O Diário de Kate escrita por Yass Chan


Capítulo 1
Prólogo 1




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- O que você está fazendo?

- Err... Pai, eu...

- Você estava mexendo em minhas coisas, Lisy?

- Não, eu...

- O que você está procurando?

- Um diário... O diário da mamãe, pai.

- Como você soube dele?

- Eu ouvi o senhor conversando com o tio Jaxon sobre este diário.

- O que você está pensando?! Que pode chegar e bagunçar as minhas coisas atrás desse diário?!

- Pai, eu preciso conhecer a minha mãe!             

- O importante é que ela morreu.

- Não, o importante é que eu só sei isso. Poxa, eu não lembro dela. Eu nasci, e dois anos depois minha mãe morreu. Eu convivi pouco demais com ela para lembrá-la hoje, com meus vinte e cinco anos. Eu não consigo lembrar de como ela era, como ela me tratava, eu não consigo lembrar nem mesmo da morte dela... Eu apenas consigo amá-la. Pai, por favor, eu preciso ao menos saber algo da minha mãe.

- Você tem noção do quanto eu sofri com a perda dela? Garota, você nem conheceu a sua mãe, mas eu vivi uma vida com ela. Já parou pra pensar que eu talvez não tenha falado sobre ela porque eu não consigo? É impossível pra mim, só lembrar dela já me mata por dentro.

- Não precisa lembrar dela, só me entrega o diário. Pai, como eu posso te chamar de pai? Você pode ter sofrido muito, mas eu sou sua filha, você deveria ao menos ter cuidado de mim, por acaso você me ama? Eu tenho certeza que a mamãe não ficaria feliz se soubesse que por você sofrer, você praticamente me abandonou. Ok, você trabalhou e graças a Deus vivemos bem, mas amor de pai, isso eu não tive. Foram os amigos da mamãe e seus amigos que cuidaram de mim, que me amaram, diferente de você, que é um egoísta e só pensa no seu sofrimento, e larga a sua filha pra trás!

- Não é...

- PAI!

Ele não conseguiu completar a frase, uma dor fulminante em seu lado esquerdo o arrebatou fazendo-o cair no chão e gritar. Lisy se desesperou e não sabendo o que fazer, ligou para a ambulância e informou o endereço onde se encontrava seu pai. A ambulância logo chegou, transportando Lisy e o pai até o hospital. Chegando lá, seu pai foi levado para outra sala, enquanto Lisy conversava com o médico:

- E então, doutor? Como ele está?

- Eu sinto em lhe informar, mas seu pai teve um enfarto, e o estado dele grave.

- Mas ele vai morrer? – A essa altura, Lisy já chorava tanto que não conseguia pensar, e as palavras saiam forçadas de sua boca.

- Não posso dizer exatamente, mas ele com certeza corre risco de vida.

Lisy não agüentou ouvir aquelas palavras, era demais para ela saber que seu pai corria risco de vida, ela se sentia culpada por aquilo, sentia que se ela não quisesse tanto saber sobre sua mãe e não tivesse pressionado seu pai, ele não estaria no estado que estava, e com certeza, não morreria. Naquele momento, a garota só conseguiu pensar em uma coisa: ligar para seu namorado e pedir a ele que viesse para o hospital acompanhá-la nesse momento tão difícil. Poucos minutos depois, David, o namorado de Lisy estava lá, ao lado dela para confortá-la:

- David, foi terrível! Ele simplesmente teve um enfarto e... Ele é jovem, tem apenas cinqüenta anos, ele não pode morrer! E se ele morrer, eu vou ser a culpada.

- Claro que não, de onde você tirou isso?

- Eu pedi o diário da mamãe pra ele, aí eu o pressionei e acabou nisso... Eu o deixei nervoso e ele enfartou. Poxa, eu devia saber que ele tinha problemas de coração.

- Calma, meu amor. Olha, eu já liguei pro seu tio Jaxon e pra sua tia Jazmyn, eles estão vindo pra cá.

