a salvação particular dele. Eu corei e só me faltou derreter ali nos braços dele.

_ Bom, sendo assim, eu acho que sou capaz de te amar tão rápido._ eu falei, me esticando para mais um beijo, mas justo nesse momento, meu estômago roncou violentamente. Seth sorriu.

_ Acho que você dormiu demais!_ ele falou, pegando minha mãe e me puxando para a cozinha._ O que vai ser? Doces de ontem ou sanduíche?_ ele perguntou, já próximo à geladeira, me deixando na cadeira. Eu me sentei e fingi pensar.

_ Hum... Acho que fico com os doces, mas quanto tempo eu dormi?_ perguntei, já desesperada.

_ Bom, agora são 4 da tarde, então eu diria que você dormiu umas 19 horas. Mas calma, você não fez nada não, além de me deixar desesperado._ ele falou, sorrindo e trazendo um prato de bolo de chocolate. Eu corei e entre uma garfada e outra perguntei.

_ Ei, já que eu tô sabendo que você é um lobo, poderia me dizer o que exatamente é um impriting?_ eu perguntei, confusa. Ele ficou nervoso.

_ Bom, é meio complicado, mas eu acho que eu te devo uma resposta, não é?_ eu concordei._ Bom, é como se não fosse mais a gravidade que te atraísse à Terra, nada mais te segura aqui. Ao invés de fios de segurando aqui, só uma coisa te mantêm preso aqui, mas não é um fio, é um cabo, de aço. A partir desse momento, a maior necessidade que eu sinto é vê-la feliz._ ele falou, sorrindo ternamente, acariciando a maçã do meu rosto. Eu corei, mas não consegui me movimentar.

O toque dele me fez formigar e todo meu rosto pegou fogo. Minha respiração parou e meu coração acelerou, enquanto eu paralisei. Quando finalmente voltei, desviei o olhar, terminando o bolo. Ele suspirou e eu voltei a olhar para ele.

_ Sabe o que é pior?_ ele perguntou e eu neguei._ Mesmo tendo te conhecido ontem, eu já dependo totalmente de você. Eu acho que se você me deixasse agora, eu não poderia viver._ ele falou e eu arregalei os olhos, que estavam começando a lacrimejar. Meus olhos estavam cheios de lágrimas e eu olhei direto nos olhos dele. Ele não estava brincando!

Como? Como eu posso ser tão sortuda a ponto de ter um garoto desses? COMO?

_ Eu não vou te deixar, Seth, eu não sei por que você gosta de mim, ou por que aconteceu esse impriting, mas se eu tive a chance de ter um menino tão doce como você me querendo, eu jamais diria não._ eu falei, com uma lágrima escapando. Ele chegou mais perto e me abraçou, segurando minha cabeça junto a seu peito musculoso. Eu o agarrei, me segurando a ele com todas minhas forças.

_ Seth?

_ Sim.

_ Podemos ver algum filme?_ eu perguntei, imaginando nós dois vendo algum filme de terror e eu me agarrando propositalmente nele. Eu suspirei com a imagem e ele riu.

_ Se você quiser..._ ele falou, segurando novamente minha mão e me conduzindo ao sofá da sala. Eu sentei e fiquei esperando ele que foi para uma estante, escolhendo o dvd._ Que tipo de filme?

_ Que tal terror?_ eu perguntei, mordendo o lábio. Ele sorriu e apareceu sorrindo com O chamado. Eu arregalei os olhos e tremi. Nunca tinha visto aquele filme, mas diziam que era muito ruim. Ele riu cinicamente e colocou o dvd, vindo se sentar ao meu lado, passando o braço pelo meu ombro e me apertando junto a si._ Você não tem o que temer, está comigo. Além do mais, se ficar com muito medo, pode dormir aqui em casa._ ele falou, sorrindo. Eu corei e olhei para tv. O filme começou.

Sim, aquele filme com certeza dava muito medo. Várias vezes eu me escondi, para tampar meus olhos no peito maravilhoso do gatinho, ou lobinho, que estava ao meu lado, se oferecendo para me guardar. Mas o pior não foi o filme em si, foi às 5h, mais ou menos, estava num momento meio tenso do filme e de repente, algo começa a vibrar no bolso de trás da minha calça. Eu gritei, dando um pulo tão alto que eu não sei como não fui parar no teto.

Mas antes que eu fizesse qualquer outra coisa, a musiquinha do meu celular começou a tocar e Seth parou o filme rindo. Tremula e traumatizada, eu peguei meu celular. Eu suspirei de alívio, era Nessie.