- Por favor, eu sei que pode pegar mal, eles não viviam brigando, mas eu sentia certas farpas entre eles, mesmo não sabendo o que aconteceu no passado, mas me parece que o meu pai não se dava muito bem com o tio Derick.

- Quer que eu chame o tio Derick?

- Quero sim, sua mãe se possível, por favor, eu preciso da nossa família agora.

David deixou sua namorada sozinha por alguns minutos, e fez algumas ligações, enquanto Jazmyn e Jaxon chegavam ao hospital:

- Tia Jazmyn, tio Jaxon.

- Oh querida, como ele está?

- Mal tia, o estado dele é grave.

- Eu sinto tanto, meu amor. A verdade é que seu pai não se cuidava, desde a morte de sua mãe ele largou a própria saúde.

Era estranho, mas um sorriso triste brotou nos lábios de Lisy.

- Novidade ele largar mais alguma coisa por sofrer pela mamãe. Como ele não deixaria a própria saúde, se até a mim ele deixou?

- Não seja tão dura com seu pai, Lisy. Você não sabe o quanto ele sofreu.

Pattie Mallette, avó de Lisy e mãe de Justin Bieber, o pai de Lisy, havia acabado de chegar e já se pronunciava:

- Vovó...

- Oi, querida.

- Vovó, ele enfartou. Nós discutimos e ele passou mal. Eu me sinto tão culpada.

- Lisy, querida, você sempre tão dura consigo mesmo e com os outros. Puxou ao pai, ele é exatamente como você.

- Ah, me desculpe pelo o que falei quando a senhora chegou. Mas meu pai e eu contribuímos para a morte dele.

- Não pense nisso agora.

- Será que eu posso vê-lo?

- Eu vou chamar o médico.

Logo David voltou acompanhado do médico,e Lisy perguntou se poderia ver o pai e ele lhe deu permissão.

Ao chegar ao quarto de seu pai, Lisy percebeu que ele dormia, ou como o médico disse, ele estava em coma induzido, para que não sentisse dor.

- Papai, me perdoa. Eu não queria que isso acontecesse, mas... – Lisy já chorava. – Papai, eu só queria saber sobre minha mãe! Agora do que adianta? Sem ela, e prestes a ficar sem o senhor também. Pai, eu te amo. Me perdoa por favor.

Pattie entrou no quarto e ficou a observar Lisy falando com seu pai desacordado. Vendo o sofrimento da neta, Pattie percebeu o quanto Justin havia errado na criação da filha, mas que mesmo assim, era uma garota maravilhosa. Lembrou-se então do desespero de Justin após a morte de sua amada esposa, lembrou-se de que ele pedira para todos que a conheciam que nunca falassem nada sobre a mãe de Lisy para ela, inclusive para David, o namorado de Lisy, que era mais velho que ela alguns anos, mas que escondia isso, fazendo a garota pensar que os dois tinham a mesma idade e que assim como ela, ele não se lembrava de Kate, mãe de Lisy.

Pattie, talvez por saber mais da vida do que a neta, procurava entender o lado do filho, entender seu sofrimento e o que ele passara durante o tempo em que Kate esteve doente. Lembrou-se então da época em que a imprensa descobriu a doença grave de Kate, e como aquilo foi ainda mais doloroso para Justin.

Pattie foi tirada de seus pensamentos pela voz doce e chorosa de sua neta, que agora olhava para ela, enquanto segurava a mão do pai:

- A senhora está aí...

- Estou. Lisy, eu não sei se depois do que aconteceu com seu pai ele ainda vai continuar irredutível quanto informações para você sobre sua mãe. Talvez depois do que ele passou agora, ele mude e cuide mais dele mesmo e de você. Eu acredito que talvez, ele até fale de sua mãe como você tanto deseja.

- Quer saber? Eu nem ligo mais para isso. Minha mãe já se foi mesmo, agora eu tenho que cuidar para não ficar sem meu pai também.

- Mas temos que pensar em duas possibilidades. Assim como meu filho pode resistir e mudar, ele também pode partir e você vai continuar sem saber nada sobre sua mãe, e sobre a linda história que os dois viveram no passado. Então, querida, seu pai pode até resistir e não me perdoar pelo o que vou fazer, mas você merece conhecer mesmo que por palavras sua mãe e a história dos dois. – Enquanto concluía, Pattie havia tirado de sua bolsa um grande diário em couro preto e havia entregado-o a Lisy. – Não sei se já ouviu falar sobre o diário da Kate, sua mãe.

- Já, eu ouvi o papai comentar sobre ele com o tio Jaxon.

- É esse o diário. Aí a sua mãe escreveu os momentos mais marcantes da vida dela, desde quando ela era casada com o Derick até o dia em que ela sentiu que morreria.

- Nossa! A mamãe era casada com o tio Derick? E ela sentiu que ia morrer?

- Sim, aí ela fala sobre tudo. Não fique impressionada. Certas coisas nesse diário talvez te deixe boquiaberta.

- Por quê?

- Você vai descobrir que a história de amor de seus pais talvez desse até mesmo um lindo livro de romance. Vai descobrir que sua mãe amava tanto seu pai e você, que até mesmo sentiu o momento em que morreria e deixaria vocês. E há detalhes aí impressionantes, como: sua mãe só teve dois homens durante toda a vida dela, Derick e seu pai. Sua mãe casou-se com Derick ainda virgem, e ele foi o primeiro em toda a sua vida a beijá-la. Sua mãe fez questão de escrever o diário lembrando até mesmo do que ela falava e o que era falado a ela, realmente como em um livro. E talvez seja constrangedor a você, assim como foi a mim, e com certeza mais ainda a Derick e a seu pai, mas aí está descrito até mesmo todas as relações sexuais de sua mãe com Derick e de sua mãe com seu pai.

- Uau! Sério? Nossa, eu realmente não sei se ainda quero lê-lo.

- Oh, não, não pense que é desse jeito. É de uma forma doce, não é algo pornográfico. Percebe-se que eles fizeram com amor mesmo, pois é descrito assim, com amor.

- Não entendo porque o papai me escondeu algo tão especial na vida dos dois.

- Ele queria esquecer, e lembrar-se dela a você, era como matá-lo. Sabe, a morte dela foi estranha, pois foi linda. Ela diz na última página do diário que os dois fizeram amor, e quando Justin já dormia ela foi escrever no diário e disse que sentia que iria morrer, então como numa despedida, ela terminou de escrever o diário. Justin disse a Jaxon que viu quando ela levantou-se para escrever e quando voltou a deitar-se na cama e o abraçou. Os dois acordaram e disseram um ao outro que se amavam, foram ao seu quarto e enquanto dormia falaram do quanto amavam você, e te acariciaram. Depois voltaram ao próprio quarto e dormiram abraçados, mas pela manhã, quando Justin acordou e tentou acordar a própria esposa, ela não respondeu, e então ele percebeu que ela havia morrido. Ele ainda tentou reanimá-la, levou-a ao hospital, mas não teve jeito, ela já havia morrido. Foi uma morte calma e silenciosa, mas a verdade é que ela não resistiu às dores que o câncer lhe causava.

- Câncer?

- Inicialmente, uma leucemia, depois foi constatado que o câncer não estava só no seu sangue, mas sim já tinha se espalhado por várias partes do corpo dela.

- Ela não tentou tratamento?

- Sim, até fez algumas sessões de quimioterapia.

- Ela perdeu o cabelo?

- Não chegou a perder, ela fez umas duas sessões, mas não continuou, pois quando o médico revelou que o câncer estava espalhado por todo o seu corpo, ele aconselhou que não continuassem com as sessões, pois de nada adiantaria, ela morreria de qualquer forma.

- Nossa...

- É querida, mas você está cansada. Vá para casa e descanse, já está anoitecendo.

- Não, eu fico aqui com o papai.

- Lisy...

- Por favor, vovó. Me deixe ficar aqui com ele.

- Tudo bem, eu volto amanhã. Vou dizer ao David para ele ir pra casa, ok?

- Ok.

Logo, todos se foram, restando apenas Justin que continuava em coma, e Lisy que não conseguia dormir.      


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