_ Nessie?_ eu perguntei, ainda assustada.

_ Anh, oi... Bia... eu liguei... pra avisar... que vou ficar por aqui... ok?_ ela falou, mais ofegante que eu. Parecia ter corrido uma maratona._ Veja se o Seth... pode... te levar de volta... ou algo parecido.

_ Nessie, está tudo bem?_ eu perguntei, o medo aparente na voz. Não era só por ela, ainda estava com medo do filme.

_ Comigo, melhor... não podia estar... mas e com você?_ ela perguntou, sua respiração pareceu voltar um pouco ao normal.

_ Er... estou muito melhor do que pensei que estaria se visse um filme de terror._ eu falei, mas o outro lado ficou mudo._ Nessie?_ Seth tomou o celular da minha mão, delicadamente.

_ Nessie, está tudo bem, foi ela que pediu._ ele falou e um silvo raivoso pareceu atravessar o telefone._ Nessie, eu sei! E outra: também sei muito bem o que você está fazendo, se quiser continuar a manter segredo, então me deixe em paz!_ o telefone ficou mudo e mais algumas palavras que parecia ter um tom ameaçador. Eu franzi o cenho._ Certo, vou me manter em controle, mas acredite, está tudo bem!_ ele desligou o telefone._ Que tal voltar ao filme?_ ele perguntou e, sem esperar resposta, clicou no pause. Eu ía perguntar algo, mas vendo a cena do filme, eu terminei me esquecendo.

Quando o filme terminou, eu estava tremendo e com olhos arregalados, olhando para a tv, desconfiada. E se aquele for o filme? E se ela aparecer aqui e me matar? Será que o Seth aceitaria isso? Ah, eu não quero morrer! Era mais ou menos isso que eu estava pensando. Eu tremi mais uma vez. Seth me olhou, como se tentasse entender algo.

_ Tudo bem, sua medrosa, ligue para a sua mãe, ou você sabe fingir muito bem ou está com tanto medo que eu estou vendo a hora de você entrar em colapso._ ele falou, sorrindo, pegando o celular que havia deixado numa mesinha próxima. Eu peguei o celular com receio e liguei para a minha mãe.

_ Filha? Quando vai voltar?_ minha mãe atendeu logo assim. Eu controlei minha voz, fechando meus olhos para responder. Mas isso piorou, por que eu fiquei vendo a imagem da doida saindo da tv, por isso abri novamente e controlei a voz.

_ Oi, mãe, bom, eu vou dormir aqui de novo, ok._ eu falei, torcendo para dar certo.

_ Ah, então tá, boa noite, querida. Tenha bons sonhos._ ela falou. Mas eu pensei: o que? Vai ser tão fácil assim? Sem discussão? Ela vai simplesmente me deixar ficar? Demais!

_ Ai, obrigada, mãe! Você é um anjo!!!_ eu falei, desligando antes que ela repensasse.

_ Ela deixou tão fácil assim?_ Seth perguntou. Eu fiz que sim, esquecendo o filme um pouquinho.

_ Eu não sei o que deu nela, ela normalmente teria feito uma série de perguntas e recomendações, mas acho melhor assim mesmo..._ eu falei, abraçando-o._ Então... Onde eu vou dormir? Por que se eu ficar na sala, a menos que você esteja aqui, não acho que eu consiga dormir.

_ Ei, que tal você dormir lá em cima comigo? Não acho que alguém vá se incomodar, até porque, minha mãe disse que ía passar a noite com o Charlie e eu acho que, se minha irmã vier, ela vai se trancar no quarto, então pode dormir comigo, mas só abraçados, ok._ ele falou, sorrindo. Eu corei.

_ Na verdade, eu estava pensando em colchões separados, mas abraçados está melhor._ eu falei logo. Ele riu.

_ Então tá, depois nós vemos isso melhor, mas  que tal vermos algo na tv fechada? Talvez você até esqueça um pouco o filme._ ele falou, mudando o canal. Começamos a ver desenho animado, pra amenizar o clima. É claro que só funcionou temporariamente, mas eu não comentei isso.

_ Ei, garoto lobo, você vai me contar mais sobre isso depois, não vai?_ eu perguntei, olhando para ele, em certo momento. Ele pareceu pensar um pouco.

_ Aos pouco eu vou contando, tudo bem?_ ele perguntou. Eu assenti, sorridente, e voltei a ficar meio sentada, meio deitada, encostada no seu peito.

Aquela seria uma longa noite, eu só não sabia dizer se seria boa ou ruim. Na verdade, eu tinha quase certeza que ruim não poderia ser, mesmo com o filme.